O DOMINGO PERFEITO DO PEDRO…

Chegamos na Arena ao final do jogo entre os argentinos pelo terceiro lugar, eu, o Pedro Rodrigues e o Laércio, vindos de uma peixada irrepreensível, e com o Pedro em estado de graça pela vitoria do seu Fluminense no nacional de futebol, bastando uma vitoria de seu Brasília para o êxtase absoluto, que transformaria o domingo em algo inesquecível.
Mas havia o jogo, contra um adversário temível, o Flamengo, defendendo seu titulo sul americano, e jogando em casa, abraçado a sua torcida, no meio da qual fomos nos instalar, cercados de famílias inteiras, muitas crianças, e uns imbecis vociferando palavrões e ofensas descabidas a juízes e adversários, num ambiente não futebolístico, do qual são originários, num flagrante e injustificável desrespeito a um publico majoritário que lá ocorreu para se divertir em paz e com educação.
Claro, que após o primeiro quarto mudamos de lugar, ainda mais pelo fato do Pedro não esconder para que lado torcia, mesmo que reservada e contidamente.
E o jogo, o que ocorreu de especial, de inédito, de marcante? Taticamente, nada, pois ambas atuavam no tradicional sistema único, com uma pequena diferença, o Flamengo se utilizando de dois armadores, que o fez movimentar a bola com grande rapidez, a tal ponto de concentrar sua eficiência pontuadora nos dois pontos, e não nos tradicionais arremessos de três, vencendo o quarto por 33 x 24.
E veio um segundo quarto arrasador do Brasília, ao concentrar seu poderio no perímetro interno, onde seus pivôs atuavam com desenvoltura, e com voltas rápidas de bola ao perímetro externo que deixavam Guilherme e Nezinho a vontade para os arremates de três, sem quaisquer anteposições, somada a uma defesa por zona eficiente, num 29 x 11 que prenunciava uma vitoria possível, reforçada pelas três faltas cometidas pelo Marcelo, atuando nitidamente nervoso.
No terceiro quarto, algo de inusitado ocorreu com o sistema tático do Brasília, pois não só neste quarto, como no último, o armador Nezinho atuou somente pelo lado direito da quadra de ataque, fato esse que o fez cair em varias dobras defensivas pela previsibilidade da ação, perdendo bolas e cometendo erros de fundamentos que levaram a equipe do Flamengo a uma reação significativa, quando também se utilizou da defesa por zona, no intuito de proteger o Marcelo da quarta falta, vencendo o quarto por 27 x 20. Foi nesse quarto que ambas as equipes praticamente alijaram seus pivôs da disputa interna, concentrando seus esforços ao bloqueio externo, que no caso do Flamengo, contou com a unilateralidade ofensiva do Nezinho numa situação tática inusitada e errônea.
O quarto final foi dividido entre duas tendências explicitas e bem definidas. Por um lado, a equipe rubro negra insistindo nos arremessos de três, vigiados e contestados fortemente pela defesa candanga, por outro, uma equipe atuando nitidamente pelos dois pontos, e mais ainda, pelo ponto a ponto que usufruíam pelas inúmeras oportunidades que tiveram em lances livres, originados pelo recurso em faltas pessoais por parte de seu adversário, nas tentativas de retomarem a posse de bola.
Pelas características do jogo, onde as defesas zonais ainda se situam como obstáculos de difícil transposição por equipes deste nível, e onde armadores mantêm uma excessiva posse de bola por atuarem sozinhos na posição, pois o outro armador, se em quadra, age mais como um ala, venceria o jogo aquela que dominasse um aspecto negligenciado pela maioria de nossas equipes, o aproveitamento efetivo da maioria de seus ataques, somente possível pela eficiência e precisão de seus arremessos, onde os curtos e de media distâncias superam estatisticamente os de longa e hoje estendida distancia.
Esse fator, se somado a uma defesa eficiente, torna a equipe muito mais habilitada às vitorias, como essa no sul americano.
Parabenizo a equipe de Brasília pela lídima e justa vitoria, assim como o Pedro, feliz e realizado, quando pode curtir um domingo perfeito.
Amém.

DRIBLANDO A MESMICE…

“Paulo, já vi que você não vem aqui na Arena. Se mudar de idéia me telefone, tenho um convite para a tribuna para você”( o amigo Pedro Rodrigues ontem ao telefone…).

