DAMIRES E OS FUNDAMENTOS…

Terminado o primeiro quarto do jogo, simplesmente não consegui retornar para o segundo, o terceiro, mas o fiz no quarto, ainda incrédulo com o baixo nível nos fundamentos do jogo, por ambas as equipes. Se brasileiras e canadenses formam as duas melhores equipes deste pré olímpico, independendo de qual se classifique, muito pouco alcançarão em Londres, pois conseguem cometer erros básicos numa sucessão assustadora, senão constrangedora.

Claro, acontecem exceções, muito poucas, mas acontecem, e a Damires é uma delas, e muito mais por conta de sua espontânea vitalidade, força e coordenação motora, do que o real conhecimento e domínio dos fundamentos básicos, que aos 18 anos já deveriam estar bem aprendidos e sedimentados, para que ao nível de uma seleção nacional, se impusesse consistentemente, e não em oscilantes lampejos.

Assim como ela, a Clarissa e a Babi, possuem um grande talento, que será definitivamente perdido se uma forte indução aos fundamentos não for priorizada, muito além , muito mesmo, antes de introduzi-las em coreografias impostas e pranchetadas, sem que as mesmas possuam o competente domínio técnico individual para exequibilizá-las.

Em um artigo aqui publicado em 1/8/2011, UM TALENTO MVP, apontei um erro de empunhadura da Damires, que tornava seus arremessos inseguros e não direcionados com firmeza, comparando sua técnica com a da jogadora americana Hartley, no momento decisivo da soltura da bola. No jogo de ontem, vislumbrei uma boa evolução nessa técnica (vide fotos), na qual a palma da mão cedeu o contato na bola às pontas dos dedos, tornando factível o alinhamento do polegar e mínimo ao nível horizontal do aro da cesta, dando aos três dedos centrais a correta função de acelerar e impulsionar a bola à mesma. Seu bom aproveitamento nos curtos arremessos, e mesmo nos longos durante o jogo, atestou essa bem vinda evolução, contrastando com algumas sérias falhas a ser corrigidas o mais rápido que for possível.

Damires pegou 11 rebotes, mas em todos eles chegou ao solo com o rosto direcionado da mesma forma de quando os captou no ar, que quando defensivos, com a vista voltada para a linha final. Se no momento do domínio da bola girasse seu corpo em 180 graus, teria o mais amplo domínio visual da quadra possível, podendo rapidamente localizar companheiras livres, desencadeando contra ataques mais velozes, ou mesmo saindo driblando para o ataque. Nos ofensivos, tal rotação a dotaria do posicionamento de tripla ameaça, podendo driblar, passar ou arremessar com mais precisão, já que evitaria o bloqueio verticalizado das defensoras.

Mas é no ato de driblar, origem dos cortes, mudanças de direção, e decorrentes passes em velocidade, que comete o mais elementar dos erros, o olhar para a bola (vide foto do jogo com o Paraguai), quando perde o contato visual de suas companheiras e o posicionamento defensivo das adversárias, tornando a ação eminentemente pessoal, que é o erro mais freqüente da maioria das alas e pivôs da seleção, sem contar a ausência da ambidestralidade.

Em hipótese alguma um(a) jogador(a) deverá olhar para a bola, em nenhuma situação de jogo, e sim percebê-la se utilizando da visão periférica, e a angular quando exerce o drible. São visões que se complementam na dinâmica do jogo, que juntamente ao domínio do equilíbrio corporal, compõem as bases estruturais do mesmo, do grande jogo.

Como vemos, talento, estatura, força física, inteligência e criatividade temos em boa conta, nos faltando fundamentação técnica, sem a qual nenhum sistema de jogo funcionará a contento, se é que funcionará, a não ser nas ilusórias e fantasiosas mentes de muitos de nossos técnicos e suas gloriosas pranchetas, só que elas não driblam, passam, fintam, defendem, saltam, reboteiam e arremessam com um boa dose de qualidade e competência. Ficam lá, no colo ou no chão, emitindo traços e rabiscos desconexos, como a exigir movimentos e ações através uma sofisticada coreografia, cuja concepção ignora propositalmente que a maioria daqueles atentos circundantes não possui fundamentação técnica para atendê-la. Essa é a triste realidade. Tem correção?

Sim, mas não nas mãos de estrategistas.

Amém.

Fotos O Globo e Divulgação FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UMA COERENTE CONVOCAÇÃO…

Todo bom professor, assim como os técnicos desportivos sabem muito bem o que venha a ser uma progressão pedagógica, que é uma somatória de elementos didáticos cuja resultante é a sólida aprendizagem de um, ou mais módulos de ensino.

Quando essa progressão é descontinuada, acontecem fraturas na aprendizagem dos módulos propostos, criando vácuos, que se não preenchidos, põe a perder grande parte dos esforços despendidos até aquele momento.

