PARA OS DESLUMBRADOS…

A turma que so tem olhos para a NBA deveria acessar uma página que baixou na rede pela editoria do New York Times no dia de hoje.Ai vai http://www.nytimes.com/2006/02/25/sports/ncaabasketball/25preps. html?th&emc=th E para maiores detalhes uma outra pagina em continuidade a anterior-http://www.nytimes.com/2006/02/24/sports/20060224_SCHOOLS _GRAPHIC.html É um prato cheio para compreendermos um pouco daquele ambiente”profissional”,que muitos gostariam que fosse implantado por estas bandas.Em entrevista aos jornais no ano passado,Leandrinho argumentava que o maior interesse de seus colegas de equipe nos Suns era ouvir música em seus receptores individuais,o uso de muitas jóias,e uma permanente disposição ao divertimento,e que esses motivos em muito afastavam maiores intimidades e até amizades.Essa tendência ao supérfluo e aos deslumbramentos propiciados pelo dinheiro em pencas,já vinha sendo rastreada pela imprensa esportiva e não esportiva americana,desde que,por força de interesses econômicos e de mercado forçaram um relaxamento na tradição que destinava os melhores atletas universitários de ultimo ano,ao draft de acesso à NBA.Aos poucos atletas oriundos diretamente das escolas secundárias,e muitos estrangeiros,foram colocando em segundo plano a grande tradição americana,onde já se tornou comum jogadores serem escolhidos estando nas primeiras séries universitárias.Em torno dessas facilidades se instalou uma verdadeira indústria ,não respeitando inclusive os principios educacionais que somente boas escolas e universidades propiciam e incutem em seus alunos.Hoje,já se identificam indicios de frouxidão em âmbito familiar,onde a presença de dolares imediatos se sobrepõe a um diploma universitário.E por conta disso muitas atitudes anti-sociais,e até de carater policial começaram a pulular no meio das estrelas,não muito afeitas a comportamentos acadêmicos.Nessas matérias acima relacionadas,poderemos entender um pouco daquele mundo dos dolares,no qual a perfeição olímpica se situa muito longe de padrôes que muitos daqui pensam existir.Vale a pena lê-los,pois alguns conceitos de perfeição desportiva poderão,ao menos,serem questionados.Também poderemos começar a entender do porque do fracasso das seleções americanas nos principais campeonatos internacionais,já que para eles o que realmente conta é o Basketball Worldchampionship,como é denominado o torneio da NBA,e que para vencê-lo vale qualquer sacrificio,inclusive detonando suas maiores e melhores tradições,onde o esporte sempre fez parte da formação educacional de seu povo.E as reações já começaram a se fazer presentes,e essas matérias provam isso,se somando às investigações do senado americano no combate às drogas dentro das maiores ligas profissionais desportivas do país.No nosso,onde o desporto dentro das escolas sempre foi negligenciado em nome de um controle empresarial que fatalmente nos levará
a situações tão ou mais caóticas que começam a se manifestar no âmago da sociedade de
nossos irmãos do norte,muito daquelas mazelas poderão,e podem ser evitadas se optarmos pelo caminho da educação,massiva,indiscriminada,democrática,e de muito boa qualidade,para afastarmos de nossa frágil realidade o perigo,presente e fatal,de que
não podemos aliar esporte e educação,performance e estudo,em busca de resultados junto a uma formação acadêmica que garantirá melhores oportunidades ao cidadão,como
prevê a constituição.Já se faz necessária a adoção do treinamento árduo e sacrificado
concomitante ao preparo acadêmico,pois dessa forma não veremos a multiplicação de vitrines ambulantes cheios de penduricalhos,tatuagens,desenhos capilares e uniformes
inadequados,assim como perdas de tempo em video games e atividades que poderiam ser dirigidas a uma formação profissional mais sólida e produtiva para o futuro.Claro,
acompanhados por técnicos e dirigentes realmente interessados no futuro dos atletas,e não temerosos do que poderiam reinvidicar por serem convenientemente educados.Por tudo isso vale a pena tentar acessar as paginas sugeridas,pelo menos como uma curiosidade alienígena.