Confesso ter inventado uma resposta, tal como o perigo que estaria correndo tendo de trafegar às 23 horas, numa cidade acuada pelo medo, ao voltar para casa, e coisas e tais. Mas a verdade verdadeira não foi expressamente dita, a de não agüentar mais assistir um jogo, vários jogos, estruturalmente fundamentados numa mesmice técnico tática irritante, arrepiante. E o Pedro deve ter compreendido, entendido minha ausência, conclusão lógica de nossas longas conversas pelos celulares da vida, recheando contas telefônicas bem fornidas.

Mas, como todo entusiasta em basquete, em desporto educacional e competitivo, exceto os “excepcionais e altamente educativos” campeonatos ( inclusive mundiais…) de Poker e MMA, vinculados impunemente por nossas mídias jornalísticas, ligo a TV e assisto os jogos deste sul americano de clubes, preocupado, profundamente preocupado, se na idade que estou, tenho o direito de desperdiçar um tempo precioso para analisar algo cujo grau de previsibilidade atinge o inenarrável.

Todas as equipes jogando iguais, TODAS, com  pequeníssimas adaptações nas formações iniciais, com a utilização de dois armadores (um deles substituindo um ala de formação), numa padronização formatada ao longo dos últimos 20 anos, variando um pouco também na velocidade de execução. E o incrível, com a novel adesão das equipes argentinas, apesar da inquestionável supremacia no domínio dos fundamentos que ostentaram nestes mesmos últimos 20 anos, agora comprometidos pela mesmice nebiana, pela utilização do sistema único de jogo, preocupados em seguirem os caminhos trilhados pelo Ginobili, Oberto e Scola, esquecendo que não jogaram dessa forma ao serem campeões olímpicos e vice mundiais.

Minha perplexidade aumenta mais ainda ao acompanhar jogos do campeonato brasileiro sub 17 em Santa Maria, veiculado pelo site Multiweb, no qual todas as equipes, TODAS, seguem o modelo padronizado e formatado pelas clinicas da CBB e pelos técnicos de nossas seleções de base e principal, e com um alarmante índice de erros de fundamentos, que beira ao inacreditável.

Enfim, perante um cenário de tal ordem, creio não ter o direito de me deslocar a uma deserta Arena, a preços extorsivos e correndo reais perigos no asfalto, agora freqüentado pela bandidagem do tráfico, para testemunhar algo que de olhos fechados posso relatar:

– O armador fulano gesticula um sinal, passa ao lado, corre para o fundo da quadra, ao mesmo tempo em que o ala (ou o armador improvisado) beltrano recebe um bloqueio do pivô sicrano fora do perímetro (agora acrescido de mais 50cm, tornando o afastamento do mesmo da zona de rebote mais crítico…), originando ou não um indefectível pick and roll, de defesa primaria se feita com atenção, ou a continuidade de mais passes visando os mais indefectíveis ainda arremessos de três, e nos limites dos 24seg, uma penetração afobada e desequilibrada, ações estas repetidas ad infinitum pelas duas equipes, quebradas em algumas situações de contra ataque, originadas pelas constantes falhas de nossos “especialistas” nos três pontos, ou nas primarias violações e erros crassos de fundamentos que cometem.

E como num moto contínuo de mediocridade explicita, segue o grande jogo sua via crucis, emblematicamente emoldurado pelo sistema único, pela panacéia a que nos condenaram assistir, situação por mim negada, pelo menos in loco.

Mas como professor e técnico de inabalável otimismo, ainda mantenho a tênue esperança de poder, um dia, testemunhar o desvanecimento dessa mesmice, para que tenhamos e usufruamos de dias melhores para o grande jogo.

Amém.

PENEIRA NA ESCOLA…

PROCESSO SELETIVO NO COLÉGIO MELLO DANTE
22/11/2010 20:50 h

O Colégio Mello Dante, de Mogi das Cruzes (SP), realiza peneira para formação de suas equipes de base, no dia 12 de dezembro, voltadas as categorias descritas abaixo, nos seguintes horários:

pré mini e mini, nascidos em 1999 e 1998, das 09h00 ás 10h30
mirim e infantil, nascidos em 1997 e 1996, das 10h30 ás 12h00
infanto e cadete, nascidos em 1994 e 1995, das 12h00 ás 13h30

Os interessados deverão comparecer no horário relacionado à sua faixa etária, munidos de RG e com trajes esportivos.

O Colégio Mello Dante fica localizado na avenida Francisco Rodrigues Filho, 2070, no Jardim Nova Mogilar, na cidade de Mogi das Cruzes (SP). As dúvidas poderão ser sanadas com o professor Caio, através do telefone (11) 9791-7097 ou ainda pelo e-mail caiobueris@bol.com.br.

