QUANDO AS ESTRELAS SE ENCONTRAM…

Oi Paulo, o que achou do Jogo das Estrelas?  Não achei…

Mas o que não achou, cara?  As estrelas do jogo…

Como não?  Vejamos: Três dos mais eficientes e habilidosos armadores da Liga, o Fúlvio, o Muñoz e o Rafinha lá não estavam, assim como não vi em quadra jogadores altos como o Jonathan, o Amiel, o Teichmann, o Douglas, entre outros ausentes, sequer serem mencionados. Mas vi jogador levar toco de aro, tropeçar durante o drible e a finta, passar direto para a lateral, arremessar longe do aro, e o óbvio da não marcação dos adversários, em comum acordo.  E ai, bem ai, contando inclusive com o próprio testemunho do Robert Day, afirmando que com a total liberdade para arremessar, foi o que fez, e atingiu os 50 pontos, “like a practice…”

Mas nada o impressionou nos dois dias?  Sim, a presença do público francano, fazendo jus às tradições daquele grande centro de basquetebol, assim como me impressionou sobremaneira ver um jogador vencer o circuito de habilidades, cometendo por duas vezes nas fintas finais a infração de andar com a bola, já que a paralisava na palma de sua mão, a fim de mudar de direção com mais velocidade, já que o drible suscedâneo ao se  tornar inexistente fazia com que alguns preciosos segundos fossem economizados (a maioria dos juízes conotam essa infração como condução da bola, quando na realidade a infração cometida é a de andar com a mesma, pois o binômio ritmo-passada é quebrado pela interrupção proposital no trajeto da bola). Revejam o vídeo e constatem a irregularidade. O Nezinho, ao superar os obstáculos dentro das regras deveria ter sido o vencedor, mas…

Caramba Paulo, não viu mais nada de relevante?  Ah, sim, vi mais duas coisas, como o show de desinformação e de gracinhas globais, vindo de pessoas que nada têm a ver com o basquete (volei incluso…), junto a outro que tem (autodenominado BBB…), já que pelo canal aberto o marketing em torno dos mesmos pretensamente capitalizaria o grande público para o espetáculo, deixando os comentaristas de ofício de castigo no Sportv. E também, o surgimento de um outro astro global, o juiz Renato, que aos poucos vai se deixando levar pelo showbizz (microfones de lapela em jogos, dispensáveis discursos didáticos aos jogadores…), o que lastimo, por se tratar de um excelente  árbitro.

Concluindo então Paulo?  Concluindo ser esse espetáculo a meio caminho da temporada, algo inadequado tecnicamente, pois retira de algumas equipes jogadores, e até técnicos, importantes para nestes dez dias de intervalo, treinarem melhor suas equipes, principalmente as que se situam nas colocações finais (o motivo de meu não comparecimento no JE de Uberlândia em 2010),  mas os 15 técnicos da Liga e outros  mais,  lá estavam para uma reunião técnica (será que a colocação sobre o jogo único imposto pela Globo foi aí discutida?), cumprindo uma determinação da LNB que mantêm um comitê técnico com todos aqueles que dirigiram equipes no NBB, aliás, menos um… Um jogo desse calibre, ao final da temporada, com a participação real dos melhores, e as respectivas premiações, teria de ser estudado, para ser o grande fecho da mesma, e não essa meia bomba de técnica duvidosa e que não conta com os melhores, democratica e tecnicamente estabelecidos ao final de uma temporada.

E fechando a análise, creio que ficou bem clara a opção de todos os envolvidos com a festa pelo sistema único de jogo, desde a apresentação dos quintetos que iniciariam a disputa, dispostos em pares de 1 a 5, com direito a especificações de cada uma das posições, até as instruções pranchetadas de uma forma padronizada comum a todos, jogadores, técnicos, narradores e comentaristas, numa forma contundente de alertar a quem ouse pensar, agir e jogar de uma outra forma que não a estabelecida por todos, no que chamo de mesmice endêmica, e que encontrou nesse Jogo das Estrelas sua ratificação até aqui,definitiva. como convém a uma sociedade cada vez mais corporativa, o que é de se lamentar.

Mas apesar de toda essa exibição milimetricamente copiada da NBA (com um porém, de ser lá uma festa exclusiva do basquete…), ainda acredito que os talentosos jogadores brasileiros sejam merecedores de outras formas de pensar e jogar o grande jogo, precisando para isto de um pouco mais de criatividade na forma de sistemas diferenciados e dedicação mais concentrada  nos fundamentos do jogo. Anseio e sempre ansiarei  para que isso venha a acontecer.

Que me perdoem os maravilhados e deslumbrados com o grande espetáculo global de Franca, órfãos do passado brilhante do grande jogo entre nós (tanto os que o testemunharam, como os que o imaginam ou não…), mas, definitivamente,  sou um técnico, e não um torcedor de fórmulas prontas e palatáveis, e para tal,  prezo e busco a precisão técnica e o bom senso.

Amém.

PS- Video divulgado pelo blog Rebote.

