UMA SUTILEZA DO DESTINO…

  • Washington Jovem Alexandre. Ontem

Professor,

Agradeço por ter participado desse trabalho que o Senhor implantou aqui com a equipe do Saldanha da Gama, trabalho esse que levei para as categorias de base do clube, ensinando aos meninos uma nova forma de jogo, que a principio acharam estranho, mas, após a adaptação entenderam a forma de jogar. Hoje as equipes de base do clube jogam um basquete diferenciado, buscando a pontuação de 2 em 2 como o Senhor dizia sempre, e com muita “sutileza”, palavra essa que ficou gravada em minha memória. Obrigado pela experiência vivida, e pelo aprendizado que foi de muita valia para mim. Hoje essa forma de jogar é conhecida entre os meninos como sistema ” Paulo Murilo”. Um abraço e mais uma vez o meu muito obrigado professor. Do seu assistente técnico Washington Jovem

Recebi ontem esse comentário sobre o artigo “26/02/2010 – UMA DATA PARA RECORDAR…, do meu assistente técnico, e responsável pelas categorias de base do Saldanha da Gama, Prof. Washington Jovem, que me deixou imensamente feliz, pois reflete com exatidão o impacto positivo de um bom trabalho numa divisão principal, e sua estratégica influência nas divisões de base de uma modalidade de técnica refinada como o basquetebol. E se essa divisão principal pautar sua preparação básica nos fundamentos do jogo, mais ainda essa influência se caracterizará, pois estará exequibilizando todas as necessidades técnicas exigidas num sistema de jogo diferenciado pela participação equânime de todos os integrantes da equipe, dos armadores aos pivôs, onde as oportunidades técnico táticas são comuns a todos, num exemplo ímpar para os jovens que se iniciam.

O Washington foi um grande jogador no Espírito Santo, marcador implacável, e pontuador de primeira, e realiza um ótimo trabalho nas divisões de base do Saldanha, movimentando muitos jovens capixabas. Com essas credenciais, o diretor daquela que foi a franquia CECRE/Saldanha, Dr. Alarico Lima, me indicou o seu nome para assistir-me na direção da equipe principal, naqueles 49 dias que duraram nossa participação no NBB2, cuja história já foi amplamente discutida aqui no blog.

Creio ter custado um pouco ao Washington, dada às suas características combativas, captar meu aparente distanciamento naqueles momentos cruciais de uma partida tensa e disputada ponto a ponto, onde as tensões beiram a ruptura, onde equilíbrio e desequilíbrio compactuam um mesmo e tênue fio condutor, onde um erro, por simples que seja, fará pender o fiel da balança para um dos lados. Mas acredito o ter induzido a um raciocínio que prima pela lógica, o de que um jogo deve ser mental e meticulosamente metrificado em seus três quartos iniciais, a fim de que no quarto final o mesmo possa vir a fluir, lastreado por reservas técnicas, físicas e emocionais, acumuladas parcimoniosamente naqueles indefinidos e decisivos quartos.

E juntos pudemos testemunhar pequenas grandes conquistas, onde o duro trabalho e os sacrifícios conduziram aquela humilde equipe a um patamar respeitado e agora, pelas mãos do Washington, continuado.

Exatamente pela continuidade junto aos jovens daquele trabalho, creio ser eu a agradecer. Obrigado Washington,  seja feliz e vitorioso, você merece.

Amém.

PS- Foto de um treino de fundamentos com o Washington ao meu lado. Clique na foto duas vezes para ampliá-la.

26/02/2010 – UMA DATA PARA RECORDAR…

Exatamente nesta data, uma equipe da liga principal do país, se apresentou atuando de uma forma totalmente oposta ao sistema único de jogo, estabelecido a quase vinte anos, e praticado por todas as equipes brasileiras, em todas as faixas etárias, e em ambos os sexos.

Foi na terceira rodada do returno do NBB2, em São Paulo, contra o EC Pinheiros, e em seu ginásio.

A equipe, o Saldanha da Gama de Vitória, última colocada na classificação da Liga, se apresentava após 18 dias de treinamento intensivo, tendo somente realizado um treino de quadra inteira, de somente 15 minutos, na véspera do embarque para São Paulo.

A pequena saga desta equipe já foi extensamente contada aqui no blog, excetuando os dois primeiros jogos, o que apresento hoje, o primeiro, contra o Pinheiros, onde mesmo derrotada se apresentou de forma surpreendente, e o de dois dias depois contra o Paulistano, que apresento para a semana, quando vencemos a partida, ambas com contagens acima dos 80 pontos, contra uma média de 65 pontos da equipe no turno do campeonato.

