“TIRO AOS POMBOS”…

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Daqui a pouco Brasília CEUB e Aguada decidirão a Liga Sul Americana em Montevidéu, e vai ser um deleite assistir duas equipes que avançaram à grande final perpetrando números de assustadoras convergências em seus arremessos (Brasília vencendo o Boca Juniors com 18/33 de dois pontos e 13/34 de três, e o Aguadas despachando o Bauru com 14/29 de dois e 13/35 de três), numa orgia desenfreada de bolinhas permitidas por defesas acéfalas e vergonhosamente passivas, numa clara demonstração de que sistemas de jogo que denotam grande esforço em sua aprendizagem e treinamento, cedem cada vez mais espaço aos “especialistas de três”, e o mais instigante, vencem…

            Fico ansioso, não de assistir a um jogo de qualidade (impossível nessas circunstâncias até certo ponto trágicas…), mas sim de testemunhar ao vivo e a cores o espetáculo feérico que se anuncia nas mãos de “atiradeiras profissionais”, livres e soltas para sua faina de “tiro aos pombos”…

            Mas, vamos que um dos contendores resolva defender seu perímetro externo com  um mínimo de eficiência, e provavelmente teremos um vencedor, mas, se ambos fizerem o mesmo, talvez, tenhamos um jogo…

            Esperemos para ver…

            Amém.

A VITÓRIA DA CONVERGÊNCIA (OU A DERROCADA DEFENSIVA)…

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Assisti aos dois jogos, fiz muitas reproduções fotográficas da TV, mas somente me deu vontade de veicular quatro imagens, que não mostram jogadas dentro ou fora dos perímetros, que não mostram a derrocada defensiva de equipes consideradas (?) de elite, dirigidas por técnicos de mais alto nível ainda, segundo os analistas e comentaristas, nem tampouco as enterradas magistrais e os tocos, que segundo eles mesmos definem a essência do grande jogo…

Mas, nenhum deles, durante as transmissões, e certamente nos comentários de logo mais, dirão algo que possa explicar os dados que constam na frieza estatística que estampo nesse artigo, onde as duas equipes vencedoras convergiram acintosamente perante pastiches defensivos, vergonhosos, comprometedores, na permissividade de seus técnicos ante tanta mediocridade,. sem falar na fraqueza de seus comandos ante jogadores que simplesmente os ignoravam solenemente, fosse qual fosse o idioma que falassem, sem que se comunicassem, ajustassem ou mesmo aceitassem um mínimo de coerência coletiva, de comprometimento técnico, e acima de tudo, tático.

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Então, para que tantas gargalhadas jubilosas por uma vitória que em tudo e por tudo negava sua propalada virtude de estrategista do jogo pensado, calculista, metódico e cirúrgico que o envolve numa aura de intocabilidade, agora despida pelo fato de, assim como seu conterrâneo na seleção nacional, aceitar o nosso vício fundamentado na inestancável hemorragia de três, superando as conclusões de dois, rendendo-se a uma realidade que mais adiante, frente a equipes decididas a contestá-la, cobrarão com juros tanta incoerência?

No segundo jogo então, com o vencedor também convergindo frente a uma equipe que numa dianteira de vinte e dois pontos, conseguidos em sua maior parte no jogo interno, se deixa violar seguidamente lá de fora, sem contestá-los e abdicando de sua maior arma, o jogo coletivo interior, para ao final tentar penetrar uma equipe renascida, perdendo bolas infantis e arremessos longos, frutos do abandono coletivista que a manteve na dianteira por tantos pontos, como ser possível?

Quando em duas semifinais decisivas de um campeonato dessa envergadura, os dois classificados à final o conseguem convergindo em seus números de arremessos, algo transcende à realidade dos mesmos, o fato inconteste de que numa modalidade de defesa e ataque constantes e permanentes como nessa, um dos fatores mencionados inexiste, ou é abandonado, numa resolução dentro da quadra, de fora, ou de ambos os segmentos que compõe uma equipe, inclusa a ação defensiva exterior, que com sua ausência deflagra o flagelo maior, o reinado das bolinhas, que é a solução mais fácil, já que descompromissada com complexas movimentações  de técnica individual.

