200 ARTIGOS DE LUTA.

Em setembro de 2004 iniciei a publicação deste blog, que agora, dois anos depois chega aos duzentos artigos, doze dos quais serão a base do primeiro livro que estou produzindo sobre os fundamentos do jogo. Acredito que tenha ajudado com um pouco da minha experiência nas quadras para o entendimento desta magnifica modalidade esportiva, e na esperança de que a mesma se soerga entre nós. E hoje, um tanto fora do aspecto festivo pelo duo-centésimo artigo, tento entender como pessoas que se dizem sérias se deixam levar pela paixão ao emitirem opiniões e testemunhos enganosos. Um sub-título? FALEM A VERDADE, POR FAVOR.
Assisti perplexo ao programa Arena Esportiva de ontem no Sportv, todo ele dedicado ao basquetebol, no qual ouvi absurdos perpetrados por dois técnicos convidados, sendo um deles o da seleção brasileira. Num momento do programa falou-se sobre a importância da criação de uma associação de técnicos, como as existentes nos países que dominam a modalidade na atualidade.E o testemunho do selecionador nacional foi de um desconhecimento assustador. Afirmou que com o falecimento do Daiuto( na realidade o Prof.Moacir Daiuto, técnico, escritor e diretor da EEFUSP), a associação de técnicos por ele fundada, praticamente deixou de existir, e que só recentemente uma outra associação, a APROBAS, dirigida pelo Tácito(?), tenta se estabelecer, mas que somente uns poucos pagam sua anuidade. Todas ,informações completamente falsas. Quem idealizou, ajudou a fundar e participou na redação do estatuto da primeira associação de técnicos de basquetebol em nosso país, fui eu, quando do Campeonato Mundial Feminino em São Paulo em 1971 . Naquela ocasião, paralelamente à um curso de atualização técnica patrocinado pela FIBA e pela CBB, com a presença de um elevado número de técnicos de todo o país, a idéia lançada por mim teve imediata aceitação, e logo uma comissão designada por todos em votação, da qual fiz parte, foi destacada para a elaboração do estatuto da ANATEBA-Associação Nacional de Técnicos de Basquetebol, que nascia nas dependências do DEFE na Água Branca. Na promulgação do estatuto e da ata de fundação propuseram os técnicos presentes e fundadores que eu assumisse a presidência, a qual declinei com o argumento de que a associação iniciaria seu trabalho em conflito com a direção da CBB, da qual divergia profundamente. Sugeri então o nome do grande técnico Antenor Horta, tendo como vice-presidente o Prof.Moacir Daiuto. O desportista Jack Fontenelle assumiria o setor financeiro e eu, dada à insistência dos técnicos assumiria a secretaria da nóvel entidade. A ANATEBA foi um sucesso imediato, contando de saída com mais de 120 associados, dos mais diversos estados do país. Publicou 5 revistas, e lançou o mini-basquete no Brasil, além de organizar cursos de atualização em vários estados. Mas aos poucos, a CBB minou a associação, que via como concorrente, e que sem sua ajuda logística deixou de existir. Em 1976, quando cursava o mestrado de Ed.Fisica na USP, em um dos sábados desportivos que a EEF organizava para reciclar os técnicos de SP, e na presença de mais de 150 deles, propús, mais uma vez, a recriação da ANATEBA, que foi rebatizada de ABRASTEBA- Associação Brasileira de Técnica de Basquetebol, sendo eleito para a presidência o Prof.Moacir Daiuto, que era o diretor da EEFUSP, ficando comigo a vice-presidência. Seis meses mais tarde, sem que tivesse sido sequer comunicado e sem votação em assembléia, fui afastado do cargo, pois era o único não paulista na direção da associação. Sucedeu ao Prof.Daiuto o Prof. Guilherme Kroll, até o encerramento de suas atividades, pois o suporte logístico dado pela EEF cessou com o falecimento do Prof.Daiuto. Très anos atrás fui à fundação da APROBAS (Associação dos Profissionais de Basquetebol) em São Paulo, como o único carioca presente, doando à nova entidade todo o material que possuia sobre a pioneira ANATEBA. Paguei duas anuidades e jamais recebi um recibo ou carteira que me situasse como sócio colaborador e pagante. Também, nos anos 80 organizei e fundei a Associação de Técnicos de Basquetebol do Rio de Janeiro, que teve como seu primeiro e único presidente o técnico Ary Vidal, e como vice-presidente o técnico Waldyr Boccardo. Logo, não procedem as informações dadas pelo técnico da seleção brasileira, assim como não reconheço nele competência para vir a público inovar com idéias que nasceram, floresceram, e foram aniquiladas pelo perigo que pseudamente representavam para a entidade mater, a CBB, que ora representa,e é apoiado, mesmo após o triste papel que fizeram no mundial, o que jamais ocorreria se entre nós existisse uma associação que promovesse o mérito como fator intrínsico para a direção de nossas seleções, da categoria que fosse. Também tive o desprazer de ouvir comentários oportunistas do outro técnico convidado, que carece de um mínimo de conhecimento sobre muitos dos assuntos alí expostos à discussào por um arguto mediador, e que deixou no ar uma névoa de desconfiança sobre a seriedade de muitas colocações discutidas ao sabor de muita rasgação de sêda, no apôio explicito ao continuismo do atual técnico da seleção, que em sua opinião é o único com competência para o cargo, abrindo vasto campo para futuras composições comissionadas. Salvaram-se as opiniões sensatas e objetivas da grande atleta Hortência, o que veio corroborar quão importante foi sua trajetória e influência para o nosso basquetebol, premiada que foi no Hall of Fame. Sinto, que ao sabor das circunstâncias um tanto nebulosas que pairam sobre o atual momento basquetebolistico brasileiro, começam a emergir falsos e oportunistas lideres, empunhando bandeiras que jamais desfraldaram, tentando assumir papeis que não merecem por despreparo, movidos pela vaidade e pelo princípio do que “se colar, colou”.
Que as boas cabeças pensantes do nosso basquete não se deixem levar por marqueteiros e seus oportunos seguidores, e que saiam de suas redomas e assumam seus papéis de direito, sob pena de nos vermos enredados em mais um longo e tenebroso inverno. Faço, como desde sempre venho fazendo,a minha parte, e espero que façam o mesmo e infinitamente melhor.
PS- Dedico este duo-centésimo artigo ao Melk, pelos seus 10 anos de lutas e mais de 500 artigos publicados.Um abração.

