O (IMPERDOÁVEL) DESPERDÍCIO…

Eventualmente tenho noticias dos jogadores que dirigi no Saldanha da Gama no NBB2, uns diretamente pelo MSN, outros pelo acompanhamento de suas atuações nas diversas competições de que fazem parte pelo país afora, como num preito de amizade que foi estabelecida naqueles dois meses e meio que convivemos intensamente nos duros treinamentos e nos jogos disputados sob a égide do compromisso e do comprometimento em torno de algo inovador, corajosa e ousadamente tentado no campo de luta, onde as verdades foram duramente ditas e comprovadas.

Amiel, Roberto, Rafael, Muñoz, André, João Gabriel, De Jesus, Casé, Matheus, formavam o núcleo daquela equipe, hoje fragmentada e espalhada em diversas equipes do país, sem que tivéssemos a oportunidade de dar seguimento àquele trabalho, que certamente teria ajudado o grande jogo a sair da mesmice endêmica que o vem sufocando à décadas.

Ontem, assisti pela TV ao jogo Pinheiros e Metodista, muito mais pela presença do Muñoz e do André do que o previsível jogo em si, totalmente jogado no sistema único por ambas as equipes, num enfadonho replay do dia a dia do nosso basquete. Me fez mal ver aqueles dois bons jogadores entregues a uma mediocridade tática de dar medo, mais do que preocupante, terminal.

Mesmo assim gostei de revê-los, jogando muito aquém de suas reais possibilidades, muito ao contrario do que jogaram naqueles inesquecíveis meses de 2010, mas sobrevivendo através seus honestos trabalhos e suas atitudes de bons desportistas que são.

Mas algo me chocou profundamente lá pelo meio da segunda etapa do jogo, quando num dos tempos pedidos pelo técnico da Metodista, este aos gritos dirigidos ao Muñoz acusava-o de ser o culpado de uma falha defensiva, das muitas que ocorriam naquela equipe equivocada defensivamente, desencadeando uma inesperada reação do excelente armador panamenho, que tomando a prancheta de suas mãos fez ver ao vociferante técnico que, se erro ocorreu não foi por sua culpa, e sim pela disposição defensiva da equipe frente aos corta luzes do adversário, provocando um recuo do mesmo, num lamentável espetáculo de desencontro entre comandante e comandados em torno de exigências pontuais  não previstas no plano tático.

A cena em si, profundamente comprometedora, me fez lembrar o quanto de entendimento tínhamos dentro da realidade daquela equipe de Vitoria, coesa em sua simplicidade, cúmplice que era de sistemas proprietários somente praticados por ela em toda a liga, e quanto os mesmos representavam para a coesão de todos em torno da mais simples das realidades, o crédito e a confiança que emanava e irmanava a todos, comandante e comandados, sem indisciplinas, cobranças, ameaças e coerções, onde todos remavam numa mesma direção, e onde os erros eram reconhecidos não por um, e sim por todos, assim como os acertos, as derrotas e as vitorias, fatores que a solidificavam como uma verdadeira equipe, e não um bando, dos muitos que vemos hoje em dia.

O Muñoz é muito mais do que vem apresentando nessa equipe paulista, já que armador brilhante, e pontuador dos mais competentes que conheci (vejam aqui uma de suas brilhantes apresentações), além de ser um tático criativo e altamente competitivo, muito além do que um passador de bola e corredor de maratona em que transformaram nossos armadores desde que implantaram o trágico sistema único entre nós.

E no frigir dos ovos, fico imaginando o que teria acontecido se aquele núcleo de jogadores tivesse permanecido junto, unido aos sistemas que desenvolveram, ou mesmo, se alguém de bom senso nesse país, que no comando administrativo de uma equipe da liga tornasse a reuní-los, dando continuidade àquele trabalho iniciado e interrompido no Saldanha, o quanto de impulso provocaria no seio da liga pela continuidade do mesmo, assim como outra concepção proposta pelo Marcel, a dos triângulos que ele tanto defende e entende, provocando os contraditórios, que são os fatores mais importantes e estratégicos para o pleno desenvolvimento de um segmento, seja de vida, político, cultural, educacional, desportivo. Mas para tanto, algo teria de ser plenamente contornado, o forte e até agora inexpugnável corporativismo técnico que cerceia e esmaga o progresso do grande jogo em nosso imenso e desigual país.

Assim vejo o nosso basquete de elite, urgentemente necessitado de novas concepções de jogo, que inspirem novos sistemas, novos adeptos, novas gerações, e que sejam lastreados pela pratica indistinta e maciça dos  fundamentos do jogo, como devem ser desenvolvidos e praticados desde a formação de base.

Acredito que possamos evoluir com segurança à partir do momento em que ousemos novas formas de jogar, que adotemos outras concepções no processo evolutivo do grande jogo, além do único que percorremos nos últimos 25 anos de dolorosa e espinhosa caminhada.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto 1 – O batalhador pivô André.

Foto 2 – Muñoz em sua solitaria armação no sistema único.

Foto 3 – Muñoz é ademoestado por suposto erro defensivo…

Foto 4 – … e demonstra na prancheta o erro da injusta admoestação.

CARO COLEGA…

Puxa vida Paulo, de repente você dá um branco, fica mudo e esquece que um blog de respeito tem de ser atualizado dia após dia, e que… Pera lá, respeito nada tem a ver com tempo, ou o tem, ou não, por isso ainda me dou o direito de pensar, ponderar, amadurecer, sintetizar, para ai sim, escrever algo com substância, embasamento, e por que não, respeito a quem se dá a graça de lê-lo para depois comentá-lo, criticá-lo, aqui mesmo, ou de si para consigo próprio.