DISCUTINDO A ENTB…

Com o email acima, o Prof. Dante De Rose iniciou uma aproximação comigo, mas as circunstâncias que cercavam a fundação da ENTB, concorreram para que eu me mantivesse afastado da mesma, por motivos que externei numa série de artigos postados no blog. Mais adiante, o Prof. De Rose  insistiu na aproximação, postando o seguinte email:

Prezado Paulo

Tenho acompanhado suas manifestações sobre a ENTB e na condição de coordenador pedagógico da mesma gostaria de me dirigir a você com todo respeito que sempre me mereceu desde nossos contatos na pós da USP e BRASTEBA.

Perdemos contato mas creio que você deva me conhecer o suficiente para reconhecer minha luta constante pelo basquetebol. Inclusive pela criação de uma Escola.

Segundo informações recebidos, durante reunião da Liga a Escola foi apresentada e os treinadores foram convidados a participar da elaboração do projeto. Isto resultou na participação de vários: Lula, Flávio, Guerrinha, Bial, Ênio, entre outros.

Em um determinado momento eu, pessoalmente, enviei a você um email, convidando-o a participar, já que você tinha sérias restrições quanto à Escola e sua presença poderia ser de muita valia para melhorar nosso processo. Não recebi resposta deste email e seus ataque à ENTB cotinuaram sem que nunca nós tivéssemos a oportunidade para conversar sobre o assunto.

Sua colocação neste email adjetivando a Escola como “farsa” me parece muito inadequada pois atinge profissionais de conduta ilibada e com carreiras bastante significativas em nosso basquetebol. Eu não me considero um “farsante”, pois entendo que se você coloca a Escola como “farsa” aqueles que dela participam seriam “farsantes”.

Não me parece justo este tipo de citação.

Estamos todos imbuidos dos melhores propósitos para tentar ajudar o basquetebol. A ENTB não é e nem pretende ser a salvação da lavoura. Mas talvez consiga

contribuir um pouquinho. Reconheço que há muito o que melhorar e pessoas com a sua competência e experiência poderiam contribuir demais para isto.

Como sempre, coloco-me à sua disposição para discutirmos o assunto.

Abraços

Atenciosamente

Dante

On Mon, 24 Jan 2011 07:45:07 -0200, “Prof. Dr. Dante De Rose Junior”

<danrose@usp.br> wrote:

Prezado Paulo

Reenvio o email enviado no dia 20 de janeiro, reforçando o convite para que venha contribuir com suas idéias para melhorarmos nosso projeto.

Atenciosamente,

Prof. Dr. Dante De Rose Junior

Respondi ao email da seguinte forma:

Dante, como é largamente sabido no nosso ambiente basquetebolistico, a mais contundente restrição que faço desde sempre à ENTB é a sua coordenação e criação ter sido entregue a um preparador físico, sob os pretextos mais absurdos de que jamais tive conhecimento nos 50 anos que milito no grande jogo. Fosse você, o Aloisio,o Helio, ou um outro professor e técnico o responsável pela implantação da Escola, e ter sido formalmente convidado a participarde sua organização, estaria de muito colaborando com a mesma. Não concordo e não admito essa inversão de valores, que já vai se transformando em algo corriqueiro em nosso infeliz país. No meu ponto irrevogável de vista, esse é o fator restritivo que  nega à ENTB o grau de confiabilidade e reconhecimento acadêmico indissociável a uma Escola de verdade. Hierarquia e mérito são fundamentos básicos na constituição de uma academia de ensino.

Saudações universitárias.

Paulo Murilo Alves Iracema.

PS- Me reservo o direito de tornar pública esta resposta, na medida de meu particular interesse. PM.

Prezado Paulo

Fico feliz pelo contato.

Gostaria de esclarecer que eu não conheço os motivos pelos quais o Diego foi incumbido de coordenar o projeto. No entanto, assim que ele iniciou, o Diego me procurou para participar e ajudá-lo a desenvolvê-lo. E assim fizemos o convite a vários técnicos que passaram a participar do projeto. Em nossas reuniões preliminares tivemos a presença de cerca de 30 pessoas diretamente envolvidas com a área técnica e acadêmica. Citando alguns: Lula, Guerrinha, Bial, Flávio Davis, Medalha, Hermes Balbino, Roberto Paes, Sergio Maroneze, Ênio Vechi, Paulo Bassul, Macau, Byra Bello, Miguel Ângelo, Chuí, Tácito, Ruben Magnano, entre outros.

Como vê a participação dos treinadores foi maciça.

Eu entendo que o fato de ser um preparador físico não o descredencia para o cargo. Mas esta é uma opinião pessoal e respeito muito a sua.

O que posso te adiantar é que, a partir de março a coordenação da ENTB estará sob minha responsabilidade. Assim sendo, ratifico meu convite para que você participe conosco e traga suas idéias e experiências para melhorarmos o projeto da ENTB.

Em relação à publicar sua resposta fique à vontade. E se achar conveniente fique também à vontade para publicar a minha.

Abraços

Dante

Com essa decisão, publico hoje os emails, assim como respondo a alguns conteúdos inseridos nos mesmos:

– Em nenhum momento do processo de implantação da ENTB fui convidado formalmente para compor o quadro que estudava a criação da mesma.

