A– O Petrovic em recente testemunho ao programa Hello LA do Sportv, discorreu longamente sobre sua volta à direção da seleção brasileira, depois de dirigí-la de graça (?) no Pré-Olímpico para Paris, quando classificou-a na difícil competição…
Falou, discursou muito, no seu confuso portunhol, colocando-se como o arauto da nossa retomada do grande jogo ao cenário internacional, prometendo lançar cada vez mais jovens promessas no ciclo olímpico que se inicia, conclamando os técnicos tupiniquins que façam o mesmo em suas equipes, numa caminhada onde seu exemplo renovador deveria ser aceito e seguido por todos aqueles empenhados no ensino e aperfeiçoamento técnico tático a imagem e semelhança de seu esforço junto aos jovens talentos desse imenso, desigual e injusto país…
Guardou, surpreendentemente, a cereja do bolo ao final de sua retórica, brava retórica, a de passar o comando da seleção, se classificada a Los Angeles, a um técnico nacional, numa pungente renuncia, que no entanto gera uma outra real e objetiva pergunta – E se não classificar? Bem, os salários, altos e dolarizados salários de todo um ciclo já estariam devidamente embolsados, restando somente uma classificação no bojo de um formidável e inovador (?) projeto, que seria vivenciado por um brasileiro, que qualquer um nada, pouco ou muito conhecedor dos meandros do basquetebol pátrio já conhecem de cor, Spliter, um gênio que apesar de nunca ter militado até bem pouco tempo na direção de equipes, se situa acima de qualquer julgamento inter pares, por seu absolutamente incomparável conhecimento do grande jogo, em sua complexa sistemática, e profunda preparação de jogadores, técnica, tática e mentalmente orientados…
Meus deuses basqueteiros (ou não), onde se encontram nossos mais profundos, dinâmicos e competentes ases das pranchetas, “aquelas que falam”, aqueles que deitam prolixamente vastos conhecimentos fora e dentro das quadras, esbravejam contra arbitragens, gesticulam teatralmente quando se veem focados pelas lentes televisivas, emitem prognósticos e opiniões que nem mesmo eles acreditam, que se dizem conhecedores dos atalhos que levam às vitórias, mesmo estando todos sob a égide de uma sistemática formatada e padronizada, geradoras de uma mesmice endêmica que nos tem ferido de morte por algumas décadas, e da qual somente emergiremos com muito e penoso trabalho a médio e longo prazos, mas que encontra agora uma válvula de escape pelas mãos de um milagroso croata, e no razoável prazo de um ciclo, destinando magnanimamente seu ápice a um treinador nacional…
Grande Petrovic, puxa vida, agradecemos penhorada e emocionadamente tão grandioso e fantástico presente. Quanto a mim, já técnico experiente, o vi jogar ao lado de seu estreante irmão, Drazen, pela seleção da Iugoslávia contra a brasileira no ginásio corintiano nos anos 70, e que agora comanda nossa seleção em dois ciclos olímpicos, ostentando um salvador, renovador e hermético discurso, o qual gostaria imenso de, particularmente, não concordar e aceitar, por um único e singelo motivo, aprendido e apreendido com meus pais, mestres, alunos, jogadores, amigos e irmãos, o de ter vergonha na cara, simplesmente isso, vergonha na cara.
B– Imaginem um caótico jogo, com mais de 80 arremessos na partida, muito acima dos de dois pontos, mesmo que com uma prorrogação, imaginaram o absurdo tiroteio? Pois é. esse jogo aconteceu esta semana, Flamengo e Pato cometeram esta insanidade, e acredito que estão prontos para continuá-la, numa competição “como você nunca viu”, segundo os propagandistas da Liga, com pouca técnica, até concordam, mas com emoções extremas, pena que na presença de ginásios semi desertos, repletos de narradores e comentaristas ensandecidos com a profusão de tocos, enterradas e, claro, bolinhas em profusão. Eis os números:
Flamengo 110 x 103 Pato
21/38 2 20/39
13/43 3 16/39
29/32 LL 15/18
57 R 34
12 E 9
Pelas continhas – Arremessos de 2 – 41/77
Arremessos de 3 – 29/82
Lances livres – 44/50
Erros de fund. – 21
Ficam perguntas no ar – Quem marcou, defendeu nesta partida?
Que maravilhosos sistemas propiciaram tantas tentativas livres de cesta?
Ouso responder- Ausência quase total de princípios de equipe, numa aventura colossal de individualidades, advindas de inexistência defensiva, e de liderança e comando responsável. Abreviando, uma descomunal pelada, onde a turma estrangeira se locupleta triunfante, e claro, no mais puro inglês, e por que não, castelhano também. Sobra-nos as pranchetas, “aquelas que falam”, e como…
E no rufar triunfante dos tambores, emergirão nossas seleções, atuando como jogamos internamente, solidificadas pela sanha orgiastica das bolinhas de três, arremessadas por todos em quadra, de todos os quadrantes e formas, não fossemos nós (numa absurda crença geral) os maiores especialistas mundiais nas mesmas, contando, inclusive, com a progressiva aderência e anuência do Petrovic, que aqui aportou com um discurso oposto a essa forma arrivista de jogar, e hoje, cada vez mais, fã do estilo, garantidor de seu excelente e muito bem pago emprego, o qual se desfará ao passar o comando a um já definido (mas sutilmente não exposto) brasileiro, para a competição olímpica. Neste momento voltemos uns paragrafos atrás, onde uma pergunta se faz ecoar – E se não classificar? Pano rápido…noves fora as já equacionadas responsabilizações, num magistral projeto de ciclo olímpico…
Houve um tempo em que formávamos jogadores de alta qualidade, orientados e treinados por professores e técnicos de maior qualidade ainda, espalhados por esse imenso, desigual e injusto país, mas que mesmo assim trabalhavam, insistiam, e administravam com maestria a pobreza de meios e materiais que o circundavam, estudando, pesquisando e distribuindo seus saberes no seio de uma juventude ávida por conhecimentos, exemplos e motivada na aprendizagem do grande jogo, sem imposições exógenas excludentes, e absolutamente fora da nossa realidade social, econômica e porque não, política também. Por conta daquela outrora realidade, tínhamos jogadores formidáveis, da base ao adulto, talvez não os mais altos e robustos, mas plenos de técnica individual e sede de aprender, apreender o mais que pudessem, forjando-os aos embates mais duros e intensos, fazendo-os vencedores na América do Sul, três vezes em mundiais, e medalhistas olímpicos por outras três, sendo a modalidade classificada como a quarta força mundial pela FIBA no século XX, graças à excepcional formação que tiveram de professores e técnicos insuperáveis…
Hoje, nos afogamos na mediocridade, na mesmice endêmica, fruto da entrega colonizada a interesses midiáticos, econômicos, e porque não, políticos, advindos de um poder avassalador de uma sociedade que não nos diz respeito, que nos avista como clientes e utentes em potencial para os patrocinadores de suas franquias, que insidiosamente vem se infiltrando no ensino do grande jogo em nossas escolas, direito inalienável de nossas prefeituras, estados, nação, remetendo nossos jovens a um atavismo cultural que em absoluto não nos pertence, por incompatibilidade econômica, educacional e integração racial, justa e equânime…
A pouco tempo atrás, tínhamos em plena ação na grande rêde uma boa quantidade de sites e blogs voltados ao basquetebol, como o Clipping do Basquete, o Rebote, o Bala na Cesta, o Vinte e Um do Giancarlo Giampreto, o Draft Brasil, o KickdaBola, comandado pelo Sérgio Macarrão, medalhista olímpico, professor e técnico do mais alto quilate, e do qual extraio uma matéria que expõe com clareza a grande importância de um passado não tão distante assim, mas que, infelizmente, se vê cada vez mais, sepultado em nome de uma realidade atroz e cruel, que aí está escancarada em sua crueza e abjeta realidade…
Peço ao Sérgio que não se aborreça pela lembrança, pelos bons tempos em que competiamos com lealdade, ética, e acima de tudo, com conhecimento e responsabilidade, relembrando e elogiando o Heleno, que nos deixou a uma semana, e que deixará uma imensa saudade.