O técnico Magnano, não somente sabe, como demonstra conhecer esse mecanismo com o seu metódico trabalho, buscando um novo posicionamento de comportamento técnico tático da seleção, cuja conquista da classificação olímpica demonstrou o acerto inicial de seu trabalho. No entanto, a meta a ser atingida em Londres, ainda carece de um maior preparo, no intuito de serem sanadas ou atenuadas carências ainda existentes na equipe, que se não for mantida a continuidade do árduo trabalho, as fraturas acima mencionadas se imporão irremediavelmente, principalmente na armação e no jogo interior ofensivo, e na sedimentação do rígido conceito defensivo que implantou.

De frente a tão complexos aspectos para a formulação de uma competente estratégia visando os sérios, rudes e tão próximos embates olímpicos, é que o sagaz argentino efetuou essa convocação, que está coalhando a grande rede de comentários que vão do esquecimento de determinados jogadores, ao prejuízo que estará causando aos clubes a que pertencem os selecionados, numa discussão onde as causalidades deveriam ceder espaço às verdadeiras intenções do mesmo.

Vejamos por partes:

– Os jogadores do Brasília, Alex, Guilherme e Nezinho, dos mais experientes e veteranos da seleção, sofreram uma grande mudança técnico comportamental sob o comando do Magnano, principalmente no posicionamento defensivo e na contextualização do coletivismo proposto e  exigido por ele, mas ainda carecendo de importantes ajustes, a fim de que tais comportamentos fossem mantidos durante todo o transcurso dos jogos, sem sofrerem oscilações das que ocorreram amiúde em Mar del Plata. A participação desse trio em mais uma intensa rodada de treinamento, aproveitando o fato da equipe candanga não disputar grandes torneios até o Pan, seria a grande oportunidade para que o Magnano influenciasse esse importante núcleo no que acredita ser o caminho a ser tomado pela seleção.

– O mesmo poder-se-ia afirmar sobre a dupla flamenguista, também liberta de sérios torneios até o Pan, e assim como o pessoal de Brasília, necessitada de um reforço de aprendizagem no conceito Magnano de ser e jogar.

– Como o Spliter, apesar da greve na NBA, não se dispôs a jogar campeonatos fora dos Estados Unidos, arriscou o Magnano sua convocação, talvez a mais acertada, visto a baixa produtividade do excelente pivô, mais retrabalhado do que treinado nos Spurs, numa mudança de fundamentação técnica que, saltando aos olhos, o fez, infelizmente, regredir em seu excelente condicionamento europeu. Essa nova rodada de treinamento, principalmente fundamental, seria de ótima valia para ele.

– Benite, Murilo e também o Nezinho, com a ausência dos europeus e do Marcos, único dos básicos envolto numa competição de alto nível, onde seu clube investiu prodigamente, teriam uma nova oportunidade de se inserirem nas conceituações do Magnano, agindo quase como um personal training para uma competição, que se não tão importante no plano internacional, mas perfeitamente apta a um melhor preparo visando Londres.

– Quanto aos novos, o armador Davi, o ala armador José Roberto, o ala Bruno, e o pivô Cristiano, constitui-se numa convocação justa, pois visando a necessária renovação, já a situa dentro dos conceitos do argentino, mantendo sua coerência de trabalho.

Enfim, como continuidade de um trabalho, aparando arestas diagnosticadas e sentidas no pré olímpico, nesse momento antecedente ao Pan, e com vistas a Londres, creio que o Magnano agiu com precisão e inteligência, guardando suas observações finais quando do acompanhamento do NBB4, e de certos óbices que todos, de dirigentes e agora jogadores outrora críticos, colocaram em suas mãos, sobre a dupla da NBA, participar ou não (será que teremos ressuscitado Pilatos?…), numa situação que o porá a prova perante si mesmo, ainda mais se tratando de um hermano, colocada por outros não tão irmãos assim.

Creio que tomadas de posição acionadas de livre arbítrio por adultos responsáveis, sabedores da significância de uma camisa de seleção nacional, não deveriam ser discutidas, nem proteladas, já que tomadas voluntaria e espontaneamente, cabendo tão somente a todos nós desejarmos que prossigam suas carreiras felizes e realizados, e somente isso.

Amém.

Foto divulgação FIBA Americas. Clique na mesma para ampliá-la.

“O BASQUETE MODERNO”…

Percorri todos os canais que transmitiram o Eurobasket, profundamente interessado pelas análises técnico táticas dos especialistas que cobriram os jogos de algumas das melhores equipes do mundo FIBA.

Aguardei ansioso analises sobre os sistemas de jogo empregados, suas concepções, evoluções, novidades, até mesmo retrocessos, mas o que nos era informado jamais ultrapassava o 5 x 5, imbatível num momento, inseguro em outro, inexistente mais adiante, ah, que em alguns momentos a zona 2-3 era utilizada, em outros a pressão ½ quadra, e só.

Mas os tocos fantásticos, os petardos de três arrasadores, as sublimes enterradas, as inenarráveis pontes aéreas e o coletivismo mágico dos espanhóis, galgaram o Olímpo reverencial, o supra-sumo da arte desportiva, o basquete moderno.

No entanto, por se tratar de um jogo de equipe, esperava que fossem salientados, discutidos e analisados aqueles aspectos que realmente pudessem concorrer para o desenvolvimento do nosso basquete, afinal de contas estavam se apresentando as melhores equipes européias, que junto à equipe norte americana serão nossos adversários diretos em Londres.