Logo, risos de um lado, raiva do outro, vibração de um e decepção estampada, são produtos de jogos de basquetebol bem jogados, mas que não foi o que vimos e testemunhamos nessa noite de quarta feira…de cinzas.

Amém.

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CHAME QUALQUER UMA , POR..!

 

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Sempre defendi, treinei e utilizei a dupla armação e os homens altos enfiados e transitando dentro do perímetro em todas as equipes que dirigi, da base a elite, e por um único motivo, dinamizar ao máximo o jogo interior, mais seguro e eficiente do que o exterior, ainda mais com o advento dos três pontos, que instalou em nosso país uma forma de agir e jogar o grande jogo, responsável por uma distorção que nos tem prejudicado de forma contundente nas duas últimas décadas, mas que, felizmente, parece encontrar em alguns técnicos a resposta que já se fazia tardia, um comportamento voltado ao jogo mais seguro e coerente com a maior das finalidades do mesmo, a diminuição dos erros ofensivos, que é um fator determinante para os bons resultados, se conjugado com um ainda mais consistente sistema defensivo, garantidor dos mesmos.

Para que conseguíssemos atingir tais propósitos treinávamos muito, dos fundamentos aos sistemas, cuidando prioritariamente das leituras de jogo, no intuito de evitarmos, ao máximo, improvisações táticas naqueles momentos em que, somente as de cunho individual poderiam definir o destino de um duro jogo.

Tal comportamento evitava as cobranças despropositadas, quase sempre em momentos de intensa pressão, onde a calma e o bom senso devem imperar absolutos, onde pedidos e exigências cedem espaço a coerência de uma boa preparação.

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Por tudo isso, não posso compreender o que leva um técnico a exigir aos gritos que um seu jogador cometa falta proposital ao constatar a falência de seu sistema defensivo, ou que chame uma jogada de ataque, qualquer uma que seja, frente à dura realidade de que nenhuma delas era obedecida pelos americanos peladeiros de sua equipe, apesar dos esforços de seu razoável armador, vitima da insânia dos mesmos e de sua bronca em particular…

Outro exemplo que já vem se tornando corriqueiro é o do “assistente auto participativo”, aquele que se intromete na fala do técnico, sempre empunhando a famigerada prancheta, desenhando soluções não mencionadas pelo titular, e que fatalmente não funcionarão, pois a finalidade ali não é que dê certo, e sim que se façam presentes, afinal se trata de uma equipe, ou não? Nunca o tapetebol foi tão presente como agora…

Quanto aos jogos da semana, nada de diferente do usual, com a costumeira e já estabelecida enxurrada dos arremessos de três, a constante monocórdia do sistema único, mas com algo diferente, a generalização da dupla armação, e uma ainda tênue tentativa de jogo interior, fator que se implantado para valer, desenvolveria em muito nossos homens altos, colocando-os ao nível dos estrangeiros, aumentando, em muito, nossas chances no cenário internacional, sem dúvida alguma.

Mas para tanto, técnicos teriam de ensinar, instruir e trabalhar minuciosamente seus jogadores nos treinamentos, para durante os jogos os orientarem à luz da tranqüilidade e honesta cumplicidade, muito aquém da agressividade e coerção, e destinando a seus assistentes o papel que lhes cabem, o de simplesmente assessorar e não ditar regras e comportamentos…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e legendadas. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CANTO DAS PRANCHETAS…

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De inicio as criticas eram meio veladas, sutis, mas eram feitas com muita educação e gentileza. Agora são mais incisivas, até certo ponto irônicas, postulando uma inegável verdade, a de não darem certo, ou mesmo, serem descartadas no levantar dos bancos. Menciono as instruções via pranchetas, vicio alastrado e efetivado na maioria esmagadora dos técnicos desse enorme país, da base à elite, e que aos poucos encontram avaliações e criticas na mídia televisiva, como as do inicio desse artigo, de nunca darem certo, principalmente nos momentos decisivos de uma partida nervosa e tensa, onde o foco deveria ser reforçado no ajuste de pequenas falhas e decisões, jamais em estratégias e táticas de última hora, como as exibidas por câmeras ávidas em algo que absolutamente inexiste para todos aqueles que realmente conhecem o grande jogo, a jogada mágica e vencedora…

De uns tempos para cá, já vemos e ouvimos opiniões mais próximas da verdade, como – “Eu que joguei por muitos anos em alto nível não entendi nada do que foi mostrado, imagine os jogadores cansados e nervosos… você vai ver que não farão nada daquilo que foi exposto e pedido…”

Viu? Olha lá, o americano recebeu e queimou dali mesmo, e o pior…errou!