E porque somente agora veiculo esses jogos? Pelo simples fato de que ambos representaram um admirável feito de uma equipe que foi praticamente desfeita na semana que sucedeu aos mesmos, com o afastamento de caráter administrativo de três de seus principais jogadores, obrigado-a a refazer todo um trabalho,  sem um intervalo para treinamentos, pela sucessão de jogos e pela perda técnica em si.

E qual a importância dos mesmos?  Pelo fato inconteste de que se tratava de uma equipe composta por 11 jogadores depreciados e minimizados, executando um sistema de jogo inédito para os padrões solidificados do nosso basquete, com uma possibilidade rotativa invejável, e altamente produtiva, no ataque, e na defesa também, e com um altíssimo grau de comprometimento aos sistemas adotados e aceitos por todos os seus integrantes. A dissolução de sua estrutura inicial ocasionou uma queda acentuada da equipe, somente recomposta três semanas depois, quando, entrementes, algumas previstas derrotas afastou a possibilidade de classificação nos play offs, o que seria razoavelmente possível se a mesma não tivesse sido fragmentada.

Mas o que realmente importou nestes dois primeiros jogos, foi a quebra de um conceito monolítico implantado em nosso país, o da padronização e formatação de um sistema único de jogo, que tanto nos empobreceu técnica e taticamente nas últimas duas décadas.

Claro que um sem número de erros são apresentados nestes dois jogos, principalmente defensivos, pois o prazo de 18 dias de treinamentos foram insuficientes para corrigi-los a contento, além de alguns fundamentos que necessitavam um maior aprimoramento, como os passes e os lances livres(foram 15 perdidos no jogo contra o Pinheiros, numa derrota de 13 pontos), acrescidos, no entanto, de algo muito positivo, o total de 17 arremessos de três pontos na somatória dos dois jogos, provando a possibilidade real de uma equipe atingir placares elevados jogando com a maior e mais confiável precisão dos arremessos de dois pontos.

Mesmo com tais deficiências, podemos, nesta oportunidade de rever os videos,  testemunhar algo de instigante, desafiador, ante duas das mais representativas forças da Liga, demonstrando com sobras o quanto de potencial apresentou a equipe do Saldanha, cuja continuidade a faria atingir patamares bem mais positivos. Mas a tentativa inicial ao ser desfeita com a dispensa dos três jogadores,  limitou em muito essa possibilidade.

Hoje, com o Saldanha fora do NBB3, descaracterizado de sua proposta inovadora, passará somente a representar uma lembrança de algo que foi muito bom, mas impossível ante a realidade de nosso basquetebol, cego e manietado política, economica e éticamente, cujo brilho fugaz não pode ser esquecido por todos aqueles que realmente conhecem e amam o grande jogo, e o querem de volta ao seu lugar de direito.

Amém.

26.02.2010 – Pinheiros x Saldanha da Gama – Primeiro Quarto

PROFESSOR, UMA LEMBRANÇA…

“Senhores presentes nesta reunião, creio que todos foram agraciados com as verbas necessárias para tocarmos o grande projeto Rio 2016, e mais virão, na medida em que os prazos se tornarem exíguos, dispensando essas futilidades denominadas, concorrências. Afinal de contas, é o prestígio do nome Brasil que está em jogo, ou não?

Vejamos em linhas gerais o que conquistamos, técnica e politicamente, e que apesar de vultoso, ainda pode ser bem mais lucrativo. Novos hotéis, estradas, pontes e viadutos, saneamento, transporte, moderno, confortável, rápido, novos estádios e ginásios, piscinas, pistas e alojamentos, verbas para assessorias nacionais e internacionais, alimentação em grande escala, hospitais, novos aeroportos, rodoviárias, ferrovias e portos, publicidade, segurança ostensiva, benfeitorias, serviços de apoio, e as verbas emergenciais.

E tudo em nossas mãos, patriarcal e hierarquicamente distribuído, onde os vínculos do interesse globalizado tem de ser respeitado, onde nem mesmo impostos podem ser cobrados pelo estado brasileiro. É a nossa independência econômica e financeira, arduamente conquistada, e com data marcada será irrecorrível e definitiva.

E agora, como estamos todos de acordo, podemos dar por encerrada essa histórica reunião.”