Esperei em vão por algo incompreensível para todos, já que definitiva e lamentavelmente atados ao sistema único, o único que conhecem e defendem.

Então, gostaria de apresentar a todos esses senhores a seleção do campeonato, eleita pelos bons entendedores do grande jogo na Europa, e cuja formação, na foto acima, conta não com dois, mas três armadores (vá lá, o Navarro é um ala-armador, mais armador do que ala…) e dois alas pivôs, rápidos, ágeis, flexíveis, e acima de tudo, hábeis nos fundamentos do jogo.

Kirilenko, McCalabbe, Parker, Navarro e Gasol, que juntos às suas seleções derrubaram os últimos resquícios do basquete paquidérmico, estático e marcado por jogadas coreografadas, fazendo eco à pequena revolução patrocinada pela equipe campeã mundial do Coach K, definiram o rumo e a concepção de jogo que será estabelecida em Londres, e que, infelizmente ainda é solenemente negada entre nós (mas, embrionariamente ensaiada na seleção), a da dupla armação e dos alas pivôs dinâmicos e tão bons nos fundamentos quanto seus companheiros de armação, guardadas as devidas proporções, que são concepções advindas do mais profundo e vasto preparo nos fundamentos desde as divisões de base, e sua manutenção nas divisões adultas, e mesmo nas seleções.

-Dois armadores e três alas pivôs? Alguém já pensou isso por aqui?

-Certeza que sim.

-Onde, quando, por onde anda?

-O que importa, não o tiraram de circulação?

-Triste…

Amém.

DISCUTINDO UMA ESCOLA…

  • ·  Rafael  Ontem

Prezado Dr.Murilo,
Sou um fã do Basquete, e quero vê-lo crescer e melhorar no Brasil. Com esse objetivo, me pergunto se o ENTB contribui ou não para que isso se torne realidade ? Pelo que vi até agora, ajuda, pois visa elevar o nível de jogo dos jogadores pela capacitação dos técnicos.

Não vejo sentido em ter uma variedade de sistemas que comprovadamente não tem a capacidade de produzir jogadores excelentes. No momento que o sistema em questão se mostrar ultrapassado, ou falhar em produzir jogadores de qualidade, pode se repensar o sistema, mas ser contrário a uma padronização que visa educar os treinadores a formar excelência em basquete(mesmo que nos moldes atuais não alcance isso) me parece não ter sentido. Qual o sentido de defender a “nossa vocação histórica pela prática diversificada e generalista, respeitando as regionalidades e a constituição multifacetada de nosso gentio” se isso não tem demonstrado bons resultados ?(Visto o tempo que faz que o Brasil não participa de uma olimpíada)! Por outro lado, os hermanos, com suas padronizações e sistemas, tem se tornado a potencia latino americana no Basquete. Não seria a questão de reconhecermos isso e, humildemente, aprendermos a lição ?

Esse comentário foi postado ontem na matéria Enfim discuti-se a ENTB/CBB…, postada em 24/01/2011, com uma colocação bastante interessante à discussão estabelecida pelo teor do artigo, e que deve refletir, sem dúvida alguma, o pensamento e posicionamento de muitos técnicos, professores e mesmo entusiastas do grande jogo.

Gostaria então de estabelecer algumas considerações a respeito, torcendo para que esse debate possa ter a continuidade que merece tão importante assunto para o estabelecimento de uma verdadeira Escola de Treinadores em nosso país, se é que ainda é possível.

Inicialmente, insisto na definição do enfoque generalista que deve ser estabelecido pelo professor em sua função de instruir e educar jovens, através das atividades físicas e do desporto, pois, antes de ser um técnico ele é um professor, que não pode e nem deve, se limitar a um modo, ou técnica unitária de ensino frente a um alunado cuja diversidade e experiências de vida transcende em muito tal limitação.

Situação econômica, família, limites sociais, excessos ou carências afetivas, saúde, alimentação, religiosidade, desvios físicos e morais, descaminhos, sonhos, são fatores que obrigam o professor a se aprofundar em diversificados estudos, que conotarão seu comportamento e conhecimento generalista de educação, tornando-o apto ao enfrentamento de tão instigantes  e desafiantes situações.

O mesmo ocorre, ou deveria ocorrer, no âmbito do ensino desportivo, face às mesmas situações acima descritas, por que passam todos aqueles jovens que se iniciam na aprendizagem de uma modalidade desportiva, principalmente o basquetebol, certamente a mais complexa dos desportos coletivos.

Se o ensino aprofundado dos fundamentos do jogo dota seus jovens executantes de boa técnica de execução, independendo se altos ou baixos, encorpados ou esguios, lentos ou rápidos, flexíveis ou rígidos, tornando-os detentores dos princípios de bem jogar, e por conseguinte aprender a amar o jogo, muito antes de serem entronizados em como jogá-lo taticamente, definem a qualidade do treinamento proposto, tornando-os aptos, para ai sim, assimilarem sistemas de jogo, que respeitem suas qualidades e individualidades, pela escolha dos mais adequados, e não direcioná-los a um sistema único, que na maioria das vezes beneficiará uns e depreciará outros, e que talvez a médio ou longo prazo, poderiam, por uma questão de ritmo diferenciado nos mecanismos das aprendizagens físicas e psicomotoras, se mostrarem mais habilidosos e talentosos do que aqueles mais beneficiados no inicio do processo.