Exemplos como esse fazem o lugar comum da “era pranchetária”, onde litros e litros de tinta são gastos para não representarem nada menos do que “demonstração de conhecimento tático e prova de sabedoria”, pois estratégias e táticas são preparadas, discutidas, analisadas nos treinos, quando toda uma equipe se volta para o entendimento coletivista, treinando os fundamentos individuais e coletivos, e detalhando os sistemas como exercício básico para uma consciente e efetiva leitura de jogo, destinando os pedidos de tempo aos fatores comportamentais, técnicos e psicológicos emanados de um oponente no calor da disputa, quando importantes detalhes podem e devem ser corrigidos, e até alterados na busca do equilíbrio tático e de produção individual.

Mas não, como se desfazer de uma presença maciça de microfones e câmeras enfocando um estrategista empunhando uma prancheta e rabiscando os caminhos da vitória? Abrir mão de um tempo de TV desse nível, e em primeiro plano, jamais, pois o marketing é fundamental…

Então, é o que vemos em todos os jogos, aquele biombo estendido entre os técnicos e seus jogadores, evitando ao máximo a proximidade do olhar solidário e companheiro entre comando e jogadores, exercendo um linguagem unilateral e dogmática, quebrada algumas vezes através jogadores mais ousados e dispostos a não engolirem passivamente o que é imposto, mas reagindo em grupo ao não propugnarem nada do que viram e ouviram, dando razão integral ao comentarista velho de guerra de outros e memoráveis tempos.

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Nesse jogo, na hora mais decisiva dois tempos foram pedidos, um pela equipe de Bauru, que não precisava de prancheta para orientar os jogadores às penetrações e insistência no jogo interior, aproveitando a lerdeza do Paulão e a inexperiência do Lucas, e outro pela equipe de Franca, que a cinco pontos de diferença, com trinta e poucos segundos a jogar, deveria seguir na busca dos pontos seguros, pedidos pelo técnico, porém via prancheta, vendo o americano de sua equipe receber o lateral e dali mesmo tentar os três pontos. Poderia ser dito que o referido jogador, por não entender bem o português, e muito menos o que estava grafado na prancheta, queimou como veio, errando e anulando as possibilidades ainda existentes de buscar a partida, assim como poderia ser dito que àquela altura do jogo, uma conversa mais direta e incisiva (em inglês?) atenderia melhor as necessidades do momento…

Enfim, aproxima-se o momento em que tal discussão terá de apresentar um desfecho, quando técnico e jogadores passassem a se entender pela palavra bem colocada, pelo olhar compreensivo e confortador, pela troca de experiências práticas complementando os mundos interiores e exteriores de uma quadra de jogo, onde as verdades são mais sentidas do que movidas por grafismos midiáticos.

Mas algo de muito positivo deve ser anotado, a cada vez mais freqüente busca pelo jogo interior, que em conjunto da hoje quase unanimemente aceita dupla armação, nos aproxima de um jogo mais solidário e democrático, oportunizando a todos os jogadores, independendo de estatura e posições, exercerem seu potencial e talento, fatores esses que devemos festejar e parabenizar.

Poucos anos atrás demonstrei tudo isso no NBB2, junto ao atual técnico do Uberlândia, e agora pelo do São José, todos septuagenários, mas sabedores do que fazem, e principalmente do que dizem, e não do que rabiscam. Desconfio seriamente de que precisaríamos de mais alguns, a fim de reencontrarmos o caminho pelo soerguimento do grande jogo…

Amém.

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O ANTIGO E O NOVO…

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No último pedido de tempo de seu adversário, o setentão técnico do São José empunha a prancheta, pela primeira vez naquela partida, mas nada P1030828anota na mesma, e com um impulso para trás, levanta-se de sua cadeira e demonstra ali mesmo como um defensor deve se comportar frente a um adversário pronto para um arremesso de três, certamente uma tentativa a ser feita pela equipe do Paulistano naquela apagar de luzes de uma partida que, frente a tantas ausências por contusões e penalização, tinha tudo para se situar em inferioridade ante o classificado às finais do Paulista, completo e embalado.