Cansa em demasia uma situação imutável, monocórdia, evoluindo para trás, repetindo idos erros, como uma doença crônica, aceita por hábito, tolerada por indolência, adotada por submissão, por covardia, sem a mínima vontade de erradicá-la, já que enraizada no solo da incúria, da patológica condescendência.

Em hipótese alguma veremos revertida a situação que se desenha no triste horizonte do nosso mais triste ainda basquetebol, pois o continuísmo do que aí está se robustece na (des) troca de meia dúzia por seis, sacramentada no ciclópico concreto em que se baseia a diretiva do desporto nacional, onde os beija mãos, os beija faces, sacramentam os princípios das sicilianas famiglias, com seus códigos, suas benesses, suas trocas, suas obedientes hierarquias.

E vem o governo, travestido de profundo conhecedor do esporte como meio de educação e cidadania, transmutando tão solenes princípios em interesses grupais ligados ao desporto de elite, do culto ao corpo, do interesseiro e lucrativo marketing, dos profissionais (?) que deságuam na maré oportunista da atividade física, com seus profundos(?) conhecimentos sobre a matéria, dos políticos de ocasião, dos áspones a eles ligados, em vez de tomar a mais simples de todas as providências, não só pela obviedade, mas  pela emergência de um país que tenta evoluir, mas se debate nos limites da capacitação profissional, ou mesmo pré-profissional, alocando em conjunto com as artes, a musica, as habilidades manuais e intelectuais, uma educação física e desportiva no seio mater da escola, complementando e suplementando o futuro de uma juventude carente e abandonada, reserva intelectual de uma nação que propõe colocar-se  ao nível das grandes potencias, mas que ainda persiste na dependência político econômica de grupos, de oportunistas, de velhacos, de famiglias, pois um povo educado em muito limitaria a influência de tais e dantescos segmentos.,

Como vê amigo, quando lemos no microcosmo do grande jogo em nosso país, que bolsas serão distribuídas aos atletas de elite, num elevado quantitativo monetário, a fim de que preparadores físicos, terapeutas, psicólogos, fisiologistas, nutricionistas, e não sei mais quantos “istas”, na maioria absoluta sequer praticantes de algum segmento esportivo, sejam devidamente pagos por seus profundos conhecimentos (?) na área, podemos aquilatar para onde, por mais uma vez, iremos parar, ainda mais que nos currículos das escolas e cursos de educação física, as disciplinas desportivas cedem cada vez mais seus espaços nas grades horárias àquelas atividades que serão aquinhoadas pela cornucópia governamental.

Pesquisa esportiva? Meus deuses, desde que o segmento das “dobrinhas cutâneas” desaguou nas escolas de educação física, técnicas de desporto coletivo, individual, artístico, com seus uniformes e vestimentas tradicionais cederam lugar ao jaleco imaculadamente branco, que o desporto nacional enveredou pela pesquisa (latu, stricto, doutoral) das biomédicas, onde o como arremessar, lançar, chutar, empunhar, ensinar, desenvolver, transmitir os processos de ensino e aprendizagem praticamente deixaram de existir, pois afinal de contas, o segmento (ou pseudo…) da saúde se encontra muito acima do brincar, do jogar, do competir, do integrar, do coexistir, do conhecer, respeitar e amar seu corpo, integrando-o ao espírito, à mente, à comunidade em que vive, participa, enobrece, e ajuda a crescer.

Sim, caro colega, se desejamos ardentemente ir adiante, crescer e dar um recado bem intencionado a este tão mal tratado mundo, somente o poderemos fazer, realizar, através da escola, e somente através dela, de mais nada, de mais ninguém, pois é a célula mater de quem anseia o progresso, e mesmo daqueles que cinicamente a esquecem, trocando-a por bolsas, estádios, obras faraônicas, placas nominadas de suas pobres e miseráveis importâncias, que ousam impune e criminosamente substituir, e mesmo aniquilar o futuro da nação, seus jovens, e sua escola.

Se no caso do grande jogo, hoje penamos o triste papel que temos protagonizado na base do mesmo, tudo que acima descrevemos nos levou a tal ponto, principalmente na formação dos novos técnicos, muito mais versados como paramédicos de terceira categoria em sua formação acadêmica, do que conhecedores mínimos dos desportos, relegados a ínfimas parcelas de horas aulas em sua formação, em nome, bendito nome dos interesses da saúde, aquela que ao se licenciarem, ou bachalerarem, os relegará ao auxilio suplementar dos verdadeiros donos e patronos do desporto nacional. Quem?… Adivinhem…

Então, prezado, como classificaremos em graus de formação, pratica e acumulo de experiência uma ENTB/CBB, com seus cursos de 4 dias, associada e ligada intimamente aos princípios de um CONFEF  e seus CREF’S formalizando “provisionados” a metro? Como?

E após tão competente formação, sabe para onde canalizarão esses provisionados, e mesmo os carentes formandos de cursos superiores, senão para assumirem equipes do alto nível, das seleções de base, e nunca onde deveriam estar, que poderiam estar, se política desportiva existisse nesse desigual país, onde? Isso mesmo, na escola, e também nos clubes, na base de uma pirâmide que política, maldosa e criminosamente, sempre nos foi apresentada ao inverso, de ponta cabeça, desde sempre…

Culpa do nosso retrocesso no grande jogo?  O abandono da formação de base nos clubes, na escola, na deficiente formação acadêmica dos técnicos, da ausência de uma associação de técnicos, da omissão daqueles que detiveram o poder de mando, liderança, e não o exerceram, somente se locupletaram, dando inicio a um corporativismo que é mantido a qualquer preço, mesmo que subserviente, em nome e defesa de um seleto mercado de trabalho, onde o mérito é substituído pelo imperioso e seletivo Q.I.,  em detrimento daqueles que realmente conhecem e dominam a arte de ensinar o grande jogo, e de como ele deve ser plenamente jogado.