– Sr. Presidente, por causa da euforia causada por tão esperadas noticias, esquecemos dois pontos da pauta, e gostaria que pudéssemos enunciá-los, seria possível?

“ Pois não, do que se tratam?”

– Projetos e planejamentos para a formação dos atletas, afinal de contas serão eles que disputarão os jogos…

“Prezado confrade, esse é um pormenor que terminado os jogos rapidamente cairá no esquecimento. Um ou outro jornalistazinho ainda teimará em abordagens inócuas, e como disse antes, rapidamente esquecidas. Temos de dar graças a esse salutar habito brasileiro de não valorizar memórias passadas. Por acaso você pensou no montante de verbas que teríamos de abdicar para que fossem empregues em escolas, em clubes, em parques, para que se perdessem em atividades que não geram os lucros de que necessitamos? Por que abrir mão do agora, do nosso, para investir no futuro de outros? Já imaginou tal insensatez?”

– Mas se trata de uma herança a ser deixada para a educação de nossos jovens, das gerações futuras, da plena utilização dos espaços pela população como um todo, pela…

“ Paremos por ai, caro confrade, ou ex confrade a continuar enunciando tantas besteiras. Educar um povo, para que ele, assim “educado e culto”, nos derrube num futuro próximo, é inconcebível! Deixemos como está, e nos locupletemos o mais que pudermos, ou não temos famílias e amigos para sustentar?”

-Mas, desculpe, faltou um último, sei que insignificante item, o que representa a coletividade responsável pela formação destes atletas, futuros cidadãos, os técnicos, os professores…

“QUEM?? Não ouse…”

Homenageio a todos os técnicos e professores desportivos, do ensino formal, técnico, cientifico e artístico desse nosso enorme e infeliz país em seu dia, apesar do criminoso esquecimento de que são vitimas por amarem sua função acima das vicissitudes e dos injustos sacrifícios.

Nosso país ainda reconhecerá, um dia, sua tarefa única, estratégica e patriótica, ajudando-os a estudar mais, a se aprimorarem, remunerando-os com justiça, para ai sim, se tornar digno de um futuro melhor, e quem sabe, mais digno ainda de uma Olimpíada. Um abração a todos.

Amém.

O DEDO TORTO…

(…)- “O momento mais difícil foi entregar o jogo contra a Bulgária. No começo, eu não consegui. Não sabia como fazer, nunca tinha feito isso na minha vida antes. A gente tinha esse objetivo mesmo, e foi superado. Antes de dormir, à noite, esquecemos e superamos. Jogamos de acordo com as regras do campeonato. No fim, deu Brasil por merecimento, o esforço do brasileiro no dia a dia. Ganhou o melhor – afirmou Mário Jr, em entrevista ao SporTV.

Sem saber que Mário Jr tinha revelado a decisão de entregar o jogo, o capitão Giba contou que os jogadores fizeram uma reunião até 5h da manhã na véspera da partida contra a Bulgária.

– Soubemos tomar a decisão certa na hora em que foi preciso. Tivemos uma reunião até 5h da manhã. O que decidimos é do grupo, ficou entre a gente – afirmou Giba”(…).

Foi uma conquista tecnicamente perfeita, de uma equipe, que segundo o grande jogador italiano Zorzi, hoje comentarista desportivo, não precisaria se utilizar desse estratagema, dada a sua inquestionável superioridade ante os demais concorrentes, numa atitude reprovável e constrangedora, que ficou patente com as declarações do jogador Mario Jr. após a grande conquista, e a tentativa de ocultá-la por parte do capitão da equipe, Giba.

Mas o momento mais emblemático ficou por conta do presidente da CBV, Ary Graça, ao exibir para a câmera do Sportv seu dedo deformado pelas constantes fraturas de ex-levantador, que em conjunto com outros dois perfeitos, sinalizava o tri-campeonato, numa perfeita alegoria das conquistas, onde esta última pecou pela fraude consentida e deformada, tal qual seu anular, provando definitivamente que ainda teremos muito a evoluir no mundo do esporte e do olimpísmo, mesmo sendo tecnicamente campeões, mas, ética e educacionalmente lanternas.

E a Lei de Gerson, que tanto estrago nos tem legado, retorna triunfante e altaneira, sempre relevada, mais agora, justificada e redimida por um título que não precisaria, mas o foi, ser tão torto quanto o dedo do presidente.

Salve os campeões, orgulho e exemplo para a  juventude brasileira, e às favas a ética e o desportivismo…

Amém.