 

Não precisou rabiscar nada, simplesmente demonstrar como agir ante um longo arremessador, ainda mais quando pertencente a uma equipe que, na semi final acima mencionada, convergiu com 13/28 arremessos de dois, e 13/30 de três, frente a um Pinheiros não muito longe disso, com 14/30 e 10/25 respectivamente, numa orgia de bolinhas que vai se tornando lugar comum para ambas as equipes, e a maioria das demais naquele campeonato mencionado como o melhor e mais técnico do país.

 

Venceu o jogo privilegiando o jogo interno um pouco mais do que seu oponente, pois também arremessou algumas bolas longas intempestivas e fora de um contexto baseado em menos erros de fundamentos e maior ritmo e controle de jogo, principalmente por ter de lançar jogadores muito jovens contra um finalista da terra, e o mais emblemático foi a armação do seu jogo ficar nas mãos de jogadores rotulados de 3 para cima, pois o Alex e o Gustavo a realizaram com bastante competência, ajudando em muito o Laws, que viu um pouco facilitado seu trabalho com aquelas inesperadas funções, ainda mais por não terem encontrado, em nenhum momento, uma anteposição mais enérgica e coletiva por parte dos armadores do Paulistano.

 

Mas, a grande lição que ficou desse jogo, foi a postura técnica, onde, de um lado um técnico de 73 anos demonstrava, mesmo sem o conhecimento tático completo de uma equipe assumida dias antes (pediu a todos que fizessem o que estavam acostumados, para não gerarem confusão…), que o poder do conhecimento dos atalhos e dos fundamentos do jogo, em tudo e por tudo auxilia e socorre de verdade jogadores no árduo campo da luta, com detalhes e minúcias que definem e decidem ações individuais, complementando as coletivas, face a situações onde o profundo conhecimento do jogo realmente influi em seu resultado, ao contrário de um prospecto de técnico, que aos 33 anos não possui a vivência teórico prática que o separa em 40 anos de seu oponente, quando o controle emanado de esquemas táticos grafados nervosamente em uma prancheta, jamais substituirá o relacionamento olho no olho emitido por alguém profundo conhecedor de seu mister, desencadeando firmeza e confiança em jogadores ávidos por incentivos a sua criatividade e livre, pensado e responsável comportamento nos momentos de uma decisão, fatores que, em hipótese alguma podem ser produto de rabiscos em uma midiática prancheta.

 

Espero que o experiente e competente técnico Edvar Simões venha suprir com sua enorme experiência no comando de equipes de elite, um vácuo existente pela premência imatura de uma mídia e realidade nacional, que força e promove falsas e inconsistentes renovações numa atividade onde o estudo, pesquisa, vivência e aprimoramento somente se solidificam através o longo caminhar de uma existência, onde os privilégios do QI político e corporativista  não encontram condições de prosperar ante o mérito.

 

Com ele e mais o Helio Rubens, quem sabe com mais alguns, saiamos dessa mesmice endêmica e doentia em que estão transformando o grande jogo no país, cada vez mais formatado e padronizado de 1 a 5…

 

Amém.

 

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NOS FALTA VERGONHA NA CARA (ATÉ QUANDO?)…

 

(…) “Os objetivos são os mesmos: crescer e fortalecer o basquete no Brasil. Para isso precisamos de uma liga forte. A liga brasileira tem feito um trabalho muito bom, e o NBB está crescendo. A gente precisa ter times fortes e ídolos locais, além de duelos interessantes como o próprio Brasília x Flamengo. Crianças e adolescentes vão se interessar pelo esporte e depois procurar o melhor basquete do mundo que é a NBA. Então a gente só tem a tirar proveito de uma liga forte no Brasil – disse o diretor geral da NBA no Brasil, Arnon de Mello.(…)

                      ( Trecho da reportagem do jornalista Marcos Paulo Rebelo no Globoesporte.com de 11/11/13)

 