Já citei aqui no blog, mais de uma vez, o Paulo Murilo, um dos ‘craques’ que formou a geração mais vitoriosa da história do basquete do Rio de Janeiro. Foi um tempo, onde a formação era espaço para professores. Quem ensinava sabia o que estava fazendo, onde queria chegar e como. Éramos todos meninos, Paulinho um pouco mais velho, mas já era técnico. Já era um dos ‘craques’. Epaminondas, Gleck, Barone, Paulo Murilo, Geraldo Conceição, Tude Sobrinho, Afro, Olímpio, Passarinho, entre outros, cada um em seu clube, formaram a geração que em 6 anos venceu 5 brasileiros de juvenis. (Assim como hoje, São Paulo dominava, e para surpresa do Brasil, o Rio acumulou essa série de títulos.) Heleno, também foi técnico de ponta no Rio, um pouco depois desses dias. Meu colega na faculdade, e profundo conhecedor de basquete.
Recebi uma troca de e-mails entre os dois onde se comentava a recente derrota do Brasil para a Argentina no Sul-americano Sub-15 por mais de 40 pontos. Paulo Murilo fez um “triple double”, e por ele autorizado, publico aqui. Todas as loucuras que acredito, ditas dessa forma, nem parecem ser tão loucas assim. Parabéns Paulinho, obrigado. Como te disse, me senti muito melhor quando te li.
———- Mensagem encaminhada ———-
De: heleno lima <helenolima@hotmail.com>
Data: 19 de maio de 2012 13:57
Assunto: RE: BASQUETE ARGENTINO DÁ UM SACODE NA SELEÇÃO BRASILEIRA SUB-15 MASCULINA
Para: clippingdobasquete02@gmail.com
Trabalhei muito nestas categorias. A diferença de um ou dois anos é muito grande. Diferenças que desaparecem com o tempo à medida que ficam mais velhos. Nós levamos uma equipe com quatro jogadores de 15 anos, sete jogadores de 14 anos e um de 13 anos.
Podem ter certeza isto explica tudo. Se foi estratégia foi errada. Não é possível que tenhamos somente quatro jogadores de 15 anos em condições de defender nossa seleção da categoria. Tem que haver uma explicação coerente a respeito disto. Levar uma diferença dos portenhos (Uruguai e Argentina) de 64 pontos não tem cabimento. Existe algo errado nisso. Gostaria de ouvir o Prof. Paulo Murilo que entende disso mais do que eu.
Prof. Heleno Lima
O Clipping do Basquete do Alcir Magalhães veiculou a matéria acima, que culmina com o pedido do técnico Heleno Lima para ouvir minha opinião à respeito. Trabalhamos juntos no vencedor projeto do Olaria AC nos anos oitenta, com praticamente todas as categorias, do infantil à primeira divisão, com muita seriedade e competência, num tempo em que a formação de base, não só no Rio, como em muitos estados brasileiros, fluía e se desenvolvia, abastecendo as divisões superiores com jogadores bem treinados nos fundamentos e nos sistemas de jogo, com ótimos técnicos e professores, até o momento em que a modalidade se viu afastada dos clubes pela falta de incentivos e investimentos, até alcançar o estado de penúria em que se encontra.
Some-se a esta realidade, outra mais perversa ainda, a decadência do ensino do basquete nas escolas superiores de educação física, que deixaram de oferecer três semestres da modalidade, assim como em outras, como o vôlei, o handebol, o futebol, a natação, o atletismo, passando-as a um mínimo insignificante, substituído-as por disciplinas voltadas às áreas médicas, como as fisiologias, biomecânicas, psicologias, etc., que passaram a ocupar as grades horárias prioritariamente, numa formação voltada à saúde, como resultado das anexações das escolas aos centros de ciências da saúde, em vez dos centros de formação de professores, onde estavam historicamente sediadas. A realidade é que hoje a maioria destas escolas formam paramédicos de terceira categoria, fornecendo pessoal a academias e consultórios, como força de trabalho explorada pelas holdings do culto ao corpo que se espalham velozmente por todo o país, e com uma agravante a mais, com uma formação mais voltada aos cursos de bacharelato do que os de licenciatura, numa inversão absoluta de valores voltados ao processo educacional do país, com o abandono das escolas para a educação física e os desportos.
Claro que a formação de base se ressente profundamente dessa formação nas universidades, refletindo tal despreparo didático pedagógico nas formações de base de todas as modalidades, que não encontram na maioria dos clubes os subsídios mínimos para suprirem tão vasta deficiência de ensino.
Por conta de tal situação, ex-jogadores e até leigos são transformados em técnicos formadores, deficientes em tudo o que se refere ao processo educacional de jovens, mas sempre prontos ao sucesso rápido que os catapultem às divisões superiores e melhores salários, situações estas que os poucos convenientemente bem formados não conseguem equiparar, não só por serem minoria, como, e principalmente, por se tornarem onerosos por suas qualificações legais. Por conta dessa distorção, a maior parte dos jovens iniciantes ficam pelo caminho, e aqueles poucos que conseguem prosseguir o fazem eivados de defeitos e limitações, basicamente no instrumental mais precioso para a prática e o domínio do grande jogo, seus fundamentos.
Outro e incisivo fator define tal situação com grande precisão, a padronização formatada de cima para baixo no preparo daqueles poucos egressos de uma formação altamente deficiente, por parte de federações alinhadas com uma confederação mentora de um único sistema de jogo, cuja maciça divulgação se faz através de clínicas e de cursos patrocinados por uma ENTB totalmente voltada ao mesmo, onde o planejamento, a aprendizagem e fixação do sistema suplanta em muito o ensino, que deveria ser maciço, dos fundamentos, no que deveria ser o objetivo central a ser alcançado, pois nivelaria todos os jovens jogadores, independendo de funções, estaturas e posições, no pleno conhecimento das técnicas individuais e coletivas que os tornariam aptos aos sistemas de jogo que mais adiante conheceriam e treinariam, sempre respeitando suas individualidades e amadurecimento físico e emocional, variantes que oscilam de individuo para individuo.