– Todos os componentes dos três setores da ENTB foram convidados pela direção técnica da CBB, omitindo grandes nomes do basquete brasileiro na formação de base, optando pelos técnicos a ela ligados, e guardando para si o Comitê de Desenvolvimento, confome publicação oficial da CBB.

– A coordenação da ENTB, entregue ao preparador físico das seleções nacionais, determinou de imediato o meu não  apoio à escola, pela quebra hierárquica que deve sempre ser preservada, basicamente na área da Educação e do Desporto.

– A afirmativa no último email, de que a partir de março a coordenação da ENTB seria de sua responsabilidade, e que desconhecia os porquês da indicação do atual coordenador, conota uma reviravolta política dentro da escola, haja vista o descontentamento de muitas pessoas ligadas ao basquete com aquela indicação, veementemente contestada por mim desde o inicio do processo.

– A confirmação do envolvimento direto do sistema Confef/Cref na formulação, implantação e reconhecimento da ENTB, como fator balizador de sua existência.

Enfim, ficam confirmadas todas as alegações que consubstanciaram minha imediata repulsa “à forma” de como foi criada a ENTB, reforçada por uma declaração de um de seus fundadores, o Prof. Bira Bello, que afirmava;

“ A comunidade do basquetebol está em festa. A Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol, ENTB, uma antiga reinvidicação dos técnicos de basquetebol do nosso país, finalmente saiu do papel e é uma realidade. Sei que muitos técnicos ainda questionam a forma como a ENTB foi criada mas era preciso criá-la, não importando como. A partir da sua criação, com certeza, muita coisa terá que ser corrigida mas isso se tornará mais fácil. O importante é que teremos a partir de agora uma entidade que norteará todo o trabalho dos profissionais envolvidos com o esporte da bola laranja” (…).

(Trecho da matéria publicada pelo Prof. Byra Bello no seu blog Lance Livre em 19/6/2010).

Como podemos então atestar, a criação da ENTB foi eivada de erros e equívocos, não só administrativos, como técnicos, e principalmente, pelo seu teor eminentemente político nas escolhas iniciais para a sua implantação, transformando-a numa farsa de si mesma, quando deveria ter pautado o caminho do mérito e da hierarquia acadêmica, pois afinal, se tratava de uma Escola. Concordo, e me penitencio por parecer que denomino bons profissionais como farsantes, no que não é o caso, e sim lastimando vê-los envolvidos no que apontei acima,

uma ansiada escola que se transformou numa farsa de si mesma, pelos muitos erros, pela impensada pressa em implantá-la a qualquer custo, pelo equivoco técnico politico.

Acredito que devam estar esclarecidos os desvãos que separam meu posicionamento da realidade político desportiva da ENTB/CBB, desvãos estes até esta data, intransponíveis.

Amém.

ENFIM, DISCUTE-SE A ENTB/CBB…

Enfim discute-se a ENTB/CBB, e o debate entre o seu coordenador pedagógico, Prof. Dante De Rose e o Prof. pernambucano Raul Lopes tem rendido excelentes enfoques publicados pelo Clipping do Basquete, editado pelo incansável Alcir Magalhães de Brasília.

Um pouco antes deste debate, publiquei vários artigos sobre o tema Escolas de Técnicos, tendo, inclusive, recebido dois email’s do Prof. De Rose, mas em caráter pessoal, os quais ainda não respondi, pois manter em sigilo um assunto desta importância para a comunidade do grande jogo não corresponde à realidade deste blog, onde assuntos desta magnitude sempre são levados ao conhecimento público, a fim de suscitar debates e reflexões, fundamentais para o encaminhamento da modalidade ao encontro das análises, sugestões e realizações voltadas ao desenvolvimento democrático da mesma. No entanto, o sigilo jornalístico tem de se manter íntegro, até o momento em que ambas as partes permitam sua divulgação, como ocorreu entre os dois professores acima citados.

A concessão ao conhecimento público da correspondência dos dois eminentes professores divulgadas e publicadas pelo Clipping, deixa-me na expectativa de que algo correlato possa ser alcançado pelo conhecimento público do debate privado, e ainda unilateral, desenvolvido por mim e o Prof, De Rose, pois atinge o cerne da discussão, ou seja, a constituição e regulamentação da ENTB, assim como seus poderes e quadros dirigentes e de assessoria, constituídos por convites, e não pela gradação meritória dos técnicos que a compõe.

O Prof.De Rose contesta minhas posições, cobrando-me educadamente  respostas e colocações, mas, a exemplo (bom exemplo…) de seu debate com o Prof. Raul, dou-me o direito ao silêncio coloquial, guardando as devidas respostas se puderem ser veiculadas publicamente, como devem ser os debates de interesse social.

Quanto à minha colocação pública de que a ENTB é uma farsa como instituição de ensino do basquetebol, mantenho-a, já que voltada ao estabelecimento permanente e definitivo de uma forma de atuar, divulgar, ensinar e perpetuar um sistema único de jogo, de influência exógena, e contrária à nossa vocação histórica pela prática diversificada e generalista, respeitando as regionalidades e a constituição multifacetada de nosso gentio.

