PRINCÍPIO E FIM…

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A LNB deu partida a uma empreitada que dará, sem dúvida alguma, um grande empurrão no soerguimento do grande jogo no país, ao veicular daqui para diante, jogos em tempo real pela internet, propiciando um significativo aumento de público para esse apaixonante e complexo jogo.

            No entanto, muito desse bom projeto somente se materializará através uma bem planejada escolha dos jogos a serem transmitidos, evitando “estrelismos”, corriqueiros na emissora patrocinadora, privilegiando bons jogos, sistemas inovadores, cobrindo todas as equipes da Liga, assim como poderia investir em programas de entrevistas com técnicos sobre seus treinamentos e conceitos de jogo, enriquecendo os conhecimentos dos técnicos que se iniciam, com suas experiências e vasta vivência profissional.

            Enfim, uma excelente iniciativa que torço para que produza os efeitos desejados por toda a coletividade apreciadora do grande jogo.

 

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Em oposição a algo tão promissor, um outro mundo que se desmorona, apesar de estar patrocinado pelo governo e duas prefeituras de um estado, num projeto corriqueiramente equivocado, numa repetição que deixa severas dúvidas  sobre sua confiabilidade.

         Porém, o mais emblemático são duas declarações publicadas na imprensa  pelos dois técnicos que se enfrentaram nesta semana, ambos responsáveis pela mesma equipe na temporada, e que se chocam frontalmente sobre a produção de um plantel que sequer foi formado com a supervisão dos mesmos, e sim por um dirigente que sempre agiu, e continuará agindo dessa forma, contando, como sempre contou, com a condescendência de técnicos a serem contratados para dirigirem (?) o pacote, e a anuência de verbas oficiais.

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            Eis as declarações:

 “Temos que enaltecer a luta desses jogadores, que fizeram de tudo para mostrar serviço. Infelizmente aconteceu essa queda, mas não vejo como algo negativo, pois não se pode olhar apenas os resultados em quadra. Existe uma somatória de coisas que nos levou a isso, como, por exemplo, falta de uma pré-temporada, lesões e técnico que saiu durante a competição”, avaliou o comandante da equipe capixaba, Enio Vecchi.

            O treinador do Uberlândia, João Batista, lamentou a queda do Espírito Santo, time que treinou antes de se transferir para Minas. “Vejo com tristeza esse rebaixamento, porque tive um começo bom de trabalho no Espírito Santo. Conquistamos três vitórias e, depois, o rendimento caiu. Espero que consigam se reorganizar melhor e mantenham a equipe em atividade. O basquete não pode acabar”, completou.

            Afinal, se começaram bem, porque caíram de produção, e o pior, não evoluíram sob o comando de dois técnicos renomados e um dirigente fundador da Liga, porque?

            Bem, se respondida essa questão poderemos ter a franquia de volta à divisão de elite num breve futuro? Torço para que sim, mas com o atual modelo, duvido…

            Amém.

Fotos – Divulgação LNB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

SEMANA QUENTE…

Me fartei de tanto basquete nesses últimos cinco dias, principalmente com a torrente de jogos no March Madness da NCAA, com jogos muito bons, apesar de muitas das equipes intervenientes adotarem o nosso mais do que implantado modelo do reinado das bolinhas. A garotada está queimando de qualquer lugar com uma volúpia que impressiona. No entanto, vão se classificando aquelas equipes que tradicionalmente atuam no perímetro interno, e muito mais agora, quando seus homens altos , numa significativa e impressionante transformação, abandonaram o modelo “cincão monstro” por jogadores velozes, flexíveis e incrivelmente mais habilidosos, dotando as partidas de uma velocidade impensada a bem pouco tempo atrás, exatamente como vem pregando o Coach K desde que assumiu as seleções americanas nos últimos mundiais e na olimpíada. Ironicamente, sua Duke foi eliminada por Mercer na primeira rodada, exatamente por sua equipe abusar dos longos arremessos em detrimento do jogo interior, que foi a arma letal de seu adversário para derrotá-la merecidamente, além de se utilizarem de um sistema defensivo impressionante e efetivo.

Sei que veremos nas rodadas finais jogos que definitivamente determinarão o fim dos jogadores setorizados, que estão sendo substituídos pelos polivalentes, plenos de fundamentos, velocidade e destrezas, atuando indistintamente dentro e fora dos perímetros, a ponto de já despontarem armadores de mais de dois metros em grande parte das equipes, reforçando seus sistemas defensivos, inclusive no poder reboteiro.

