APRENDENDO COM O WALTER…

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Tenho o imenso prazer de publicar esse artigo do Prof.Walter Carvalho, ex atleta no CR Flamengo, professor e técnico a longos anos radicado no exterior, estando agora residindo e trabalhando nos Estados Unidos. Curtam o explêndido texto do Walter.

 

Esporte no Brasil – Espiral decadência

April 27, 2015 coachcneto Basquetebol brasilBasquetebol na escola

Muito se fala em renovação mas pouco se faz. Cada vez mais os nossos esportes olímpicos estão mais elitizados com pouco investimento, ou nenhum, no trabalho de base e na formação de novos atletas.

Uma rápida ‘radiografia’ do cenário atual do esporte no Brasil revela fragilidades, clubes endividados, instalações sem condições de receber jovens, treinamentos e jogos, torcedores e professores qualificados cada vez mais longe dos estádios, ginásios. Sem mencionar que o esporte escolar e de base e inexistente no pais.

Já esta provado que os clubes brasileiros não tem condições de manter programas esportivos muitos com dividas de milhões e outros rumo a falência. Nossos jovens praticamente não tem mais onde praticar e aprender. A maioria de nossos atletas de elite treinam e estão sendo formados no exterior. As categorias de base, de onde deveriam sair os atletas que um dia brilharão nos clubes e na seleção brasileira, tem tratamento sofrível. Em vez de formar cidadãos e atletas, os clubes fazem, ou aceitam que se faça, de seus centros de treinamento um viveiro de revelações a serem vendidas o mais rápido possível para dirigentes e empresários realizarem seus lucros.

Nossa mídia praticamente abandonou a cobertura do esporte formação, esporte e competições amadoras. Sem eventos, sem patrocínio, sem retorno, e sem gente com credibilidade para administrar não há jeito do esporte sobreviver.

Muita gente, que faz parte da historia do esporte brasileiro,levanta uma questão interessante: existem federações que foram transformadas em um negocio privado por seus presidentes. Sem uma gestão profissional a maioria destas federações se transformaram em empresas privadas.As federações vivem de rendas publicas. Verbas estas que são “somente” utilizadas no esporte de alto nível. E verdade, se não fosse pela ajuda federal. o esporte no nosso pais JÁ estaria definitivamente falido e extinto.

O que notamos é que existem muitos amantes do esporte que entendem o valor do esporte para a sociedade e que querem mudar esta triste realidade. Por outro lado existem outros que morrem de medo de perder a ‘teta’ onde mamam as custas do esporte.

A identificação por clubes e pelo esporte elite exclui uma grande parcela do publico. Existem conflitos de interesse entre a finalidade recreativa dos clubes com o esporte de alto nível.

Acredito que para o Brasil ser a potencia no basquetebol de outrora, precisamos de um projeto que viabilize e massifique o esporte. O esporte escolar pela sua importância social e pedagógica no processo de formação do individuo, ressaltando a disciplina, o respeito a hierarquia e as “regras do jogo”, a solidariedade, o espirito de equipe e outros fatores do desenvolvimento humano. não tem recebido a atenção e a prioridade que merece. Faltam planejamento, programas, diretrizes, metas, acompanhamento de resultados etc.

É baixa a percentagem de praticantes de esportes em relação ao numero da população gerados principalmente pela ausência de uma politica para estimular a atividade em escolas e universidades. Para tal precisamos de um projeto que tenha como objetivo:

  1. Disseminar a pratica esportiva nas escolas.

  2. Contribuir para a identificação de novos talentos.

  3. Proporcionar oportunidades para desenvolvimento profissional de professores.

  4. Recuperar ou adequar as instalações esportivas das escolas e universidades.

Há insuficiência quantitativa e qualitativa de profissionais com especialização específica para o basquetebol tanto de técnicos para formar e treinar. O projeto teria que ter como objetivo a capacitação dos técnicos de base – não com filosofias de ataque ou defesa – ou que enfatize o plano tático como tem sido feito e sim com um embasamento maior no desenvolvimento de fundamentos. Estes técnicos precisam de um conceito e de uma metodologia de ensino onde eles possam adotar uma filosofia que venha atender as necessidades do esporte e das crianças que dele participam.