Que os deuses, todos eles, indistintamente, nos ajudem.

Amém.

Foto – Conferência de abertura do 3o Congresso de Treinadores da Lingua Portuguesa, Lisboa, Julho de 2009. Clique na mesma para ampliá-la.

O (VERDADEIRO) MOTO CONTÍNUO…

Bem pessoal, agora que começam a pairar por sobre o mundo do grande jogo as nuvens carregadas e sombrias de um novo “seis por meia dúzia ao inverso”, custa nada voltarmos um pouquinho atrás para alguns artigos aqui publicados, e inclusive sugerindo uma quarta (hoje seria uma terceira) via para a sucessão na CBB, no estratégico momento em que se inicia mais um ciclo olímpico, muito mais importante para nós, já que os próximos Jogos serão realizados no Rio de Janeiro. Para que não nos esqueçamos de nossas responsabilidades frente a omissões imperdoáveis, decisivas e possivelmente definitivas, ai vai recapitulada toda uma sombria e velada novela, que nos ameaça com um devastador replay. Leiamos e nos conscientizemos que tudo o que advirá daqui para frente é de única e exclusiva responsabilidade dos basqueteiros desse país, pelo menos aqueles que se definem como tal.

Vamo lá então:

 

CRONOLOGIA DO ESQUECIMENTO (OU, RECORDANDO)…

sexta-feira, 19 de novembro de 2010 por Paulo Murilo

 

Pululam na rede comentários anônimos e raros não anônimos sobre as estripulias da administração central do nosso basquete, suas audaciosas manipulações, conluios políticos e parceiramentos excusos, além, muito além de um continuísmo para lá de escancarado, antiético e espúrio.

E os clamores se avolumam em cobranças ante a passividade consentida de federações e seus dirigentes, como se novidade fosse, apontando para a passividade e omissão da imprensa oficial e blogueira, como se todos fossem cúmplices do que ai está, cristalizado, ciclopicamente concretado, indelevelmente incólume.

Mas não é bem assim caros e camuflados críticos, ávidos em enumerar situações e comportamentos “agora descobertos e proclamados” em suas inéditas conclusões, esquecendo que da aceitação à constatação de um fato histórico, um tênue e capilar fio condutor tem de ser levado em prioritária consideração, o pleno conhecimento de seus antecedentes.

E são estes antecedentes, interesseiramente(?) omitidos e escondidos pelos que hoje cobram ações e atitudes, que passo a cronologicamente refrescar seus humores e cobranças, antítese de como sempre se comportaram, sob a proteção velada e pusilânime do anonimato.

Lembremos então:

GREG, CHAK & CARL… (12/11/08)

A ACLAMAÇÃO… (21/11/08)

EMERGINDO DAS TREVAS…(26/11/08)

GREG, CHAK & CARL II…(28/11/08)

A LUTA POSSÍVEL…(9/12/08)

RETORNANDO…(13/12/08)

O ÁS DE MANGA…(16/12/08)

A QUARTA VIA…(14/01/09)

PORQUE A QUARTA VIA?…(18/11/09)

SABE?…(25/01/09)

TROMBETEANDO O DESFECHO…(28/01/09)

RÉQUIEM PARA UMA ELEIÇÃO…(01/02/09)

MERITOCRACIA…(06/03/09)

GREG, CHAK & CARL, A FARSA…(14/04/09)

O PROFISSIONALISMO…(16/04/09)

MESMICE INC, LTDA…(19/04/09)

O CARA…(21/04/09)

É HOJE QUE…(04/05/09)

O PRIMEIRO DIA…(05/05/09)

E não ousem e nem venham mencionar posicionamentos lastreados pelas pérfidas e covardes sombras do anonimato, pois dezenove deles( entre muitos) ai estão acima, devida e lidimamente assinados por mim. Porque não fazem o mesmo, não assumem a luta aberta? O basquete, o nosso triste e mal tratado basquete, agradeceria suas embasadas, comprometidas e responsáveis adesões, se reais e seriamente o são.

Amém.

Foto – A ideal terceira via ante um retorno devastador. Clique na mesma para ampliá-la.

PÉROLAS…

“A marcação por zona é um fator que restringe a ofensiva americana, pois não têm especialistas nas bolinhas de três” (comentarista da ESPN, e fico imaginando como denominar o Durant…).

            “Sem os pivôs sua ofensiva se torna deficiente junto à cesta, obrigando-os aos tiros de fora” (comentarista da SPORTV).

            “Sem os cincões ficam inferiorizados nos rebotes, defensivos e ofensivos também” (comentários gerais).

            “Como é possível jogar o tempo todo com os cinco abertos?” (outro comentário na ESPN).

            “São gênios, extraterrestres, sublimes…(o comentarista-técnico, ou técnico-comentarista, no SPORTV, que aliás, agora mesmo no programa Bem Amigos vaticinou – “Em 2016 quero dar minha contribuição, e que talvez não seja como comentarista”, e fico imaginando qual seja…)”.

            Indubitavelmente são pérolas, e como tais devem ser cultivadas, a fim de que não nos esqueçamos o que representam.

Os americanos, que desde o Mundial de dois anos atrás resolveram jogar um outro jogo, estranho para a maioria adepta  do sistema único, que consideraram a inovação como algo inimaginável e de curto alcance. Não foi, nem será, pois alguns poucos propugnam por algo semelhante, inclusive lá mesmo, na Meca do grande jogo, haja vista algumas equipes da NBA que já arriscam algo semelhante, e mesmo algumas da NCAA.