Finalmente, conclamo a todos os técnicos, para que se manifestem sobre tão importante tema, debatendo-o e estimulando novos posicionamentos, a fim de que uma Escola de Técnicos represente o que temos de melhor a ser ensinado e divulgado nos mais recônditos limites deste grande país, e não um simples instrumento de formatação e padronização do que ai está, teimosamente implantado por um grupo que se perpetua no comando.transformando-o num nicho corporativista e único.

Podem enterrar a verdade, matá-la, nunca. Que ela floreça, forte e definitiva.

Amém.

A ESCOLA…

Lendo o magnífico Clipping do Alcir, me deparo com este depoimento do Prof. Raul Lopes, que passo a reproduzir:

Repassamos o e-mail do Prof.Raul Lopes, para conhecimento de todos.

CLIPPING DO BASQUETE

—– Original Message —–

From: raul lopes

To: clippingdobasquete2@gmail.com ; alcirmf@terra.com.br

Sent: Tuesday, January 18, 2011 5:12 PM

Subject: Escola de Técnicos

Alcir (permita-me a intimidade)

Atendendo sugestão de Carlos Antônio Silva Oliveira, o qual encaminhou recentemente para mim alguns temas tratados por você no Clipping do Basquete, estou utilizando esta mensagem para dar conhecimento de minha posição relativamente ao curso programado para o Recife pela ENTB nos próximos dias.

Inicialmente, quero me apresentar, muito embora há alguns anos já o conheça em função das frases interessantes que você postava e que colecionei durante algum tempo, bem como, do próprio Clipping.

Meu nome é Raul Siqueira Lopes, pernambucano de Recife, 62 anos nos próximos dias.

Sou Doutor em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto, especialista em basquetebol pela Universidade Central Estatal de Cultura Física de Moscou (1985/1986 – na antiga URSS) e estou no basquete desde 1963 (como atleta no passado longínquo e atualmente atleta (?) master; técnico de escolas, clubes, universidade e seleções estaduais; professor universitário da modalidade (dentre outras disciplinas),  na graduação e pós-graduação).

Na sequência, anexo o teor de mensagem enviada para meus colegas sobre o curso programado para Recife:

“Prezados colegas

Creio que todos tomaram conhecimento sobre um curso que será realizado no Recife no final deste mês.
Para quem participou das reuniões que realizamos no ano passado já verbalizei meu pensamento sobre o processo de criação da escola de técnicos da CBB.

Obs. Estas reuniões foram fruto de convite que recebi para coordenar as categorias de base da Federação Pernambucana de Basketball.
Apesar disso, para não passar por omisso e para não deixar dúvidas, registro de forma sucinta através deste documento qual a minha posição sobre o fato, e, mais especificamente, sobre o curso citado acima.

1- Em julho do ano passado, fui convidado para participar do curso para técnicos do nível 3 (em São Paulo) e ponderei de que não poderia participar de algo que em princípio sou contra, não a idéia, porém, o formato em que foi estruturado. Inclusive, divulguei este fato em uma de nossas reuniões.

2- Em nenhum momento solicitei, incentivei ou tive participação no processo de estruturação do curso programado para Recife;

3- Por diversas vezes, foi dado a entender que eu poderia ser uma espécie de interlocutor nas discussões sobre a “escola de técnicos”, mas isso nunca ocorreu.

4- Como nunca tratei sobre o assunto com ninguém da CBB ou ENTB, para minha surpresa recebi uma ligação (creio que de São Paulo) de que, como fato consumado e sem minha anuência anterior, eu seria o coordenador do curso aqui em Recife.
Como estava prestes a iniciar uma aula na UPE e não podia demorar na ligação, fui sucinto e informei que precisava conversar sobre a escola de técnicos e que, de qualquer forma não estaria no Recife na época do citado curso.
Sobre o interesse de conversar sobre a escola de técnicos, estou esperando até hoje para discutir o tema.

5- Em função do exposto acima e por não estar em Recife no prazo estabelecido para o citado curso, desautorizo quem quer que seja a utilizar meu nome como avalista do evento;

6- E para não me alongar, alerto a todos para que reflitam sobre desdobramentos que irão ocorrer em futuro bem próximo, particularmente, no que diz respeito aos direitos adquiridos de todos aqueles que possuem formação específica para exercer a função de técnico, inclusive sob o ponto de vista financeiro.
Isto significa que apesar da legislação vigente que ampara e certifica todos os que já adquiriram legalmente o direito de exercer a função de técnico, caso aceitemos pacificamente o que está sendo imposto de cima para baixo, com a suposta promessa de que esta escola de técnicos será a redenção do basquete brasileiro, poderemos ter prejuízos importantes no futuro próximo.
Se é mesmo verdade que o interesse maior é a “redenção” do basquete brasileiro, porque os cursos são pagos?  Porém, como já referi anteriormente, o fato é que tem gente ganhando dinheiro nessa história.