O conceito a ser adotado deveria ser o de criar jogadores especialistas do esporte e não da posição. Os técnicos responsáveis pelo trabalho de base precisam ser supervisionados e coordenados a nível regional e nacional por técnicos capazes e estudiosos que entendam o conceito de que formação e massificação do esporte são os objetivos do projeto. Precisam aprender a ensinar pois  o projeto requer os melhores “professores” na base, porem com salários dignos

Há,  também, a ausência de gestão em praticamente todos os níveis, Os dirigentes encaram o esporte de forma não profissional e, em sua maioria, não tem formação para atuar nesta área.

O desporto escolar não possui objetivos específicos. As escolas são despreparadas para o esporte.  Não há uma politica visando desenvolver a base esportiva nas escolas. Os professores se reciclam por conta própria mas ganham mal e então não se aprimoram. Existe falta de materiais esportivos em muitas escolas. As unidades escolares carecem de espaços, instalações e recursos humanos qualificados. O esporte é também pouco realizado em nível universitário apresenta problemas semelhantes aos das escolas quanto as instalações, materiais, etc. O que existe e fragmentado e visa apenas o imediatismo.

É preciso que as empresas e o governo entendam que o retorno no trabalho com a base e SOCIAL. Precisamos dar um basta na construção de obras e estádios faraônicos para a elite quando nossas escolas e clubes não possuem instalações e equipamentos adequados para a pratica desportiva. As arenas construídas com “verba do povo” hoje são elefantes brancos,  pois o alto custo operacional inviabiliza que os clubes as utilizem para jogos de campeonato regional e nacional.

Empresas interessadas em investir no projeto precisam de incentivos para tal e que haja maior controle sobre a utlização desta verba. Leis e incentivos que valorizem os patrocinadores. Especialmente, empresas envolvidas na produção de equipamentos esportivos, uniformes, equipamentos protetores e calçados, entre outros. com o crescente interesse das empresas pela atividade. Porem estas empresas só investem  nos esportes de alto rendimento que acontecem em lugares de repercussão nacional e não nas escolas.

Precisamos, também, valorizar a atividade curricular da educação física e massificar o desporto escolar. Estabelecer diretrizes e ações para que as escolas e as universidades sejam importantes formadoras de atletas e de cidadãos. Para tal precisamos de um projeto nacional que tenha como objetivo:

  1. Criar condições e exigir investimentos em espaço, equipamentos e materiais necessários.

  2. Incentivar a realização de jogos colegiais e universitários em todos os estados.

  3. Recuperar as instalações esportivas das escolas e universidades.

  4. Formar novos técnicos  “professores” e oferecer a estes salários dignos!

A importância do esporte para a sociedade tem reflexos significativos principalmente na educação e na saúde da população, podendo, também, contribuir para a superação de problemas sociais apresentados pelo pais.

Abre o Olho Brasil! Estamos perdendo esta corrida! Nossos jovens, cada vez mais, mal educados, estão ai querendo que vocês, governantes, os dêem condições de poder contribuir para o crescimento do pais! Porem vocês se negam a enxergar!

O Basquetebol esta sofrendo também com a falta de ações estruturantes e de desenvolvimento desta atividade nas escolas. Se tem uma coisa que o nosso esporte realmente precisa é de discussões sadias e de pessoas preparadas com novas ideias para uma gestão mais profissional e que atendam as necessidades de nossos jovens e sociedade.

Foto – Walter e eu num almoço quando de sua última visita ao Rio.

 

“O ESTILO BRASILEIRO”…

P1100698-001P1100723-001DSCN3453-001DSCN3473-001DSCN3479-001DSCN3480-001Outra semana de muito basquete, aqui e lá fora, em playoffs muito disputados aqui, e não muito lá fora, vide as estilosas varridas na metrópole, onde um veteraníssimo plantel texano ainda dá as cartas, provando que juventude não é tudo na primazia do grande jogo, e que o equilíbrio entre as gerações deva ser o caminho a ser seguido, principalmente para o nosso ainda insipiente basquetebol…

