SOB NOVA DIREÇÃO…

Dentro de umas poucas horas a seleção masculina adulta , agora sob nova direção, estreia nas classificatórias para o mundial, jogando contra a fraca equipe do Chile em Buenos Aires…

Como desde sempre faço, procuro projetar nas seleções nacionais, as resultantes do que fazemos e produzimos em nossa formação de base, nos campeonatos regionais, nas competições da CBB, e na liga maior, o NBB. Nessa seleção, dez jogadores atuam no NBB, e três no exterior, fator determinante no comportamento técnico tático de uma equipe com escasso tempo de treinamento, logo, predisposta ao comportamento usual que professam em terra tupiniquim, fator que, sinceramente, preocupa profundamente…

Como exercício persecutório, compilei alguns dados nas sessenta partidas iniciais do NBB, somente não contabilizando as duas restantes, pois os situei em seis módulos de dez, com mais um contendo os números finais, a saber:

-Módulo 1 com dez jogos-

Arremessos de 2 – 384/736   52,1%

Arremessos de 3 –  171/523  30,6%

Lances livres       –   223/343  65,0%

Erros de fund,     –    298         29,8 pj

-Módulo 2 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  348/733  47,4%

Arremessos de 3 –  188/552  34,0%

Lances livres       –   254/352  72,1%

Erros de fund      –    274         27,4 pj

-Módulo 3 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  393/737   53,3%

Arremessos de 3 –  196/570   34,3%

Lances livres       –   250/373   67,0%

Erros de fund      –    274          27,4 pj

-Módulo 4 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  240/686   49,5%

Arremessos de 3 –  172/584   29,4%

Lances livres       –   234/321   72,8%

Erros de fund       –   289         28,9 pj

-Módulo 5 do dez jogos-

Arremessos de 2 –  394/740   53,2%

Arremessos de 3 –  197/547   36,0%

Lances livres       –   251/351   71,5%

Erros de fund      –    247          24.7 pj

-Módulo 6 com dez jogos-

Arremessos de 2  –  377/764   49,3%

Arremessos de 3  –  179/542   33.0%

Lances livres        –   235/331   70.9%

Erros de fund       –    246          24,6 pj

Contrariando firmemente a grande parte da mídia dita especializada, que conota 60% para os arremessos de 2 pontos, 40% para os de 3, e 70% para os lances livres, quando para o nível internacional, 70, 60 e 90 são os números aceitos e reconhecidos, além do número de erros não ultrapassar os 12/14 por jogo, vemos que estamos muito, muito abaixo do aceitável em se tratando de confrontos internacionais de peso, e não aqueles em que os adversários não atingem um mínimo de qualidade, como Ilhas Virgens e Jamaica, para os quais ousamos perder recentemente em outra classificatória similar…

Os números finais( 60 jogos) espelham com nitidez esse enfoque:

Arremessos de 2 –  2236/4396   50,8%

Arremessos de 3 –  1103/3318    33,2%

Lances livres       –   1447/2071   69,8%

Erros de fund      –    1628            27,1 pj

Entendendo melhor, para os 2 pontos, na média, a cada jogo dos sessenta tabulados, as equipes convertiam 37,2 tentativas e perdiam 73,2. Nos 3 pontos, 18,3 e 

55,3, e nos LL 24,1 e 34,5, mais os 27,1 erros de fundamentos. São números pavorosos, mas que conotam um comportamento técnico tático estabelecido rigidamente nas últimas três décadas, da formação de base ao adulto, culminando com o conceito revolucionário do “chega e chuta”, pois fica bem nítida a ausência de qualquer ímpeto contestatório defensivo sobre as bolas de 3, daí a enxurrada das mesmas a cada confronto, subvertendo o jogo, transformando-o num duelo insano de arremessos mais insanos ainda, e o mais constrangedor, contando com a cumplicidade de técnicos, dirigentes, agentes, jornalistas e jogadores também, todos unidos pelo novo, novíssimo tempo que se aproxima…

Claro que logo mais nos fartaremos de bolinhas, pela inexistência defensiva chilena, talvez uma ou outra jogada interior para constar e não pegar mal de todo, num resultado avassalador, avalizando um novo tempo, um novo e moderno basquetebol, quem sabe atuando em dupla armação, e lançando três homens altos e habilidosos no cerne do perímetro interior, numa descoberta ímpar no grande jogo tupiniquim, aquela que ninguém(?) ousou estabelecer até os dias de hoje…

Se os campeonatos nacionais de todas as categorias refletem os comportamentos de suas seleções no concerto internacional, a nossa não poderá se comportar diferentemente, ou não?…

Temos de mudar, radicalmente, basicamente, estrategicamente, pois somente dessa maneira poderemos emergir do abissal fosso em que nos encontramos, e para tal temos de modificar para muito, muitíssimo melhor os números que acima postei, a forma como ensinamos e preparamos nossos jovens, o comportamento e preparo de nossos professores e técnicos, inclusive no aspecto ético, dentro e fora das quadras, assim como um melhor preparo de uma mídia pretensiosa, pouco conhecedora do grande jogo, e enormemente voltada e comprometida ao basquetebol jogado acima do hemisfério norte, numa realidade diametralmente oposta a nossa, em todo e qualquer valor que tentemos comparar em estrutura, organização e poder econômico…

Enfim, vamos ao jogo, que aqui para mim, pouco representa em termos de mudança, ficando no aguardo de um adversário competente, que ao menos exerça o mais importante dos fundamentos, a defesa, que é algo que decididamente esnobamos, para a glória e o gáudio das bolinhas de três, noves fora os tocos e enterradas estratosféricas e “ridículas”…

Amém.

Fotos – Divulgação CBB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. […] ao artigo anterior, e comparem a última tabela lá publicada com a que inicia esse artigo, comprovando o […]

  2. […] um artigo publicado em 26/11/21, Sob Nova Direção, inclui uma tabela sobre os primeiros sessenta jogos do NBB, agora […]

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