Pensem sobre isso!

Desculpando-me pela longa mensagem, despeço-me citando Costa (1985) sobre pensamento atribuído a Maiakovski que inseri no livro Superbasquetebol (1991).
Este pensamento serve para sintetizar o momento atual e os perigos que ele traz:
“Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta, e porque não dizemos nada, já não podemos dizer nada.”

Quando retornar, se houver interesse coloco-me à disposição para conversar com maior detalhamento sobre o assunto.”

Este foi o teor e você poderá utilizá-lo (ou não) de acordo com sua conveniência. Por outro lado, caso tenha interesse poderemos “conversar” mais sobre o tema.

Atenciosamente

Raul Lopes

Sinto-me aliviado e contente por não mais me considerar o patinho feio e discordante neste seriíssimo assunto, que mexe com todos os atuais, passados e futuros técnicos de basquetebol do nosso imenso país, ainda mais quando esse depoimento parte de um professor universitário, como eu, Doutor em Ciências do Desporto em Portugal, onde também me doutorei na mesma área, e técnico especializado no grande jogo a mais de 40 anos( tenho 10 anos a mais…), e no qual expõe com toda sua experiência e alta qualificação o grande equivoco representado pela ENTB, não pela sua existência, mas sim pela forma de como foi concebida, e é dirigida.

Desde muito tempo me engajei nessa luta, solitariamente, e agora numa ilustre companhia, sinto que tende a evoluir em grandeza, no surgimento de algo muito forte e poderoso, o comprometimento com a verdade e a coragem de defendê-la ao custo que for.

Recordemos alguns artigos devotados ao assunto ENTB, e os juntemos ao forte e oportuno testemunho do Prof. Raul Lopes, com o meu mais alto respeito e admiração.

CERTIFICAÇÃO (OU PROVISIONAMENTO?)… 22/6/2010

TÉCNICOS POR ATACADO… 27/6/2010

NIVELANDO POR… 8/7/2010

ALICERCES DE BARRO… 5/12/2010

ENGANAR E ADORAR SER ENGANADO… 13/12/2010

Amém.

SURGINDO…

Foi uma vitoria fundamentada na inteligência, do grande conhecimento de uma forma de jogar, que mesmo sendo plenamente conhecida, e altamente previsível, encontrou respostas objetivas e espantosamente óbvias.

Obviedade esta que foi negligenciada pela equipe do Pinheiros, que partindo do principio de que sua constituição estelar, de alta capacitação técnica em todas as posições, seria por si só suficiente para estabelecer supremacia territorial, se viu surpreendida por um outro e decisivo fator, o emocional.

Emoção aquela que define comportamentos físicos e técnicos, onde duas enterradas pinherenses sofrem o “toco de aro”, e uma outra sutilmente não concretizada determina o fim do jogo através uma singela bandeja do Bambu, após primoroso passe de um Eric que arrastou dois marcadores para fora do garrafão temerosos  de que penetrasse, como fez durante todo o jogo. Terminar uma partida tensa e emotiva como aquela com uma singela bandeja, e não uma enterrada midiática, nos conduz a uma reflexão do quanto se perdeu, e se perde de eficiência num jogo, num campeonato, com tresloucados arremessos de três, e tentativas individualistas de enterradas, cujas motivações passam pelo apoio de narradores, comentaristas, cinegrafistas e diretores de vídeo, todos defensores do que creditam como as “grandes atrações do jogo”.

E quando menciono ter sido a conquista de Limeira fruto do pleno conhecimento de uma forma de jogar, que teve em seu técnico um dos maiores representantes dentro de  quadra do sistema único, onde liderou equipes e seleções em suas armações de jogo, referendo sua agora incontestável qualidade de repetir suas atuações fora da mesma, para o qual,”chifres”, “punhos”, “cabeças”, “Hi-lo’s” etc, não apresentam segredos e restrições, principalmente se seus adversários atuarem, como atuam, de forma idêntica, exceto pelo fato de não “alcançarem” seu conhecimento teórico prático do sistema, infelizmente, único, que nos tolhe e esmaga quando posto à prova nas grandes competições internacionais.

Somemos ainda o fator antecipativo, ou seja, a capacidade de uma equipe, profunda conhecedora do sistema único, do técnico aos jogadores, de seus caminhos e atalhos percorridos por longos anos de intensa pratica e memorização, de antever situações analogamente empregadas pelos adversários, antecipando suas ações através atitudes defensivas enérgicas e velozes, para entendermos como Limeira, com uma equipe de jogadores menos badalados pelas mídias profissionais e amadoras, conseguiu com brilho superar equipes tidas como superiores.

Pena, muita pena, que um talento que surge no cenário técnico, não cumpra um bom estágio na formação, a verdadeira escola e laboratório para sistemas, de treinamento e de jogo, esquecendo que sua bela performance se escuda numa situação de mesmice técnico tática em que nos situamos nos últimos 20 anos, nos quais reinou como um de seus artífices, e que nem sua declaração de pretender se aperfeiçoar junto ao Magnano quando de sua participação na Sub-17 nacional, poderá substituir uma experiência a ser obrigatoriamente vivida para quem, um dia, pretenda e deseje liderar uma seleção sênior.