Por tudo isso caro Heleno, é que sempre me insurgi contra esta situação altamente irresponsável, e muitas vezes criminosa, por parte daqueles que ousam querer implantar formatações e padronizações em crianças e adolescentes, da forma mais absurda e, torno a afirmar, irresponsável possível.
Os 64 pontos acumulados por nuestros hermanos, refletem essa catástrofe, com a mais séria das consequências, por se tratar do futuro do grande jogo, da categoria competitiva inicial, e que não merece ser tratada de forma tão abjeta. Se mudanças têm de ser feitas, é por aí que deverão começar, pela entrega da formação a pessoas qualificadas, altamente qualificadas, as mais qualificadas que possamos recrutar, de uma comunidade que pertencemos, eu e você num passado não tão distante assim, a comunidade daqueles que real e responsavelmente conhecem, estudam, pesquisam, divulgam e ensinam o basquete como deve ser ensinado. E você, como eu, sabemos que existem esses profissionais, só que nunca lembrados, sequer consultados, por quem deveria fazê-lo.
Heleno, frente a esta realidade, o que mais dizer?
Recordando um amigo de verdade, leal, irmão, solidário, e profundamente ético…
Heleno Fonseca Lima, professor e técnico, além de funcionário exemplar do Banco do Brasil, o verdadeiro criador, executor e divulgador pioneiro no mundo, de um projeto onde um banco estatal patrocinou uma modalidade olímpica, no caso, seu amado basquetebol…
Estampou na gloriosa camisa o logo inconfundível do BB, na competição olímpica, no mundial, por poucos anos, até que o teve usurpado pelo vôlei, numa tacada política e de interesses econômicos, guindando aos píncaros uma modalidade que, até aquele momento histórico se pautava pela mediocridade técnica e parco interesse popular…
Heleno lutou pelo reconhecimento pioneiro de seu trabalho, teimosa e arduamente, e não o conseguiu em vida. Mudou seu foco para o vasto mundo dos cavalos de milha, criando e os treinando, atingindo metas com sua filha amazona, campeã em competições nacionais e internacionais, até que seu corpo e mente o levaram ao limite suportável. Meu amigo Heleno se foi na semana passada, quietamente em seu sítio de Brasília, sem ostentar seu reconhecimento meritório, sua luta pelo grande jogo, numa omissão imperdoável à sua pioneira visão de incentivo ao desporto de alto nível, mesmo desvirtuado, neste imenso, desigual e injusto país…
O brilhante desportista se foi, deixando no ar uma etérea e sutil atmosfera de injustiça ao seu pioneirismo, porém uma formidável certeza em todos aqueles que o conheceram e admiravam sua liderança e indestrutível esperança em dias melhores na educação e no desporto escolar e clubístico, no plano administrativo e nas quadras, onde tive a honra de privar de sua confiança e cumplicidade nos gloriosos anos de Olaria AC, quando lá se fazia basquetebol de verdade…
Perdeu o desporto brasileiro, eivado de incompetência, onde aqueles poucos que realmente o conhecem, são defenestrados em nome de uma realidade frustrante e retrógrada, e um deles, dos melhores, nos deixou…
Sentirei imensas saudades do amigo, a quem presto minha humilde homenagem, nesse também humilde espaço, enquanto sobreviver o amor ao grande jogo, o basquetebol de nossas vidas.
Amém.
Fotos- Arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Neste mês de setembro, no longínquo ano de 2004, dei partida a esse humilde e teimoso blog, numa ação da qual jamais me arrependi.e ao qual devotei, e ainda devoto, todo um conhecimento acumulado em décadas de estudo, pesquisa e trabalho prático em prol do grande jogo, neste imenso, injusto e desigual país, sem esmorecimento e sem concessões, ao preço que fosse, custasse o que custou e vem custando, ano após ano, até quando puder ir, quem sabe…
Pensei em publicar um texto comemorativo, mas logo desisti, pois nada temos a comemorar no momento medíocre por que passa o basquetebol nacional, onde uma mesmice endêmica impera absoluta. Mas algo deveria ser publicado, algo que espelhasse uma realidade possível, factível, objetiva, e acima de tudo realista, e dentro das nossas possibilidades…
Imediatamente lembrei do artigo publicado quando dos dezessete anos do blog, crú, instigante, provocativo, mas no entanto, lúcido e esperançoso em dias melhores para o grande jogo, que até agora em nada mudou, numa crise que já alcança quatro décadas, refém que se encontra de um corporativismo técnico, em tudo e por tudo comprometido com o status quo vigente, garantidor de um posicionamento hermético e indevassável…
Ontem (11/9), completamos 17 anos de Basquete Brasil, um humilde, porém perseverante blog, que vem contando as coisas do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, e já lá se vão 1620 artigos…
Coisas, tais como, fundamentos, sistemas, treinamento, direção, planejamento, pesquisa, estudo, e acima de tudo, muito trabalho, contando e divulgando mais de 50 anos trilhando pedregosas estradas, percorridas com muito sacrifício e perene fé em dias melhores para o basquetebol brasileiro, tão carente, equivocadamente orientado, e pior ainda dirigido, principalmente dentro das quadras, pois fora delas, já de muito perdi as esperanças de que soergam o grande jogo, do imenso e interminável fosso em que vem sendo lançado década após década, sem um fim tenuamente perceptível…
Avanços e conquistas tecnológicas nos tem brindado com atletas que saltam mais alto, correm tanto quanto o vento, e trombam com a potência dos paquidermes, no entanto, se perdem nos dribles, nas fintas, passam mediocremente, não defendem, saltam fora do tempo, bloqueiam faltosamente, não leem corretamente o jogo, e finalmente, acreditam piamente que são os melhores e mais letais arremessadores de três pontos do mundo, mas que perdem bandejas, desdenham dos DPJ’s, e cobram os lance livres, onde maneirismos e caras e bocas, em muito superam a eficiência mínima admissível nos mesmos, e mesmo nos três, se encolhem e somem quando contestados eficientemente nos confrontos internacionais. Enfim, ecoa contundente a discutível relevância de preparadores físicos, fisioterapeutas e fisiologistas no ensino e preparo de jogadores que saibam o que vem a ser basquetebol, perante o constrangedor encolhimento de comissões técnicas, cada vez maiores, dividindo comandos na iníqua somatória de seus componentes, numa terrível e canhestra imitação do que é feito numa NBA cada vez mais impositiva, porém questionada por uma NCAA, em seu próprio país. Trata-se de impor ao mundo o jogo de 1 x 1, uma exigência mercadológica, através os 10 jogadores em campo, onde o coletivismo perde cada vez mais para o exacerbado individualismo, que vem se saindo vencedor no campo internacional, exatamente pela adesão dos países por esta sua forma de jogar, vencedora por possuírem os mais bem preparados jogadores nos fundamentos básicos, advindos das escolas primárias e secundárias de seu grande país, filtrando os mais habilidosos para suas franquias, e seu modo individualista de jogar, onde as poucas exceções contam-se nos dedos…