É isso mesmo que está ai em cima, com todas as letras, ou seja, dar algum apoio a nossa caloura liga, para encaminhar os novos adeptos da modalidade tupiniquim de encontro à liga hegemônica, a que dá as cartas, técnica, tática, cultural e globalizadamente. Não à toa essa turma da NBA encontra fortíssima oposição e rejeição na Europa, e por isso indo de encontro aos mercados emergentes do oriente e aqui no que consideram o quintal deles, e começaram nomeando como seu representante o cara que destilou a entrevista acima…

Mas o que impressiona é o apoio que determinada mídia que se considera a arauto do grande jogo no país, atrelando-se a reboque da turma lá de cima do hemisfério, que na maior franqueza expõe seu objetivo maior – Crianças e adolescentes vão se interessar pelo esporte e depois procurar o melhor basquete do mundo que é a NBA. – e assinam embaixo, na maior…

E não advogo patriotismo e civilismos, e sim vergonha na cara, somente isso, vergonha na cara…

Vergonha na cara de um governo abjeto que nomeia ministérios, comitês disso e daquilo, conselhos e autoridades olímpicas para repassarem bilhões da sacrificada economia popular para empreiteiras, marqueteiros, publicistas, hoteleiros, e não sei mais quantos apaniguados, colocando de lado o verdadeiro e único motivo de uma competição olímpica, a demonstração da pujança educacional e atlética da juventude de uma nação, reserva intelectual e econômica da mesma, representando-a no que tem de real e positivo, minimizando e coisificando sua importância e existência, relegando-a a posição de recepcionista de nações que aqui vem tomar conta da festa, a começar pela proprietária da liga que agora nos impõem comportamentos e submissão…

Vergonha na cara daqueles que jamais a tiveram, já que frutos do oportunismo, arrivistas e aventureiros que são ao comandarem federações e confederações como propriedades privadas, capitanias hereditárias hediondas e pusilânimes…

Vergonha na cara de uma sociedade que permite a humilhante posição destinada aos professores, marginais de uma situação absurda e suicida para a nação, e não o alicerce estrutural da mesma…

Vergonha na cara de todos aqueles que se beneficiaram positivamente da atividade desportiva em sua formação cidadã, e que se omitem em ajudá-la estrategicamente, mas que “colaboram” encobertos pelo anonimato nas mídias da grande rede, covardes, ingratos e omissos que são…

Vergonha na cara de uma política, ou ausência dela, que alija da escola a educação física, os desportos, beneficiando as grandes holdings do culto ao corpo, que tudo fazem e farão para não perder essa monumental clientela que lhe é colocada no colo por maus brasileiros, criminosos que são…

Vergonha na cara, de falsos desportistas que planejam e instalam projetos subvencionados pelo dinheiro público, onde “orientam e educam” jovens pelos caminhos da porrada, da submissão traumaticamente imposta, e mais ainda, pelos que financiam e liberam verbas para tais projetos, deixando no ar quais os objetivos pretendidos…

Vergonha na cara, somente isso, uma simplória e indignada vergonha na cara…

Amém.

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Em tempo – Vejam o que se publica na matriz do norte sobre educar pela pancada (aqui)…

Fotos – Reproduções da TV, O Globo, Bala na Cesta. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UMA DECISÃO DE PESO…

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Num playoff, segundo a tradição, cada jogo conta e vivencia uma história diferente, onde o derrotado de hoje vence amanhã, não importando muito os números dos placares. Bem, se verdade fosse, as conhecidas “varridas” de 3 x 0 não existiriam, pois a grande realidade nesses sucessivos encontros, onde as equipes professam um mesmo sistema, onde atacar contra zona se torna um exercício de frustrações, é que vencem aquelas que exercem um forte e consistente posicionamento defensivo, principalmente nas contestações aos longos arremessos, e que se utilizem ao máximo que puderem do jogo interior, onde as perdas de eficiência nos arremessos atingem os mais baixos índices. Mais ainda, quando, pela similaridade dos sistemas utilizados por todas, vencem as que ousam um pouco mais do que suas oponentes, mudando um detalhe aqui, outro ali, ou o inimaginável (para a oponente…), muda tudo, a começar pela formatação e padronização que atuam desde sempre…

 

Coragem em inovar, arriscar, confiando em suas bases de bons fundamentos, de velocidade, de imprevisibilidade, são fatores determinantes na busca pela vitória. Agora, se uma equipe peca nos fundamentos, na velocidade e na previsibilidade de como atua, então não pode, e nem merece vencer, ao preço que for.