O Colégio Mello Dante é reconhecido pela Educação diferenciada, atenção individual e formação integrada dos seus alunos. “A fórmula utilizada pelos educadores pode ser resumida em três aspectos: acompanhamento individualizado, disciplina bem definida e sistema de avaliação quantitativa e qualitativa”.

Veiculado no blog Databasket em 22/11/2010, não acreditei quando li, pois inverte totalmente o principio educacional e formativo do jovem no âmago da escola, em sua função divulgadora e incentivadora dos desportos como parte indissociável do processo educativo, e não a sua utilização como vetor de especialização (e consequente pré profissionalização através bolsas de estudo), nas primeiras fases da maturação infantil, à margem da verdadeira função da atividade sócio desportiva, como objetivo a ser alcançado em conjunto com as demais disciplinas formais.

A proposta de massificação das atividades físicas e desportivas no âmbito escolar, como parte integrante da educação de qualidade, e fomentadora de uma futura geração de talentos egressos da mesma, morre em seu nascedouro se ações desencadeadas e emuladas pelo exemplo acima, transformarem as escolas em destino de peneiras desportivas, negando sua função básica e estratégica de prover uma educação ampla e generalista a todos os alunos a ela relacionados e vinculados, e não agindo como um clube, onde o resultado esportivo em muito supera e suplanta as finalidades da atividade desportiva como integrante do processo educativo de todos, e não de uns poucos, que lá irão se submeter a uma seletiva peneira.

Em sua essência, uma ação totalmente desprovida de lógica e de conceituação educativa, finalidade básica e indissociável da escola, como direito constitucional de todo jovem e futuro cidadão. Uma coisa é formar equipes constituídas dos alunos de uma escola, como evolução natural das aulas de educação física, independendo de títulos e conquistas, outra é a organização de peneiras como a anunciada pelo colégio em pauta, numa flagrante confissão de que o foco a ser explorado é o da competição elitista, e não o da afirmação de um processo educativo formal, igualitário e justo.

Se essa é a proposta de massificação a ser desenvolvida e divulgada pela escola, que os deuses nos ajudem, protegendo-nos dos previsíveis resultados que advirão se ampliado para todas.

Amém.

PS- Numa nota de hoje, 26/11, no mesmo blog, uma outra escola, Colégio Amorim, também em São Paulo, anuncia uma peneira correlata.

TERRIVEL JOGO, NUM ÁRIDO CENÁRIO…

Chego na Arena às 10:45, deserta, com 21 carros no estacionamento, na vastidão daquele estacionamento árido e descampado, ao custo de 15 reais, isso mesmo, 15 reais! Vou até a bilheteria, deserta, compro um ingresso para idoso, os mesmos 15 reais do estacionamento, surreal!

Adentro a enorme e colossal Arena, e… as fotos contam uma verdade dolorosa em pleno domingo, numa radiosa manhã de sol, praticamente deserta, com uma torcida diminuta orquestrada por um animador trajado a La NBA, e um DJ movido a batidão, onde a única música sugerida em nosso idioma foi o hino nacional, e mais nada que lembrasse nossa criativa e majestosa identidade musical. Cultura globalizada é isso ai, sem maiores dúvidas. Lamentável.

E o jogo meus deuses, o jogo!

Mas que jogo, se somente uma equipe se apresentou para o embate, não sendo certamente a equipe do Vitória, agora sem as desculpas do primeiro jogo na liga, quando perdeu de 53 pontos para o Pinheiros, de se apresentar com somente um de seus titulares, assessorado por juvenis, já que as inscrições dos demais não haviam se concretizado administrativamente.

Neste jogo, contra a equipe do Flamengo, lá estavam todos, exceto o armador Muñoz, assim como ausente estava o Duda por parte do anfitrião.

E o resultado? Derrota por 54 pontos, absurdos e inadmissíveis 54 pontos, por mais forte que fosse o adversário, pois ali se defrontavam equipes da elite do basquetebol nacional, e não juvenis imberbes.

E os porquês para tão acachapante derrota, se ambas as equipes jogaram sob um mesmo sistema de jogo, aquele tradicional, enraizado e granítico sistema único de jogo, onde as posições de 1 a 5 são padronizadas e possuídas como capitanias hereditárias por especializados jogadores e seus mentores técnicos? Isso mesmo caro leitor, pelo simples fato de nesse perverso sistema vencerá sempre aquela equipe que tiver os melhores jogadores em cada posição de 1 a 5, onde os confrontos 1 x 1 são um produto final para cada situação de jogo, durante o tempo em que for jogado, como mini jogos do 1 contra o 1 adversário, o 2 contra o 2, e sucessivamente até o 5 contra o 5, numa antítese do jogo coletivo, aquele resultante de uma equipe cujos jogadores dominam uma única posição, a 12.345! Mas isto é exigir demais do corporativismo implantado pela esmagadora maioria de nossos técnicos de ponta, com uma ou duas exceções, no seio dos quais a prancheta é a personagem principal de suas intervenções coreografadas.

