O PAVOROSO TAPETE…

Brasil  77 x  53  Chile

        69% 22/32    2    15/38 39%

        25%   9/36    3      5/22  23%

        46%   6/13   LL     8/16  50%

                     53    R       31

                     15    E       11

            Brasil  81 x  55  Chile

         60% 18/30   2   15/35 42,8%

         41,3%12/29 3     4/22 18,1%

         60%     9/15 LL  13/16 81,2%

                      41    R     26

                        9    E     13

 Tabulando o Brasil nas duas partidas, obtemos:

          Arremessos de 2  – 40/62   64,5%

          Arremessos de 3  – 21/65   32,3%

          Lances Livres       – 15/28   53,5%

          Erros de fund.      –  24        12pj

Que convenhamos, são números muito fracos para uma seleção brasileira adulta, com jogadores atuando regularmente aqui e no exterior, finalizando a cesta mediocremente no fundamento definidor dos jogos, contra uma equipe fraca defensivamente no perímetro externo, e razoável no interno, sendo um fator a ser seriamente encarado para as próximas competições, assim como, uma repaginação completa em nossa forma de jogar, e para tanto, sugiro fortemente o robustecimento do jogo interno, ampliando o recebimento dos passes em movimento por parte dos bons e promissores alas pivôs, cruzando-se continuamente, obrigando o constante deslocamento dos defensores mais altos, originando espaços, que mesmo pequenos, se criarão na cozinha dos adversários, sendo constantemente abastecidos pelos dois armadores com passes incisivos, e não os de contorno, com figurações em oito que além de inócuas, consomem segundos preciosos em cada ataque, e evitando ao máximo a ida dos pivôs para fora do perímetro visando bloqueios, que podem perfeitamente ser exercidos pelos dois armadores, se forem os mais altos em quadra naqueles momentos, mantendo a trinca gigante, veloz e flexível no cerne defensivo, garantindo rebotes e segundas tentativas, provocando as faltas dos defensores pela ativa movimentação interna, para de 2 em 2 e 1 em 1, através arremessos curtos e médios, mais seguros e eficientes, estabelecer pacientemente o comando do placar, deixando os longos arremessos como uma opção pontual, e não principal da equipe, por força da indiscutível imprecisão dos mesmos, como atestam os números acima tabulados, e que aumentarão na proporção direta ao enfrentamento contestatório quando duelarem com equipes europeias, americanas e nuestros hermanos…

Uma equipe agindo dessa forma, otimiza cada ataque pelo aumento percentual de seus arremessos, confrontando as enormes perdas de esforço físico e mental pelas bem maiores falhas através o exagero nos longos arremessos, com seus baixos percentuais, se comparados com os de curta e média distâncias, é isso é inquestionável…

Porém, como venho divulgando e discutindo década após década, dentro e fora das quadras, uma seleção bem espelha o basquetebol que é jogado em seus campeonatos e ligas, e quando o mesmo é adepto fervoroso do sistema único, da formação de base ao adulto, com todos os envolvidos em seu desenvolvimento cumprindo a mesma cartilha, muito pouco pode-se esperar de modificação comportamental e técnico tática em suas seleções, a não ser uma ou outra inovação, que rapidamente é engolfada pelo tsunami da mesmice institucionalizada e do corporativismo arraigado e vigente no âmago do grande jogo, até que um dia, quem sabe, um bendito e almejado dia, saiamos desse pavoroso limbo, agora, mais do que antes, transfigurado e envolto num uniforme absurdo, como um tapete de mau gosto envolvendo os jogadores, cada vez mais distantes do nosso histórico, vencedor e heróico uniforme listrado, que um dia vestiu os mais importantes e brilhantes jogadores deste imenso, desigual e injusto país, e isso é inquestionável, também…

Amém

`Fotos – Divulgação Fiba Americas e CBB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

CONSEGUIREMOS EVOLUIR?…

Brasil  77 x  53  Chile

        69% 22/32    2    15/38 39%

        25%   9/36    3      5/22  23%

        46%   6/13   LL     8/16  50%

                     53    R       31

                     15    E       11

Voltem ao artigo anterior, e comparem a última tabela lá publicada com a que inicia esse artigo, comprovando o estado terminal em que se encontra o grande jogo nesse imenso, desigual e injusto país, onde mandarinatos se estabelecem à margem do bom senso e do mérito desportivo, vide a condenação do expoente máximo do olimpismo tupiniquim, medalhado com 30 anos de prisão, pagando sozinho um crime cometido por muitos e muitos outros além dele mesmo, que quem sabe um dia pagarão…