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Logo, para a segunda partida não bastará a Bauru repetir a forma de como venceu, assim como Franca não poderá repetir a lentidão de como atuou seu setor interior, nem atacando, e muito menos defendendo, mas ambas deveriam investir na precisão de seus arremessos curtos e médios, abrindo mão da maioria dos exibicionismos em enterradas midiáticas, e principalmente em bolinhas irresponsáveis e mais midiáticas ainda, mesmo estando em grande vantagem no marcador. Já é tempo de investirmos em seriedade, responsabilidade e precisão, aquela que de 2 em 2, de 1 em 1 vencem jogos, vencem campeonatos, e marcam positiva e tecnicamente a beleza do grande jogo.

Amém.

 

P1030740P1030730Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

“CORNO ALTO”…

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Começou, com uma arena às moscas, uma transmissão televisiva equivocada, pois era um jogo de basquetebol, e não uma exibição pictórica, onde a descrição – “A enterrada que é o ponto máximo do basquete”- emoldurava uma delas executada pelo Alexandre, e conotada mais adiante como o “lance da partida”, mostrando quão diminuta é a visão do grande jogo para essa turma…

Assim como a pequena audiência presente na grande arena, pequena foi a qualidade do jogo, onde, nem mesmo a nova liderança argentina na direção da equipe candanga conseguiu estancar a hemorragia dos três (10/32), numa confrontação direta e incisiva a seus métodos de jogo mais cadenciado, estudado e paciente. Com uma dupla armação formada pelo Osimani e o Nezinho, até que a forma Hernandez de jogar se fazia presente, mas com muito pouca objetividade ofensiva, e muito menos defensiva, propiciando a equipe carioca se distanciar no marcador, ironicamente se utilizando não de dois, e sim três armadores, onde o argentino Laprovittola  fazia uma estréia bastante convincente.

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Mais adiante, do terceiro quarto em diante, e estando mais de 15 pontos atrás, a equipe da capital do país resolveu utilizar o jogo caótico de seu quarteto de fé, que a sua maneira encostou no placar, e só não virou a partida pela volúpia nas bolinhas, quando se focasse no avanço de 2 em 2 teria forte chance de vitória.

Mas de certa forma, a ausência da metade de sua artilharia de três, Marcelo e Marcos, permitiu um jogo interior mais intenso e um pouco menos de arremessos longos (9/23), equilibrando a produção tática da equipe carioca, estreando com vitória, fator muito importante como moeda de pressão a uma diretoria que vem atrasando salários e premiações de alguns meses até o presente.

Fora a utilização explicita da dupla armação pelas duas equipes, o restante da formulação tática de ambas se manteve atrelada ao sistema único, com sua jogadas marcadas e sinalizadas, inclusive com novas denominações, como “corno alto”, enriquecendo linguisticamente a longa linhagem dos “chifres”…

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Entretanto, na transmissão da ESPN do campeonato paulista em seus playoffs semi finais, pudemos testemunhar algo de inédito em nosso basquetebol, pelo menos para mim, a renuncia de um técnico em orientar seus jogadores no momento mais crucial do jogo, o minuto final, passando a prancheta a seu auxiliar, e encontrando no comentarista da emissora a justificativa mais impactante daquele comportamento – “nesse momento a equipe precisa de orientação tática e não de enquadramentos, palavrões e chamadas às falas, que deixam os jogadores mais nervosos e inseguros…” – dando a entender que a troca de funções era benéfica para a equipe, que acabou perdendo o jogo de maneira incontestável, empatando a serie em 1 x 1. Esqueceu, no entanto, a outra função do técnico em questão, a de peitar e pressionar a arbitragem em seu todo ao final do jogo, numa atitude lamentável e comprometedora. Mas em se tratando, segundo o mesmo comentarista, como o mais importante e líder campeonato do país, tais comportamentos passam ao largo do bom senso, sendo assimilados como “situações normais de jogo”…No que discordo veementemente.

No mais, a mesmice de sempre, repetitiva, num moto contínuo infindável, lamentavelmente…

Amém.