E por conta dessa realidade, montam-se as equipes por nomes, por especialistas ( ou o que pensam ser…) de 1 a 5, restritos àquelas exigências padronizadas para cada posição, nas quais determinados fundamentos ( assim pensam em sua maioria…) podem ser relevados em comparação às demais posições, o que no frigir dos ovos determinam uma pobreza de domínio dos mesmos, que atingem limites inconcebíveis. Drible, fintas, passes, posicionamento defensivo, rebotes e arremessos, são negligenciados em função das posições que pretensamente imaginam dominar, tornando-se reféns daqueles mais bem preparados nas mesmíssimas posições.

Neste cenário, uma equipe que propugnasse o enfoque prioritário nos fundamentos, e o sucedâneo coletivismo advindo dos mesmos, já que um nivelamento técnico individual se faria sentir durante a preparação da mesma, através um sistema, qualquer um, que priorizasse a participação indistinta de todos os seus integrantes, numa forma democrática de jogar o grande jogo, sem dúvida alguma jamais se submeteria a derrotas de tal teor, jamais, fosse a equipe que fosse.

Enfim, foi uma manhã frustrante, num cenário árido e desprovido do calor humano, minimamente representado ante o gigantismo daquela Arena, onde o valor do meu ingresso foi o mesmo para estacionar o carro, numa prova de que muito ainda nos falta para atingirmos metas mais ambiciosas.

Quanto ao jogo, a mim valeu mais pelo reencontro com alguns atletas que dirigi, com o Washington e o Marcos, assistente e fisioterapeuta respectivamente, e a entrega pelo DeJesus de minha mala que havia ficado em Vitoria desde março. Foi um ótimo reencontro, mas um jogo para esquecer.

Amém.

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CRONOLOGIA DO ESQUECIMENTO (OU, RECORDANDO)…

Pululam na rede comentários anônimos e raros não anônimos sobre as estripulias da administração central do nosso basquete, suas audaciosas manipulações, conluios políticos e parceiramentos excusos, além, muito além de um continuísmo para lá de escancarado, antiético e espúrio.

E os clamores se avolumam em cobranças ante a passividade consentida de federações e seus dirigentes, como se novidade fosse, apontando para a passividade e omissão da imprensa oficial e blogueira, como se todos fossem cúmplices do que ai está, cristalizado, ciclopicamente concretado, indelevelmente incólume.

Mas não é bem assim caros e camuflados críticos, ávidos em enumerar situações e comportamentos “agora descobertos e proclamados” em suas inéditas conclusões, esquecendo que da aceitação à constatação de um fato histórico, um tênue e capilar fio condutor tem de ser levado em prioritária consideração, o pleno conhecimento de seus antecedentes.

E são estes antecedentes, interesseiramente(?) omitidos e escondidos pelos que hoje cobram ações e atitudes, que passo a cronologicamente refrescar seus humores e cobranças, antítese de como sempre se comportaram, sob a proteção velada e pusilânime do anonimato.

Lembremos então:

GREG, CHAK & CARL… (12/11/08)

A ACLAMAÇÃO… (21/11/08)

EMERGINDO DAS TREVAS…(26/11/08)

GREG, CHAK & CARL II…(28/11/08)

A LUTA POSSÍVEL…(9/12/08)

RETORNANDO…(13/12/08)

O ÁS DE MANGA…(16/12/08)

A QUARTA VIA…(14/01/09)

PORQUE A QUARTA VIA?…(18/11/09)

SABE?…(25/01/09)

TROMBETEANDO O DESFECHO…(28/01/09)

RÉQUIEM PARA UMA ELEIÇÃO…(01/02/09)

MERITOCRACIA…(06/03/09)

GREG, CHAK & CARL, A FARSA…(14/04/09)

O PROFISSIONALISMO…(16/04/09)

MESMICE INC, LTDA…(19/04/09)

O CARA…(21/04/09)

É HOJE QUE…(04/05/09)

O PRIMEIRO DIA…(05/05/09)

E não ousem e nem venham mencionar posicionamentos lastreados pelas pérfidas e covardes sombras do anonimato, pois dezenove deles( entre muitos) ai estão acima, devida e lidimamente assinados por mim. Porque não fazem o mesmo, não assumem a luta aberta? O basquete, o nosso triste e mal tratado basquete, agradeceria suas embasadas, comprometidas e responsáveis adesões, se reais e seriamente o são.

