A MESMICE VENCEDORA (?)…

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Enfim o hermano falou, e muito, sobre a equipe olímpica de sua inteira responsabilidade a mais de cinco anos, revelando pormenores esclarecedores sobre sua influência no basquete tupiniquim bastante sérios, e até mesmo, contundentes, como – (…) Hoje,a liga nacional do Brasil está fazendo um bom trabalho, mas não dá para pensar que pode tirar um atleta olímpico agora. Pode tirar, daqui, futuros atletas olímpicos que acabarão sua formação fora dessa competição. (…) Ou seja, ele não vê a liga e seus clubes filiados com qualidade tática e técnica para suprir as seleções com jogadores com a qualidade exigida para as grandes competições, o que soa comprometedor, pois nos muitos anos de sua influência profissional, pouco ou nada fez para mudar esse panorama para lá de sombrio, preferindo apostar na turma de fora, que para sua desdita, patina na suplência de suas equipes, fora as contusões de praxe, e como agora, a cirurgia no Spliter. Pouco pode acrescentar no panorama europeu, a não ser as exceções do Benite e do Augusto Lima, tendo de enfrentar a realidade nacional, a mesma que compete numa liga incapaz (para ele…) de formar um atleta para a olimpíada caseira…

Porém, a mais importante e comprometedora ainda apreciação se deu ao responder a pergunta sobre o estilo Warriors de jogar – (…) Eles têm seu estilo. Seguramente, como acontece sempre,chegarão treinadores tratando de imitar, mas, para isso, têm de ter o mais importante: Curry, Thompson, Green, todos, Acho que nem todo mundo tem isso.(…) E o mais importante (…) O basquete FIBA vai continuar do jeito que se vê jogar. (…) Ou seja, para ele o sistema único deverá se manter por muito tempo ainda, afinal, é o que usa em nossa seleção, seu emprego regiamente pago, e sem perspectivas de vê-lo inovar para algo diferente, atrevido, instigante, permanecendo nos chifres, punhos, e congêneres praticados por todos os nossos adversários, com a vantagem de dominarem os fundamentos muito melhor do que nós, logo…

Porém, o que soa pior é uma sua colocação quanto aos novos valores que se bandearam precocemente lá para fora (por conta de vivíssimos agentes…), e por que não, aqueles que ainda se encontram por aqui  – (…) Eu prefiro que jogue numa equipe muito importante do basquete Fiba. Gosto muito mais da formação. Mas tem que ser um clube com pretensões, que jogue um nível de basquete em que o jogador possa desenvolver tudo o que tem.(…) Em outras palavras, não vê em nosso país nenhum clube que ofereça tais condições, aquelas que julga imprescindíveis à plena formação dos mais jovens. Então, por que não liderou, de sua posição de medalhista olímpico, um movimento de apuro técnico entre os formadores nacionais, claro, formulando didáticas mais compatíveis a um basquete diferenciado do que aí está implantado, onde inclusive, seus assistentes mais diretos o praticam da forma padronizada e formatada possível em suas equipes, a fim de que mudanças pudessem acontecer a médio prazo, evitando seu queixume de agora, ainda mais quando em tempo algum (e lá se vão mais de cinquenta anos) vi técnicos de seleções brasileiras adultas liderarem mudanças táticas e preparação de jovens entre os técnicos do país, através o incentivo a associações de técnicos, ou cursos de aperfeiçoamento, à imagem do que americanos e europeus o fazem a décadas. Como técnico estrangeiro e dedicado exclusivamente à seleção, por mais de cinco anos, acredito que muito poderia ter feito neste sentido, a não ser que possa ter sido obstado a fazê-lo…