A INJUSTA AUSÊNCIA…

Dentro de poucas horas se inicia o NBB6, e a mídia especializada nos inunda de previsões, sobre os jogadores experientes que consideram os expoentes da liga (aqui ) (aqui), os jovens prospectos (aqui), os técnicos (aqui), e as equipes em geral, opinando com a insuspeitada desenvoltura de técnicos de ponta, com anos, décadas de labuta, quando na realidade o mais idoso deles não ultrapassa os 30 anos, demonstração eloquente do quanto conhecem e dominam os meandros do basquetebol, deixando no ar a certeza de que, pelo menos eu, nada ou pouco sei sobre o grande jogo, no caso, pequeno para mim…

Mas esquecem um sutil pormenor, ou melhor, o omitem, o de nenhum deles ter experimentado, por um dia que fosse , o mister de tê-lo ensinado, detalhando seus mistérios a jovens ansiosos em aprendê-lo, amá-lo, assim como quando adultos, orientando e liderando-os nos bastidores do treinamento, no campo de luta, dividindo o amargor das derrotas e o suave e tenro sabor das vitórias, ambos os sentimentos indissociáveis entre si, pois dependentes e intrínsecos desde sempre, fatores absolutamente essenciais ao pleno conhecimento de uma modalidade ímpar, especial no campo desportivo, e que transcende o simples oficio de opinar, prever, determinar, condicionar uma opinião pública sedenta de paixões e necessitada de respostas que as preencham ao preço que for, inclusive alguns deles…

Por tudo isso, me sinto no direito de incluir algo que vem faltando desde o NBB2, tendo inclusive lançado à luz daquela fugaz, porém poderosa experiência em Vitória, um desafio público aos técnicos, para que os mesmos evoluíssem em direção ao novo, ao inusitado, ao corajoso caminho que pudesse nos soerguer da mesmice endêmica que tanto nos empobrece e coisifica, mas  pouca coisa acrescentaram ao jogo, inclusive os estrangeiros contratados a peso de ouro, numa repetição incoerente e assustadora.

E esse algo vem precedido de uma dolorosa evidência, fruto do desconhecimento técnico e tático sobre a proposta posta em prática por aquela equipe, nas condições adversas a que foi submetida, e sem a mais absoluta oportunidade de continuidade no NBB3, NBB4 e 5, pois de forma alguma foi permitida a sua continuidade, a começar pela minha própria na liga, mesmo em equipes da LDB, ou qualquer outra ascendente à mesma.

Portanto, exceto o Rafael, que está agregado ao Goiânia na condição de reserva na armação, nenhum dos jogadores daquela equipe do Saldanha da Gama disputará o NBB6, num desperdício injustificável e absurdo, o que me faz apontá-los como os grandes ausentes dessa competição, e somente sinto não poder ter cumprido a promessa de treinar e liderá-los na equipe que se propusesse a enfrentar aquele que teria sido o grande desafio dentro da LNB, o de terem a oportunidade de disputar juntos uma competição com principio, meio e fim, sobraçando um sistema de jogo proprietário e inovador, num duelo justo e limpo ante o sistema único que nos impuseram desde sempre.

Sei que não tenho procuração de nenhum daqueles jogadores para defender essa tese, mas mesmo assim ouso fazê-lo por uma simples e consciente razão, a de que sempre acreditei num sistema diferenciado, num sistema que unisse ideias e criatividade, enfim, que fosse o espelho de um grupo unido, amigo e comprometido com o verdadeiro espírito do grande jogo.

Perdoem-me todos vocês, mas não pude, nem me foi permitido concluir o nosso sacrificado e corajoso trabalho. Sei o quanto vocês são bons e formidáveis jogadores e seres humanos, pena que os que decidem e administram sejam tão cegos e insensíveis, talvez por não gostarem, por não compreenderem, o verdadeiro significado do que venha a ser uma equipe de verdade, do que venha a ser o grande jogo.

Amém.

Foto – Equipe do Saldanha da Gama no NBB2. Clique na mesma para ampliá-la.