LOS HERMANOS…E NOSOTROS.

Árvore bem plantada, cuidada e adubada, só pode gerar bons frutos. Assim é a equipe argentina, produto de um bem sucedido projeto a longo prazo, que desagua neste mundial como uma das
favoritas ao título, o que referenciaria a conquista olímpica. Com um fortíssimo trabalho de base,
escudado por uma organizada associação de técnicos, e possuindo uma liga atuante e bem sintonizada com sua confederação, nossos irmãos apontam o caminho que deveriamos seguir, um tanto tardio, mas que valeria à pena tentar. Jogam de forma idêntica a todas as equipes neste mundial, num sistema globalizado e repetitivo. No entanto, conotam pequenos grandes detalhes que só encontram paralelo na equipe americana, baseados num profundo e estonteante domínio dos fundamentos do jogo. E por todos seus integrantes, armadores, alas e pivôs, fazendo com que os deslocamentos, corta-luzes, dá e segues, fintas, dribles , passes e arremessos, fluam por igual quanto ao desenvolvimento e finalização de todas as jogadas tentadas. Podem, inclusive, se dar ao luxo de atuarem com dois armadores puros e dois alas com habilidades semelhantes, e mais um pivô que une força e velocidade, todos interagindo num carrocél de movimentação permanente. E mais, tendo na reserva(?) jogadores tão, ou mais habilidosos. Claro, que dois ou três de seus integrantes estão alguns pontos acima de seus companheiros, mas, em nenhum momento os vemos se situarem dessa forma, o que mantêm o grupo unido. Assim, mesmo que atuando dentro de um sistema ofensivo padronizado, se destacam pela qualidade diferenciada de seus integrantes quando em confronto com os demais. Defensivamente, são formidáveis, pois conseguiram mapear todas as nuances e atalhos do sistema ofensivo que se utilizam, bem como os demais, para desenvolverem ao máximo os conhecimentos sobre cada movimentação do mesmo, para gerarem atitudes antecipativas que o anulam. Outrossim, pela movimentação constante, conseguiram se adaptar a qualquer tipo de defesa zonal, ante a qual pouco mudam em suas ações ofensivas. Trabalhando desde muito cedo a arte dos fundamentos, com técnicos bem formados, e com organizadas competições, somados ao envio de seus melhores jogadores para uma Europa comunitária, na qual a dupla cidadania tornou viável tal estratégia, propiciou ao basquete argentino uma evolução sem par entre nós, sul-americanos, dando aos mesmos uma superioridade, que nos exigirá um alto grau de inventividade se quizermos alcançá-los. Analizando todas as equipes que participam deste mundial, e ao vermos a total similitude de seus sistemas ofensivos, podemos aquilatar, com uma boa dose de certeza, quais aquelas que se destacarão no final, bastando observar quais delas detêm o maior número de jogadores com evoluidas técnicas nos fundamentos. E nesse pormenor
os argentinos estão entre os melhores. Nossa equipe, no entanto, ao se situar entre as de menores performances nos fundamentos, pagou pela ineficiência, mesmo atuando nos moldes do que apelidam por aqui de “basquete internacional”. Por todos estes fatores, é que sempre propugnei pela busca de outros sistemas de jogo, que é uma boa estratégia quando nos deparamos com um fôsso provocado pela defasagem técnica de duas décadas de mesmice e péssima copiagem de valores estranhos à nossa cultura, mas que fossem embasados pelo emprego maciço do ensino dos fundamentos. O voleibol encontrou esse novo caminho, ao mixar
a escola asiática, de velocidade, com a européia, de força, gerando uma nova escola com o melhor
daquelas duas, no que foi seguido pelos americanos e italianos, e que nos tem dado a supremacia
mundial. Os argentinos, bem sucedidos,ou não neste mundial, deverão optar por novas soluções
técnico-táticas, já que possuidores de uma ótima e eficiente infra-estrutura, a fim de se
manterem no fóco primal, restando a nos brasileiros o reinício de uma longa e penosa caminhada
que é o ônus a ser pago por aqueles que se deixaram perder por preguiça em inovar e por
ineficiência dolosa em dirigir e organizar. E nos rastros dos bons exemplos, poderiamos começar
pela criação de associações de técnicos regionais, para mais tarde evoluirmos para a nacional, pois desta forma nos livrariamos de saída das influências derrotadas e por isso ineficazes, que já ensaiam se fazerem presentes nas figuras que compõem a comissão técnica referendada pela UNICBB. Sugiro enormemente, que os técnicos se unam em seus estados, que fundem suas associações, que estudem soluções, e que tentem se aproximar de suas federações, no intúito de respaldarem seus esforços sem diluições de cunho político e de interesses que não os esportivos. Se dois ou três estados derem partida a esse projeto, garantirão o apôio dos demais, naquele que poderá vir a ser o renascimento do grande jogo entre nós, e quem sabe, possamos voltar a nos rivalizar com nossos irmãos argentinos. Espero que sim.