Técnica e taticamente somos insipientes, vide uma formação de base altamente precária, uma compulsão doentia pelo sistema único, que não funciona e jamais funcionará sem o domínio dos fundamentos do jogo, mas que é copiado e exigido à exaustão por estrategistas que se projetam monocordicamente através suas midiáticas pranchetas, uma imprensa especializada que comete lamentáveis deslizes em suas preferências de conteúdo equivocado, e incentivador de graves erros técnicos, principalmente em jovens ouvintes, facilmente influenciáveis pelo apelo imediatista de “jogadas e ações consagradoras”, e o pior, incitando a burla a regras do jogo, como em dois recentes comentários, quando um jogador foi punido por conduzir a bola, ao imobilizá-la situando a mão impulsionadora por baixo da mesma no ato do drible, recebendo o seguinte comentário dos dois ex-jogadores que analisavam o jogo – “Poxa, se os juizes marcarem todas essas conduções não tem jogo, e era o que eu fazia todo tempo quando jogava (risos), não é fulano?” “Sem dúvida, beltrano, eu também (mais risos)”… Simplesmente lamentável…

Também ex juiz que comenta tática e tecnicamente os jogos insistindo na liberação da vantagem quando um jogador sofre falta em seu caminho para a cesta, indo de encontro às regras do jogo que coíbe esta ação, argumentando ser uma recomendação da FIBA, no intuito de não beneficiar o infrator, mas que ainda não se caracteriza como regra deliberada oficialmente (recomendação não é regra), e portanto deve ser obedecida…

Como também, no jogo entre Bauru e Franca, enaltecendo a enxurrada de arremessos de três – “Me desculpem os puristas, mas esse é o “verdadeiro estilo do basquete brasileiro” onde até um jogador argentino, o Mata, vindo de um basquete contido e cadenciado “se soltou” adotando essa forma de jogar”- Esqueceu, ou omitiu, entretanto, o fato de que a maioria dos estrangeiros que aqui aportam, de saida “compreendem” que se não o adotarem, frente a inexistentes contestações, poucas chances midiáticas terão…

Mas foi exatamente nesse jogo, que a tal equipe chutadora (com inacreditáveis 13/34 de três e 10/20 de dois) e repleta de “nomes”, convergente de longa data, perdeu um jogo em seus domínios para uma outra muito jovem e que se enfiou “lá dentro”, arremessando 19/41 de dois e 9/22 de três, vencendo exatamente pelos 2 em 2 (não esquecer que contabilizaram 27 pontos nos três contra 39 dos donos da casa…), e ainda perderam 7 lances livres…

Logo, trata-se de um “estilo” enganoso e perigoso, pois é perfeitamente anulado frente a defesas bem postadas fora do perímetro (um dia as teremos por aqui…), alem de frontalmente exposto a perdas importantes de rebotes ofensivos, pelo péssimo hábito que vem se estabelecendo por pivôs abrindo para as tentativas de fora, numa opção que equipes estrangeiras que enfrentaremos mais adiante nas grandes competições, não permitirão,contestando-os sem tréguas…

No jogo aqui no Rio, a recalcitrante equipe carioca nas bolinhas (21/33 de dois e 5/29 de três) perde para a paulista que equilibrou suas opções de cesta (25/42 de dois e 7/21 de três), jogando um pouco mais internamente (foram 16 pontos no garrafão contra 8), contestando mais efetivamente as bolas de fora, travando com mais eficiência as penetrações, provando que a preferência por bolas de três nem sempre ganham jogos, mas quase sempre propiciam bons e eficientes contra ataques se contestadas com competência e decisão. A equipe do Flamengo ainda se debate com indefinições do quem é quem dentro de quadra, que é um preocupante quadro num plantel cheio de nomes, nem sempre aptos a aceitar a reserva, pois não compreendem, ou passaram a não compreender, e consequentemente aceitar, um papel estratégico a qualquer equipe de alto nível, onde o poder de rotação define seu destino em uma longa e exigente competição de elite, mesmo que atuem por poucos minutos…

Finalmente, uma equipe, Mogi, que se apresenta bem equilibrada taticamente, arremessando 27/51 bolas de dois pontos, 6/20 de três e 12/16 de lances livres, perdendo para Macaé, também razoavelmente equilibrada com seus 21/34 de dois, 10/23 de três e 17/21 de lances livres, porém pegando mais rebotes (36/28) e convertendo 46 pontos no garrafão contra 40 de seu adversário, e que vê seu técnico conotar a derrota às atitudes “estupidas“ de seus armadores (que na realidade se viram batidos pelo americano Jamal em noite inspirada, ao contrario de seus habituais e centralizadores recitais),numa retórica de sempre culpar a equipe e os jogadores pelas derrotas, quando, ele próprio  comete erros táticos como o deste jogo, ao não preparar a equipe para o enfrentamento de um americano imprevisível tecnicamente , mas controlável taticamente. Em Macaé, veremos a quem vai culpar, ou não…