Amém.

A MESMICE ENDÊMICA…

Inicio de jogo, e em quatro ataques sucessivos da equipe de Brasília algo me grudou na tela, pois ali se esboçava um autêntico sistema de dois armadores e três pivôs móveis, com movimentação interna de grande intensidade, permitindo aos armadores uma seleção de passes que culminavam em arremessos de curta e média distâncias eficientes e precisos, todos executados pelos pivôs de ofício, Lucas Tischer e Cipriano, e os de ocasião, Guilherme e Artur. Não atoa foi o Alex o recordista de assistências na rodada.

E tão rápido como foi estabelecida essa forma de atacar, foi a mudança para o sistema tradicional, que mesmo assim continuou a servir o Tischer com bolas bem aproveitadas por ele.

E mais rápida ainda o abandono das jogadas armadas, substituídas pelos contra ataques e o esquecimento do jogo com os pivôs até o fim da partida, numa resolução tática que cobrou um alto preço a toda a equipe e espelhado no resultado final negativo, frustrando minha expectativa de ver algo de novo solidificado em nossas quadras, como essa fugaz volta ao jogo interior.

Do outro lado uma equipe francana decididamente atuando sob dupla armação, por todo o tempo, priorizando a velocidade e o jogo de penetrações e arremessos de três pontos, que nem mesmo a enxurrada de bolas de três do Nezinho conseguiu reverter um resultado, até certo ponto justo, ante tais e enigmáticas opções candangas.

E no tocante ao Nezinho, verdadeiramente absurda sua liberdade de ações em arremessos longos, com os pés praticamente no solo, e com uma angulação de tiro baixa e tensa, facilmente bloqueável, claro, se marcado de perto, fator este, que se bem aplicado, facilitaria  uma vitoria mais elástica, sem necessidade de um tempo extra.

Enfim, se a equipe brasiliense somente se utilizou de um sistema de ataque que a derrotou no NBB2, mesmo sendo a campeã em seu final, como um teste prático para futura utilização, provou a eficiência do mesmo, e a plausibilidade de sua utilização, mesmo por parte de jogadores conhecidos por suas predominâncias individuais e pouco afeitos ao coletivo puro e simples. Com três pivôs experientes, como Tischer,  Alirio, e Cipriano, além de Guilherme e ocasionalmente Alex e Artur, estarão  perfeitamente equipados para mudar sua estrutura tática, que se situaria num patamar mais eficiente se pudessem contar com mais um armador de qualidade em sua formação definitiva.

Para um inicio de liga, um jogo entre essas duas equipes que tênuamente ensaiam mudanças importantes em suas formas de jogar, contrasta com a mais absoluta mesmice das demais, em suas frenéticas buscas de melhores jogadores nas posições 1, 2, 3, 4 e 5, como exige o figurino prét a porter implantado entre nós a longos e penosos anos, além, mais do que claro, da continuidade da hemorragia dos arremessos de três, mesmo com o acréscimo de 50 cm na distância para sua execução, o que aumentou na mesma proporção a preguiça dos defensores em ir lá para evitá-los, numa estúpida negativa em trocá-los pelos de dois, somada a omissão de técnicos perante tal escolha de seus comandados, e o aberto incentivo da mídia televisiva no apoio aos mesmos.

Infelizmente, as mudanças técnico táticas ainda demorarão muito a acontecer em nosso basquete, refém de um corporativismo absolutamente seguro de seu poder impositivo e coercitivo, principalmente contra toda tentativa de radicais inovações, que possam expor sua fragilidade formativa e executiva. Essa é a lei.

Amém.

SER OU NÃO SER CONVENIENTE…

“Oi Paulo, tenho uma má noticia depois que falei com o Alarico pelo telefone. Ele preferiu um outro técnico, e perguntei por que? Respondeu que ele era mais “conveniente  àquela altura da composição da equipe”. Não entramos em detalhes” ( Prof. Pedro Rodrigues, amigo de longa data do Alarico, assim como meu amigo, me comunicando a posição da equipe do Vitória para o NBB3).

Em suma, para o Vitoria a minha presença na continuidade do bom e inovador trabalho no NBB2 pelo Saldanha da Gama não era conveniente, frente a conveniências determinantes por parte de um outro profissional recentemente desempregado. Lastimo, mas não me arrependo, de não ter aceito o convite de uma equipe de ponta, para manter minha palavra e comprometimento a um trabalho cuja continuidade, sem dúvida alguma, levaria a equipe do Espírito Santo aos playoffs do NBB3, caracterizando resquícios de um idealismo não condizente à realidade “profissional” destes novos tempos.