Por aqui, nem pensar, afinal, segundo especialistas, o Magnano não deve se preocupar com a posição 5, bem fornida de talentos, assim como na armação cujos prospectos já estão definidos para 2016. O problema para todos eles se encontra nas alas, os 2 e 3, pois o sistema formatado e padronizado necessita dessas “estratégicas” posições, a fim de que o mesmo seja mantido e desenvolvido (?), afinal de contas empregos têm de ser mantidos, ao preço que for.

Então, na opinião dessa turma, os americanos puderam jogar da forma que jogaram por serem excepcionais, geniais, extraterrestres, aberrações da natureza, etc e tal, quando na realidade assim jogaram por terem o completo domínio dos fundamentos, independente de posições, estaturas, pesos e habilidades especificas. Jogaram abertos porque sabiam transmutar abertura em infiltrações, armação em jogo central, e este em jogo lateral, tendo como denominador comum a ambidestralidade, o conhecimento e a leitura do jogo, além de praticar de forma brilhante o posicionamento defensivo, no corpo e na mente, contabilizando de forma unificada os fundamentos do jogo.

Criatividade nasce da improvisação, que é uma habilidade destinada aos que conhecem seu ofício, profunda e tecnicamente, tornando os sistemas de jogo, abertos ou fechados, factíveis e vencedores, pois só improvisa quem sabe, quem conhece profundamente a arte do grande jogo.

Observem as fotos, projetem de acordo com os grandes jogadores que as ilustram os caminhos que percorreram dentro de defesas poderosas como a argentina e a espanhola, para no fim das contas darem-se conta de que o grande, grandíssimo jogo pode sim, ser jogado de formas diferentes, inclusive por nós. Um dia, nem tão distante assim provei que podemos, e me angustio em não ser permitido sedimentar tal possibilidade, pois não vejo ninguém da nata diretiva sequer interessado no assunto.

Mas acredito, tenho fé e esperanças que alguns dos novos técnicos , insistam, perseverem, pois quem sabe, poderemos enfrentar esse novo ciclo olímpico da forma mais desejada possível, aquela que reflete a competência, o estudo, a pesquisa, e a ousadia na busca de dias melhores para nossos jovens, pois merecem acessar algo de novo, inspirador e acima de tudo, desafiador.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A EQUAÇÃO DE PRIMEIRÍSSIMO GRAU…

 

O sucesso técnico tático de uma equipe será diretamente proporcional ao maior ou menor domínio que seus componentes tenham sobre os fundamentos básicos do jogo.

            Uma simples equação frente à realidade de fatos não tão simples assim, já que no entrechoque de duas realidades realmente antagônicas, somente aquela que mais se aproximasse de sua lógica, seria contemplada com a vitória.

A Argentina domina os fundamentos básicos do jogo, o Brasil, na maioria de seus integrantes, não. Por conta disso, o sistema de jogo argentino flui com naturalidade, o brasileiro oscila, trava, se esvai em tentativas limitadas pela ausência dos conhecimentos básicos do jogo, nos dribles, fintas, passes, rebotes, posicionamento defensivo, corta luzes, bloqueios, e principalmente, arremessos. E quando menciono integrantes relaciono não somente os jogadores, mas os técnicos também, alguns deles, os estrategistas…

Exemplifiquemos:

– Observemos essas duas fotos do 1º quarto: Na primeira, a equipe brasileira opta pelo jogo interior, com seus pivôs em constantes deslocamentos, com o ala os apoiando, e a armação razoavelmente solta para acioná-los, o que foi feito nesse quarto de forma eficiente (agora vem o Lamas “esclarecer” que a soltura do Huertas foi proposital, no que duvido um pouco…).

Na segunda, os erros de fundamentos começavam a aparecer e influenciar no resultado, principalmente nas trocas frente aos corta luzes argentinos, bem feitos e bem concatenados. Mesmo assim foi um quarto bom para os brasileiros.

Nesse quarto, a eficiência dos arremessadores argentinos se faz presente, ante a falta de contestação defensiva brasileira (erros defensivos de fundamentos), originando uma contagem positiva para os mesmos, assim como o apoio aos pivôs decresceu substancialmente no ataque brasileiro.

 

 

 

 

 

Mas foi no 3º quarto que a tendência argentina de congestionar seu garrafão numa flutuação lateralizada se fez presente, tornando os ataques internos brasileiros em uma luta solitária de um pivô sem ajuda de outro e mesmo de um dos alas, todos estáticos na espera, ou de uma ação anotadora do armador, ou da improvável pontuação do pivô, dando inicio ao tradicional reinado das bolinhas, com a grande maioria de suas tentativas, 7/23, perpetradas nesses dois quartos finais, no mais notório de nossos erros de fundamentos, os arremessos desequilibrados, afobados, mal selecionados, e por tudo isso, ineficientes e até irresponsáveis, fora o drama dos lances livres, inconcebível numa seleção nacional pretendente a uma medalha olímpica. Some-se a isso o “freio” na movimentação ofensiva dos pivôs, onde o Varejão era o mais atuante, e que foi preterido no quarto final por um Spliter inseguro, ou um Nenê a meia  boca, estáticos e inoperantes, sem sequer a ajuda do Guilherme e do Marcelo, ambos se posicionando no perímetro externo para as…bolinhas salvadoras (?)

Enquanto isso, um Scola mais solto decidia no âmago da defesa, ora concluindo, ora voltando a bola para os eficientes arremessos externos, sem contestações, sem coberturas, assim como o Alex perde um contra ataque forçando faltosamente sobre o Ginobili, quando poderia passar a bola a um companheiro melhor colocado, seguido por uma perda de bola do Leandro ao tentar uma finta com bola sobre o mesmo Ginobili, demonstrando sua carência nesse fundamento, que é uma das armas mais eficientes de seu oponente.