NA TRILHA…

Em pista seca ou molhada,um bólido de formula 1 tende a seguir determinadas trilhas no asfalto,tangenciando curvas e evitando setores sujos,que possam prejudicar a estabilidade e aderência do carro.E todos cumprem o mesmo trajeto,volta a volta,até o momento que um deles foge da trilha e exerce a ação de ultrapassagem,mesmo temerária,para conquistar a vitoria.E assim foi o jogo que decidiu a classificação final da chave de Brasilia no Sul-Americano de Clubes nesse domingo.Durante os tres quartos iniciais a equipe brasiliense levou de vencida a bem estruturada equipe argentina,que mesmo exercendo uma ofensiva cadenciada e de grandes deslocamentos,permitia que seu adversario usasse à exaustão o passing game e os arremessos de tres pontos,com uma liberdade espantosa.Dessa forma,a equipe nacional chegou a uma vantagem de 17 pontos,que se bem administrada fatalmente a levaria à vitoria.Mas,no quarto final,tomou uma atitude simples e óbvia,resolveu alterar a coreografia ofensiva do adversario se antepondo às linhas,também óbvias,de passes que percorriam trilhas imutáveis desde o inicio da partida,trilhas essas obssessivamente traçadas na prancheta de seu técnico.E com duas disposições defensivas,a flutuação lateralizada,e não longitudinal,às linhas dos passes,e a marcação frontal dos pivôs,criou uma situação massiva no âmago do garrafão,que em cinco e seguidas oportunidades retomou a posse da bola, saindo em contra-ataques que decidiram a partida. Foi a vitoria de quem ousou quebrar o monocórdico sistema ofensivo de um adversario incapaz de atuar fora do mesmo.Por outro lado,vimos uma equipe atacar com dois armadores altamente criativos,se deslocando no perimetro em perfeita sintonia,jogando e fazendo jogar seus homens altos,permanentemente cruzando de fora para dentro do garrafão,sempre recebendo os passes em movimento e grande velocidade.Foi um ultimo e decisivo quarto,onde pudemos atestar a superioridade tática da equipe argentina,naqueles momentos em que mais se fez necessaria a interrupção das trilhas utilizadas pelo seu adversario.E essa tendência é geral em nosso país,onde as equipes de qualquer categoria trilham os mesmos e previsiveis caminhos dentro da quadra, engessadas que estão por esse espúrio sistema do passing game.Mas é um sistema que conota aos técnicos uma importância acima do que realmente representam para uma equipe,onde as estrelas deveriam ser os jogadores,e não individuos que ficam ao lado,e muitas vezes dentro da quadra,gesticulando como bonecos de desenho animado,onde só faltam levantar vôo em seus devaneios e descabidas atuações.Ficam naquela grotesca e ridicula performance,orquestrando as trilhas que previamente traçaram para suas equipes,quando deveriam ali estar para permitirem que atitudes técnicas e criativas pudessem ser desenvolvidas pelos jogadores,que deveriam ter sido previa e exaustivamente treinados para tal.Em nenhum momento se vê,ou se ouve,um técnico mencionar uma falha individual de um defensor adversario,numa posição de pés,ou de tronco,ou numa cobertura,ou mesmo no acompanhamento de um seu armador que dribla,para instruir os seus jogadores na exploração de tais falhas,pois estas ocorrem no transcorrer de toda a partida.No entanto,pedem tempo para traçar na prancheta caminhos para uma jogada a seguir,como se a mesma valesse 10 pontos.E depois da mesma ocorrer,o que fazer a seguir?Ou a equipe terá que aguardar um novo tempo para saber como se comportar?Nessa situação,bastaria o tecnico adversario,que se bem treinou sua equipe,se omitisse de pedir seus dois tempos,para que pouca,ou quase nenhuma nova coreografia pudesse ser estabelecida,deixando os jogadores orfãos da mesma,e que nem o gestual desengonçado na lateral da quadra pudesse preencher tal óbice.Enfim,vivemos a era pastiche de tecnicos que utilizam seu precioso tempo num balé ridiculo e despropositado,todos atacados pela sindrome da luz vermelha,aquela que sinaliza que uma camera de TV está ligada, em suas performaticas figuras,como se tais atitudes conotasem atuações de decisiva participação técnica e tática.Isso tudo acompanhado,na maioria das vezes,por vocabulario chulo,inglês pifio,e pressões profundamente anti-éticas sobre árbitros e até dirigentes federativos.Se consideram,realmente,os donos do espetáculo,numa também,dolorosa e constrangedora trilha comportamental,seguida pela maioria,até que um dia,quem sabe,algum,ou alguém,saia da mesma,para a redenção de uma função fundamental em qualquer desporto,o técnico que treina,ensina e ajuda,e não se comporta como um comediante de ópera bufa. Temos de acreditar que dias melhores advirão,e que os deuses nos ajudarão.Amén.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Já não posto um blog a duas semanas,o que tem me deixado preocupado.Falta de assunto?
Creio que não,mas talvez um sentimento de repetição explícita,pois nunca,nesses mais de 40 anos que milito no basquetebol o vi tão travado,tão aviltado,tão rasteiro,tão covardemente ferido.Nunca tantas absolutas nulidades se mantêm no seu comando(?), nunca o vi em tal abandono,ao ponto que equipes da nóvel NLB já são afastadas exatamente por esse motivo.No entanto,a NBA envia um seu representante para divulgar o mais novo produto voltado ao povão,povão?Ledo engano,voltado à internet de banda larga,território sagrado das elites,em qualquer país de terceiro mundo,afastando para cada vez mais longe o acesso da massa infanto-juvenil às informações sobre o jogo.Basquetebol em rede aberta então,nem pensar,mas as obras do Pan,os arrojos arquitetônicos de estadios megalomaníacos,estes sim,merecem laudas nas midias jornalísticas. Praparação de jovens em contrapartida às verbas alocadas aos monumentais canteiros de obras,nem pensar!Pagar bons técnicos e professores,ajudar atletas carentes,orientá-los,educá-los,alimentá-los,o que é isso?O que sobraria para as pobres empreiteiras?Para os politicos de ocasião?Para os empavonados e vaidosos dirigentes esportivos?Por tudo isso,faltou-me um pouco da disposição que nunca deixei
de ter,salvo em alguns momentos de falência física.Mas eis que recebo um email,no qual é mencionado um jogo do campeonato nacional,a que assisti consternado,pela total
ausência de qualidade do mesmo.Tomo a liberdade de transcrevê-lo:

Responder para: H. L. Gonçalves Data: Tue, 07 Feb 2006 13:06:48 -0200
Status: Normal
Cópia:
Caro Professor Paulo,
Tudo bom ?
Sempre quando posso,tenho lido seu blog novamente!
Com as voltas das aulas na Universidade Federal de Viçosa,
não estou vendo mais o Brasileiro de Basquete -CBB- ( por nao ter
tv a cabo aqui)e nao sei se fico feliz ou triste.
Estava em Belo Horizonte e fui assistir o jogo
entre Minas Tenis e Rio Claro.
O jogo foi muito ruim.Infelizmente acho que o basquete nacional
carece de renovação.
Eu e um amigo assistimos dois quartos da partida
à muito contra gosto.No intervalo do segundo para o terceiro periodo,
fomos embora.
Acho que nunca vi um jogo tão ruim de basquete.
Um dia desses,sabado ou domingo agora,leio que o Minas lidera
uma das chaves do Brasileiro.
Que tristeza.
E queria saber quais as chances que temos no Mundial
que se aproxima?!
Acredita em uma colocação melhor do que a do ultimo mundial ?
Ou vamos continuar estagnados ?
Abraço e bom trabalho professor!

Que tal?É ou não é o retrato fiel do mortal furacão que paira por sobre uma modalidade que já foi orgulho nacional? Como escrever sobre um jogo onde a existência de alguns fundamentos básicos é desconhecida pela maioria dos jogadores em quadra?
Armadores que não driblam e não passam,que em contra-ataques,sozinhos,param na linha de tres pontos para um arremesso irresponsável,que tropeçam na bola ao fintar,alas que além de tudo isso,desconhecem corta-luzes e técnicas de rebote,pivôs que colocaram(ou foram incentivados…)na cabeça que são especialistas nos tres pontos,
que desconhecem as técnicas mais primárias das fintas,dos rebotes,dos arremessos?Mas
todos eles engessados em um sistema de jogo,cujas seleções nacionais divulgam e impôem como verdade absoluta para todo território nacional,inclusive através cursos
e clínicas de carater eleitoreiro.E o pior,tendo na direção alguns dos técnicos da comissão da CBB! Vamos continuar estagnados? Dessa forma,caro H.L.Gonçalves,por muito tempo ainda.Chances no mundial? Das duas uma,ou o atual quarteto que comanda através
um entendimento uníssono e de pontos de vistas integrados(o que duvído veementemente)
segundo próprias declarações públicas,muda radicalmente o sistema atual,ou que haja
uma mudança,também radical,em conceitos de comando e liderança,de responsabilidade
assumida,de coragem em inovar e modificar comportamentos,creio que não iremos bem no
mundial,pois ficarão faltando alguns elementos primordiais para uma conquista dessa magnitude,conhecimento,competência e coragem,para além do interior de S.Paulo e da realidade NBA.Na última grande competição,Argentina,Italia,Lituânia,Espanha mostraram que existe basquetebol além daquele mundinho,e que Russia,o que restou da Iuguslávia
aida têm muito a mostrar.Mas num país,em que o máximo para um técnico é estagiar nos Estados Unidos(não importa onde…)e dirigir americanos ruminando um inglês tosco e ininteligível,torna-se a conquista maior,dá medo até de pensar onde iremos parar.Agora,justiça seja feita,mesmo errando por falta de orientação e treinamento,
temos jovens promissores e talentosos,que se bem atendidos dariam excelentes jogadores.Mas isso,caro Gonçalves,é outra história.