Claro que o novo técnico, manteve-se na ativa dentro da LNB, o que é muito bom, pois competente, além de ter reavido uma dívida da temporada 2008-9, motivo de ação judicial, e ainda levando de bônus um jogador de grande qualidade técnica de sua última equipe, tendo herdando uma base de bons jogadores, muito bem treinados e atualizados.

Todo esse processo, inédito para mim, ainda preso a certos princípios éticos defasados e irreais, mas irremediavelmente atrelado aos mesmos, colocou-me ante uma situação inquestionável- a necessidade de aceitar, formular e desenvolver uma realidade, que aos 71 anos dificilmente conseguirei dominar, mas que é a base da sobrevivência em ambiente tão hostil.

O ser professor, técnico de uma velha escola, com suas tradições acadêmicas e respeito incondicional à ética, me  caracteriza como um dinossauro em plena extinção, senão já extinto, e o que é pior, sem possibilidades politicas  de ser conveniente, ou não.

E por tudo isso, fico sem trabalho nas quadras, depois de um brevíssimo, porém profícuo retorno, apesar do domínio que ostento dentro das mesmas, fruto de longos, longos anos de pratica, estudo, pesquisa e transferência integral de conhecimentos, fator básico e transcendental para a evolução da ação educacional e desportiva, mas mortal frente ao peso de títulos e de QI’s.

Por fim, fiquei, e continuei curioso, velho hábito de quem adora aprender, do porque, ou porquês do termo “conveniente”, e indo ao Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa me reciclei com o seguinte:

CONVENIENTE, adj. 2 gên. Que convém; vantajoso; adequado; apto; decente; que é conforme às praxes. ( Do lat. Conveniente.)

Tranqüilizei-me, pois esclarecido por uma etimologia irreparável, onde aptidão e decência me são estruturalmente comuns, ambas inadequadas num mundo onde a vantajosa conveniência é aquela que não fere o conformismo das praxes e rotinas estabelecidas.

Logo, jogar de uma forma diferente o grande jogo, e jogar eticamente dentro dos preceitos incondicionais das  relações humanas, não fazem o meu perfil neste mundo cruelmente moderno, confirmando o que agora constrito percebo, e mesmo não aceitando, não ser, irremediavelmente, conveniente.

E a mesmice técnico tática no nosso basquete de elite triunfalmente seguirá sua trilha sem contrafações, cada vez mais, granítica,solida e convenientemente salva e protegida de clarões e  rasgos de indesejáveis aberturas, indesculpáveis ousadias, e inconvenientes personagens.

Assim o é, e continuará sendo, pois desejo de todos, menos um…

Amém.

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GALERIA DO HORROR- “A EDUCAÇÃO JÁ ESTÁ BEM ENCAMINHADA…”


“Preciso de desafios. Gosto da tribuna, da oratória. Meu primeiro desafio como atleta foi uma Olimpíada”(…)

(…) “Neste caso, o esporte olímpico do Brasil estava em jogo aqui. Porque uma Olimpíada alavanca a construção do esporte num país. O esporte sai da esfera do comitê e vai para a sociedade. Esse é o maior legado em que posso pensar”(…). (Presidente do COB- O Globo 11/10/09).

Perfeito discurso, perfeita oratória, idêntico ao que antecedeu o Pan Americano, com seu legado absolutamente nulo, tanto em esporte, como em benefícios à população do Rio.

Já se descortina no futuro de 2016 seu discurso e oratória ao declarar aberto os Olimpic Games, claro, após uma bem orquestrada vaia presidencial. Afinal, o amor à tribuna e extrema vaidade não tem limites: “Eu era o único que poderia ter feito aquele discurso na apresentação final, falando diretamente com os delegados, e pedindo para que refletissem sobre a decisão histórica que poderiam tomar. Soubemos utilizar meu peso político e isso contou nessa candidatura”.

E para provar o que disse, logo após a leitura do voto vencedor, agarra com as duas mãos a cabeça do presidente do país e beija a sua face, da mesma forma como se cumprimentam os de seu circulo corporativista, como um premio de consolação àquele cujo insignificante discurso aos delegados pouco valor teve se comparado ao seu monumental poder de oratória…

E para não deixar qualquer margem a dúvidas sobre sua perene influência declara: (…)” Já observo gente que pode me suceder, mas por enquanto, eu sigo o que generais e estrategistas do passado fizeram: lidero as minhas tropas. Essa questão de limitar mandatos não existe” .