DUAS CONSIDERAÇÕES.

1- A TÉCNICA – Infelizmente a Itália ficou pelo caminho, apesar da explêndida equipe e do mais explêndido ainda técnico. Sua estratégia de enfrentar os Estados Unidos utilizando por todo o tempo de duração do jogo da defesa individual, perante a qual os americanos tendem a produzir seu máximo, por estarem em contato com a mesma permanentemente no campeonato da NBA, foi uma aula de como se valer de um jogo sem riscos de desclassificação, como foi apelidado por alguns de nossos narradores e comentaristas, como sendo um “treinamento de luxo”, para, confrontar e provocar os estratosféricos profissionais num duelo em que as armas seriam aquelas em que seu dominio técnico é tido como absoluto, a ofensiva contra defesa individual. O técnico italiano, inclusive, pautou seus jogadores para que as flutuações defensivas acompanhassem ao máximo as regras enebianas, no que foi brilhantemente obedecido. O que pretendeu este inteligente e sagaz técnico? Pretendeu não, provou a seus atletas que com um pouco mais de trabalho de base, de entrega aos treinamentos específicos de defesa, em breve, muito em breve, os mesmos poderiam alcançar os padrões defensivos dos americanos. E o “pulo do gato”, privou a equipe do brilhante e humilde (a não ser quando posa sistematicamente com a mão direita ao lado do rosto para exibir seu anel de campeão da NCAA) Mike, de se confrontar com a pedreira defensiva que iria encontrar, se mais adiante cruazassem com os italianos, e sua formidável defesa por zona. Mas, se não se classificaram, deixaram uma trilha resplandescente para um dos
europeus e nuestros hermanos atingirem o centro nervoso dos americanos, sua ogeriza e quase
ostensiva aversão ao ataque contra zona. Naquele jogo, a equipe italiana, mesmo atuando dentro do sistema defensivo preferido pelos americanos, conseguiu em 3/4 do jogo equilibrar as ações
e até superá-los. No quarto final, quando uma mudança para a defesa por zona poderia lhe dar a vitória, preferiu a continuidade inicial, tirando o máximo e o mais inteligente investimento de uma ação protelatória. A dúvida ficou marcada no âmago da equipe americana, a ponto de sua
maior estrêla naquela partida declarar que somente a força do conjunto os levaram à vitoria.Sem
dúvida nenhuma, na reta final do campeonato, as equipes que defrontarão os americanos o farão
utilizando as lições emanadas da corajosa, eficiente e formidável experiência italiana, o oposto do que fizeram com a máxima eficiência, um determinante e decisivo sistema de defesa zonal.
Aguardemos os embates, que serão o reflexo da magna aula italiana.
2 – A MORAL – Afloram na midia as declarações do técnico no 1 de que dando continuidade ao seu trabalho na seleção brasileira, passará a dar cursos de atualização para novos técnicos, desenvolverá esforços para a publicação de literatura pertinente ao basquetebol, e incrementará
clinicas para técnicos e atletas nas diversas regiões do país. E que proporá à UNICBB passar a ser
o técnico em regime exclusivo nas seleções nacionais. No entanto, sugiro desde já, que antes,bem
antes de iniciar este ciclo de salvação nacional, se ponha em campo para humildemente auscultar
em si mesmo aqueles princípios que ficaram esquecidos nos recônditos de seu ser, aqueles que
num tempo não tão remoto assim, propugnavam pelas ações que hoje propõe. Trata-se de uma questão moral, e pela qual deverá se pautar daqui para diante, sob a pena de ver ruir o princípio básico de quem lidera , a fé e a confiança em si mesmo, patamar na liderança de outrem, tanto no aspecto individual, como na de uma equipe. Torço para que se encontre e acerte nas decisões a serem tomadas. Amém.