Implantar a tecnologia NBA de preparo de jovens em nosso país é um crime hediondo, pois suplanta em termos econômicos uma verdadeira política desportiva voltada às escolas, onde se encontram os desassistidos jovens de nosso país, com professores que pouco ou nada tem para promover o ensino desportivo de qualidade, que foi, é, e continuará sendo o maná alimentador da grande liga do norte, e não seus cursos voltados aos países de seu interesse político econômico, e que lá, pratica e numericamente inexistem…
Nos últimos oito anos, a investida comercial da NBA se expandiu em muitos países, principalmente naqueles de grande potencial consumidor de seus produtos associados, como a Nike, ávida por uma China, um Brasil, e por que não, uma Europa, que no entanto vem resistindo a tal avanço, e uma das persuasivas técnicas foi a internacionalização de seu campeonato com cada vez mais jogadores oriundos dos cobiçados países. Alguns deles conseguiram se impor a resistência afro descendente dominante na liga, mas a maioria tem se mantido como suplementos em suas equipes, porém presentes como garantidores do interesse mercadológico em seus países de origem. O mercado brasileiro é grandioso, e muito mais o da China e dos países asiáticos, justificando sua exponencial expansão…
No entanto, frente ao basquetebol que desde sempre praticamos, com as regras e princípios da Fiba, sendo campeão mundial e medalhista olímpico, estamos sendo confrontados com uma falsa e escorregadia realidade de que estamos a altura de um conceito NBA, negada a evidência inteligentemente omitida de que, como lá, não possuímos o lastro escolar que sustenta a grande e poderosíssima liga. Sobram sonhos de uns poucos dos nossos ao estrelato, condicionado quase que totalmente aos da terra acima do equador, com raríssimas exceções, europeias, como atualmente…
Nossa formação de base está sendo definitivamente sepultada em nome e indução de uma “nova filosofia”, a de atuar em gênero e forma de uma liga que nada, absolutamente nada, nos representa e lidera no mundo do grande, grandíssimo jogo, e que apesar das enormes dificuldades, das limitações econômicas, sociais e educacionais, sempre se situou como verdadeiros e capazes adversários quando nos confrontos internacionais, num passado não tão distante assim, hoje esquecido, e até negado, por uma geração deslumbrada e colonizada de estrategistas subservientes e escravos de uma cultura inatingível, alimentada por uma riqueza que jamais atingiremos no plano social e econômico, quiçá no educacional e desportivo…
Precisamos reaprender a administrar nossa pobreza endêmica, porém repleta de coragem e criatividade, na busca de algo que se perdeu nos últimos trinta anos de imitação barata e oportunista, e centrismo em pranchetas midiáticas e profundamente vazias de idéias e conceitos factíveis, que tínhamos aos borbotões, hoje omitidos em nome de uma entidade que nos quer ver calçados e vestidos com os uniformes de suas franquias, oferecendo como elementos facilitadores a formação de jogadores e técnicos à sua imagem e semelhança, algo que não obtém em uma europa teimosa e independente, que joga uma modalidade com regras globais, em contraponto às empregues em uma competição moldada ao showbusiness, de onde captam a extrema riqueza que os permitem praticar um outro jogo, inexistente fora de seus limites territoriais, e que definitivamente nunca foi, é, e será o nosso, quando num longo caminho recobrarmos o bom senso e a vergonha na cara…
Nesta tremenda encruzilhada em que nos encontramos, sugiro veementemente uma ação baseada numa engenharia reversa, onde possamos empregar alguns estratagemas desenvolvidos e empregados durante muitas décadas nas escolas e universidades americanas, foco abastecedor da NBA, e cujos princípios e adaptações pontuais às regras internacionais, em tudo e por tudo alavancou suas técnicas fundamentais a patamares nunca alcançados pelos demais países, princípios estes que não constam do currículo das escolas de formação de jogadores e técnicos da NBA, que foca estruturalmente numa forma de atuar baseado num sistema único, onde as ações de 1 x 1 imperam absolutas…
Então, quais enfoques da formação escolar e universitária americana poderiam ser revertidos a nosso favor, de uma forma generalista e democrática, sem os ditames político econômicos da proposta da NBA?
Que tal irmos aos primórdios, aqui relatados em inúmeros artigos, que devidamente adaptados poderiam nos ajudar de verdade, e a preço módico, a tornar realidade aspectos e situações do grande jogo que praticamos um dia, e que foram subjugados por “científicos sistemas”e “novas filosofias de jogo”?
Ao reabilitarmos o sério e estratégico ensino dos fundamentos individuais e coletivos, nos capacitaríamos a sistemas diferenciados de atuar, antítese de um sistema único, que ao ser utilizado por todos, qualifica aquelas equipes com maior investimento individual, não importando a inexistência, ou mesmo falência do coletivismo. Desta forma, iríamos em busca da atuação diferenciada, criativa, intuitiva, através a consciente improvisação, estágio maior do jogo coletivo e altruísta, muito ao contrário do que vemos hoje acontecer pelas quadras do mundo, fruto de uma formatação e padronização fomentada e alimentada por uma oportunisticamente (mal) copiada NBA globalizada…
Pequenas adaptações e providências poderiam facilmente ser tomadas para uma segura retomada técnico tática em nossa formação de base, como as que publiquei no artigo O Ciclo Mambembe Que Se Inicia, em 10/8/21:
Que de alguma forma preparemos os jovens professores e técnicos através um currículomais extenso nas escolas de educação física, com o retorno dos seis semestres dos desportos mais ligados às escolas (futebol, basquetebol, voleibol, handebol, atletismo, natação, ginástica, judô), grade esta que foi minimizada por disciplinas da área biomédica, quando da bem planejada, articulada e veiculada passagem dos cursos dos centros de ciências humanas (onde são formados e licenciados os professores, e não provisionados por Cref´s), para a biomédica, numa tacada magistral de um grupo, visando a criação e manutenção de uma indústria do culto ao corpo, originando, com a desculpa do benefício salutar, o mega negócio que se transformou na imensidão de academias. verdadeiras holdings, para as quais, a educação física e desportiva escolar tornou-se obstáculo para o mais rentável grupamento a ser conquistado, os jovens adolescentes.
– Que adotássemos algumas regras nos períodos da formação de base, a exemplo de alguns países, adequando a conquista das habilidades básicas inerentes ao jogo, a fim de priorizarmos o ensino dos fundamentos da forma mais ampla possível, e exemplifico com dois aspectos objetivos:
1- Defesa – proibição de defesas zonais até os 16 anos da formação de base.
– aumentos nos tempos de posse de bola de 35 seg para os jovens até os 13 anos, e 30 seg até os 15 anos, aumentando o tempo de posicionamento defensivo individual e coletivo, ampliando sua correta aprendizagem.
– encerramento de qualquer partida que excedesse os 30 pontos até a idade de 13 anos, eliminando um sério fator prejudicial ao desenvolvimento educativo e emocional dos jovens iniciantes.
2- Ataque -Proibição dos arremessos de três pontos até a idade de 15
anos, liberando-os daí ´para diante, assim como a posse
dos 24 seg.