Por aqui, duas boas novas, as transmissões de jogos pela internet, patrocinadas pela LNB, e a grande vitória do Flamengo na Liga das Américas, num bom jogo no Maracanazinho como não se via a muito tempo, repleto de torcedores plenos de felicidade com o merecido título, conquistado frente a um adversário que face às fraturas de comando vem se perdendo nos momentos decisivos de importantes jogos. Torna-se inadmissível o que vem ocorrendo celeremente no comando da equipe paulista, quando nos momentos mais críticos e decisivos seu técnico abre mão de sua liderança permitindo uma ingerência cada vez mais atuante de seu assistente, e até dos jogadores estrangeiros, que duvido convicto que o fariam em seu país de origem, sem que sofressem forte restrição de seus técnicos. Aliás, como manda a tradição de seu país, sequer tentariam…

Quanto à equipe carioca, seu técnico conseguiu convencer o elenco a jogar dentro do perímetro na hora decisiva do jogo, convertendo arremessos mais seguros e eficientes, confirmando uma vitória desenhada desde o inicio do jogo, e que contou com a fratura de comando de seu adversário, acima comentada. Porém, com vistas ao Mundial mais para o fim do ano, preocupa uma declaração de seu técnico quanto ao reforço do elenco, quando mais objetivo seria uma boa reestruturada, ou mesmo mudança, de sistemas de jogo para fazer uma condigna oposição a um basquete mais determinante como o europeu, que certamente se desconcertaria frente a algo inesperado, uma forma diferenciada de jogar, fora de seus padrões. Mas isso é outra história…

Quanto às transmissões de jogos pela LNB pela internet, somente aplausos pela iniciativa, longamente defendida nessa humilde trincheira, onde nasceram as primeiras tentativas de veiculação de jogos completos quando do NBB2, que sempre podem ser acessados em seu espaço Multimídia. Somente um porém a ser acrescentado, os dispensáveis comentários de técnicos que deveriam se encontrar na direção de equipes, e não atrás de um microfone, onde sem duvida alguma procurarão influenciar os tele ouvintes, e não seus jogadores, com suas convicções técnico táticas. Se supostamente competentes para esse trabalho, mais o seriam na direção de equipes, substituindo muita gente que ai está posando de Head Coach…

Mas como desgraça pouca é brincadeira, cometi o supremo erro de assistir o jogo entre Paulistano e LSB, quando foi perpetrado um espetáculo grotesco que somou má direção e administração de equipe, com comportamentos ante desportivos, frutos de um monumental equivoco travestido de equipe de elite, que nem discursos de “mea culpa” podem ser omitidos e muito menos relevados, prova são os resultados alcançados (?) pela franquia de uma das mais tradicionais cidades voltadas ao basquetebol paulista. Que fique a lição bem aprendida, se humildade existir em aprender…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e Globoesporte.com. Clique nas mesmas para ampliá-las.

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MAIS TORTO AINDA…

 

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Houve uma época em que eu vivia com uma câmera na mão, fosse fotográfica ou cinematográfica, sempre registrando esportes, complementando minha formação acadêmica na educação física. Registrei basquetebol, voleibol com o Paulo Matta, o grande pioneiro do que aí está, não sendo reverenciado, sequer lembrado, e a natação com Roberto Pavel e a Maria Lenk.

Vídeo só fui ter acesso em 1971 no Mundial Feminino de Basquetebol em São Paulo, quando convenci a Fotótica, a grande firma paulista que se rivalizava com a Cinótica, a gravar o jogo contra as coreanas, em um pesadíssimo equipamento Sony, mostrado naquela noite no hotel onde a seleção estava instalada, mas que bem antes do jogo assistiu a um copião em 16mm que montei na Líder Cinematográfica do jogo entre a França e a mesma Coréia realizado na véspera em Brasília, que filmei e peguei carona no avião das delegações vindo sentado no fundo do corredor, e no chão até o Rio, de onde embarquei na mesma noite para SP com o copião na mão.