Porém, algo alvissareiro, a volta, ou melhor, a redescoberta de que temos bons pivôs, e que se não estão melhores deva-se ao “estilo brasileiro de jogar”, que os remeteu por duas décadas ao papel de recolhedores de bolas das artilharias de fora, sem o direito sequer de adquirir algumas técnicas individuais, como o drible, as fintas, os deslocamentos com posse de bola, enfim, a participação no jogo coletivo de suas equipes, travando-os servilmente dentro de um sistema obtuso e retrogrado, mantido pelo corporativismo vigente, mas que aos poucos vem se abrindo na marra, na marra do inadiável, na substituicão da estupidez pelo mérito. Acredito que evoluiremos, apesar de tudo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

OS INOMINADOS…

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Paulo, os playoffs do NBB se encerraram e você mocó, por que, resolveu ignorar?…Não, claro que não, mas, agora quem questiona sou eu, comentar uma mesmice perene e inamovível, mesmo cercada de emoções a mil, e recheada de erros de fundamentos que assustam para valer?…

             E mais, assistir incrédulo americanos meia boca “encerarem” a quadra, monopolizando a bola a seu bel prazer, sob a passividade defensiva fora e dentro do perímetro, numa permissividade inadmissível sob qualquer critério técnico que se escolha, mas que aufere vitórias e classificações improváveis, dignas de um basquetebol tatibitate, e que ainda engatinha à sombra de uma forma de jogar, que celeremente vem sendo substituída por algo ainda negado por aqui, arraigados que estamos ao sistema único, ao 1 x1, às bolas de três, à frouxidão  consensual defensiva, na contra mão da busca pela velocidade, habilidade e criatividade, que são a resultante de um enorme domínio dos fundamentos individuais e coletivos do jogo por todos os jogadores, e não um ou outro diferenciado, como os meia bocas mencionados, numa carreata liderada por estrategistas que se repetem ad nauseum em pranchetas midiáticas e absolutamente inexpressivas técnica e taticamente, num carrossel de repetições e lugares comuns, de coisíssimas nenhumas…

E o pior, assistirmos a dissolução de equipes derrotadas pela má gestão técnica, pela escolha de “nomes” valorizados por espertos agentes, esquecendo no limbo da história jogadores realmente importantes, veteranos ou não, para uma equipe, para um sistema de jogo coletivista, diferenciado, ao largo da mesmice implantada de forma absurda e profundamente burra por um corporativismo que visa a manutenção do que ai está, imexível e garantidor de um  mercado de trabalho tão, ou mais medíocre que suas anacrônicas capitanias hereditárias…

É duro saber de antemão o destino de bons e úteis jogadores que se matam numa Liga Ouro para classificar suas equipes, sabedores que sucedendo a classificação serão trocados por outros mais “ranqueados” para o NBB, segundo a “altamente qualificada” opinião de agentes, dirigentes e estrategistas de plantão, claro, todos afinados com a mesmice endêmica que defendem com o denodo de “donos do pedaço” que julgam ser…

Pena que nossa educação e conhecimento desportivo, do grande jogo em particular, seja tão canhestra, tão ignorante, fatores estes que poderiam ser decisivamente confrontados se ao menos uma equipe, bastaria uma somente, mesmo sem muita verba, sem muito apoio midiático, porém formada por jogadores de verdade, repito, veteranos ou não, competentes em seu labor, valentes e corajosos o suficiente para adotarem novas formas de jogar, de se comportar, de acreditar em algo inteligente e desafiador, reunidos em torno de um técnico que exigisse comprometimento nivelando a todos em torno dos movimentos básicos, como um barco onde remam numa mesma direção, com humildade de aprender, e o mais importante, reaprender e apreender ações e movimentos individuais e coletivos, para um pouco mais além, abraçarem um sistema de jogo proprietário, e não um decalque estúpido e retrogrado do que ai está implantado desde sempre…

