OS AMERICANOS ESTÃO MUDANDO?

Na semana passada a imprensa distribuiu a informação de que uma liga menor profissional dos Estados Unidos poria nessa temporada,em caráter experimental
duas mudanças nas regras,a validade das cestas de três pontos somente nos três
minutos finais do jogo, e a proibição mais radical de flutuações defensivas,
com a finalidade de incentivar uma maior utilização dos arremessos de média e
curta distâncias,diminuindo a alta incidência atual de erros, e a implementação
definitiva das jogadas de um contra um, geradoras dos apreciados confrontos
pessoais entre os grandes e regiamente bem pagos astros americanos. É claro, que
essas mudanças se farão à margem das regras internacionais, dando os americanos
mais uma prova do grande desprezo que têm pelo basquete jogado no resto do mundo.
E certamente alguns jornalistas e especialistas em nosso pais aplaudirão tal
iniciativa. O que não dirão, e sequer compreenderão, quais os reais motivos de tal
decisão. Apostam alto na possibilidade de a médio prazo a FIBA apoiar uma unificação
das regras, e que eles, os americanos,donos da maior liga do planeta(mas não
campeões mundiais e olimpicos)que movimentam cifras astronômicas, acenem com a
possibilidade de extender aos europeus uma participação em seu campeonato.De modo
algum abrirão perspectivas de adotarem as regras internacionais, pois isso sedimentaria a atual superioridade da FIBA ante a NBA no contexto das competições
internacionais. Com as mudanças propostas incrementarão inicialmente o jogo dirigido
aos arremessos de curta e média distâncias, retirando dos grandes e pesados pivôs
a responsabilidade pontual, já que nas atuais circunstâncias, sob a égide das regras
internacionais são sistematicamente alijados das partidas, ao mesmo tempo em que
deixarão de lado,talvez momentâneamente,a enxurrada de erros em um arremesso em
que são nitidadmente inferiores ao resto do mundo,o de três pontos.Deixando os
mesmos para os três minutos finais das partidas minimizariam sua importância nos
resultados. Quanto a proibição mais intensa sobre as flutuações defensivas,apostam
como bons jogadores de poker que são(a ESPN transmite competições desta modalidade
em sua programação)na possibilidade de atrair para esse tipo de jogo,o embate de
um contra um, os torcedores dos demais paises, pois desmontarem um esquema que
demorou décadas para ser desenvolvido fica fora de qualquer cogitação dado aos investimentos milionarios que dispenderam na organização do mesmo. Incentivando as
penetrações,as conclusões espetaculosas e o consequente aumento na precisão dos
arremessos dado ao encurtamento das distâncias e ausência de coberturas,os jogos ganharão em dinamismo e sedimentarão o prestígio das grandes estrelas junto à massa torcedora.O grande desafio será o de implantar tais procedimentos nas regras internacionais,pela inconteste força de seu poder econômico. São tentativas de quem se acostumou por décadas a impôr ao mundo uma visão diferenciada e muito particular de um jogo que somente eles praticam,o basquetebol NBA. No entanto, acredito com uma grande dose de esperança, que o restante do mundo não se deixe levar por esse caminho, pois correriam o perigo de perderem, e ai definitivamente,a atual hegemonia tão duramente conquistada.O correto,deveria ser a aceitação das regras internacionais
pelos americanos,numa demonstração de reconhecimento da existência de qualidade na
pratica do basquetebol fora de suas fronteiras. Mas com seus jogos transmitidos para
212 países,em 42 idiomas e com uma audiência mundial de 750 milhões de residências
(O Globo de 2/11/04)tolice seria pensar que tão fantástico poder se curvasse à menor
possibilidade de adesão às regras internacionais, quando o caminho para participar
da divisão de tão vasto imperio econômico terá de passar por uma composição das regras,entre FIBA e NBA.E na possibilidade mais do que previsivel de que isso venha a ocorrer,aqueles pontos que beneficiarem os profissionais da NBA serão prioritários, dai as modificações que os mesmos começam a implantar em suas regras.Como reagiremos?
Espero que o façamos, pelo menos, com dignidade e coragem. Torçamos…



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