Tratava-se de um projeto da Assessoria Técnica de Ensino da EEFD/UFRJ, criada e dirigida por mim e pelo Prof. Alfredo de Faria Junior no campus da Praia Vermelha, onde se originou o único filme conhecido de basquetebol feito no país, e que recuperei em vídeo, contado no artigo Enfim, salvo…

            Mas porque tantas reminiscências? Bem, foi uma época em que convivi estreitamente com o voleibol, ajudando o Prof. Paulo Matta em suas incursões cinematográficas pioneiras, das quais um aspirante a técnico, o Bebeto de Freitas, mais tarde grande campeão, inclusive mundial, muito se beneficiou com suas viradas de noite no apartamento do Paulo vendo e revendo filmes em 8mm, super 8mm, 16mm e vídeos em rolo. Hoje, ambos foram devidamente esquecidos e marginalizados pela turma que sempre se encontrava na EEFEx, onde até hoje treina, e conseguindo de forma política não muito bem explicada, reverter o pioneiro patrocínio do Banco do Brasil no basquetebol, num também pioneiro projeto do Prof. Heleno Fonseca Lima, grande técnico daquela modalidade e graduado funcionário daquele banco, fator que catapultou o vôlei, econômica e financeiramente, ao estágio hoje ostentado.

Na mesma época, o hoje poderoso (?) presidente do COB, Arthur Nuzman, fazia palestras para desportistas para assumir a Federação de Volei do RJ, numa jornada em tudo parecida a do Eduardo Viana “Caixa d’Água” da Silva pela Federação de Futebol. Assisti a uma dessas palestras no Instituto Bennet com o Prof. Raimundo Nonato, mais tarde Diretor Técnico da CBB junto ao Prof. Renato Brito Cunha, seu presidente. Nessa palestra o cunho empresarial já era visível no projeto, que se concretizou rapidamente, e se solidificou na Confederação quando do aporte financeiro do Banco do Brasil.

Bem, de lá para cá todos conhecem muito bem o roteiro percorrido, onde o desporto foi transformado em negócio, grande negócio, que infeliz, ou felizmente, vem se tornando público através a mídia de uma forma geral, desnudando um santo que havia sido regiamente paramentado e alimentado com vultosas verbas públicas.

Quando publiquei o artigo O Dedo Torto, foquei um outro lado da questão, o ético, que muito foi deformado frente aos interesses maiores, não só para os dirigentes, mas para jogadores e técnicos também. Foi um chute (ou cortada) no traseiro de uma modalidade que, ao contrario do que sempre foi propalado, não se massificou, e nem pretendeu fazê-lo, para mergulhar de cabeça no universo da alta competição, onde importantes conquistas técnico táticas foram alcançadas, através o talento de ótimos técnicos, e o emprego de muitas e pródigas verbas, inclusive com um Centro de Treinamento também construído com as mesmas, por sobre uma modalidade que em numero de participantes internacionais sequer chega perto do basquetebol, tolhido em seus patrocínios, e aviltado por mais de vinte anos de administrações espúrias e facciosas, numa travessia que tem sido mantida pelos poderosos do vôlei incrustados no comando do desporto nacional, a quem em hipótese alguma interessa o soerguimento do mesmo, única modalidade capaz de superar seu atual e discutível domínio, daí a facilidade com que verbas do Ministério dos Esportes foram e são direcionadas para a manutenção da corriola que lá se encontra, e sempre sob o vetusto manto do grande e poderoso presidente do COB.

Se uma varredura em regra fosse acionada no desporto nacional, muitos dos desmandos e equívocos acontecidos poderiam ser dirimidos, mudando o foco das formidáveis verbas alocadas nos últimos vinte anos, e que fizeram a independência financeira de muita gente auto elegida como importante, secundarizando interesses de uma nação que se debate em tantas  indefinições e precariedade educacional, na saúde, segurança e transportes, onde um desporto saudável, escolar e mesmo clubístico, poderia ajudar a sanar a maioria das mazelas existentes, dando lugar a um país realmente olímpico, e não essa trágica realidade de um país cultuador do corpo para a riqueza avassaladora das holdings que administram academias por todo o país, a quem não interessa o desporto escolar em cima de um universo cada vez mais jovem, seus clientes em potencial, e a quem não interessa, e nunca interessou massificação de atividades lúdicas e pré competitivas voltadas à juventude brasileira, que é um direito constitucional seu.

Se por alguns momentos o leitor considerar que me afastei do assunto central aqui exposto, acreditem, são todos fatores de uma mesma cadeia de interesses, que se sobrepõe desde as escolas, os clubes, e até a formação acadêmica dos futuros professores de educação física (jamais profissionais de ed. física, atrelados que estão a conselhos que viabilizam a indústria do corpo…), e cujas indefinições propiciam o aparecimento e quase perpetuação de indivíduos voltados aos interesses financeiros, jamais os educacionais, mas que pelas ações, veladas ou não, que praticam, ainda podem ser contestados, pois podem enterrar a verdade, matá-la, jamais…

Mais do que nunca, o dedo ficou tão torto…

Amém.