E nesse ponto do raciocínio, devemos lembrar que a coercitiva padronização e formatação precoce de um sistema, que vem sendo imposta nos últimos vinte anos, em tudo contrasta com as gerações de grandes jogadores, tanto em quantidade e qualidade  que antecederam essas duas décadas, e que nos levaram a ser reconhecidos como a quarta maior força do basquete do século XX, fruto exatamente da diversidade de sistemas ensinados e aplicados às mesmas, numa prova mais do que inconteste do fracasso de tal conceito unicentrado.

Quanto aos hermanos, não podemos omitir a dura verdade de que, ao contrario de nosotros, nestas mesmas duas décadas, eles padronizaram somente a forma de ensinar os fundamentos, nunca os sistemas, e a prova disso é materializada em sua forma diferenciada de atuar na dupla armação, na utilização dinâmica de seus pivôs e da sofisticada técnica de seus alas, que são ações somente possíveis pela diversificação de sistemas que privilegiam o coletivismo, sem no entanto, prescindir da improvisação, e tudo isso na contra mão da adoção do sistema único no preparo de nossos jovens, cujos nefastos resultados colhemos até hoje.

A vinda do Magnano somente expôs com mais clareza essa nossa deficiência nos fundamentos do jogo, obrigando-o a dinamizar o sistema único que adotamos através da utilização do passing game, até o momento em que, talvez por sua própria influência, adotemos um ensino mais sério dos fundamentos, e quem sabe, a substituição do sistema único por algo mais fluido e inteligente.

Finalmente, torna-se inadmissível uma escola de futuros técnicos que professe a via única, que é o caminho dos medíocres e incapazes de criar, sequer improvisar, pois só improvisa quem domina integralmente sua atividade profissional, generalista e universal.

Enfim, só improvisa quem sabe.

Amém.

INQUESTIONÁVEIS DIFERENÇAS…

Foram duas grandes semi finais no pré olímpico europeu, mas ambas com uma característica em comum, o fortíssimo jogo interior, onde montenegrinos, espanhóis, russos e franceses apostaram todas as suas fichas no mesmo, insistindo com seus pivôs extremamente ágeis e velozes, comprimindo as defesas, e consequentemente liberando o perímetro externo para os arremessos de média e longa distâncias, equilibrados e precisos.

Obviamente, criaram-se situações em que as defesas foram obrigadas ao combate externo, originando uma terceira via, a dos cortes e penetrações em alta velocidade, e o mais emblemático, é que tais situações técnico táticas foram as mesmas para as quatro equipes, variando somente nos momentos em que foram exequibilizadas.

Identicamente, espanhóis e franceses tiveram em seus terceiros quartos os momentos em que uma conjunção de jogo interno, penetrações externas e arremessos de três foi a responsável por suas incontestáveis vitórias, levando-os a final, já classificados para Londres.

Se formos mais explícitos, todos jogaram em dupla (e até tripla) armação, dois pivôs dentro do garrafão e um ala que em muitas oportunidades agia como um terceiro pivô, numa formação tática que desconhecemos(?) e não ousamos(?) utilizar por aqui, onde as exceções não contam…mesmo.

Era engraçado ouvir um dos comentaristas televisivos um tanto evasivo, já que entusiasta dos arremessos de três, que segundo ele é o modus vivendi do basquete moderno, ante a realidade do jogo interno de 2 em 2, apresentado pelas equipes semi-finalistas, tão em desacordo com suas inabaláveis concepções de jogo, omitindo o que naqueles momentos ficava claro à análise de quem entende o grande jogo, o fato de que para todas aquelas excelentes seleções, e por extensão, ao basquete que praticam em seus países, serem os arremessos de três complementares, e não a base de seu jogo.

Mas para além de qualquer outra consideração, um fato marcava e delimitava a atuação das excelentes equipes, seu insuperável sentido de equipe, onde cada peça exercia sua função visando um todo, fossem estrelas ou não, nas quais um Parker, um Navarro, um Kirilenko, um McCalabbe, trabalhava e lutava em torno de um bem comum, com a humildade dos grandes campeões.

Também nos classificamos no Pré Olímpico de Mar del Plata, e encontraremos franceses e espanhóis em Londres, mas será que estaremos em igualdade de condições técnico táticas com os mesmos e  outras equipes não menos competentes?

Se não contarmos com uma trinca de bons armadores, podendo usar uma dupla armação, e não somente o Huertas, não jogarmos com pelo menos dois pivôs com boa movimentação ofensiva e ação antecipativa  na defesa, como a marcação à frente dos pivôs e altamente treinados no bloqueio de rebotes, e uma boa dupla de alas, que atuem em penetração ou mesmo como um pivô móvel, e principalmente, se nos conscientizarmos de que os arremessos de três fazem parte do jogo, e não se constituem no jogo, teremos razoáveis chances em Londres, que só não serão de primeiro plano, pelo fato inquestionável da sempre presente deficiência que nos pune naqueles mais importantes e definidores momentos de um jogo decisivo, nossa ainda não contornada e corrigida deficiência nos fundamentos do jogo, que sonho seja a nossa meta prioritária para 2016.