Mais duro ainda é o fato de testemunharmos os comportamentos da grande maioria dos técnicos ao lado da quadra, nos pedidos de tempo, numa mistura de proposital teatralidade, ferocidade no trato com jogadores, ingerência desproporcional junto as arbitragens, ao não reconhecimento dos erros, sempre direcionados a equipe, aos juízes, nunca ao sistema que usam e abusam com seus chifres, polegares e canetas hidrográficas, todos pertencentes a elite do lugar comum em que nos encontramos, inclusive os brand news…

Mas como não há mal que sempre dure, quem sabe emergirá dessa densa penumbra, uma agremiação corajosa, sem medos de inovações, propensa a um passo além da mesmice vigente, que adote os fundamentos como base física e técnica no seu preparo, que resolva jogar muito além de um sistema único retrógrado e acomodado, que converse e discuta seus passos no dia a dia, onde os jogadores se respeitem ao trabalharem igualmente, numa permanente troca de valores e conhecimentos, quando descobrirão o portal de entrada na constituição de uma verdadeira equipe, que acerta e erra junto, paciente e madura, humilde e brilhante…

Paulo, você realmente acredita na possível existência de uma equipe assim? Claro que sim pois já dirigi por 49 dias uma desse naipe no NBB2, e que ainda poderia ser reunida, pelo menos alguns de seus componentes, afinal de contas as equipes midiáticas não querem, ou se interessam pelos jogadores que a compuseram, espalhados que estão pelo país, mas que se reunidos dariam um trabalho imenso para serem derrotados, e disso tenho a mais absoluta certeza, e sabe porque? Porque são muito bons, apesar de opiniões contrárias dos estrategistas de plantão…

Amém.

Foto – Do autor. Clique na mesma para ampliá-la.

 

ONDE QUANDO TUDO COMEÇOU…

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Dois dias atrás fiz parte da mesa inaugural do I Seminário Regional sobre Prática de Ensino/Estágio supervisionado em Educação Física, atendendo o convite do Mestrado em Ciência da Atividade Física da Universidade Salgado de Oliveira – Universo – com o tema A Prática de Ensino e a Didática no momento de sua implantação na UFRJ (a primeira a fazê-lo no país), quando os pioneiros daquele momento fundamental da Educação Física Brasileira discorreram suas experiências e vivências, conforme a programação a seguir-

      A UNIVERSO realizará, no dia 15 de abril, de 2015, I Seminário Regional sobre Prática de Ensino / Estágio Supervisionado em Educação Física. O programa está assim constituído: A Prática de Ensino e a Didática no momento de sua implantação na UFRJ, a única universidade existente no Estado do Rio de Janeiro. Prof. Paulo Emanuel da Hora Matta (UFRJ/UERJ); Prof. Dr. Paulo Murilo Alves Iracema (UFRJ),Prof. Dr. Alfredo Faria Junior  (UFRJ/UNIVERSO). A Prática de Ensino e a Didática na Universidade Castelo Branco e na Universidade Gama Filho. Prof. Eugênio Corrêa (UCB) e Profa. Dra. Vera Lúcia Costa (UNIFOA / UCB). A Prática de Ensino e a Didática na Universidade Rural do Rio de Janeiro, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade Federal Fluminense. Prof. Dr. Marcos Santos Ferreira (UFRRJ), Prof. Dr. Evaldo Bechara (UERJ), Prof. Dr. Waldir Lins Castro (UFF). A Prática de Ensino e a Didática na Atualidade: as experiências da UNISUAN, da UNIVERSO e da FAMATH.  Prof. Roberto Santos (UNIVERCIDADE/UNIVERSO), Prof. Dr. Carlos Figueiredo (UNISUAM/UNIVERSO), Prof. Maurício Barbosa (UNIVERSO), representante da FAMATH. Os conteúdos das mesas constituirão os Capítulos de um livro a ser publicado.

Ao final da minha palestra, que brevemente veicularei aqui no blog, assim como a dos demais palestrantes, tive a honra de ser agraciado com uma placa comemorativa pelos longos anos dedicados à Educação Física Brasileira, no que fico lisonjeado e agradecido aos professores responsáveis pelo Mestrado em Ciência da Atividade Física daquela prestigiosa Universidade, na pessoa do Prof. Dr. Alfredo Faria Jr, com quem participei da introdução e os demais professores, quase todos ex-alunos nossos na UFRJ. Pena e muito lamentada a ausência, por motivo de saúde, do Prof. Paulo Emanuel da Hora Matta, um dos pioneiros daquela primeira hora da Didática/Prática de Ensino e Estagio supervisionado da Educação Física Brasileira.