Conclui afirmando – (…) Eu achava que, depois de voltar a estar nos Jogos Olímpicos, nosso basquete ia dar um pulo muito importante. Isso não aconteceu. Mas eu, pessoalmente, trato de fazer o melhor. Parece que o basquete se acaba em 2016. Só que o Brasil vai continuar jogando basquete. Por isso, tento jogar com muita gente nova (…) E enfático – (…) Sem a matéria-prima é muito difícil, mas vamos continuar lutando. Não tem jeito. (…) Acredito que não tenha feito o melhor, pois jamais abriu mão de algo que fugisse de sua formação técnico tática (onde a rigorosa formação de base argentina o embasou decisivamente), excluído o fato de aceitar o reinado das bolinhas, antítese de seu ansiado coletivismo, e que se tivesse sido substituído por um sistema solidário que incentivasse o jogo interior, mais preciso  e menos exaustivo que a correria externa em busca de posições, certamente o salto que almejou teria sido dado, mesmo com jogadores menos nominados, porém saudáveis e afeitos ao sistema Fiba, em vez dos remendados e pouco participativos jogadores em suas próprias equipes na liga maior, no que teria sido a sua maior contribuição ao nosso tão judiado basquetebol, legando com seu exemplo na seleção o fator novo a ser, não copiado, mas desenvolvido pelos demais técnicos, que, possivelmente, abdicariam de um sistema inócuo, e aprofundado-os no estudo e estabelecimento de novas formas de desenvolver a formação de base, e até, quem sabe, aposentando o horrendo biombo que os separam de seus jogadores, a pequena e midiática prancheta-vitrine em que exibem seus vastos conhecimentos táticos, suas estratégias de absolutamente nada…

Dentro de muito pouco tempo, nosso hermano se deparará com uma realidade tupiniquim, não uma portenha, onde tudo está a espera de ser feito e realizado, onde seu prestígio e competência em muito poderia ter sido potencializado em prol de algo revolucionário, mas que não o foi, e nem será, infelizmente, a não ser que se opere um milagre, que absolutamente não merecemos, pela omissão de muitos, de muitos que poderiam ter ajudado nas mudanças, na evolução, na contra mão de um asfixiante e mortal corporativismo que nega o novo, que nega o instigante, e onde se inseriu, lastimavelmente nosso medalhado hermano.

Gostaria de ter esperanças para algo melhor, mas assistindo dias atrás uma partida do NBB que reunia duas equipes nas pontas de classificação, Ceará e Caxias, horrorizado testemunhei os seguintes números: 12/27 nos dois pontos e 10/32 nos três para o Ceará, e 13/28 e 8/29 respectivamente para o Caxias, perpetrando  ambas 30 erros nos fundamentos (19/11), numa claríssima alusão à realidade técnico tática em que nos encontramos a poucos meses de uma olimpíada caseira. Sinceramente, temo pelo pior.

Amém.

Foto – Reprodução de O Globo. Clique na mesma para ampliã-la.

 

ANATOMIA DE UM ARREMESSO VI…

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O basquetebol, o grande jogo, surpreende até quando não está tão popularizado assim em terra tupiniquim, inclusive na teimosa e insistente dependência tática ( técnica nem pensar) de um único sistema de jogo, mesmo que tente dinamizá-lo substituindo um dos alas por um armador de ofício, e ensaiando aposentar os massudos pivôs, trocando-os por jogadores mais ágeis e flexíveis, mais velozes, enfim…

Por tudo isso, evoluímos um pouco na concepção de jogo, apesar de nos mantermos patamares abaixo no que se refere aos fundamentos, inclusive, e basicamente, nos arremessos, onde a maioria de nossos craques se consideram especialistas, principalmente nos de longa distancia, ai incluídos os pivôs, já que sem muitas oportunidades de serem acionados no perímetro interno, vão lá para fora exercerem suas habilidades, deixando os rebotes para, quem sabe, seus estrategistas de pranchetas em punho os disputarem…

E por conta dessa enxurrada de “talentos” na dificílima arte dos longos arremessos, ainda mais motivados pelas exibições galáticas dos Warriors, com o Curry no timão, é que uma prestigiosa Veja, publica uma matéria (vide fotos), onde um especialista discorre sobre as técnicas do grande jogador, concluindo ser seu maior trunfo a longa trajetória em seus arremessos, ultrapassando os maiores defensores, além, é claro, do melhor ângulo de penetração das tentativas, exatamente pela elevada trajetória que emprega nas mesmas…

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Legal, esclarecedor, bastando executar “jornadas nas estrelas”, como o Bernard, para se situarem no patamar de um, por exemplo, Curry…