OUTRAS NOTAS…

(…) “Foi com um profundo mal estar que acompanhei a conquista de mais um título dos Estados Unidos no Campeonato Mundial. Ao contrário do professor Paulo Murilo, que respeito mas ouso discordar nessa questão, não vi absolutamente nada de encantador nos conceitos táticos oferecidos pela trupe de Coach K.”(…)

Esse é um trecho do artigo “Algumas Notas” publicado pelo jornalista Guilherme Tadeu no DraftBrasil de 6/10, sobre a conquista do mundial pela equipe americana em Instambul.

Concordo com ele não ter sido uma performance encantadora, bastante fragmentada em muitas situações, mas algo não podemos negar, foi revolucionário. E como em toda revolução, falhas, desajustes e omissões são registradas, como preço a ser cobrado pela ousadia reformista.

Não foi um Dream Team, assim como, não foi algo tecnicamente perfeito, mas sim uma ruptura radical e até certo ponto temerária, sob o aspecto tradição, de um conceito estratificado e convencionado como absolutista, globalizado, imposto e aceito servilmente, através a influência milionária e midiática da NBA pelo mundo.

O grande modelo técnico tático tornou-se o sistema único, padronizado e formatado, da formação de base até o patamar de elite, como um mar de praia única, como uma fórmula padrão de ver e jogar o grande jogo.

E por conta deste padrão, o mundo fora das fronteiras americanas cresceu além, muito além do que os próprios americanos pudessem imaginar, e deste ponto em diante começaram a perder sua supremacia. Ontem mesmo, num confronto do campeão da NBA, os Lakers, contra a equipe do Barcelona, este fator ficou bem patente, quando duas equipes jogando rigorosamente iguais taticamente, chegaram ao final da disputa tendo como vencedora a equipe européia.

E por conta daquelas perdas, foi que o basquete americano foi buscar nos quadros universitários um nome que primasse pelo novo, pelo instigante desafio de fazer frente a uma realidade bem próxima do dogmatismo asfixiante em que foi transformado o basquete mundial, agrilhoado a um sistema único de jogo.

Claro que algo novo soa e se apresenta imperfeito, já que preconiza de saída, rupturas conceituais. E foi o que assistimos, aceitando ou não a proposta do coach K, mas testemunhando um autêntico confronto a uma realidade estabelecida desde sempre, e o mais extraordinário, partindo de quem a implantou, sendo seguido e adotado pelo mundo do basquetebol.

E ao final da temerária e corajosa aventura, foram premiados com o título, num preâmbulo do que virá daqui para diante em termos de novos conceitos, novos sistemas, novas formas de jogar o grande jogo.

Foi exatamente essa a minha proposta ao dirigir o Saldanha da Gama no returno do NBB2, ousar mudar um estratificado cenário mal copiado, mal dirigido e mal difundido em todos os níveis do nosso basquete, da base às divisões adultas, colimando com as seleções municipais, estaduais e nacionais. E mais ainda, trazendo técnicos estrangeiros seguidores do sistema que o americano de Duke teve peito de modificar em uma olimpíada, e agora em um mundial.

Também ontem, assisti um jogo do campeonato paulista com duas equipes dirigidas por jovens técnicos, e, surpresa, jogando rigorosamente iguais, onde a enxurrada de arremessos de três marcou sua insistente e endêmica presença, e onde as defesas a estes petardos inexistiram, como sempre. Ou seja, continuamos atrelados, e agora sob novíssimas direções, aos preceitos do sistema único, que como afirmei antes, se tornou um dogma inarredável em nosso basquetebol.

Concordo com o Guilherme sobre a ausência de encantamento nas ações da seleção americana, campeã mundial, mas me nego a duvidar de sua transcendental importância para o futuro do basquetebol mundial, a partir do momento que se transfigure em novas, empolgantes e ousadas contribuições técnico táticas fundamentadas na técnica individual e na criatividade grupal, liberta das algemas de fora para dentro das quadras, liberta das coreografias mal desenhadas nas pranchetas onde se refugiam todos aqueles que se negam a olhar dentro dos olhos de seus jogadores, naqueles momentos que mais necessitam de ajuda, incentivo e calor humano, reflexos de um duro treinamento, que deveria ser  comungado por todos.

Amém.

RESPONDENDO AO ALCIR…

Recebo um email do amigo Alcir Magalhães convocando-me para opinar sobre os resultados pífios das seleções masculina e feminina nos recém findos campeonatos mundiais.