E pensar que o presidente do país estava crente de que seu discurso teria sido fundamental…  E sequer imagino se ainda não se convenceu dos papéis que protagonizou na abertura do Pan, e agora, em Copenhagen, onde serviu de escada para o mago da oratória destilar seu convencimento e poder mafioso.

Serão 23 ou mais bilhões na banca, rodeada pelos reis do blefe, com suas mãos recheadas de naipes em publicidade, marketing, projetos e mais projetos de construções e falsas benfeitorias, segurança com data marcada, conluio com o transporte rodoviário lobista, e um possível e pretenso investimento na malha ferroviária, escolas de línguas, preparo e treinamento dos úteis e ingênuos voluntários, a massa que dá duro para os comandantes lucrarem, e mais um milhar de obras que serão fatalmente super faturadas, numa repetição multiplicada por cem do ocorrido num Pan de triste e tão recente memória.

E conclui solene: (…) “Até o final do ano anunciaremos planos para o esporte de alto rendimento. Há o compromisso com o Lula, que me chamou para cobrar resultado já no dia 3 (…). E todos nós pensávamos que tais planos já estivessem sendo processados desde muito antes do Pan… Engano, somente os do vôlei, sua escada original.

Enquanto isto, nossas escolas agonizam, os professores, desculpem, os profissionais de Ed.Física, atrelados curricularmente aos centros de formação biomédica, dicotomizados da formação humanística dos centros de formação de professores, vegetam uma vida paramédica de terceira categoria, vigiados por confefs e crefs que distribuem autorizações a dungas e congêneres, aliados que estão à industria do corpo, e afastados do comando e liderança do MEC, mas ligados politicamente aos desígnios de um Ministério do Esporte partidário, tornando inviável a disciplina de Ed.Fisica nas escolas, outrora de importância vital , junto com as artes e a música, para a formação plena de nossos jovens, direito constitucional do país.

E por conta desta insânia, falar de esporte na rede pública escolar do país passou a ser pecado capital, o mesmo já falido nos clubes, o mesmo que o agora imperador do país denomina de alto rendimento, como se a massa de jovens pudesse ser espremida como limões a seu bel prazer, na busca de uma excelência somente possível com a massificação do mesmo.

E onde massificar senão na escola prezado imperador? Mas antes, bem antes teremos de preparar professores e técnicos, em escolas para professores, sob a ótica clássica do humanismo e dos princípios generalistas, que são a base da educação democrática, e não o pragmatismo desenfreado dos atuais currículos forjados e administrados em cursos de base paramédica.

E com a volta estratégica da formação de professores para a área humanística, veríamos cessar a catastrófica influência e tutela de conselhos de educação física, cuja maior performance foi a de autorizar milhares de leigos a empunharem um legado didático pedagógico que absolutamente não dominam.

Com essa base formativa reinplantada, poderíamos reintroduzir a educação física de qualidade nas escolas, e seu produto natural, o desporto escolar, jamais dissociado da formação plena do cidadão, do atleta-cidadão.

E com uma ou duas gerações de trabalho intenso poderíamos alcançar padrões atléticos que nos situasse ao nível das grandes nações, aquelas mesmas que colocam a educação no patamar maior de suas conquistas humanas e tecnológicas, que como podemos avaliar, em muito ultrapassariam os 2016 da vida, em contraponto aos projetos enganosos e criminosos de esporte de alto rendimento, saídos da verve oportunista de um amante incondicional da oratória.

Não nos iludamos, pois a performance atlética e grandes resultados em 2016, com exceção óbvia do vôlei, não terão a menor importância ante à presença real e palpável de um cornucópia financeira que enriquecerá uma geração cada vez mais elitizada e especializada, altamente especializada, em se apropriar de verbas públicas, a qual, em absoluto interessa escolas de qualidade, educação democrática e acessível, pois um povo educado seria o maior entrave às suas conquistas político econômicas.

Maquiar uma realidade brutal como essa não resolverá o nosso atraso, e sim investir pesadamente em educação, o que duvido que venha a ocorrer, ainda mais em um país presidido por um homem que não lê, e cuja sucessora já anunciou que “a educação já está bem encaminhada”, retirando-a de suas prioridades, rodeados, ambos, por oportunistas que amam a tribuna e a oratória, ah, e os milhões também.

Que todos os deuses disponíveis nos protejam, mais uma vez.

Amém.

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CONTINUAMOS…

Quando em fevereiro desse ano assumi a direção de uma equipe da LNB, para o returno do NBB2, tive de fazer uma opção bastante significativa em minha rotina de vida, orientada ao estudo, e ao blog criado em 2004.