A experiência válida é a experiência vivida, principio imutável na formação, desenvolvimento e concretização de um objetivo profissional de vida, seja em que campo for. Saltar etapas não se coaduna com o conhecimento de uma função, de uma profissão, pois viola os principios e fundamentos da credibilidade, vindos da sociedade e, principalmente, de si mesmo.

Mas uma sutil brecha poderia viabilizar tal transposição de etapas didáticas, pedagógicas e técnicas, a introdução de novos conceitos, de novos e ousados sistemas, de novas concepções técnico táticas, que nos tirassem definitivamente deste marasmo, deste incompreensível limbo em que patinamos a longos anos, mostrando ao mundo algo antagônico ao sistema NBA, ao sistema único, repetindo o extraordinário salto do vôlei ao inaugurar o sistema hibrido entre a força européia e a velocidade asiática, que os levou e guindou ao olimpo internacional, onde também já estivemos, fruto da audácia e da ousadia em inovar, jamais copiar impunemente.

Prezado Demétrius, parabéns pela conquista, merecida e brilhante, de sua comissão técnica, diretores, e de seus abnegados jogadores, e me perdoe pela mensagem aqui contida, sincera e acima de tudo, honesta.

Amém.

O GRANDE E VERDADEIRO IMPASSE…

Estamos em plena temporada, com as ligas masculina e feminina a todo vapor, assim como as divisões de base em suas federações, e mais do que nunca uma discussão tem estado presente em todas as mídias especializadas, o  futuro técnico da modalidade, a sobrevivência do grande jogo entre nós.

Aos poucos, os campeonatos vão encontrando suas formulações dentro da nossa realidade e de nossas limitações econômicas, com a predominância daqueles estados mais tradicionais no basquetebol, mas também em outros que se apegam na tradição e no amor de alguns abnegados, que não deixam morrer o jogo de suas vidas. Tenho recebido muitos relatos e notícias vindas das mais longínquas fronteiras de nosso imenso país, todas voltadas ao soerguimento e a manutenção do outrora segundo esporte no coração e na mente do povo brasileiro, e isso, por si só, nos enche de esperanças em dias melhores.

No entanto, vejo como entrave gigantesco a essa perspectiva renovadora, o maior de todos os nossos problemas, a mesmice coloidal que nos escravizou e colonizou técnico taticamente a um sistema único de jogo, calcado numa forma também única de jogar, com regras especificas e contrarias às estabelecidas pelo restante das nações sob a égide da FIBA, o sistema NBA.

Essa é a grande encruzilhada em que nos encontramos depois de décadas de subserviência técnico tática, quando a grande maioria de nossos técnicos abraçou o modelo prét a pôrter de consumo imediato e sem maiores elucubrações mentais, padronizando e formatando um sistema único de jogar, sem maiores implicações técnicas, mas esquecendo o básico, o primordial, o fato de que tal maneira de jogar e que privilegia as ações individuais, o 1 x 1 sistemático e contínuo, tem como suporte estratégico, toda uma estrutura de base, das escolas às universidades americanas, no fornecimento contínuo de matéria prima para o consumo, e a ser consumida, fator inexistente à nossa realidade desportiva.

Recentemente o técnico Magnano declarou que urge deixarmos de jogar pela formula NBA, tendo sido levado um pouco mais a sério do que se tal citação partisse de um técnico tupiniquim, mas que mesmo assim soa como um alerta na busca de outras perspectivas técnico táticas, de outras soluções mais caseiras.

E uma boa reflexão poderá ser estabelecida numa simples troca de comentários aqui no blog, quando do artigo Outras Notas,  entre mim e o leitor Ricardo, onde tão importante colocação pode ser avaliada:

  • Ricardo 13.10.2010 ·

Caro Prof. Paulo Murilo,

Tenho muito apreço por sua forma de pensar o basquete, servindo como contraponto ao que é amplamente difundido. Contudo, apesar de eu não ser um letrado nas minúcias do esporte, dou-me o direito de discordar do senhor em alguns aspectos no que tange a atual situação do basquete nacional.
Apesar da prevalência do modelo usual de jogo entra as equipes, vejo alterações sensíveis na forma de jogar de várias delas no cenário nacional, as quais tentarei expor sob meu ponto de vista:
– equipe de Brasília: atual campeã nacional, conquistou o título principalmente pela polivalência de alguns atletas, como Giovanoni e Alex, capazes de atuar em várias “posições”, conseguem quebrar os esquemas defensivos de seus oponentes;
– equipe do Flamengo: nos últimos anos tem apostado em 4 atletas altos e leves alternando posições, com o quinteto sendo completado por um homem forte na posição 5.
– equipe de São José: atual campeã paulista, tem na versatilidade dos jogadores uma grande arma, jogando com 2 armadores o jogo todo, e contando com alas altos jogando tanto dentro quanto fora do garrafão, completando um quinteto com um pivô leve.