Entretanto, a artilharia ineficaz e desesperada continuaria, quando uma ação voltada aos dois pontos de cada vez deveria ter sido a opção mais inteligente, frente a uma seleção que demonstrava estafa, e por conseguinte grandes dificuldades para frear possíveis incursões interiores por parte de uma seleção com muito pouca leitura estratégica de jogo (fundamentos coletivos), e por isso talhada à derrota.

Finalmente, duas das mais impactantes evidências, expostas nas duas fotos a seguir, quando na primeira, um exemplo perfeito de domínio dos fundamentos individuais e coletivos nesse corta luz argentino por sobre um ineficaz, por falho, domínio dos mesmos no aspecto defensivo por parte dos brasileiros. Essa realidade insofismável traça, como vem sendo traçada a grande e determinante diferença que separa os dois países no trabalho de base, onde são forjados os grandes jogadores, frutos do perfeito domínio dos fundamentos do jogo.

Na outra, para aqueles que realmente conhecem os fundamentos da arte dos arremessos, e principalmente, como ensiná-los (e aqui propugno e afianço não ser a idade e o status de qualquer jogador para que o mesmo seja devidamente corrigido, aprimorado, ou mesmo ensinado por quem realmente sabe fazê-lo), uma visão de como não arremessar um lance livre (observem o movimento final da mão impulsionadora, a responsável pelo direcionamento da bola) por parte do Spliter.

Concluo com uma observação prática, quando no comando da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, deparei-me com o drama real de uma equipe, que dentre varias deficiências nos fundamentos, a endêmica perda dos lances livres era a responsável por muitas das derrotas da equipe (publiquei uma serie de 49 artigos reportando o dia a dia dos treinamentos e jogos, e o primeiro deles está aqui). Corrigi a deficiência, treinei profundamente os fundamentos, e passamos a vencer jogos contra grandes equipes, principalmente nos…lances livres.

Exatamente por isso fico surpreso quando vejo comissões técnicas de nossas seleções, recheadas dos maiores luminares da profissão (depreendo que sejam, pois lá estão……), com vastíssima experiência no ensino dos fundamentos, senhores das melhores didáticas inerentes ao mesmo, advindos da brilhante e pródiga formação de base que possuimos, unidos em torno de uma forte e progressista associação de técnicos, todos comprometidos com os designios de uma verdadeira politica de desenvolvimento do desporto no país, ungidos pela ética e pelo trabalho orientado pelo mérito e pelos principios democraticos, sobraçando prosaicas e midiáticas pranchetas, e apresentando o resultado de todo esse magnifico empenho nas competições dos últimos anos, como essa recem finda em Londres, quando, para a surpresa dos mesmos (ah, os detalhes…) perdemos exatamente por não dominarmos os rudimentos  básicos do grande jogo, seus desprezados fundamentos, sem os quais Magnano nenhum no mundo conseguirá prosperar seus sistemas de jogo.

A equação de primeiríssimo grau tem de ser resolvida para 2016, senão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Amém.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONJECTURANDO…

Toca o Skype e quem fala do lado lá é o Alcir, iniciando um papo sobre, adivinhem…isso, basquete, e mais, olímpico. Assunto em pauta, o jogo contra a Argentina logo mais em Londres pelas quartas de final, que por si só provoca situações para além de inusitadas, apaixonadas, e radicalmente unilaterais, não fossemos hermanos inseparáveis…

Digo a ele que estava em plena elaboração do artigo de hoje, exatamente sobre um assunto que me nego normalmente a escrever, previsões sobre jogos, principalmente aqueles em que não me encontro participante. Mas após ler um batalhão de comentários em artigos blogueiros sobre “como jogar” esse decisivo jogo, me permito abordar alguns detalhes estratégicos, táticos por assim dizer, sobre algo que entendo um pouco, e que fatalmente divergirão das opiniões maciçamente publicadas, que em sua maioria advêm de leigos, entusiastas, torcedores, curiosos, palpiteiros, e um ou outro editorialista mais objetivo e esclarecido.

Vejamos então:

– Quatro são os pontos perigosos nesta excelente equipe argentina, seus dois armadores, seu pivô extra classe, o seu coração, Ginobili, e um sentido inigualável de conjunto e comprometimento grupal.

– Enfrentar uma equipe deste quilate exige um planejamento acurado e preciso, fatores que o Magnano domina muito bem, não fosse o mesmo um ex condutor da mesma em campanhas gloriosas.

– No entanto, poderiamos projetar umas poucas situações de fato, que se bem equacionadas propiciariam boas chances de vitória, já que concretas.

– Primeiro, brecar na medida do possível a armação argentina, normalmente veloz, muito técnica, que é exercida por um armador de oficio (Prigioni ou Campazzo), mas sempre na companhia de outro armador honorário com técnica similar (Delfino ou Ginobili), numa dupla armação efetiva e vencedora. Colar no armador de oficio, fustigando-o permanentemente, em muito comprometeria o sentido coletivista dos argentinos, pois teriam contestada sua unidade na origem. E nada melhor do que o Alex para confrontá-lo, em vez de duelar de forma desigual com um Ginobili muitos furos tecnicamente acima dele.