Amém.

Fotos – Andre Raw. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Foto de grupo – Professores Roberto Santos, Paulo Murilo Alves Iracema, Alfredo de Faria Jr., Léa Laborinha e Eugênio Corrêa.

 

EQUÍVOCOS PONTUAIS…

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Difícil convivência com gelo e calor, mais antinflamatórios, indefinido tempo de repouso, dor, numa ciranda prostrante por conta de um ciático teimoso e persistente. Nos intervalos de trégua, um tempinho para o blog e o preparo para a palestra de quarta feira próxima no Seminário de Didática e Prática de Ensino de Educação Física na Universo em Niterói. à partir das 9:30 da manhã.

Voltando ao blog, mais uma já tradicional coletânea de equívocos por onde transita o nosso mal tratado basquetebol, que apesar de tudo ainda se estabelece como a terceira escolha nos ingressos para a Rio 20016, perdendo somente para o volei e o futebol, provando que se fosse um pouco mais organizado e dirigido colocaria as escolhas em seus devidos lugares, fato que a turma do COB, oriunda da primeira colocada, tudo fará (como tem feito) para que nada seja revertido no comando da CBB, garantindo sua “supremacia”, por conta da enxurrada de mal feitos técnicos e administrativos lá cometidos…

Seguindo, é duro de acompanhar o que está sendo feito com alguns jovens valores como o Caboclo, Bebê, George e Lucas, entre outros mais, anunciados como prospectos para a NBA, e que honestamente falando e analisando, ainda estão muitos anos luz daquela realidade, a não ser no ideário de alguns vivaldinos de olho no “ervanário” que aquela mega liga poderá representar de lucros, não importando muito se  resultados negativos advirão, afinal de contas, num país dessa dimensão, muitos outros prospectos não faltarão, e quem sabe, compensando com sobras os “investimentos” realizados, bastando que vingue ao menos um…

Em seu último discurso, o Bebê já investe no ganho de peso e massa muscular, para enfim abandonar seu sonho de ala pivô, para se transformar em mais um massudo pivô, como desejam seus conselheiros/investidores, na contra mão de grandes e já estabelecidos pivôs da grande liga, que “afinam” suas silhuetas a fim de se situarem tecnicamente aos novos parâmetros de velocidade e agilidade junto as tabelas…

Fico pensando em qual das quatro equipes finalistas da NCAA poderiam ser encaixados o Caboclo, o George e o Lucas, ou mesmo uma das 64 participantes do March Madness, com a técnica que ostentam nos fundamentos do jogo, e o como pode ser possível que se aventurassem na liga maior, para onde são canalizados os melhores universitários, treinando uma semana na maior academia de basquete da Florida, como? Creio que, a não ser por um por um muito bem planejado projeto de estabelecimento da NBA em nosso país, promovendo midiaticamente, promissores talentos tupiniquins na mesma, não consigo vislumbrar real capacitação técnica provendo-os para a elite do basquete mundial, pelo menos até agora…

E o que dizer de mais um périplo de nosso comandante da seleção, indo de encontro dos craques da NBA, e das ligas européias, como um mascate em busca de compradores de um projeto de jogo, quando o correto seria o caminho inverso, numa relação de comando absolutamente equivocada?…

Finalmente o NBB, sim, tenho visto todas as transmissões, que aliás ontem, no jogo entre Paulistano e São José pela web, com o atraso do narrador pelo trânsito paulista, tive a grata surpresa de ouvir uma verdadeira narração de um jogo de basquetebol, sem arroubos, “monstros” e que tais, mas uma exposição pausada, pensada e esclarecedora do comentarista Cadun que o substituiu, mostrando a parte tática com precisão e concisão, o desenrolar e desenvolvimento das jogadas, das defesas e das ações individuais, de forma brilhante, e não expondo os telespectadores a narrativas de futebol, como se os mesmos fossem cegos e absolutamente ignorantes do grande jogo, e mais, sem os dispensáveis louvores, titulações e o rasga seda caipira de sempre. Pena que foi somente um quarto de bem narrado e explicado basquetebol…