Apesar de ainda ser evidente em vários casos a limitação técnica dos quintetos, vejo neles uma forma de jogar mais parecida ao que o senhor prega do que com o esquema usual de jogo.
Todas essas formações se baseiam, e neste ponto concordo com seu ponto de vista, no bom domínio dos fundamentos do jogo por praticamente todo o time, ou ao menos vários dos seus integrantes, chegando ao ponto de em várias situações a armação estar a cargo de um jogador de 2,0 m de altura.

Obviamente, este é meu ponto de vista. Aguardo ansiosamente sua resposta, contribuindo para o debate.

  • Basquete Brasil 13.10.2010 ·

Prezado Ricardo, se você tem acompanhado artigos anteriores em que discuto e critico o sistema único de jogo, não pode deixar de considerar que:
– Desde muito tempo venho defendendo a utilização de dois armadores em nossas equipes de elite, e claro, nas de base também.
– Que de dois anos para cá algumas equipes tem se utilizado dos dois armadores, mas em nenhum momento modificaram suas formas táticas de atuar, continuando no sistema único, acrescido de maior qualidade técnica pela presença de jogadores com melhores fundamentos, no caso, os armadores, só que um deles adaptado à função de um 2 ou 3(na nomenclatura vigente e genérica), mas dentro do formato e das jogadas do sistema, vide os “punhos”, “polegar”, “hi-lo”,”pick and roll”, etc, utilizados por todas as equipes.
– Sempre afirmei que numa mesmice granítica desse porte, onde todos atuam taticamente iguais, venceriam as equipes que possuíssem em cada posição de 1 a 5, os melhores jogadores, os mais caros, os mais habilidosos, e por conseguinte,formando as melhores equipes, dando uma falsa idéia de conjunto afinado e uníssono, quando na realidade se tratam de uma constelação de solistas, um em cada posição.
– E a grande maldade desse sistema, todo ele produzido para os solos estelares das competições da NBA, é a quase absoluta ausência, no nosso caso em particular, do jogo no perímetro interno, já que as “estrelas” dos três pontos não permitem que as bolas que avidamente disputam, cheguem naquela zona de jogo, daí nossa crescente fraqueza de homens altos de qualidade.
– Quando propus algo diferente na direção do Saldanha, consegui provar, ganhando inclusive de grandes equipes, que poderíamos jogar de uma outra forma além do sistema único, sem jogadas marcadas e previsíveis, sem concentração no jogo externo, e sim dividindo-o igualmente em ambos os setores, propiciando maiores oportunidades a todos os jogadores, altos e baixos, de fora e de dentro dos perímetros, e principalmente, interessados em suas performances através o treinamento e a pratica indistinta dos fundamentos do grande jogo.
Enfim Ricardo, creio ter podido provar num breve espaço de tempo que podemos alçar vôos maiores do que o estratificado e altamente previsível sistema único de jogo.
Um abraço, Paulo Murilo.

Quando reitero continuamente da necessidade de mudarmos nossa forma de jogar, indo, inclusive às quadras, para exemplificá-la, tento lançar um repto, um desafio aos nossos bons técnicos, para que abandonem o modelo que nos lançou ladeira abaixo no cenário internacional, e mais propriamente aos da base, da formação, que ousem criar, que ousem tentar algo além do que nos é imposto a mais de vinte anos, que invistam maciçamente nos fundamentos, e que, ao inicio de mais um curso de 4 dias presenciais e demais virtuais, promovido pela ENTB, e voltado aos jovens técnicos, onde serão orientados à continuidade de uma padronização e formatação do modelo atual, certamente o único que o corpo docente aceita, haja vista os cursos de atualização da CBB, onde coerentemente vêm estabelecendo a continuidade deste coercitivo  modelo, pelo país em seu todo, exijam maior diversidade, acesso democrático às diferentes formas de treinar, dos fundamentos às formulações técnico táticas, e não se deixem seduzir a aceitar padrões e formatações voltadas aos interesses do que ai está determinado,  plenamente estabelecido, lembrando desde sempre, que dependeremos destas mudanças para alcançarmos padrões aceitaveis na formação de uma geração apta à participação olímpica em 2016, e tendo como apreciavel reforço a plena discordância do bom argentino frente ao atual modelo. Espero que o ouçam.

Amém.

2011…PARA ONDE CAMINHAMOS?

Foi um fim de ano com muito trabalho, e como todo professor que se preza, uma tonelada de papéis, relatórios, recortes de jornais e revistas, emails impressos, tiveram o destino anual do descarte, necessário pela enorme quantidade, mesmo tendo a maioria deles guardados em memórias e HD’s. Terminei a faxina ontem a tarde, no momento em que liguei a TV para o jogo do Pinheiros contra Limeira pela final paulista, e antes não o tivesse feito, pois assisti à cores e em som estéreo  a uma das cenas mais degradantes que testemunhei nesses longos anos em que milito e vivencio o grande jogo.