Coincidentemente, estava elaborando um artigo enfocando esse assunto, nada fácil por sinal, mas que de certa forma atende a convocatória do Alcir.

Foram os campeonatos da afirmação e solidificação do sistema único de jogo no atual cenário do basquete mundial, porém, com uma única exceção, como que confirmando a regra geral, a equipe masculina dos Estados Unidos.

Os dois torneios me fizeram lembrar de uma competição entre jovens pianistas clássicos na Rússia, sobre a obra de Chopin, onde uma mesma peça daquele gênio musical, foi o tema escolhido pelos 5 finalistas.

Imaginemos a cena de um teatro lotado, silencioso, respeitoso, com o imponente piano de cauda no centro do vasto palco, no qual, 5 jovens interpretes solaram uma mesma peça clássica, com a mesma partitura, sob o crivo analítico de uma mesma banca, para entendermos quais os critérios que os classificaram e premiaram.

Terá sido a beleza das interpretações, a sonoridade, o respeito à partitura original, a postura e presença cênica, ou além destes predicados, o profundo conhecimento da difícil e complexa peça, somente exeqüível se produto de uma técnica de execução somente possível de ser adquirida pelo treino intenso dos fundamentos musicais, desde o toque nas teclas, até o domínio da teoria musical?

Claro que algo de muito especial, mesmo ante a realidade linear que estava ali representada, definiria o vencedor, que não poderia ser outro, senão aquele que, mesmo contido dentro da rigidez da notação clássica, incluísse em sua apresentação um novo elemento, ou uma nova perspectiva não alcançada pelos demais concorrentes. E assim o foi.

Assim também o foi nesses dois mundiais, onde no masculino, uma equipe oriunda do país que popularizou e sedimentou o sistema único de jogo, que foi unanimemente praticado por todas as seleções intervenientes, os Estados Unidos, ao romper unilateralmente todo esse processo globalizado, levou de vencida a todos, num dos resultados mais previsíveis de todos os tempos, antepondo a essa previsibilidade todo o poderio de seu superior domínio nos fundamentos do jogo, no manuseio preciso da bola, do corpo e seus equilíbrios gravitacionais, até o domínio da leitura do jogo, movimentos análogos aos dos jovens pianistas, no domínio das teclas e da teoria musical.

No feminino, onde todas as equipes tiveram comportamentos lineares, rigorosa, técnica e taticamente iguais, somente o superior domínio dos fundamentos e da precisa leitura de jogo definiria o resultado, que repetindo o masculino, teve nos Estados Unidos o grande vencedor.

E a equipe brasileira? Bem, se pudéssemos traçar uma equivalência com o exemplo dado dos jovens pianistas, somente um diagnóstico poderia ser definido, para quem não teve o domínio das teclas e da teoria musical, a sucumbência ante a realidade, mesmo linear das demais equipes, na qual a inferioridade técnica nos fundamentos, e a má leitura de jogo, definiu com justiça e precisão a nossa classificação.

Mas, e a direção técnica, no que poderia ter influenciado, ajudado, contemporizado, minimizado ou potencializado?  Resposta crua e objetiva? Nada, a partir do momento em que após 3 meses de preparação e treinamento, agregou na véspera do primeiro jogo na competição, duas jogadoras que sequer participaram dos mesmos, e vindas de uma competição com regras e conformações técnico táticas antagônicas ao que encontrariam na competição mundial, como fatalmente encontraram, dando no que deu…

Finalmente, no concernente à direção da equipe masculina, somente um fator foi determinante em nossa má classificação, a inadequação de nosso pífio domínio nos fundamentos do jogo, que praticamente  anulou a concepção técnico tática proposta pelo técnico argentino, inviabilizando-a, levando a equipe para o improviso puro e simples, que mesmo demonstrando o talento de nossos jogadores, manteve-os vulneráveis às estruturas mais sólidas de nossos adversários, no ataque, e principalmente na defesa.

Concluindo, se não tomarmos um novo caminho no ensino e na divulgação de informações técnicas aos nossos técnicos e professores, responsáveis que são pela preparação fundamental de nossos jovens, aferindo e avaliando-os permanentemente, num movimento de massificação, nas escolas e clubes do país, em hipótese alguma chegaremos em 2016 com uma massa crítica que nos possibilitaria formar, treinar e preparar seleções condignas e competitivas, no que seria uma catástrofe anunciada.