Amanhã, às 15hs poderemos assistir a grande final entre espanhóis e franceses, num jogo que deveria ser gravado por todos os nossos técnicos, para sempre se lembrarem de como jogar com os pivôs, de como dividir responsabilidades entre dois armadores, de como devem atuar os alas, dentro ou fora do perímetro, e não ficarem atrelados ao sistema único de jogo, responsável pela perpetuação de técnicos e jogadores irmanados num corporativismo  garantidor de empregos e posições destacadas em nosso engessado basquete.

Precisamos fugir e nos livrar dessas nefastas amarras, adotando conceitos plurais, abertos e instigantes, desde a base, priorizando os fundamentos individuais e coletivos, e principalmente preparando e treinando na pratica nossos futuros técnicos, acompanhando e assessorando-os em seus locais de trabalho, e não provisionando e certificando-os em cursilhos de 4-5 dias através uma ENTB/CBB/Cref, equivocada didática, pedagógica e tecnicamente falando.

Cinco anos nos separam da Olimpíada no Rio de Janeiro, e urge em caráter absolutamente prioritário mudarmos nossa forma de ver, estudar, pesquisar, preparar e desenvolver o grande jogo no país, e para começar que se façam presentes, atuantes e executantes os verdadeiros professores e técnicos existentes e politicamente esquecidos do país, pois fora isso nada mais poderá, como não está podendo, ajudar em nosso soerguimento. Essa é a nossa realidade.

Amém.

Foto-Divulgação FIBA.

PONTO FINAL…

Custo a engrenar o comentário, pois algumas cenas ficaram marcadas no jogo final desta Copa América, como após duas tentativas bem concluídas de cesta, e sendo lançado faltosamente pela linha final, o Scola mesmo caído cerra os punhos e vibra intensamente, numa demonstração de garra e vontade de vencer o rival histórico. Por outro lado, a medonha visão de um grupo de jogadores (não todos…) profissionais aderindo a uma estética advinda do futebol, no que ele representa de pior, “moiconando” seus cabelos, numa demonstração de que os festejos pela classificação estiveram bem acima do que o foco direcionado a uma decisão de campeonato, importante pelo fato de que do outro lado se encontrava um possível adversário olímpico, jogando em seus domínios e ferido pela derrota de dois dias atrás, num cenário de confronto que dificilmente poderá ser emulado na preparação para Londres. Temi que, para concluir a pífia representação inicial, uma dancinha fosse estimulada, como a da preliminar com a participação de dominicanos e portorriquenhos, parecendo estarem felizes da vida  pela não classificação. O descompromisso da nossa seleção ficava evidente, inclusive em boa parte do primeiro quarto, quando perdeu por 21 x 9!

O segundo quarto foi bem mais disputado (parecendo que a ficha tinha enfim caído…), com a seleção se utilizando de dois pivôs, o Spliter e o Hettsheimeir, forçando os jogadores altos argentinos a um duelo que nos favoreceu em algumas jogadas, suficientes para vencer por 18 x 14, numa confirmação de que se tivesse entrado no clima decisivo desde a véspera a contagem teria sido bem mais próxima do que os 35 x 27 que encerrou a primeiro tempo da partida.

Retornando bem mais concentrada na defesa e no jogo paciente no ataque, a seleção voltou a vencer por 21 x 15, levando a decisão para o quarto final, num esforço que teria sido bem menor se tivesse, repito, iniciado o jogo com mais seriedade e menos carnaval.

No quarto final da apresentação no pré, enfim o Magnano colocou em quadra o Benite  junto ao Huertas, abrindo um 8 x 0 empolgante, para logo a seguir com a entrada do Alex, jogar com os três e os dois pivôs, tornando a movimentação da bola mais veloz e de difícil marcação por parte dos argentinos. Mas desse ponto em diante o fator feérico retornou, primeiro com um monumental toco de aro sofrido pelo Hettsheimeir (no ataque seguinte, concluiu com uma bandeja clássica, provando ter aprendido a lição…), e dois passes errados nas duas jogadas subsequentes, do Guilherme e do Marcelo Machado, ambos que teriam sido espetaculares, mas inadequados àquela altura do jogo, em seus momentos cruciais, dos quais os argentinos se aproveitaram para fechar em 80 x 75, cabendo lembrar os 12/21 lances livres tentados pela seleção.

Sei que muitos criticarão os pontos que acima apontei, ressalvando os momentos de intensa alegria e conseqüentes festejos pela classificação alcançada, mas o semblante contraído e preocupado do Magnano nos momentos decisivos do quarto final, bem demonstrava que ali ele estava para vencer o jogo, sua determinada  prioridade, e para a qual (a vitória) trabalhou tanto, dando a ele uma certeza,  de que muito ainda falta para que a seleção atinja o ápice do comprometimento, impermeável e blindado a qualquer manifestação que arrisque, mesmo de leve, o objetivo final a ser alcançado. Depois sim, que raspassem tudo que quisessem e pudessem, se é que o fariam…

Amém.