Foto – Reprodução de matéria publicada pelo jornal O Globo em 15/3/2014. Clique na mesma para ampliá-la.

MAIS PREOCUPANTES MOMENTOS…

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Não estou negligenciando o blog, de forma alguma, simplesmente estou atravessando um período delicado em família, mas que caminha para um bom desfecho, e que tem reduzido, em muito, o tempo que necessito para postar artigos com a segurança que sempre procuro manter desde sempre.

 

A grande e perversa ironia, é que o nosso querido basquetebol, assim como o desporto em geral, vem atravessando tempos e situações piores, o que restringe bastante o horizonte para assuntos alviçareiros e progressistas.

 

Agora mesmo nos deparamos com a solidificação, praticamente unânime, do reinado das bolinhas em nossas equipes e craques de ponta, vide a equipe de Brasília que, em seus últimos jogos inverteu a lógica ofensiva, quando já supera em muito a convergência entre as conclusões de dois e três pontos, como             que balizando às demais equipes, o caminho a ser traçado daqui para diante na forma de atacar, se locupletando da falácia defensiva que vem caracterizando a imensa maioria das franquias, com o apoio dos técnicos estrangeiros aqui aportados para “atualizar” o grande jogo, e que nos brindam com o continuísmo da mesmice travestida de “cornos abajos, acima e laterales”, “cabezas, camisas”, e demais denominações do restrito mundo do sistema único, mas “valorizando e incrementando-o” com a torrente caudalosa, consentida e oportunisticamente apoiada das bolinhas, garantidoras de seus vultosos ganhos dolarizados, face a mixórdia defensiva instalada entre todos, e permitidas pelos mesmos e por nosotros tambien, e que mais do que nunca robustece a realidade de que o Desafio que fiz aos técnicos da liga e do país continua intocado, marginalizado, esnobado, combstanciando a certeza maior de que se presente estivesse em uma equipe, muito poderia ter agregado ao grande jogo, oportunizando uma forma diferenciada de jogá-lo, e que bem sabem aqueles que o conhecem de verdade, fazê-la, por que não, vencedora.

 

 

Com este quadro desalentador, preocupa nossa participação internacional, onde “facilidades e facilitações defensivas” se mostrarão quase inexistentes em nossos adversários, ensinados, treinados e solidificados em princípios defensivos por aqui negados, trocados que são pela falácia de que defesa é representada e praticada com 90% de vontade e 10% de técnica, demonstrando tacitamente nossa ignorância sobre um fundamento basal do jogo. Ontem mesmo, num jogo universitário entre Florida e Kentucky, onde as equipes têm 35seg de posse de bola, contestavam-se arremessos defendendo individualmente ou por zona, sem esmorecimento, fosse o tempo que fosse, utilizando técnicas antecipativas e de pleno domínio do equilíbrio corporal, dentro e, principalmente, fora do perímetro, numa impressionante antítese do que praticamos(?) por aqui…

 

Outro enfoque preocupante, não fosse hilário em seu conteúdo, é o outro “reinado” que ensaia se estabelecer entre nós, o das “pranchetas comunitárias”, aquelas que inicialmente pertenciam, e eram cerimoniosamente passadas aos coachs por seus assistentes, mas que de uns tempos para cá se transformaram em pontes para que estes assumam um lugar que não é o seu, e agora se veem divididas com aqueles jogadores mais engajados taticamente, quando puxam para si as grandes decisões, transformando-as em bazares de trocas, discussões e inenarráveis equívocos, que bem sei onde desaguarão, o que bem sabemos todos nós. Quanto aos coachs, acredito que nem mesmos sabem e avaliam o colossal erro que cometem ao abdicar de seu comando, aquele verdadeiro e solitário comando dos que realmente dominam situações grupais forjadas nos treinos, e não em “soluções” midiáticas grafadas com canetas hidrográficas, “exaustivamente treinadas”, segundo comentaristas que sequer os frequentam para avalizar suas procedências…

 

Terminando, mais um fator que se apresenta promissor em nosso combalido basquetebol, cuja síndrome já comentei por aqui, a do “corner player”, sintomaticamente ilustrada na foto abaixo, onde ávidos  sinais de presença em suas áreas de ação se tornam determinantes, como se fossem capitanias de uma única habilidade que pensam dominar, a inefável bolinha, que com uma simples, técnica e estratégica presença defensiva se tornariam nulas por absurdas que são. Porém, se os técnicos concordam e as incentivam…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

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