Mas para tanto, urge que a CBB e a LNB, promovam o encontro daqueles técnicos e professores mais representativos na formação de base, assim como aqueles que lidam nas divisões superiores, todos irmanados no grande esforço visando o soerguimento do grande jogo nesse imenso país.

Fora isso, nada nos restará, a não ser as previsíveis lamurias protocolares, bem ao gosto daqueles que não desejam, que de forma alguma,  retornemos à grandeza do passado, ao nosso lugar de fato e de direito.

Trabalhemos então, é o desfio que proponho, a todos…

Amém.

 

QUE VERGONHA…

EXPLICAR O QUE?

SIMPLES, A SELEÇÃO CAMPEÃ MUNDIAL ENTREGOU UM JOGO PARA ENFRENTAR ADVERSÁRIOS MAIS FÁCEIS.

SEM JUSTIFICATIVAS, POR FAVOR!

“UMA MANCHA EM MINHA VIDA” – GIBA.

UMA VERGONHA PARA TODOS NÓS.

E AGORA, SR.NUZMAN?

A DECISÃO…

Dentro de algumas horas o Mundial feminino chega a seu fim na República Tcheca, e com um enfrentamento não previsto por muitos, reunindo americanas e as donas da casa, que chegaram na decisão após uma brilhante atuação em todo o campeonato.

As americanas são as favoritas? Creio que sim, por terem nas posições cifradas do basquete internacional as melhores jogadoras nas posições de 1 a 5, aspecto definidor no quem é quem desse globalizado basquetebol.

E foi o que se viu neste e no campeonato masculino vencido pelos americanos, a padronização total do sistema único de jogo, com uma honrosa exceção, os próprios americanos, com seu jogo livre e destituído dos posicionamentos codificados pelos restantes concorrentes, numa incoerência tática inusitada, pela surpresa, e pela coragem.

No caso do feminino, onde a proverbial disciplina tática atinge índices quase totais, a mesmice na forma de jogar foi de um absolutismo exemplar, por parte de todas as equipes intervenientes, da Europa às Américas, da África à Ásia, como num imenso clube, onde as regras e comportamentos se caracterizam pela mesmice sistêmica, e com um único e sólido fator de diferenciação, a qualidade de jogadoras em cada uma daquelas posições, quando possuidoras de melhores fundamentos, e melhor apuramento na capacidade de leitura do jogo.

Sistemas técnico táticos iguais e padronizados, jogadas iguais fluindo dentro dos mesmos, sinalizações idênticas, como idênticas as orientações desenhadas nas pranchetas, que reinaram absolutas nas transmissões televisivas.

Mas, acima de tudo, o fator diferenciador, representado pela eficiência, domínio e aplicação dos fundamentos, qualificando as equipes finalistas tão somente por este básico compêndio de habilidades e técnica apurada, e não, como o ocorrido no mundial masculino, uma diferente forma de atuar, de jogar o grande jogo, como fizeram os americanos.

Por que não inovar, procurar outros sistemas de atacar e defender, novas estratégias, novos comportamentos?  Por que motivo se manter sob o asfixiante domínio do sistema único, responsável pelo padrão monocórdio imposto pelos mais poderosos? Porque?

Não entendo e não aceito tais limitações, pois sempre que me for possível tentarei subverter tal ordenação, seja na condução de uma equipe, seja na formulação de comentários e artigos para serem lidos por aqueles que se iniciam na difícil, porém apaixonante arte de ensinar o grande jogo.

Ensinar o grande jogo, eis a questão a ser discutida profundamente, visando a formação de base, com os olhos voltados para 2016, quando nos envergonharíamos de falhar em nossa própria casa.

Amém.

SOBRE DETALHES…

A palavra de ordem no momento é “detalhes”, minimizadora de falhas de planejamento, equivocadas e políticas  escolhas administrativas, justificativas fajutas para fracassos, como se sua simples menção e lembrança  aplainasse o esburacado caminho por onde tenta caminhar o basquete tupiniquim.

Em 8 de abril de 2007 publiquei um artigo sobre uma correta definição desse tão mal compreendido e largamente empregado termo, por parte de quem sempre procura omitir verdades que teimam em não serem honesta e eticamente proferidas.

E quem sabe, talvez, possamos estabelecer de uma vez por todas, um significado justo e preciso sobre os detalhes que realmente precisamos resgatar e preservar para o bem do grande jogo entre nós.

Clique aqui e julguem por si mesmos.

Amém.