FOTOS-Divulgação FIBA Americas

RECADO(MAIS DO QUE)DADO…

Agora que a poeira e a adrenalina baixaram, que tal uma isenta e real análise de nossa classificação num jogo difícil, pegado e decidido ao ser arranhado o paradigma de um ainda não sedimentado coletivismo?

E que arranhão foi esse, caro Paulo?

As bolinhas caíram (5/13 no primeiro tempo-4/11 no segundo) naqueles momentos mais críticos do jogo, mesmo que sua percentagem não tenha ultrapassado os 38%.

E de que forma caíram num jogo em que as ações internas foram tão intensas?

Exatamente pela compressão defensiva no miolo do garrafão dominicano, tornando seu perímetro externo mais liberto, onde uma improvável dupla armação formada pelo Huertas e o Alex (opção permanente do Magnano, já que os dois participaram do jogo inteiro, visando prioritariamente a consistência defensiva do nosso perímetro externo, ante a inexperiência técnica nos fundamentos de defesa dos armadores de oficio, Benite, Luz e Nezinho), propiciavam na intensa rotação de passes o posicionamento frontal do Marcelo Machado frente a um defensor quase sempre de menor estatura (vide foto), numa condição de arremesso padrão do veterano, e ontem eficiente jogador (5/8 nos arremessos de três).

E as bolinhas caíram naqueles momentos mais decisivos, mas não como produto de tentativas desequilibradas e aventureiras de antanho, e sim como resultado de intensas ações ofensivas, em que a bola transitava dentro e fora dos perímetros, até que encontrasse um jogador bem posicionado para as conclusões, que na preferência do excelente técnico deveriam ser aquelas mais próximas à cesta, mais precisas e eficientes, como foram nos jogos antecedentes, daí o arranhão acima mencionado, e para muitos, mais torcedores do que técnicos, benditos arranhões, mas que numa competição olímpica onde as contestações serão mais qualificadas, poderão gerar sérios problemas, principalmente pela baixa produtividade, que ficou ontem nos já mencionados 38%.

No entanto, analisar somente o poder das bolinhas não faz justiça aos demais setores da seleção tão bem preparada e dirigida pelo Magnano e seu eficiente assistente e confidente Duró (e que seus dois outros auxiliares tenham realmente apreendido algo sobre a arte de liderar equipes de alta competição…), inclusive sob o aspecto tão criticado pela mídia televisiva de não permitir microfones nos seus pedidos de tempo, não se expondo a “achismos” decorrentes de suas ordens e instruções, obrigando a mesma a dar tratos à bola para comentar tecnicamente um jogo, pelos seus próprios conhecimentos(?).

Magnano conseguiu em grande parte incutir o que venha a ser jogar coletivamente, mesmo perante egos tão influentes no seio da seleção, e o conseguiu muito mais por sua personalidade perfeccionista, do que pelo título olímpico que ostenta, tendo inclusive rompido a barreira da histórica rivalidade entre nós e seu amado país, ao ser aplaudido pelos dois.  Mas, um falha e equivocada convocação, praticamente o deixou com uma base de 7-8 jogadores, mesmo numa decisão classificatória  tão disputada como a de ontem, quando as saídas por faltas dos pivôs mais atuantes, originou as tomadas de decisão que culminaram nas bolinhas redentoras.

Ainda assim, o saldo do trabalho minucioso e detalhista do argentino, apresenta um resultado altamente benéfico ao nosso basquete, principalmente no conceito “equipe”, e não um ajuntamento de cardeais em torno de um delfin, que caracterizaram nossas seleções nos últimos anos, e cujos últimos remanescentes aparentam terem se conscientizado a respeito (assim deveremos esperar…)

Finalmente, mesmo ainda não sabendo o que nos espera na decisão de hoje, que deveria ser encarada com a máxima das máximas atenções, por se prenunciar como um dos possíveis enfrentamentos olímpicos, a herança deste pré olímpico não poderá se perder no rol dos interesses exógenos que advirão da mesma, como reincidência em equivocadas convocações futuras, composição mais equivocada ainda de comissões técnicas da base ao adulto, pajelança a desinteressados e omissos jogadores, e acima de tudo, a utilização político desportiva injusta e oportunista de quem a vê como ascendência de cunho pessoal, acima dos verdadeiros interesses que poderão alavancar o grande jogo nesse imenso país.

Parabéns aos jogadores e ao excelente técnico que os liderou.

Amém.

Fotos-Divulgação Fiba Americas e reprodução da TV.

O RECADO…

Quando todo um universo de analistas, narradores, jornalistas, blogueiros e seus sempre presentes comentaristas, anônimos ou não, aguardava ansioso a nova formação base da seleção, com pelo menos o Hettsheimeir efetivado, face à sua brilhante participação contra os argentinos, e quem sabe, a escalação do Benite na segunda armação, dando efetivamente início a tão aguardada renovação, não só técnica, como tática também, eis que o técnico Magnano manda um recado contundente a seus críticos (nos quais me incluo em alguns aspectos de estratégias de convocação e formação de equipe), mantendo sua inamovível base, a que restou após a não ida dos jogadores NBA ao Pré Olímpico. Assim, Huertas, Guilherme, Spliter, Marcos e Alex, iniciaram os três primeiros quartos, e só sendo substituídos ao final dos mesmos, vencidos por 77 a 49.