– Que na idade até os 13 anos, fosse adotada as regras do
mini basquete, principalmente a regra que somente
permite que cada jogador participe no máximo de dois
quartos sucessivos, e que pelo menos todo jogador
participe de um quarto obrigatoriamente, usando bolas
e cesta adaptadas a sua biotipologia.
3- Que as categorias até os 11 anos somente disputassem competições municipais, mantendo os jovens próximos aos seus responsáveis, numa idade em que se solidificam os vínculos familiares, assim como permitindo que a categoria até os 13 anos disputasse competições estaduais, liberando as regionais até os 15 anos. Daí em diante disputariam competições regionais e após os 16 anos as nacionais. Dessa forma, as poucas verbas e investimentos poderiam ser otimizados sem deslocamentos caros e ineficazes, concentrando e ampliando as competições em torno dos macro sistemas municipais, estaduais e familiares, fatores fundamentais ao pleno desenvolvimento dos jovens, assim como criando polos desportivos plenamente auditáveis e de possível controle da aprendizagem fundamental e de sistemas autorais, evolutivos e, acima de tudo, criativos…
São pequenas e factíveis adaptações que de saída obrigariam os professores e técnicos a ensinar o jogo de forma harmônica, respeitando os ciclos físicos e emocionais de cada jovem, que são naturalmente variáveis, e onde a maior conquista seria a evolução técnica de cada um em seu próprio ritmo, e não a vitória a qualquer custo, que somente beneficia currículos profissionais. A capacitação de cada técnico evoluiria pelo número de jovens que acendessem as divisões superiores, e a qualificação dos mesmos em seleções municipais, estaduais e federais, sendo avaliado anualmente dentro deste parâmetro, a ser regulamentado, ou seja, seria avaliado e promovido pela qualificação dos jovens orientados, e não pura e simplesmente por títulos conquistados. Sem dúvida evoluiriamos de forma consistente no adequado preparo de nossos jovens, democrática e tecnicamente.
Com uma competente EBTN, promovendo um ensino/aprendizagem de qualidade superior na base da modalidade (o que nunca conseguiram), alcançariamos em duas gerações uma evolução plausível ao formarmos e termos uma base razoavelmente sólida nos fundamentos individuais e coletivos, sem formatações e padronizações técnico táticas, tão usuais no presente, passado que tem sido equivocado e frustrante, vislumbrando um futuro ainda pior, pois o reflexo do que aí está já não engana ninguém, e somente beneficia aqueles que no fundo odeiam o grande jogo, por não compreendê-lo, e por conseguinte, aviltando-o na negação de sua imensa grandeza…
Um ciclo se inicia, mudaremos? Torço para que sim, mesmo que lá no fundo dos meus ativos e lúcidos 81 anos, duvido dos que aí estão ditando regras, se já não bastasse essa criminosa e virulenta pandemia, que em breve passará. Quanto a eles, sei não…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV, Arquivo pessoal e Divulgação CBB. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
6 comentários
Fábio Aguglia26.09.2021· Prof. Paulo Murilo,17 anos desse blog que tem relevância ímpar no basquete brasileiro.Parabéns e obrigado por compartilhar tanto conhecimento.Fez a diferença na minha formação como técnico, na forma como hoje vejo o jogo e nas escolhas técnico/táticas que faço.Muita saúde ao senhor e vida longa ao blog, conte comigo sempre.Fábio Aguglia
Basquete Brasil27.09.2021· Muito obrigado Fabio, sua presença e permanente apoio ao blog só nos honra sobremaneira, e espero que continue a nos presentear com seus comentários justos e precisos. Vamos em frente, até quando os deuses permitirem. Um grande abraço. Paulo Murilo.
João29.09.2021· Treinador..grato por expôr seus conhecimentos..parabens pela coragem e perseverança em mostrar o outro lado deste basquete brasileiro das ultimos décadas, tão carente de pessoas que realmente respeitam e estão preocupadas com o futuro do grande jogo neste país…apesar de estar afastado das quadras pode ter certeza que as suas considerações são de extrema relevância e estão completamente inseridas , principalmente, no contexto atual do que estamos presenciando…vida longa ao blog..muita saúde treinador…abraço.
Basquete Brasil06.10.2021· Prezado João, creio que o recente artigo publicado responda suas dúvidas e questões sobre o nosso indigitado basquetebol. Agradeço sua audiência, sempre rica e incentivadora, e assim como você, espero que dias melhores hão de vir para o grande jogo que tanto amamos e respeitamos. Abração. Paulo Murilo.
DAQUI A POUCO… at Basquete Brasil26.01.2022· […] é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação […]
SÓ MAIS UM POUQUINHO… at Basquete Brasil16.05.2022· […] é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação […]
O telefone toca e a cobrança vem em cheio – Paulo, não vai concluir seu comentário sobre a participação brasileira em Paris?…
Confesso que até esse momento não tinha a menor intenção de concluí-lo, bastando, para mim, o último parágrafo postado no artigoanterior, onde afirmei – (…) Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…
Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…
Amém.(…)
Pois é, os deuses se omitiram solenes, e os números não mentem, pois nos mantivemos na premissa de que nossos fantásticos arremessadores de fora fariam a diferença, o que não aconteceu, e que continuará a não acontecer quando confrontados com defesas sérias, contestatórias, e acima de tudo, cientes de todas as possíveis, parcas, e primárias movimentações técnico ofensivas, que teimosamente praticamos, substituídas pela descerebrada orgia dos longos arremessos como arma prioritária de um basquete voltado taticamente a consecução dos mesmos, preterindo absurdamente o jogo interior, ao contrário dos americanos que nos destruíram, exatamente jogando lá dentro, irônico não?…
Eis os números finais de um jogo que, ao contrário dos sérvios e franceses, jogamos de maneira insossa e conformada…
Por outro lado, me convenci a assistir pelo You Tube FIBA ao jogo da seleção feminina postulante ao Mundial de 2026, no torneio classificatório em Ruanda, contra o “temível” Senegal, e me arrependi de tê-lo feito, pois ficou sedimentado em mim a certeza de que o basquete feminino brasileiro está na mais completa deriva, onde jogadoras erram fundamentos básicos, como os passes e os dribles, e arremessam desenfreadamente, sem lógica e destino final, além de desconhecerem os mais ínfimos princípios defensivos, numa demonstração do muito que teremos de trilhar uma áspera, tortuosa e sacrificada estrada, ao encontro de seu soerguimento. Ficou faltando somente uma explicação, por mais simples e objetiva que fosse – o que faz o Léo Figueiró no banco de uma seleção feminina, um ambiente desconhecido para ele, o que? Bem os geniais próceres cebebianos devem saber o que fazem…
Os números a seguir expõem a realidade do basquete nacional feminino:
Espero que hoje pela manhã, façamos algo de melhor contra a Hungria, o que teimo em duvidar, pois sem fundamentos sólidos e bem desenvolvidos, sistema de jogo nenhum se mostrará razoavelmente produtivo, com ou sem pranchetas, aquelas que “falam”…
Finalmente uma contestação, será o Curry, como afiançam os mais renomados comentaristas tupiniquins o melhor jogador da história do grande jogo? Olha, no jogo final, em que os franceses perderam um jogo quase ganho, ao não contestarem os lançamentos de três do excelente jogador, que arremessando da linha FIBA de jogo, nada mais fez do que.comparativamente, executar três lances livres, se comparar tal linha com a da NBA, que já está sendo dificultada pela dura contestação defensiva por parte da grande maioria das equipes, não sendo nenhuma surpresa a aprovação dos arremessos de 4 pontos, já em fase experimental, que foi destaque inclusive no grande Jornal da Globo, num processo incidioso de transformar o grande jogo num voleibol gigante, onde a inexistência defensiva exalte a estética e a pureza de movimentos artísticos individuais, com a ausência “impura” de defensores fungando no cangote de atacantes angelicais…
Como vemos e atestamos, cada vez mais o basquetebol se vê tentado a se afastar de sua essência, de sua complexa técnica individual e coletiva, e precisará de uma dose cavalar de resiliência para se manter o grande, grandíssimo jogo que sempre foi. Será que resiste?