– Dificultando e retardando os passes iniciais dentro do sistema argentino de jogar, a defesa poderia se antecipar aos pivôs, colocando-se nas linhas de passes aos mesmos, provocando a abertura do Scola, num posicionamento onde é menos efetivo do que no interior do perímetro, obrigando a armação a um exercício inseguro e impreciso em seu ponto mais forte, o principio coletivista, pois fragmentando-o seriam invertidas  suas prioridades ofensivas, obrigando-os ao improviso, ao individualismo, no qual o Ginobili é mestre, mas não se sozinho for mantido pelo maior espaço de tempo possível, pois anulá-lo é impensável, mas tentar reduzir sua eficiência e números em pelo menos 25% em muito aumentariam as chances de um bom resultado, e para tanto somente um jogador muito veloz para antecipar suas jogadas, como o Leandro ou o Huertas, próximos em estatura ao grande jogador.

– Esse estratagema, se bem executado, equilibraria as chances, que somadas às melhores condições físicas da equipe brasileira auferiria reais oportunidades de vitoria e continuidade na competição.

Mas são conjecturas, puro exercício de um técnico veterano e com alguma experiência no grande jogo, o grandíssimo jogo.

Amém.

Foto – Colin Foster/CBB. Clique na mesma para ampliá-la.

A MILENAR ARTE DO BLEFE…

Foi uma jogada de mestre, mestre no blefe, mestres que são desde que se aventuraram nos novos mundos na busca de riquezas, terras, súditos e poder. Não à-toa ainda professam a realeza, com pompas e circunstâncias.

Seus jornais festejam o resultado, que de alguma forma incrementa um sopro de otimismo num país destroçado pelo desemprego e economia pré-falida, afinal, uma medalha de prata olímpica nestes tempos de arrocho não pode ser desprezada, ou substituída por uma de bronze, menos midiática.

Mas como mascarar uma intenção de conhecimento de todos, de forma velada  ou mesmo transferi-la a um adversário que também se beneficiaria da derrota, a não ser através de um bem estruturado blefe?  Foi o que ocorreu.

            Começou de forma arrasadora, com seus titulares em pleno, atacando e defendendo com vigor e precisão, num primeiro quarto exemplar, de 26 x 17. Perto do final deste quarto, o técnico da seleção brasileira iniciou um rodízio inesperado, com a inclusão do Raul e do Caio na equipe, assim como o Larry, concorrendo para a ampliação do placar até o fim do mesmo.

Até aquele momento, ficou parecendo ser a equipe brasileira a responsável pela diferença negativa no placar, que a favorecia numa classificação eximindo-a de enfrentar os americanos numa possível semi final, que era também o objetivo espanhol a ser atingido….

No segundo quarto, mesmo com as equipes bastante alteradas, somente três pontos as separaram, em 21 x 18 a favor da brasileira, num parcial de 44 x 38 para os espanhóis.

Voltam os europeus com tudo para o terceiro quarto, menos na clara ausência de contestações aos arremessos de três, gerando um planejado equilíbrio no marcador, que foi de 22 x 19 para eles nesse quarto, ao mesmo tempo em que começou a arrefecer seu poderoso jogo interior, face a enérgica defesa dos reservas brasileiros ávidos na mostra de serviço, e por isso mesmo inconscientemente se contrapondo a uma derrota sutilmente manipulada e até desejada pela direção da seleção. Configurou-se então o perfeito blefe, aquele que responsabilizava o grande empenho dos reservas brasileiros, face aos desgastados titulares espanhóis, a improvável vitoria, quando até uma autêntica dupla armação e um triplo jogo de alas pivôs foi empregado nos três minutos finais da partida. O placar de 25 x 10 para a equipe brasileira, por si só conota a falência espanhola, mas não explica o fato de num espaço de dez minutos uma equipe tão poderosa e experiente perder por tanta diferença no quarto, a não ser que tal resultado a beneficiasse desde sempre.

Mas porque blefe, e num jogo de tal categoria internacional?

Blefe por tentar transferir totalmente a responsabilidade de uma derrota ao adversário também desejoso de perder, dando a idéia de que jogava para valer, e que somente uma atuação inesperada e previsível por parte de jogadores desejosos de provar o que valem, por participarem pouco ou quase nada nas rotações de seu adversário, culminaria numa produção vitoriosa, e para tanto concentrou nos minutos finais da partida uma falência defensiva sem tempo hábil à vista de todos para responder em pontos, e em conseqüência vencer um indesejado jogo.

A equipe brasileira jogou com correção técnica e tática, mas não atuou com sua equipe básica, inclusive poupando sua grande estrela, ao contrario da espanhola, que atuou completa e agiu na hora que lhe interessava perder, quando já havia plantado o álibi da inesperada e surpreendente eficiência dos suplentes brasileiros desejosos de se estabelecerem positivamente no âmbito de sua equipe.

Enfim, os espanhóis não desejavam e não queriam vencer, e atingiram seu objetivo, assim como os brasileiros não conseguiram perder mesmo atuando com suplentes, numa prova cabal de que o ideal de Coubertain de muito já deixou de ser levado em conta e consideração.

Tratemos agora de buscar a classificação vencendo os hermanos para começar, deixando a cor da medalha aos desígnios de um destino manipulado e falso por definição, pois o ouro, sem manobras e desídias, creio já ter um dono.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Em tempo – As fotos mostram as varias etapas do jogo, indo da efetiva atuação ofensiva interior da equipe brasileira, à entrada de seus suplentes, assim como a ação também interior dos espanhóis e posterior ausência de contestações nos arremessos exteriores dos brasileiros, num explicito afrouxamento defensivo, até que nos minutos finais, após investidas efetivas de seus pivôs abre sua defesa em definitivo, inclusive à enterrada final do Spliter.

O ANACRONISMO EM QUADRA…

Deveria ter sido uma excelente oportunidade para afiarmos nosso jogo interior, na comunicação e entrosamento dos pivôs (todos eles em rodízio), no jogo de passes curtos e precisos, nos DPJ’s, nas bolas de tempo, e principalmente, na sedimentação de uma opção que fatalmente nos fará muita falta daqui para frente, o jogar lá dentro, na cozinha do inimigo….