O jogo repetiu o que dele se esperava frente ao propalado “basquete moderno”, ou seja, velocidade descerebrada, alimentada por um poderio desigual nos rebotes, muitos passes de contorno, bateção exagerada de bola, e a cereja do bolo, a chutação desenfreada, culminando na já tradicional convergência negativa de 36 arremessos de 3 ante os 32 de 2 pontos, sendo estes os responsáveis pelo placar a favor com seus 22 acertos. Nos 3, contrariando a incensada qualidade dos mesmos, foram somente 9/36 os convertidos com um fraquíssimo 25% de eficiência…

Com o desigual poderio de alas pivôs no miolo da defesa andina, perdeu-se a oportunidade (mais uma, meus deuses) de prepará-los em condições de jogo visando os duríssimos confrontos que enfrentaremos no desenvolvimento desta seletiva ao Mundial, em benefício da turma de fora, sempre pronta para as bolinhas, e inclusive induzindo a turma de dentro nas tentativas de fora, numa perda de eficiência nas segundas bolas que raia ao absurdo…

No entanto, analistas e comentaristas insistem em conceituar o  basquete moderno, aquele praticado na NBA, aquele que o mundo aceita praticar, aquele que tem em suas formações de base o segredo de seu poderio. E nós, como ficamos perante nossas limitações econômicas, sociais, educacionais, e principalmente técnicas e táticas, como?…

Num email agora recebido, o assíduo leitor e colaborador Fábio assim se expressou -(…) A impressão que me deixou é de um time “äfrouxado” em relação ao que vinha com o Petrovic. O Brasil se impôs pelos pivôs mesmo sem nunca os priorizar no sistema de jogo.

Era assim na geração anterior e continua sendo; o que de melhor produzimos são alas-pivôs, porém os despersonalizamos, desconfiguramos e, caso insistam em jogar dentro, são ignorados. É triste ver o Cipollini se aposentar, o Jaú ser subutilizado, o Dú Sommer abrindo pra chutar de 3, o menino Paulo Scheuer do Pato idem…Mas é a sobrevivência deles no basquete que está em jogo.

Priorizamos o perímetro sem sequer formar bons armadores. Yago e Georginho são ótimos jogadores, mas não sabem controlar o ritmo de um jogo e muito menos se destacam pelos passes.

Tanto que o Brasil virou e se mostrou levemente mais desenvolto com o Elinho na armação, um armador-passador que, servindo os pivôs, fez o time sair da saia justa que os dois anteriores citados não conseguiram fazer durante todo o primeiro quarto.(…)

Creio que não analisaria melhor, muito bom Fábio.

Torçamos para que amanhã melhore um pouco, pois precisamos  evoluir significativamente, o oposto do que aí está, simples assim, claro, se competência e preparo realmente existir, algo não tão simples, porém possível e desejável. Conseguiremos? Logo saberemos…

Amém.

SOB NOVA DIREÇÃO…

Dentro de umas poucas horas a seleção masculina adulta , agora sob nova direção, estreia nas classificatórias para o mundial, jogando contra a fraca equipe do Chile em Buenos Aires…

Como desde sempre faço, procuro projetar nas seleções nacionais, as resultantes do que fazemos e produzimos em nossa formação de base, nos campeonatos regionais, nas competições da CBB, e na liga maior, o NBB. Nessa seleção, dez jogadores atuam no NBB, e três no exterior, fator determinante no comportamento técnico tático de uma equipe com escasso tempo de treinamento, logo, predisposta ao comportamento usual que professam em terra tupiniquim, fator que, sinceramente, preocupa profundamente…

Como exercício persecutório, compilei alguns dados nas sessenta partidas iniciais do NBB, somente não contabilizando as duas restantes, pois os situei em seis módulos de dez, com mais um contendo os números finais, a saber:

-Módulo 1 com dez jogos-

Arremessos de 2 – 384/736   52,1%

Arremessos de 3 –  171/523  30,6%

Lances livres       –   223/343  65,0%

Erros de fund,     –    298         29,8 pj

-Módulo 2 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  348/733  47,4%

Arremessos de 3 –  188/552  34,0%

Lances livres       –   254/352  72,1%

Erros de fund      –    274         27,4 pj

-Módulo 3 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  393/737   53,3%

Arremessos de 3 –  196/570   34,3%

Lances livres       –   250/373   67,0%

Erros de fund      –    274          27,4 pj

-Módulo 4 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  240/686   49,5%

Arremessos de 3 –  172/584   29,4%

Lances livres       –   234/321   72,8%

Erros de fund       –   289         28,9 pj

-Módulo 5 do dez jogos-

Arremessos de 2 –  394/740   53,2%

Arremessos de 3 –  197/547   36,0%

Lances livres       –   251/351   71,5%

Erros de fund      –    247          24.7 pj

-Módulo 6 com dez jogos-

Arremessos de 2  –  377/764   49,3%

Arremessos de 3  –  179/542   33.0%

Lances livres        –   235/331   70.9%

Erros de fund       –    246          24,6 pj

Contrariando firmemente a grande parte da mídia dita especializada, que conota 60% para os arremessos de 2 pontos, 40% para os de 3, e 70% para os lances livres, quando para o nível internacional, 70, 60 e 90 são os números aceitos e reconhecidos, além do número de erros não ultrapassar os 12/14 por jogo, vemos que estamos muito, muito abaixo do aceitável em se tratando de confrontos internacionais de peso, e não aqueles em que os adversários não atingem um mínimo de qualidade, como Ilhas Virgens e Jamaica, para os quais ousamos perder recentemente em outra classificatória similar…

Os números finais( 60 jogos) espelham com nitidez esse enfoque:

Arremessos de 2 –  2236/4396   50,8%

Arremessos de 3 –  1103/3318    33,2%

Lances livres       –   1447/2071   69,8%

Erros de fund      –    1628            27,1 pj

Entendendo melhor, para os 2 pontos, na média, a cada jogo dos sessenta tabulados, as equipes convertiam 37,2 tentativas e perdiam 73,2. Nos 3 pontos, 18,3 e 

55,3, e nos LL 24,1 e 34,5, mais os 27,1 erros de fundamentos. São números pavorosos, mas que conotam um comportamento técnico tático estabelecido rigidamente nas últimas três décadas, da formação de base ao adulto, culminando com o conceito revolucionário do “chega e chuta”, pois fica bem nítida a ausência de qualquer ímpeto contestatório defensivo sobre as bolas de 3, daí a enxurrada das mesmas a cada confronto, subvertendo o jogo, transformando-o num duelo insano de arremessos mais insanos ainda, e o mais constrangedor, contando com a cumplicidade de técnicos, dirigentes, agentes, jornalistas e jogadores também, todos unidos pelo novo, novíssimo tempo que se aproxima…

Claro que logo mais nos fartaremos de bolinhas, pela inexistência defensiva chilena, talvez uma ou outra jogada interior para constar e não pegar mal de todo, num resultado avassalador, avalizando um novo tempo, um novo e moderno basquetebol, quem sabe atuando em dupla armação, e lançando três homens altos e habilidosos no cerne do perímetro interior, numa descoberta ímpar no grande jogo tupiniquim, aquela que ninguém(?) ousou estabelecer até os dias de hoje…

Se os campeonatos nacionais de todas as categorias refletem os comportamentos de suas seleções no concerto internacional, a nossa não poderá se comportar diferentemente, ou não?…

Temos de mudar, radicalmente, basicamente, estrategicamente, pois somente dessa maneira poderemos emergir do abissal fosso em que nos encontramos, e para tal temos de modificar para muito, muitíssimo melhor os números que acima postei, a forma como ensinamos e preparamos nossos jovens, o comportamento e preparo de nossos professores e técnicos, inclusive no aspecto ético, dentro e fora das quadras, assim como um melhor preparo de uma mídia pretensiosa, pouco conhecedora do grande jogo, e enormemente voltada e comprometida ao basquetebol jogado acima do hemisfério norte, numa realidade diametralmente oposta a nossa, em todo e qualquer valor que tentemos comparar em estrutura, organização e poder econômico…

Enfim, vamos ao jogo, que aqui para mim, pouco representa em termos de mudança, ficando no aguardo de um adversário competente, que ao menos exerça o mais importante dos fundamentos, a defesa, que é algo que decididamente esnobamos, para a glória e o gáudio das bolinhas de três, noves fora os tocos e enterradas estratosféricas e “ridículas”…

Amém.

Fotos – Divulgação CBB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.