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DE BOLINHAS E MICROFONES…

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E cada vez mais os microfones invadem os pedidos de tempo técnico, quando um movimento mais brusco de cabeça pode levar o técnico e sua prancheta para a enfermaria, mas a noticia no foco da ação, transmitindo táticas ou mesmo palavrões e impropérios, tem de ser veiculada, ao preço que for, num espetáculo caipira sem similar no mundo globalizado do grande jogo. Fico imaginando um Bob Knight cercado daquela forma, e qual seria sua reação, mesmo agora idoso e aposentado…

 

O mais engraçado é constatar a ansiedade dos analistas e comentaristas, no afã de serem informados sobre as “estratégias” ali formuladas, abastecendo seus comentários sobre o que ouvem, e não pelo que vêem e testemunham no andamento do jogo, quando concordar e discordar baloiçam aos ventos de suas convicções e conhecimentos técnicos, ficando meio perdidos quando as traquitanas eletrônicas são rechaçadas por técnicos que se concentram em seus jogadores , suas equipes, e não na assistência midiática que o cerca. Realmente, é, e soa muito engraçado…

 

E por conta de tantas e equivocadas contradições, florescem opiniões abalizadas de que muitos erros de arremessos e de fundamentos em inícios de jogo são cometidos por ainda estarem os jogadores em processo de aquecimento, ainda muito nervosos, ou mesmo ansiosos em demonstrar domínio e experiência de jogo, alcançando a produção normal lá pelo segundo quarto, ou mesmo no terceiro, e se a partida for a decisiva, lá pelo quarto…

 

Acredito firmemente que, em se tratando de uma divisão de elite, tais flutuações de técnica e humores não devessem existir, pois afinal de contas estão no ápice de suas formações, vindos de uma base sólida (?), quando o primeiro arremesso é tão ou mais importante que o último, não fosse a somatória dos mesmos o fator que definirá o destino do jogo, quando arremessos de três pontos são disparados e falhados nas primeiras posses de bola, e que entram no rol das desculpas de inicio de jogo, mas que lá pelos quartos finais sem “dúvida alguma” cairão em pencas na cesta adversária, que é um aspecto que transcende a técnica e entra no fator mercadológico e de auto valorização profissional. Logo, errar dessa forma no início de jogos determina na maioria das vezes seus resultados, importantes ou não, decisivos mais ainda, onde os fatores responsabilidade,  compromisso, engajamento se tornam cruciais, base que são do coletivismo, do espírito de equipe.

 

Então, noves fora os erros apontados, por que não conotar seriedade desde o primeiro lançamento à cesta, por que não?

Nesse jogo entre Franca e São José, quando o duelo dos três determinou cinco acertos para cada equipe, num total de tentativas de apenas onze para os francanos e exorbitantes vinte e seis para os sanjoanenses, que desperdiçaram quinze tentativas a mais, ironicamente foi um arremesso inverossímil de três do jogador Cauê de Franca, lançando de antes do meio da quadra a segundos do final do segundo quarto, que determinou a vitoria de sua equipe por 63 x 61, provando que não importando quando, todo e qualquer arremesso é aquele decisivo para qualquer jogo que se presuma sério.

Na Liga Sul Americana, Bauru, com seu técnico mais comedido nas críticas e palavrório, dominou a boa equipe argentina do Boca, se utilizando da maior arma de seu rival, o jogo interior, abrindo mão de sua notória artilharia exterior (5/15 nos três) de forma decisiva, delegando a seu adversário o perímetro externo, onde perpetraram 7/30 em bolinhas, e arremessando 20 bolas de dois a menos que os paulistas, fazendo pender o fiel da balança a seu favor, numa demonstração bem clara de que arremessos próximos à cesta conotam mais precisão e vitórias como devem ser conquistadas, de 2 em 2, de 1 em 1, deixando os longos, imprecisos e aventureiros arremessos como arma suplementar de uma equipe bem treinada e preparada, e não como base estrutural de seu comportamento técnico, e acima de tudo, tático.

Aos poucos, bem devagar, parece que avançamos para alcançar parâmetros técnicos e táticos mais inteligentes e coerentes para o soerguimento do grande jogo em nosso país, bastando tão somente mais estudo, e muito, muito trabalho, principalmente na base da pirâmide, na formação, e não invertendo-a, como viemos agindo nas duas últimas décadas.

Espero e torço para que o bom senso seja restabelecido, já era tempo.

Amém.

 

 

 

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Fotos – Reproduções da TV e divulgação da LNB. Clique nas mesmas

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