Mas Paulo, foi um treino de luxo, assim afirmam os comentaristas, e inclusive uma boa oportunidade de descansar os titulares…

Descansar aqueles que ainda não atingiram sequer 60% de suas possibilidades técnicas, e num torneio de tiro curtíssimo como este?  E desde quando jogadores desse quilate, experiência e grande valorização no meio profissional em que convivem precisam descansar numa Olimpíada?

E se foi um treino de luxo, quais os beneficiários do mesmo, os especialistas nas bolinhas? Visando o que? Superar defesas passivas fora do perímetro como a chinesa? Acham que daqui para frente encontrarão tanta moleza como a de hoje? E olha que mesmo assim perpetraram um 12/25, para o gáudio e urros daqueles que pouco percebem onde estão, onde se encontram de verdade, no âmbito da maior competição do planeta, ou não? Ah, esqueci a NBA, excuse me…

Começamos bem, num primeiro quarto que sugeria a ótima oportunidade de entrosar os grandões, movimentando-os, agilizando-os, tornando-os efetivamente senhores do perímetro interno, aquele em que os jogos serão decididos na reta final desses Jogos.

Mas não, a artilharia teria de ser azeitada, engatilhada para jogos futuros. Mas quais? Espanha, Argentina, Estados Unidos, ou pensam que reencontrarão a China mais adiante? Desculpem, pode ocorrer se disputarmos de 5º para trás…

Perdemos uma ótima chance de praticarmos o jogo que interessaria, trocando-o por um monótono tiro aos pombos, ao nível do sono (vide foto), recreativo, solto, alegre e saltitante, mas absolutamente anacrônico, dada às nossas reais e mais urgentes necessidades.

Praticamente registrei todas as bolinhas executadas, mas me reporto somente ao pequeno exemplo (fotos) de um jogador que se realiza plenamente quando arremessa de longe (hoje atingiu um 2/6…), mas retribui as facilidades “defendendo” de mentirinha, sendo batido pela direita, pela esquerda (vide fotos), repetidamente (e não só ele…), deixando uma séria dúvida em se tratando de custo e benefício para uma seleção nacional.

Mais sábios foram os dois assistentes dormindo (foto), descansando para os restantes e bem mais interessantes jogos.

Vamos ver se na segunda o treino de luxo de hoje auferirá os benefícios que esperam atingir nas bolinhas, em vez da real pratica do jogo que definirá a partida, o interno, naquela região critica que nos recusamos hoje a treinar e conhecer melhor.

Mesmo assim, continuarei a torcer pela seleção, mas sempre à luz da razão e do bom senso.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

TEIMOSIA DÁ NISSO…

Ora, ora, ora, passamos o jogo inteiro efetuando trocas na marcação, ocasionando inúmeros desequilíbrios defensivos, tanto pelas estaturas, como nas habilidades, e justo no momento decisivo uma fundamental troca não foi feita entre o Leandro e o Nenê, o que obrigaria o ala russo a colocar a bola dentro do perímetro, onde somente um arremesso de dois poderia ser contabilizado a seu favor, ou mesmo brecado pela defesa, com ou sem falta pessoal, garantindo no mínimo uma prorrogação.

O grande jogo não costuma perdoar falhas desse tipo, assim como outras cometidas de fora da quadra, com ou sem prancheta, principalmente na substituição de um jogador que custou muito a se personalizar, muito mesmo, gerando grandes desconfianças sobre a validade de sua convocação após uma naturalização recorde dentro dos critérios de nossa chancelaria, vide o caso do Shamell, que vive no país a cinco anos, casado com uma brasileira, e com filhos aqui nascidos, e que não conseguiu sua naturalização.

Pois bem, vinha o Larry muito bem na partida, incrementando o jogo interior no quarto final, penetrando tão a fundo que carregou todo o time russo para dentro de seu garrafão, levando o Leandro e o Nenê junto, provocando a virada no marcador, e o mais importante, defendendo com tanto ardor que contagiou a todos de uma forma contundente, e que teve como premio no minuto final e decisivo…o banco, pois afinal, o dono da armação tinha de fechar o expediente, o que aliás o fez muito bem até o momento da troca não realizada por aquele jogador que deveria ter saído para a sua entrada, nunca o Larry.

Se observarmos bem as fotos, veremos que no primeiro quarto jogamos lá dentro, fungando no cangote dos russos, vencendo-os por 20 x 15, e com um 3/3 nos três pontos que provocou um frisson na turma das bolinhas no quarto seguinte, onde contabilizaram um 1/6 (vide fotos) constrangedor, presenteando os russos com oportunidades de cestas que os levaram a um 25 x 12 oportuno e abençoado…para eles.

Mesmo assim, claudicantes e inseguros, conseguiram manter algum controle no terceiro quarto, mas não o suficiente para  evitar os 12 pontos em que ficaram atrás no mesmo, graças a inabilidade defensiva de alguns dos nossos, bem conhecidos aliás.

Foi a partir desse ponto que o Larry começou a se impor ao visar o interior da defesa russa, comprimindo-a, num momento em que a companhia do Huertas decretaria de vez sua falência, pois imporia um jogo de pivôs circundando todo o perímetro interno, e não somente do lado onde se encontrava o Nenê, pois nem o Guilherme, nem o Marcos iam lá dentro para a ajudá-lo (vide fotos), sendo substituídos por um improvável Larry, mas que deu certo pela ousadia e coragem, apesar de sua estatura, secundado em alguns momentos pelo Leandro.  Era o momento de um segundo pivô, com duas, três, quatro faltas, não importavam, pois jogador bom no banco não pontua, não marca e nem pega rebote, somente lá dentro, e nesse ponto, ao olharmos para o banco e vermos um Caio e um Raul que não jogam jogos desse nível, temos de parar para questionar ser uma seleção olímpica lugar para experiências ou quebra galhos, deixando na terra jogadores que poderiam ser realmente úteis e produtivos para a equipe? Claro que não, confirmando critérios por “nomes” que ainda se impõe por aqui.