Quanto aos jogos, elogiar as bem sucedidas tentativas do jogo interior, mesmo no sistema único (que é o único que conhecem…), oportunizando melhores e bem vindas intervenções de nossos razoáveis  pivôs (que se mais acionados, sem dúvida melhorariam…), assim como a flagrante atenuação da hemorragia dos três pontos em praticamente todos os jogos desse playoff, mostrando a exequibilidade de vencer jogos de 2 em 2 e de 1 em 1, faltando somente a melhoria defensiva e leitura de jogo, a fim de diminuirem os muitos erros de fundamentos ainda cometidos, fator altamente negativo em uma divisão de elite…

O que faltou, e que vem faltando desde muito tempo? Sistemas diferenciados de jogo, para sairmos dessa mesmice endêmica que nos limita ao plano da mediocridade tática em que nos encontramos…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e Divulgação LNB, Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

A LIBERDADE CRIATIVA…

P1100502-001P1100507-001Ficou engraçado ouvir os diversos comentáristas televisivos discorrerem sobre as equipes no March Madness da NCAA, pois de uma forma geral contrariavam seus notórios posicionamentos técnicos e táticos, rigorosamente sedimentados no sistema único (o tal das posições de 1 a 5 e suas jogadas padronizadas…), frente a uma realidade que contrastava seriamente os mesmos dentro do campo de jogo, onde suas arraigadas convicções ruiam uma a uma, a tal ponto que, num determinado momento do jogo Kentucky e Winsconsin, um deles afirmou constrangido que esta equipe fazia um jogo com cinco abertos, quem sabe para a chutação de três (fixação do mesmo…), quando o entra e sai de jogadores e bola no perímetro interno era o que se via com uma clareza ímpar, numa forma de jogar jamais aceita, não só por ele, mas pelos demais especializados, adeptos desde sempre dos cincões, das bolinhas do 1 x 1, e das esterradas “monstro”…

Por mais que neguem, uma revolução está em andamento como jamais imaginaram, centrada em jogadores acima dos 2,12m capazes de conduzir, fintar e progredir com a bola em perfeito domínio, assim como se deslocarem em todos os sentidos, dentro e fora dos perímetros, ágeis, lépidos e combativos, mais pelo posicionamento do que pelo físico, e tudo e por tudo semelhantes aos armadores, cada vez mais criativos e autônomos (poderiam ser mais, não fosse a resistência controladora de ainda muitos técnicos presos a dogmas, e como aqui, a pranchetas midiáticas), que inexoravelmente irão de encontro a liberdade criativa, queiram ou não os “estrategistas”, daqui e de lá tembém, afinal, a proposta evolutiva do Coach K também encontra resistências, pois vultosos investimentos estão em jogo…

Por aqui teimamos na cópia canhestra de uma mesmice endêmica e cada vez mais hermética, fruto do corporativismo de um grupo que se apoderou do controle do grande jogo, blindado que se encontra a qualquer manifestação contraditória a seus princípios. marginalizando a qualquer um que tente estabelecer algo do novo, de “diferente”…

No entanto, podem tentar enterrar a verdade, matá-la nunca, e as provas ai estão escancaradas, ironicamente vindas da matriz  que incensam e idolatram colonizadamente, e tanto, que não se apercebem das profundas e radicais mudanças que lá eclodem com firmeza e sem volta…

Desde muito tempo preconizo esses novos tempos, pelo estudo, pesquisa, aplicação e desenvolvimento dessa “nova” forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, e esse blog é a prova definitiva desse posicionamento, queiram, ou não reconhecer, todos aqueles que sempre negaram aceitá-lo, mas que já se preparam para recepcionar e patrociná-lo como de suas verves, afinal, está vindo do oráculo, única origem que aceitam e copiam desde sempre…

Bem, logo mais teremos a grande final entre Duke e Winsconsin, divisora, agora no âmbito colegial, entre a antiga e nova visão da modalidade que mais evolui dentre os desportos coletivos, e que por essa razão exige a máxima dedicação à formação de base, e permanente desenvolvimento de sistemas diferenciados de jogo na elite, onde a liberdade criativa seja desenvolvida e preservada desde sempre.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