Dessa forma, e com a artilharia um tanto a contragosto aprovada, o bom técnico argentino qualificou aqueles jogadores que se mantiveram fiéis à seleção, inclusive seu sexto homem de confiança, o Marcelo Machado, nitidamente contido nos arremessos, onde e ironicamente brilhou o até aquele momento discreto Spliter, como para demonstrar que o surpreendente Hettsheimeir continuaria na sua reserva, pelo menos enquanto for mantido o sistema único de jogo, agora acrescido da movimentação de bola típica do passing game, numa costura definidora de um coletivismo ainda não muito aceito, ou compreendido, pelos experientes cardeais. Mas como desta vez, e com a absurda passividade defensiva dos portorriquenhos (gerando inclusive revolta entre eles mesmos…), as bolinhas caíram aos magotes (16/25), ficou adiada sine-die a utilização de um segundo pivô, e quem sabe, uma dupla armação para alimentá-los no jogo interior, conceito tático que terá de ser levado em alta conta no caso de uma classificação olímpica, onde as exigências reboteiras, de jogo interior, de armação segura e dinâmica, e de efetiva consistência defensiva se farão prioritárias, perante seleções de qualidade muito superior das que participaram deste Pré Olímpico.

Consumada a classificação, pois uma derrota para os dominicanos se tornou improvável ante a personalização da equipe em seu todo, muitas modificações (jamais adaptações…)terão de ser feitas pelo Magnano para a campanha olímpica, a começar pelo inevitável reforço do banco, onde Caio, Nezinho e Rafael Luz ainda não estão a altura de uma competição daquele nível, e mesmo o Augusto e o Hettsheimeir, terão de evoluir muito nos fundamentos básicos do jogo, para competir com sucesso na mesma. Como a adesão interesseira, e por isso mesmo nefasta, da dupla que se negou a competir no Pré, deveria ser obrigatoriamente negada, a constituição final da equipe, mantido o sexteto básico de confiança do técnico, e os dois jovens pivôs, ficarão em aberto quatro vagas, que ao serem preenchidas por pelo menos mais dois armadores, um ala e o Varejão, dariam oportunidade aos jogadores que mais se destacarem no próximo NBB, aumentando e valorizando sua importância para o futuro do basquetebol nacional e sua seleção.

No entanto, um importante fator se fará presente se confirmada a classificação olímpica, a necessidade urgente de serem estudadas, treinadas e postas em prática novas formas de jogar basquetebol, fugindo da mesmice técnico tática a que nos apegamos covardemente nos últimos vinte anos, a fim de que evoluamos pela diversidade, pelo livre pensar e vivenciar essa modalidade impar e emocionante de jogo, extremamente rica em conceitos sadios de vida e de amor ao esporte, e a seleção poderia dar partida a essa revolução em Londres, pois somente inovando e ousando é que conseguiremos soerguer o grande jogo entre nós.

Mas antes, torçamos no sábado pela confirmação de uma classificação a principio tão improvável, como brilhante.

Amém.

FOTO- Divulgação FIBA Americas.

ETAPA QUASE VENCIDA…

Sobe a bola e o Nocioni cai ao solo com o tornozelo torcido aos 15seg de jogo. A Argentina perde seu melhor rebote e excelente defensor, além de um finalizador de peso. De saída, um dos grandes problemas do Magnano, o miolo do garrafão ganha uma providencial ajuda, pois o Oberto, assim como o Spliter, não se encontra no melhor de sua forma, e o Scola teria de redobrar seus esforços para conter nosso jogo interior, ausente até o final do segundo quarto, quando entrou o Hettsheimer.

Até o momento da entrada do jovem pivô, que foi o único da posição que se apresentou em forma física, sendo veloz e voluntarioso, a equipe se perdeu numa enxurrada de arremessos de três (3/17) e sete perdas de bola, mas apresentava uma eficiente e enérgica defesa individual com ajuda permanente, equilibrando o seu baixo aproveitamento ofensivo, e travando a notória produtividade argentina, num final de primeiro tempo perdendo por um ponto, 27 x 28.

Nesse primeiro tempo, bem que o Magnano tentou a dupla armação, a fim de incrementar o jogo interior, aproveitando a perda vital do Nocioni, fazendo entrar o Benite para atuar junto ao Huertas, mas nervoso ao marcar o Ginobili, cometeu rapidamente duas faltas pessoais, voltando ao banco. A seguir, com a aposta argentina de permitir os arremessos de três brasileiros, que não estavam sendo aproveitados, um afrouxamento defensivo no perímetro externo facilitava a armação das jogadas, mesmo contando com um só armador de oficio, aspecto este confirmado pelo assistente técnico da seleção, ao responder a uma pergunta do narrador da Bandeirantes, de como o Magnano analisou junto aos jogadores no meio tempo, a isca lançada pelos argentinos de incentivarem os arremessos de três dos brasileiros, para contra atacá-los.