Inicialmente a mudança de cidade e todas as implicações logísticas inerentes à mesma, não fosse eu aposentado do magistério superior, e já estando na casa dos 70 anos, e segundo, a forma como manteria a essência do blog estando na direção prática de uma equipe de alta competição.

Creio ter solucionado os impasses de uma forma bastante pragmática, instalando-me em um hotel, onde o aspecto “administração de uma casa” seria minimizado, e estabelecendo um diário no blog sobre as etapas de treinamento e jogos que passei a enfrentar no dia a dia da competição, e que foi bastante consultado e discutido, principalmente pelos jovens técnicos do país.

Terminada a competição, iniciei um tempo de espera, a fim de dar continuidade, ou não, ao trabalho implantado na equipe, situação essa que dependia exclusivamente da direção da mesma, na busca de patrocínios que a viabilizasse para a temporada a seguir. E durante a angustiante espera me posicionei em um artigo que desnudava toda uma situação de fato, mas não de direito, onde a realidade do nosso basquete se fazia presente com todo o seu desnível sócio esportivo. “Me dei um tempo… foi o artigo em questão, cujo último parágrafo expunha com clareza o processo de indefinição que se fez presente na continuidade da equipe, que acabou sendo liquidada, pelo menos quanto ao processo técnico tático que propus, treinei e a fiz atuar nos 11 jogos finais da temporada.

Hoje, definitivamente fora das quadras de jogos da LNB, por uma disposição injusta e discriminatória, onde o se provar competente e atualizado é fator desqualificante e de somenos importância, ante o poder inamovível de um corporativismo descabido e retrógado,  advindo de fora das quadras, volto aos cânones que sacramentaram a criação deste humilde blog, onde a discussão básica, transparente e responsável, propugna, como desde sempre, o possível soerguimento do grande jogo em nosso país.

Portanto, e após um segundo tempo reflexivo, volto à trincheira desobrigado das funções de técnico atuante, não menos compromissado com as análises, criticas e sugestões que sempre habitaram esse espaço, sempre contando com o apoio, as criticas e sugestões dos muitos jovens técnicos, alguns velhos técnicos e poucos jornalistas e aficionados, presentes nos comentários abertos e democráticos, continuando o caminho traçado desde setembro de 2004.

Muitos assuntos pairam no ar, alguns sequer intocados pela mídia, pelo público em geral, mas repletos de importância e de significados.

Continuamos na teimosa e constrangedora forma de preparo de nossas jovens seleções, onde perder sistematicamente para os argentinos já se tornou um hábito endêmico, quando deveria ser um parâmetro de mudanças e conceitos, e de responsáveis também.

Continuamos a minimizar o ensino dos fundamentos, assunto de uma infinidade de matérias aqui publicadas e discutidas, que bem sei ser domínio de muito poucos excelentes técnicos que possuímos, NENHUM deles responsáveis por quaisquer seleções de base brasileiras, e cujos princípios já extrapolam de modalidades, haja vista o excelente artigo- O erro está na base-  do jornalista Fernando Calazans no Globo de hoje (2/11/2010), que o encerra desta forma – “O remédio, não só para o Flamengo mas para todo o futebol brasileiro, está na base. Está nos meninos de 10, 11, 12 anos que, em vez de terem aulas de tática com os “professores pardais” da categoria, precisam aprender primeiro a lidar com a bola, a dominar, driblar e passar como por exemplo Conca, Montillo, D’Alessandro e outros… argentinos.”  E como pululam pardais em nosso basquete…

Continuamos a mesmice técnico tática que nos esmaga a duas décadas, como um pacto adjeto ao que de pior pode nos referenciar perante a comunidade internacional, depurando sem dó nem piedade qualquer tentativa de “diferenciação”, mesmo que partindo de um insignificante lanterna da liga dirigido por um excêntrico de plantão, mas que poderia deixar de sê-los na continuidade da agora esmagada tentativa. Se pura maldade, ou abjeta burrice, que julguem os entendidos…

Continuamos, enfim, a administrar sofregamente as vultosas e bilionárias verbas que se avizinham a 2014 e 16, todas elas comprometidas com os negócios, da industria ao turismo, nas mãos dos apaniguados e dos chupins dos poderosos, onde a menção de termos como, educação integral, democrática  e de boa qualidade, preparo e aperfeiçoamento de jovens atletas, pagamento justo e meritório de professores e técnicos, se tornam impublicáveis em seus projetos megalômanos e anti patrióticos, já que excluem a verdadeira riqueza de um país que pretende se alçar e ombrear com as nações desenvolvidas do mundo, seus jovens, esquecidos e criminosamente abandonados.

Continuamos assim, a luta que sei ser sem fim, até quando os deuses permitirem.

Amém.

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