A ENDEUSADA E MIDIÁTICA MESMICE…

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Um dia Nelson Rodrigues afirmou que “toda unanimidade é burra”, no que parece ser hoje a mais autêntica das verdades quando o tema é basquete brasileiro. Loas e unanimes ovações pipocam na mídia especializada situando o grande jogo como um produto em plena ascensão junto ao público, com competições cada ano mais acirradas e equilibradas, crescente vinda de estrangeiros dentro e fora das quadras, patrocínios mais fidelizados, retomando aos poucos o domínio continental, mesmo ainda muito carente naquele fator divisor de águas junto a realidade competitiva internacional, o fator técnico…

Sim o fator técnico é o nosso sempre exposto tendão, doloroso e incapacitante, na medida de nossa já estabelecida mesmice endêmica, implantada à sombra do sistema único calcado na NBA, e “enriquecida” com a aceitação de um reinado, o das “bolinhas”, que estabelece a convergência como padrão a ser copiado e seguido, inclusive, e de forma lastimável, pela formação de base em todo o país…

Hoje, lideres de nossa liga maior, vencem jogos atrás de jogos convergindo copiosamente, como ontem, quando Bauru derrotou Mogi (97 x 75) perpetrando 19/38 bolas de três e 14/24 de dois, com um dos seus pivôs, Hettsheimeir arremessando 6/14 lá de fora, e o ala armador Alex 7/10 da mesma distância, ante um sistema defensivo anacrônico e profundamente equivocado por parte de Mogi, pois mesmo enfrentando um sistema de jogo usado por todas as equipes da liga, inclusive ela mesma, com seus idênticos chifres, punhos, camisas, e correlatos, bastaria ter utilizado uma engenharia reversa do mesmo, na formulação antecipativa de um bom e eficiente modelo defensivo, no qual tentativas de bolas de três ao serem contestadas, opcionariam  defensáveis penetrações e bolas de dois pontos, equilibradas que seriam se a recíproca se baseasse também no princípio de que de 2 em 2 se vencem partidas, com mais segurança, eficiência e precisão, e não através de insanos duelos de bolinhas e mais bolinhas…

Mas o que se pode atestar com grande margem de segurança, é a generalizada aceitação, utilização e monocórdia presença de uma realidade, triste realidade, aceita por todos, jogadores, agentes, dirigentes analistas, jornalistas e, principalmente, os técnicos, todos estrategistas do caos existente e de muito difícil solução, a não ser que se adapte, pela incapacidade criativa de todos, algo diferenciado, ousado, corajoso, revolucionário, à imagem do proposto pelo Coach K após os sucessivos fracassos de seu país em mundiais e olimpíadas, hoje uma realidade que todos reconhecem pelos resultados alcançados em seus campeonatos nacionais e competições internacionais, onde um novo paradigma se faz presente, com uma proposta antagônica às rígidas posições de 1 a 5, marca indelével do sistema único, onde uma sempre presente dupla armação coordena as ações de três alas pivôs transitando permanentemente no perímetro interno em grande velocidade, agilidade e destreza nos fundamentos básicos, não esquecendo, inclusive, de algumas outras soluções encontradas, estudadas e aplicadas em outros países, inclusive o nosso, infelizmente aqui sufocada e varrida para baixo do tapete da história, pela descomunal força de um corporativismo insano e discriminatório, implantado desde algum tempo entre nós…

Enfim, ao patinarmos descontroladamente no bojo de uma sistematização anacrônica e tristemente limitadora, acrescida de uma “filosofia convergente”, onde bolinhas e enterradas se constituem no “ápice do basquete”, conforme a midiática opinião dos “entendidos de plantão”, em seu proposital, senão ignorante, desconhecimento do grande jogo, omitindo do mesmo os básicos fundamentos, como a estrutural condição de sua existência, coisificando-o ao nível de suas “convicções técnicas e táticas”, ausentes fatores estratégicos que explicam e justificam sua letal e estupida omissão…

Temo pelo futuro do basquetebol entre nós, que apesar de sua falseada grandeza midiática, não consegue, por mais que tente, esconder a falsidade maior, a de que aos poucos, porém irremediavelmente, involui naquele básico fator, o técnico, o fundamental, que o eternizou como o grande, grandíssimo jogo…

Amém.

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