Com a diminuição, exigida ou não pelo técnico, das bolinhas a esmo ( foram somente sete nos quartos finais), e o aumento considerável do jogo interno, onde o Hettsheimer se impunha ao Scola e a toda e qualquer cobertura interveniente, com firmeza e precisão, assim como a manutenção da defesa em alto nível de empenho e agressividade, foi a seleção mantendo o placar a seu favor, culminando numa vitória importante e que abre uma excelente perspectiva de sucesso para uma classificação olímpica.

Um outro aspecto deve ser levado em conta na derrota argentina, o fato de que frente a esse resultado, dificilmente essas duas seleções possam se enfrentar em uma das semifinais, beneficiando a ambas na busca classificatória, pois portorriquenhos e dominicanos são adversários muito menos poderosos que uma equipe argentina decidindo uma vaga direta em seus domínios, e uma brasileira de moral elevada pela instigante vitoria.

A equipe brasileira, ainda um pouco longe do coletivismo apregoado, e defendido por uma mídia mais torcedora, do que técnica, deveria ter em conta em seus comentários um ponto fundamental, exemplificado no dia de hoje, o de ter vencido um jogo de tal importância se utilizando praticamente de 7 jogadores, já que Benite, Luz e Augusto, jogaram 2-3 minutos, e Caio e Nezinho, sequer isso, provando que o núcleo de confiança do técnico argentino é restrito a sete jogadores, muito pouco para uma campanha de tal magnitude e as futuras também, e não esquecendo que Benite, Luz e Nezinho são armadores, que ainda não ganharam a plena confiança do técnico para comporem uma dupla armação, que se tornará da mais alta importância, se ao contrario dos argentinos, futuros adversários pressionarem nosso isolado e sobrecarregado armador.

Finalmente, temos de enaltecer o espírito combativo da seleção na defesa, a contenção dos arremessos de três nos dois quartos finais da partida, propiciando o arrasador jogo interno do  Hettsheimer, e acima de tudo, a maturidade da equipe frente a enorme pressão de uma torcida vibrante e participativa como a argentina, quebrando uma serie de resultados adversos nos últimos 15 anos de grande e sadia rivalidade. Parabéns a todos.

Amém.

FOTOS-Reprodução da TV.

 

A MUDANÇA(?)…

Escalada a equipe com os armadores Huertas e Benite (sim senhores, armador, conforme testemunho público dele próprio, e que o motivou a trocar de equipe…), o ala Marcos, e os pivôs Spliter e Hettsheiner, numa mudança conceitual importante, e o que se ouviu de comentários televisivos iam de “ uma chance aos que pouco atuaram”, a “não importam os que iniciam uma partida, desde que o coletivismo não seja alterado”, que das duas uma, ou nada entendem de formações táticas, ou jamais darão o braço a torcer quando suas inarredáveis concepções de sistema único de jogo sejam postas em dúvida, afinal é o que conhecem desde sempre.

Claro que aquela formação inicial não daria uma sequer razoável liga coletivista por parte dos jogadores, depois de uma vida inteira voltada ao sistema único, mas era algo realmente, e de acordo com as atuais e indefinidas circunstâncias, surpreendente, e seria um laboratório prático para que o Magnano e seu assistente Duró colhessem algumas e importantes informações sobre o “como contornar” dois dos inúmeros problemas que os afligem, o preenchimento do miolo defensivo, e a ausência nos rebotes ofensivos, além de pesquisar, também na prática, como incrementar o jogo ofensivo interior com dois armadores. Mesmo assim, fez entrar nesse quarto inicial o Alex e o Guilherme, que com suas duas bolinhas de três estabeleceu a diferença num placar de 20 x 13, selando sua já confessa dependência das mesmas.

Daí em diante, atestada a passividade comprometedora da equipe panamenha, com seu técnico pouco, ou nada ouvido por seus jogadores, tornou-se a partida um imenso racha, com a participação festiva de todos, mas com um fecho constrangedor, pela única tentativa de arremesso do Nezinho, o último a entrar, um petardo de três, mais para tiro de meta, do que um arremesso de basquete. Triste, muito triste.

Ah, em tempo, foi o jogo com o maior índice de bolinhas, 11/24, onde só o Marcelo perpetrou um 3/7! Sob esse aspecto, o Magnano não tem o que se preocupar, pois quem sabe, logo mais contra os seus compatriotas as famigeradas caiam aos magotes?

Sem dúvida alguma o bom argentino se encontra numa tremenda encruzilhada, e sua fugaz experiência ao inicio do jogo demonstrou o quanto de preocupação aqueles dois “vazios” acima mencionados o incomodam, ainda mais quando terá pela frente os três adversários que contam com pivôs mais determinantes e experientes que os seus, os argentinos, dominicanos, e portorriquenhos.

De agora em diante, se inicia o Pré Olímpico para valer, e vamos ver quem tem botellas para vender.

Amém.

PS-Foto festiva reproduzida da TV.