Amém.
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Canadá vence a Espanha e garante o Brasil, que venceu o Japão, nas oitavas de final, que por sua vez enfrenta os Estados Unidos logo mais, num jogo que vem suscitando discussões a não mais valer pela grande rede, num misto de pretensiosismo eufórico e realismo indiscutível. Projetar e analisar um confronto como o de logo mais, torna-se um exercício realista, muito além do fértil imaginário da turma oba-oba que, infeliz e lamentavelmente , infesta, não só a grande rede, como, e principalmente, o entorno do grande jogo, prejudicando fortemente o soerguimento técnico tático do mesmo, neste imenso, desigual e injusto país…
Se nos reportarmos aos jogos classificatórios da seleção nacional nesta magna competição, com seus implacáveis números, discutidos nos dois artigosanteriores, e os números do jogo com o Japão, na tabela a seguir, poderemos compreender e nos situar ante uma inquietante realidade:
Brasil 102 x 84 Japão
(46.7%) 21/45 2 14/35 (40.0%)
(60.7%) 17/28 3 16/41 (39.0%)
(90.0%) 9/10 LL 8/10 (80.0%)
49 R 34
12 E 9
São números que revelam um confronto desigual no fator estatura física entre as duas equipes, onde os arremessos de dois pontos foram mais frequentes pela equipe brasileira, face sua maior estrutura física e poder de rebote, ainda mais quando o melhor jogador japonês, Hachimura, não atuou por contusão, liberando seu perímetro interno à ação dos altos jogadores brasileiros, abusando dos arremessos de três pontos, que mesmo perante um acerto de 60%, face a retração dos defensores japoneses, deveriam insistir com mais intensidade no jogo interno, quando muito para se exercitarem, em situações reais de jogo, habilidades coletivas que poderiam ser de grande importância nos exigentes jogos posteriores, principalmente no possível enfrentamento com a equipe americana, mestra na defesa de perímetro, espaço preferencial da maioria de nossos jogadores, que se consideram mestres nos longos arremessos, preterindo-os quanto aos mais próximos à cesta. Qualquer equipe que pretenda nos derrotar, implementará forte contestação externa, que é um fator que retira de nossas equipes sua maior e enganosa força, as bolinhas lá de fora…
No caso desse jogo contra os americanos, já partimos, no caso de priorizarmos o jogo interno, de contarmos com somente um jogador dominante, o Caboclo, já que os demais são falhos nesse mister, pois o Felicio e o Mãozinha não possuem a potência técnica e de choque no enfrentamento com as jamantas ianques, claro, se jogarmos no 1 x 1, conforme o teimosamente utilizado modelo NBA que caninamente adotamos, com os homens altos atuando abertos para o espaçamento, visando os longos arremessos e as esporádicas penetrações internas, prato feito para os gigantes americanos, física e atleticamente superiores. Se nos conscientizarmos que os defensores americanos se utilizarão fortemente das contestações aos nossos pretensiosos arremessos de três, fatalmente nos veremos em grandes apuros, já que não estamos abastecidos de alas pivôs velozes e de choque em quantidade suficiente para uma competente e eficiente rotação (alguns bons jogadores não foram convocados, num erro fatal às nossas ambiciosas pretensões, assunto largamente discutido nesse humilde blog), fator técnico estratégico que cobra, e cobrará cada vez mais os juros que incidem na constituição de uma equivocada seleção nacional…
Armadores para lá de veteranos, recém contundidos e ainda não convenientemente recuperados, alas oscilando entre o jogo interno e externo, alas pivôs que jogam mais abertos do que inseridos no perímetro ofensivo interno, sistema de jogo centrado em pink rolls insistentes e de fácil controle defensivo, insistência nos longos arremessos, incentivados por defesas flutuadas ou passivas, constituem um arsenal enganoso, se confrontado por fortes e objetivas defesas, obrigando a equipe em seu todo, a comportamentos erráticos e desequilibrados. Uma seleção nacional não pode se dar ao direito de atuar regida pelo livre arbítrio de seus componentes, dissociada de um sistema objetivo de jogo, fundamentado em bons e eficientes fundamentos, e acima de tudo, regido por uma movimentação síncrona e assincronamente contínua de todos os seus componentes, liderada por uma dupla, competente e eficaz armação, e três rápidos, fortes e atléticos alas pivôs, onde as conscientes e efetivas improvisações se façam presentes, e os arremessos constituam o ápice de um conceito diferenciado na prática do grande jogo, fugindo da mesmice endêmica a que foi relegado nas últimas três décadas, não só aqui, como lá fora também…
Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…
Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…
Amém.