Lá pelo segundo quarto de um jogo horripilante, onde a artilharia dos três pontos tirou do sério até o pacato comentarista da ESPN, o técnico da casa pede um tempo, e ao se preparar para as instruções é violentamente interrompido pelo jogador americano, que toda a imprensa sonha ver atuar pela seleção brasileira, que aos berros em seu claudicante português espinafra a todos, exigindo raça, atitude, até o momento em que o técnico se intromete e leva pela testa um “deixa eu falar” tonitruante e constrangedor, que o deixa desarmado, até que, também aos berros e não menos inúmeros e reprováveis palavrões televisivos, faz o insurgente jogador se calar até o final do quarto, quando ao ser entrevistado tece comentários de cunho e responsabilidade exclusiva do técnico, e não sua.

Recomeça o jogo com o malcriado jogador no banco ( fosse comigo já teria trocado de roupa à muito…) e a equipe indo mal na quadra, mesmo continuando a apostar na chuvarada de arremessos de três, assim como seu adversário, totalizando 63 tentativas contra 67 de dois pontos de ambas, numa tendência que vem se instalando em nosso basquete de quase se igualarem em números os arremessos de três e os de dois, numa prova inconteste de que o individualismo exacerbado  ameaça de morte o coletivismo, que ainda define a estrutura técnico tática de uma equipe, sem contarmos com o altíssimo número de bolas perdidas por falhas nos fundamentos, que nesse jogo chegou a 25. E para sermos mais claros, das 29 bolas de três arremessadas pelo Pinheiros, somente 5 foram convertidas, contra 14 das 36 arremessadas por Limeira, ou seja um tremendo “chega e chuta”, definição do próprio comentarista da ESPN.

Um pouco mais adiante, um novo tempo pedido pelo técnico da casa, que num tom suplicante pede mais luta, união, ajuda, e de pronto faz voltar o americano, que por três sucessivas vezes arremessa de longe, sem sucesso, e numa dessas tentativas nem o aro alcançou. Daí par o insucesso final foi só uma questão de tempo.

Lamentável episódio, um tanto mais comprometido com a defesa do americano feita pelo pacato comentarista, tentando justificar uma tremenda falha disciplinar como tendo sido uma “balançada na equipe” e nada mais. Fico pensando se sob o comando de um Togo Renan, o grande jogador que foi teria feito o mesmo em plena quadra de jogo. Creio que não, e o próprio Kanela jamais o permitiria.

Numa análise derradeira, que sistemas de jogo podem ser desenvolvidos quando duas equipes finalistas do propalado e incensado campeonato paulista  arremessam 63 bolas de três pontos, ou sejam, 189 possíveis? E como falar em defesas perante tanta permisividade?

Desliguei a TV e dei uma passada pelos blogs, e o que vejo?  Técnico de seleção ser indicação de um diretor de marketing, vindo do vôlei, e que se  acha capacitado na área técnica de uma modalidade que não a sua?  Inacreditável!

Curso de capacitação de técnicos no nível I com a duração presencial de 4 dias promovido por uma ENTB coordenada por um preparador físico? Um absurdo!

Um excelente técnico argentino “descobrindo” para nós que a formação de base é o cerne do grande jogo, e que temos de deixar o estilo NBA de jogar para trás?  E o que temos feito e alertado nos últimos 20 anos de descalabro e 6 de Basquete Brasil?

Que por mais uma vez a LNB distribui uma planilha para a formação das seleções que se enfrentarão no Jogo das Estrelas, seguindo as posições de 1 a 5, que é exatamente o modelo criticado pelo Magnano em suas entrevistas, comprovando a padronização e formatação do nosso basquete àquele modelo? Me divirto imaginando a dificuldade de colocação dos jogadores com as minhas indicações baseadas na formação de 2 armadores e 3 alas pivôs, numa solitária posição de negação à mesmice endêmica que nos domina e constrange.

Finalmente me deparo com escolhas dos melhores de 2010, em todas as áreas e funções do basquetebol, e não vejo uma linha sequer, mesmo que ínfima, sobre a pequena revolução técnico tática estabelecida pela equipe do Saldanha da Gama no NBB2, se antepondo à mesmice acima mencionada, fator fundamental a uma reviravolta em nossa maneira de jogar e atuar, comprovando ser isso possível e exeqüível, bastando para tanto uma boa dose de coragem e ousadia, além é claro, de conhecimento e experiência, elementos que seriam impossíveis de adquirir em cursos de formação e habilitação de 4 dias.

Terminei o dia, neste limiar de um novo ano, mais uma vez descrente de que tenhamos a força necessária  para alavancar o soerguimento do grande jogo entre nós, se contarmos somente com os quadros cebebianos, continuísta e corrompido politicamente, onde a função técnica sempre dará passagem ao apadrinhamento e à troca de favores, a não ser aquela tênue réstia de esperança que poderá ser deflagrada pela classe que conhece e domina o jogo, e por isso mesma afastada das grandes decisões, os técnicos brasileiros, que ainda teimam em se esconder no anonimato de suas manifestações pela mídia virtual, alimentando e perpetuando com esse comportamento as felpudas e profissionais raposas que infestam a modalidade que tanto amamos.

Peço aos deuses que nos protejam nesse 2011, fervorosamente.

Amém.