Nesse ponto da explanação, exemplifico um pequeno conceito de precisão balística, reportando ao lançamento de um daqueles monstruosos foguetes Titãns que foram à lua, quando toda aquela força impulsionadora sofreria um baque fatal se um pequenino instrumento em seu bojo falhasse, o giroscópio, o reloginho que o mantêm equilibrado em sua trajetória ascendente e depois elíptica no preciso caminho de seu destino lunar…

Assim como os grandes foguetes, o arremesso também necessita de um controle, por assim dizer, giroscópico, no controle do eixo diametral em que a bola gira inversamente em torno do mesmo após o lançamento, e que se estiver o mais paralelo possível do nível do aro, e equidistante de seus bordos externos, mais preciso será o seu direcionamento, pois de nada valerão grandes trajetórias, alavancas e forças musculares se o mesmo não se encontrar alinhado o melhor possível ao aro destinatário. Logo, arremessar com eficiência não se trata somente de “treinamento extra”, milhares de tentativas, mas sim um pleno conhecimento das ações que compõem a grande arte do arremesso…

Sugiro, antes de concluir, que o leitor leia o artigo aqui publicado, Anatomia de um arremesso IV, onde as diversas formas de empunhar a bola visando um efetivo controle de direção da mesma é mostrado e exemplificado, tornando o conhecimento mecânico bem mais acessível. Leiam e prossigam, se interesse houver…

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Então, podemos regressar ao Curry na sequencia de fotos retiradas de arremessos durante jogos oficiais, logo, desprovidos de ajustes pictóricos e retoques gráficos. Podemos então observar que o jogador emprega a pega M3 que exemplifico e discorro no artigo sugerido, que foi retirado da primeira tese de doutoramento sobre o assunto no mundo (1992), Estudo Sobre Um Efetivo Controle Da Direção Do Lançamento Com Uma Das Mãos No Basquetebol, que defendi na FMH/UTL de Lisboa, na especialidade de Ciências do Desporto, e que teve muito poucos estudos extensivos desenvolvidos dai em diante, quem sabe, por ter realmente explorado, qualificado e quantificado o gesto estudado, sem deixar muitas margens para dúvidas, quem sabe…

Somente um básico detalhe ficou sem registro (talvez uma foto lateral da pega poderia esclarecer), o fato dele retrair o dedo médio, alinhando-o ao indicador e anelar, para aplicar toda a potência possível nos lançamentos, sem possibilidade de desvios, principalmente aqueles mais longos e velozes…

Logo, e concluindo, o grande jogador, assim como seu companheiro Thompson, que arremessa empunhando de forma semelhante, ao manter um rígido controle do eixo diametral da bola, em seu paralelismo e equidistância do nível do aro da cesta, alcança números de acertos assombrosos, facilitados pela longa e alta trajetória, possíveis pela sólida base tripla de lançamento, otimizados pelos mínimos desvios laterais como resultado de seu quase perfeito controle de direção, sem o qual, trajetória nenhuma o faria alcançar seu alto grau de eficiência…

Bem, caros leitores, também existe tecnologia e conhecimento em nossa terra, mas que infelizmente, tende a ficar pelos caminhos antagônicos ao mérito, mérito este que a turma lá de fora reconhece e recorre, mesmo que escrito em português…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e da Revista Veja. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Referências – Anatomia de um Arremesso

                          Anatomia de um Arremesso II

                         Anatomia de um Arremesso III

                         Anatomia de um Arremesso IV

                        Anatomia de um Arremesso V

JOGANDO A TOALHA?…

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Como  é Paulo, jogou a toalha? Quase um mês de silêncio numa hora em que muita coisa para lá de importante vem acontecendo? Desembucha cara…

Olha, seriamente pensei, e ainda penso, não de jogar a toalha, jamais o faria, jamais o fiz, mas me dar um tempo para cumprir um trato que fiz com meu filho basqueteiro, o André, designer desse humilde blog, de concluir um livro sobre histórias do grande jogo, com alguns artigos aqui publicados, e muitos outros inéditos, todos vividos e intensamente vivenciados por mim nos últimos cinquenta anos, dentro e fora das quadras…

Sim, você tem razão, muitas coisas importantes estão acontecendo, e outras mais importantes acontecerão nesse ano olímpico em nosso jardim (para os nossos visitantes), triste quintal para nossas irreais, equivocadas e arrogantes douradas aspirações, resultantes de uma mais irreal ainda pátria educadora…