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Nessa tabela acima, são apontadas as possibilidades de classificação da seleção nacional às quartas de final. Observem com atenção, leiam e releiam, e com isenção avaliem a que ponto chegamos numa Olimpíada, e se realmente merecemos continuar numa competição de tal nível…
E porquê tal contestação? Bem, vejamos inicialmente o que ocorreu na partida contra a Alemanha, comparando seus números com a anterior contra a França, quando poderemos visualizar objetivamente o cataclisma técnico tático que se abateu, e vem se abatendo sobre uma seleção, vítima contumaz de repetidos e estabelecidos equívocos, que vão das convocações mais esdrúxulas e inexplicáveis, aos primários erros técnicos, táticos e estratégicos cometidos a granel no preparo e condução de uma errática, desgovernada e desequilibrada equipe, aspectos dispostos nos dois artigosantecedentes ao de agora, vítima e refém dos longevos erros técnico administrativos, que tanto exponho e discuto neste humilde blog…
São dados que mostram França e Alemanha, mesmo convergindo seus arremessos, muito mais que a seleção brasileira, que mesmo sem convergir nos arremessos, num passo bem positivo, apresentou pouca eficiência nos médios e curtos arremessos e nos lances livres, assim como cometeu erros de fundamentos, em número superior àquelas duas seleções, fator que explica as derrotas, além, é claro, o fato inconteste das famigeradas bolinhas não caírem, para o pranto escancarado dos ardentes defensores das mesmas…
Creio que não se faz mais oportuno insistirmos nos porquês da debacle do grande jogo entre nós, cujos fatos raiam ao inconcebível, largamente expostos e discutidos, particularmente neste insuspeito blog…
Logo mais disputaremos com um improvável Japão quem irá para as quartas de final, sob a égide de inúmeras possibilidades, refletindo com rigor o quanto decrescemos no cenário internacional, produto direto da antecedente falência técnica, tática e administrativa interna, indiscutível e absolutamente trágica, conquistada com a incompetência, a omissão, a injustiça, o protecionismo e o profundo desamor ao grande jogo, neste imenso, desumano e injusto país.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Logo mais à tarde a seleção enfrenta a Alemanha, uma equipe bem estruturada, bem preparada, com uma sólida defesa, e um ataque efetivo dentro e fora do perímetro, ao contrário da equipe francesa que nos venceu, desbalanceada, com seus experientes Gobert e Batum afastados em produtividade e sintonia com o jovem promissor Wembahiama, ainda bastante verde no aspecto coletivo, apesar de sua inegável qualidade técnica e invejável altura. Nossa seleção, num breve e bem situado início de jogo, quando pode contar com seu quinteto ideal, dominou a partida com bastante desenvoltura, liderando o placar em todo o primeiro quarto, durante o qual teve seu ala pivô Caboclo retirado pelo técnico Petrovic ao cometer sua terceira falta pessoal, e o Lucas pela mesma situação, assim como assistirmos constrangidos o enorme desgaste do Huertas em sua solitária função de levador de bola, armador de jogadas interiores, defensor exigido bem acima de suas condições físicas e técnicas, com seus quarenta anos se fazendo presente na dura realidade de um jogo pesado e decisivo…
E não deu outra, quando se fizeram presentes na quadra o Felício, uma antítese do Caboclo, o Yago, claramente fora de seu rítmo e temeroso dos bloqueios em suas costumeiras penetrações, o não lançamento do Raul, ambos vindo de contusões e claramente sem os 100% de condições físicas necessárias a um torneio de tiro curtíssimo, porém mantidos na equipe pelo Petrovic, assim como o João Marcelo, o Felício e o Didi (este que entrou em quadra aos 16,6 seg. do término da partida, sem sequer encostar na bola), todos mantidos como prêmio ao esforço grupal pela classificação na Letônia, mas que de forma alguma deveriam constar do elenco olímpico, que coerentemente pudesse realmente fazer frente aos sérios e duros embates em Paris, pois afinal de contas, uma seleção olímpica tem de ser, obrigatoriamente, constituída pelos melhores doze jogadores do país…
Faltou-nos armadores em plena forma física, técnica e tática, pois o Yago, o Raul e o Benite não estavam claramente naquelas condições, cuja plenitude deveria ter sido a prioridade das prioridades, pois se trata de uma seleção nacional, e não um clube de benfeitorias e capitanias hereditárias, onde somente o George poderia ser considerado em forma, mas que foi sempre preterido pelos demais de sua posição…
Faltou-nos alas pivôs, mais técnicos, mais velozes e flexíveis, fator que expus no artigo anterior, como o Jaú, o Deodato, o Márcio, que acrescentariam energia e velocidade para vencer, pela movimentação constante, uma defesa pesada como a francesa, e quem sabe, pendurando alguns de seus básicos jogadores, muito pouco exigidos por nossa opção pelos arremessos de fora, em vez de um vigoroso e continuado jogo interior, assim como dotaria a seleção de uma contestação mais presente e eficiente, o que não permitiria que um veterano Batum, com os dois pés plantados no solo efetuasse com sucesso as duas bolinhas de três nos minutos finais da partida, quando nos aproximamos em quatro pontos no placar…
Faltou-nos coerência, bom senso, e acima de tudo, comando, de verdade, e não refém de interesses outros que jamais poderiam coexistir com o espírito de uma verdadeira representação desportiva, desprovida de uma competente e lógica convocação, ao largo de picuinhas entre entidades gestoras do grande jogo neste imenso, desigual e profundamente injusto país, numa refrega autofágica, cujas resultados aí estão escancarados na mais importante competição desportiva mundial, as Olimpíadas…
Faltou-nos uma seleção que pudesse atuar sem as oscilações desencadeadas pelas profundas diferenças de capacitação técnico individual, provocando quedas acentuadas e irrecuperáveis no tônus coletivo da equipe, conforme ocorreu na classificação e agora na competição maior, e que irremediavelmente voltará a ocorrer na continuidade da mesma, agora impossível de correção em sua constituição, a não ser que uma reversão sistêmica ocorra no plano de jogo, com a utilização dos atuais jogadores, numa ação que opte por algo diferenciado do que vem ocorrendo, ação de difícil concepção, por conta da incontestável realidade que nos assombra desde sempre…
Então, de que forma poderíamos enfrentar a Alemanha, sabendo de antemão de que não possuímos uma rotação confiável para atacar e frear um adversário coeso e equilibrado em suas linhas, com uma equipe fragmentada como a nossa, como?
Que respondam os luminares das pranchetas (aquelas que “falam”), que conceberam e convocaram uma equipe capenga para um magna competição, mantendo-a intocável por conta e prêmio de uma excelente classificação, porém insuficiente física e tecnicamente para uma Olimpíada…
Infelizmente, o grande jogo terá de suportar ainda um longuíssimo e pedregoso caminho, ao encontro de sua redenção no cenário internacional, começando por seu soerguimento dentro do país, o que não será nada fácil, e quem sabe nos livremos de constrangimentos, como uma matéria de página inteira no O Globo, aqui reproduzida, sugerindo ao leitor que tente encontrar a referência Basquete, para avaliar como se encontra o grande jogo em seu humilhante nicho, por conta da incúria e da pusilanimidade daqueles que o vem comandando nas últimas quatro décadas, impune e corporativamente constituídos, lamentavelmente…
Já não peço mais assiduamente ajuda aos deuses, cansados e desiludidos, assim como uns poucos batalhadores também estão, entre os quais me incluo, através das páginas deste humilde e teimoso blog, que se manterá enquanto existir um sopro de esperança em dias melhores.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Me preocupa o peso de uma estreia olímpica, com seus temores e incertezas, mas o que mais me preocupa é a constituição de nossa equipe, ferida por duas sérias contusões ao término da classificação, de dois de seus armadores, o Raul e o Yago, originando a acertada convocação do Elinho e do Alexey para substituí-los. No entanto, pela rápida recuperação da dupla, segue a seleção com sua constituição original. Mas fica a dúvida, estarão mesmo plenamente recuperados para uma competição de tiro curto e exigências físicas elevadas, pois nessa condição estarem 100% em forma é absolutamente prioritário, pois em caso contrário o cerne criativo da equipe como um todo, fica seriamente comprometido…
O outro temor é o de não termos alguns reservas que lá estão, a altura de manter um aceitável nível técnico de titulares das posições de ala pivô e pivô, no caso o João Marcelo e o Felício, ambos bons jogadores, mas inferiores em velocidade e técnica a jogadores que foram injustamente esquecidos, como o Jaú, o Deodato, o Márcio, entre outros que aqui ficaram, para atenderem ao sistema de jogo adotado pelo Petrovic, cuja queda vertical de performance técnica se torna irrefutável com a presença dos que lá permanecem..