Oscilação ainda é norma nessa seleção, graças a determinados jogadores muito falhos nos fundamentos do jogo, principalmente nos passes, nas fintas e no posicionamento defensivo, e que quando se encontram aos pares no campo de jogo provocam situações em tudo e por tudo favoráveis ao adversário, motivados por suas inquestionáveis fragilidades técnicas.

Mas aos poucos vamos dando valor ao jogo de 2 em 2, seguros e eficientes, abandonando o jogo prioritário dos 3 pontos, colocando-o, como deve ser colocado, como um recurso, um complemento do jogo, como temos visto nesta olimpíada, exceto pelos americanos, possuidores de especialistas nos longos arremessos, não fosse a linha dos três pontos de sua liga bem mais distante que a da FIBA, o que os obrigam a um apuro e precisão bem mais desenvolvidos.

Finalmente, como teria sido o placar se convertessem a metade dos lances livres (10/18) que erraram? Ah, mas os russos (13/24) erraram mais…Pois é.

Amém.

 

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Em Tempo – Nos arremessos de três notar o tempo restante de ataque,

uma constante na equipe.

O REINADO DAS “BOLINHAS” VII (OLÍMPICAS)…

Creio que as imagens falam por si mesmas, pois um simples passar de olhos sobre as mesmas diluem quaisquer dúvidas que pudessem pairar sobre a insana, teimosa e burra hemorragia ainda presente sobre certas cabecinhas laureadas com uma convocação olímpica, esclarecendo os porquês de 4 pontos num quarto inicial na mais importante competição mundial, e o pior, contra uma seleção que sem muitas opções técnicas “resolve pagar para ver” o quanto de precisão ostentamos inverídica e pretensiosamente nas mãos de mais pretensiosos ainda “especialistas” na difícil arte dos longos arremessos.

Inacreditável que uma seleção com tantos potentes e habilidosos alas pivôs (que pela velocidade e agilidade não podem ser classificados de pivosões, cincões ou algo lamentavelmente correlato…), sejam boicotados por jogadores que se pretendem “decisivos” numa competição desse porte.

Observem bem as fotos (as três primeiras de uma mesma sequência), os posicionamentos, os espaços, as possíveis opções, com um “olho” no cronômetro gigantesco acima da tabela, some os tempos, dividam por 10 (número das tentativas que aqui reporto) e espantosamente obterão uma média de 8.4” de sobras de tempo para um ataque articulado, analisado, lido e inteligentemente concluído. Mas não, “confiamos no nosso taco”, afinal de contas somos os gun shooters desse torneiozinho menor, ou não?

NÃO, não são e nunca serão, pois se em 22 tentativas “livres de marcação” só concluem duas, onde se encontra a tal “especialização, ONDE? (Ah, hoje não caíram, mas amanhã cairão…)

Infelizmente não pude registrar as 12 tentativas restantes, mas que não seriam diferentes dessas que ai estão, límpidas, verdadeiras e lamentavelmente esclarecedoras sobre a realidade do quanto nos momentos sem volta o excelente técnico argentino se vê pendurado na broxa e exerce sua incredulidade declarando no pós quase desastre – “Creio nunca ter visto uma equipe fazer 4 pontos num quarto em competições desse nível…”

Pois foi o que ocorreu, e se repetir, adeus…

Logo, urge uma intervenção mais enérgica, impositiva mesmo, pois o tempo corre inexorável, e a equipe necessita utilizar seu ponto ofensivo mais forte centrado num poderoso jogo interior, melhorando sua defesa nos corta luzes, contestando o perímetro externo, otimizando o posicionamento nos rebotes, e basicamente, optando pelos arremessos mais seguros e precisos, os de media e curta distância, reservando os de longa àqueles momentos em que possam ser concretizados opcionalmente, e não como prioritários, retirando as grandes oportunidades de nosso poderoso jogo interior.

Mais um detalhe e fundamental aspecto presente nas fotos, o vazio de possibilidades de rebotes ofensivos nas tentativas de três assinaladas, demonstrando de forma incontestável a pobreza de leitura de jogo que nos assalta desde sempre, desde que implantamos o principio de “quem matar a última vence o jogo”.

Mas Paulo, e o restante do jogo, afinal, não venceram?

Bem, com um começo como aquele, qualquer equipe por menor que seja sua qualidade, se agiganta, pois presentes de natal antes do tempo não podem ser desprezados, mesmo que uma vitoria alivie tal possibilidade, mas que materializará uma derrota ante um adversário mais estruturado, e que esteja vacinado contra hemorragias infecciosas que ostentamos ainda sem cura aparente, aquela que pensamos debelada, mas que reaparece em toda sua gloriosa morbidez quando menos esperamos, mas que no fundo, alimentamos.

Corrigindo (?) essa crônica deficiência, creio que daríamos um belo e positivo passo de encontro a resultados realmente convincentes, e o mesmo deveria ser o da obediência irrestrita e comprometida ao principio básico que rege e solidifica uma equipe de verdade, a união de todos em torno de um ideal, um sistema, um comandante, de forma humilde e ética.

Amém.

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Em Tempo – Recordando, se trocássemos metade das bolas perdidas de três, aproveitando 70% das mesmas em dois pontos, teríamos vencido de 20!!