Então, vamos lá – Foi num recente jogo pelo NBB, que o comentarista do SportTv, mencionava ser o novo técnico do CEUB um fan da dupla armação, fator preponderante em sua equipe, fazendo jogar dinamicamente seus três homens altos dentro do perímetro, decrescendo bastante o jogo externo com as temerárias  bolinhas, e exercendo uma fluidez de jogo a “la Warriors”, que é uma “tendência mundial”, claro, agora reconhecida e aceita por vir da matriz, quando por aqui mesmo, e já por um longo tempo o desenvolvi e empreguei na teoria e na prática, mas, sabe como é amigo, santo de casa… ainda mais sendo eu…

Seguindo, jogo das estrelas americano, que não assisto mesmo, exceto o desafio de habilidades, o único momento sério das festividades juntamente com a competição de arremessos, que me interesso em particular (falo sobre ele no próximo artigo) e que em  momento algum, sequer passa pela cabeça de ninguém, cabalar a disputa, por exemplo, nos dribles, bem ao contrario do que vem ocorrendo sistematicamente no desafio tupiniquim, cujo maior vencedor “cabulou” sempre que venceu. Analisem as fotos atentamente, e tirem suas conclusões. Espero que no desafio desse ano as coisas afeitas às regras melhorem, e haja justiça nos resultados…

Também na internet, um vídeo que muitos consideraram ser a “enterrada”mais impressionante do ano, feita por um jogador colegial, que se eleva no ar por duas vezes, passando com o tronco acima do aro e por cima, literalmente, de seu marcador, realmente numa cena que impressiona. Mas, se analisarmos detidamente a sequencia (observem as fotos), vemos que o esperto atacante, ao investir para a enterrada frontal, se depara com um defensor que, para se proteger do inevitável impacto, cruza firmemrnte os braços protegendo o plexo, e o encara. Nesse momento, o atacante situa sua perna no peito do defensor, travando o joelho na interseção da clavícula e do pescoço de seu oponente,fixando seu pé direito nos braços firmemente cruzados do mesmo, catapultando-se em pleno salto para um outro em pleno ar, dando a impressão de uma elevação bem acima dos padrões aceitáveis de impulsão, porém de forma absolutamente irregular e perigosamente faltosa, não punida pelos árbitros, mesmo estando o defensor fora do semicirculo abaixo da cesta, fator que sequer camuflou o expediente utilizado…

Uma última observação, o fato inconteste do teimoso reaparecimento, e em grande, das convergências, principalmente em equipes que ponteiam o campeonato, numa nítida constatação de que o vício dos longos arremessos, incentivados pela ausência consentida das defesas continuam numa dolorosa evidência, e num momento em que nossos mais representativos jogadores na liga maior atuam cada vez menos, se machucam, são trocados, e não se encontrarão bem física e tecnicamente para a seleção olímpica, cujos futuros integrantes daqui mesmo se perdem na autofagia das bolinhas, dos armadores aos pivôs, numa demonstração tácita de incompetência interior, muito mais motivada pela ausência de sistemas de jogo que o desenvolvesse, e facilitada pela aberração defensiva que praticamos, tudo isso emoldurada por pranchetas multicoloridas e midiáticas, manejadas pela quase totalidade de nossos estrategistas, veteranos e brand news, na arte da competição de elite, que como vemos, definitivamente, não é para qualquer um, e logo mais adiante, com a direção de um hermano com as barbas de molho, veremos a consequência de tanta insensibilidade e  equívocos, o que nos espera na arena olímpica. Espero estar mais uma vez errado, mas nestes doze anos de Basquete Brasil, nunca errei, infelizmente…

Se não inovarmos técnica e taticamente, na tentativa de equalizarmos estrategias que enfrentaremos, temo por algo decepcionante e constrangedor, porém, la no fundo, com uma tênue esperança, torço honestamente para o melhor, ou pelo menos, para o aceitável, que vem no contraponto dessa desvairada orgia dos três, cujo expoente maior, o Curry, já começa a ser contestado. No próximo artigo desvendo um pouco os porques…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas. Notar que na sétima foto, no inicio da legenda leia-se Segundo.