A seleção irá para o confronto com a França daqui a algumas horas, contando com oito jogadores razoavelmente inseridos aos princípios técnico táticos do Petrovic, pois o Didi ainda não se nivelou aos mesmos, ficando no ar a instigante questão – Serão suficientes para desbancar os donos da festa? Torço timidamente para que sim, porém…
Não à toa o Marcio e alguns outros jogadores se mudam para o exterior, pois fica patente que essa decisão é o caminho mais seguro para uma convocação para uma seleção nacional, qualificando-os economicamente ao mercado interno, em confronto a incertos ganhos no hiper disputado mercado europeu e americano. Além, é claro, daquele ambicionado mercado, estar sob a égide de uma CBB duelando com uma LNB pela representatividade do grande jogo perante o mundo, numa egolátrica competição, que somente faz regredir o basquetebol, outrora vibrante e vencedor, aqui e lá fora, com quatro medalhas olímpicas e três mundiais, sendo a terceira força mundial no século passado…
Quem sabe os deuses se apiedem de nossas incorrigíveis fraquezas técnico administrativas, e nos doem um pouquinho de suas ajudas, quem sabe…
Amém.
Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Enfim o drama terminou, a classificação às olimpíadas foi alcançada com brilho e muita luta, com estreia já no próximo dia 27 contra a dona da festa, a França…
Foi uma árdua caminhada, complicada pela deficiência na composição de alguns setores da equipe, prejudicando em muitos e importantes momentos sua produção técnica, inclusive na derrota contra Camarões, quando as variações em sua composição básica, como os armadores e os pivôs, tornaram incompreensíveis determinadas escolhas no momento do corte final, quando jogadores melhores qualificados cederam espaço a outros de menor capacidade técnica, por motivos que ferem o bom senso, mas que podem ter sido originados no campo político, onde a refrega entre a CBB e a LNB ganhou proporções altamente negativas ao futuro do basquetebol nacional em seu todo administrativo e desportivo…
Jogadores como o Jaú e o Deodato não poderiam ceder seus lugares aos bons jogadores Felicio e Mãosinha, mas não suficientemente bons para uma seleção do mais alto nível, assim como armadores como o Elinho e o Alexei não poderiam ficar de fora em uma equipe com jogadores sem as condições físicas totalmente em ordem, fatores que inexplicavelmente ficaram no limbo de qualquer plausível explicação. Quem sabe a pendenga entre as entidades que gerem(?) o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, possam esclarecer os porquês nada esportivos que eventualmente forçaram a comissão técnica a tomar medidas tão infelizes e que poderiam ter ferido de morte a equipe…
A partir do momento em que o Petrovic optou corretamente pela dupla armação, perdendo por contusão o Raul, que já vinha de uma longa recuperação cirúrgica, assim como o Yago que se apresentou à seleção em condição física pouco confiável, a escolha de outros armadores bem condicionados para um torneio exigente e de tiro curto, se tornava inadiável, mas foram mantidos, resultando em uma equipe que se viu obrigada a atuar com oito jogadores, as vezes nove em determinados momentos de uma competição para lá de difícil e altamente exigente como esse pré olímpico…
Mas Paulo, venceram e se classificaram, não é o suficiente? Não, absolutamente não, pois daqui a três semanas estarão mergulhados até o último fio de cabelo na maior das competições, as Olimpíadas, que exigirão a maior força técnica que possamos reunir, com doze jogadores equivalentes técnica, tática e fisicamente aptos para o que der e vier, sem limites ou protelações, evitando a prioritária busca por jogadores que atuam no exterior, nem todos de alta qualidade, mas da alçada da CBB, em confronto com aqueles poucos como o Didi e o Lucas que atuam na LNB, além de um dos assistentes técnicos. Mãosinha e Raul, como Free Agents, estavam na alçada da CBB, e o George em trânsito da Alemanha para Franca também, sobrando o Lucas que jamais poderia ser preterido como o MVP do NBB nesta temporada, pois o Didi certamente foi escolha pessoal do Petrovic que sempre o elogiou publicamente…
No momento em que essa briga for solucionada, repito, com bom senso, acredito que possamos formar seleções bem mais representativas do que essa, que apesar de vencedora com justiça, terá de equacionar sua formação definitiva e altamente competitiva para daqui a pouco em Paris…
Após esse necessário preâmbulo, posso afirmar com a mais absoluta certeza que, com a escalação inicial para esse difícil jogo contra a Letônia, em sua própria casa, lotada e vibrante, onde o Petrovic formulou um quinteto equilibrado ofensiva e defensivamente lógico e coerente, com uma dupla armação composta pelo experiente e rodado Huertas, e o jovem atlético, canhoto e muito técnico George, alimentadores de uma trinca de alas pivôs composta pelo Meindl, Lucas e Caboclo, conseguiu colimar seus esforços para incutir o tão buscado coletivismo na mente de uma seleção refém por longos e longos anos, de uma forma de atuar dentro de um sistema único de jogo, que muito prejudicou nosso desenvolvimento. No entanto, muito do dinamismo desse quinteto arrefecia quando das substituições naturais de seus componentes, por jogadores foco da discussão acima, e que se manterá atuante para Paris se não forem esses hiatos urgentemente corrigidos…
Sem dúvida alguma, a forma de jogar apresentada por essa equipe quebrou e esfacelou a defesa da Letônia, a ponto de se ver praticamente vencida ao término do terceiro quarto, e por quase 30 pontos de diferença. Mesmo com esse progresso ofensivo, ainda mantivemos um excesso de arremessos de fora do perímetro, ocasionados, talvez, pela compressão defensiva dos letões na tentativa de anular o Caboclo, abrindo largas brechas por onde arremessavam os brasileiros com a mais total liberdade de ação. Por conta dessa facilitação, praticamente convergiram seus arremessos (13/28 de 2 pontos, e 13/24 de 3, contra 15/33 e 8/29 respectivamente dos letões). Outrossim, arremessou a seleção 29/34 Lances livres, contra 15/18, demonstrando claramente a intenção da equipe letã no combate aos alas pivôs atuando dentro de seu perímetro interno…
Defensivamente atuou a seleção de forma intensa e efetiva, contestando os longos arremessos letões, e antecipando os passes, inclusive com marcação frontal dos pivôs em muitas ocasiões. Meindl e Lucas foram felizes em grande parte de suas tentativas de 3, assim como o Caboclo em suas finalizações dentro do perímetro, num todo harmônico coletivismo, a muito ausente de nossas seleções, e que talvez, quem sabe, recobre seu brilho espelhada na excelente apresentação vencedora do pré olímpico de Riga.
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Preocupa-me somente, o fato de que esta seleção não tenha corrigida sua formação final e ideal para a grande competição olímpica, quando algumas modificações tenham de ser feitas, para que tenhamos doze jogadores equivalentes tecnicamente, sadios física e mentalmente, para que, enfim, atestemos o soerguimento de uma modalidade outrora brilhante e vencedora, hoje tão mal tratada em nosso país.
Que os magnânimos deuses nos ajudem.
Amém.
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Paulo Murilo.