ACHISMOS OPORTUNISTAS.

Eliminação na 1a fase, comprometedora participação, volta desonrosa, sonhos desfeitos.Comissão técnica garantida em sua continuidade visando o Pan e o Pré-Olímpico, e o grego melhor que um presente afirmando que faria tudo de novo, e pelo visto, o fará, sem dúvida. Na terrinha, desolação e revolta. Nos blogs e sites especializados ofensas se fazem presentes, na ânsia de se encontrar culpados entre jogadores e técnicos. E, mais do que presentes, os previsíveis oportunistas com seus “achismos” de última hora, já que permanentemente ausentes nas primeiras horas. Nada mais constrangedor do que assistir o desfile de opiniões por parte de técnicos atuantes e de renome, numa ciranda cruel em suas críticas aos técnicos da seleção através a midia televisiva, numa atitude unilateral, já que sem réplicas imediatas, e profundamente antiéticas. Falam em sistemas de jogo, em princípios de treinamento, em preparação psicológica, em transparência nos relacionamentos, como fazem e aplicam em seus trabalhos, em conceitos modernos, em disciplina tática, na obrigatoriedade de obediência técnico-tática por parte dos jogadores, defendendo inclusive o radicalismo nessas exigências, numa verborragia que sob alguns subterfúgios primam por omitir suas verdadeiras intenções, as do endeusamento de seus”eus”, do reconhecimento de suas extraordinárias qualificações, e da suprema importância que suas presenças se fazem necessárias na seleção brasileira. Ao criticarem as falhas apresentadas nos jogos da seleção, em comparação ao que dizem e afirmam realizar em seus trabalhos, em suas concepções técnicas, em seus principios estratégicos, em suas
atitudes organizativas, em seus transparentes relacionamentos, nada mais exteriorizam do que
o fato inconteste em suas convicções de serem os verdadeiros eleitos. Mas não esclarecem, longe,muito longe disso, que nos muitos anos de suas participações profissionais jamais lideraram ou promoveram os seus”achismos”junto a associações de técnicos, na formação dos mesmos,
na publicação de seus fantásticos trabalhos, na divulgação do jogo nas áreas remotas do país, que seriam fatores fundamentais para o progresso da modalidade. Lembram enfaticamente a necessidade de associações de técnicos, de cursos de formação e atualização, de conceituação uniforme, de princípios modernos, aspectos realmente importantes para o nosso basquetebol,
mas que NUNCA foram organizados e dirigidos por NENHUM deles. Mas o momento negativo
por que passa a modalidade, torna-se campo fértil para “sugestões”desse tipo de oportunismo,
mas que tem de encontrar a devida repulsa daqueles que realmente lutaram para a existência
das associações, daqueles que percorreram o país ensinando e dialogando com os jovens técnicos e os mais jovens ainda atletas, daqueles que nas salas de aula e nas quadras dos cursos de Ed.Física divulgaram as novas técnicas e suas didáticas específicas, daqueles poucos que teimaram em se pós-graduarem aqui ou fora do país, às custas de enormes sacrifícios, daqueles
que esmagados pelas carências materiais e econômicas se lançaram à luta, e assim mesmo produziram pequenos grandes milagres, e finalmente, daqueles que oprimidos sejam,e estão em silêncio perante a existência deste caudal de achismos oportunistas. E que aqueles que nos lêem,
que sei poucos, mas que poderão um dia serem muitos, que não se deixem levar para o mais danoso dos achismos, o de que a salvação de nosso basquete só será possível com a vinda de técnicos estrangeiros, únicos capazes de nos ensinar a jogar o que sempre soubemos jogar. Não serão eles que nos salvarão, e sim aqueles que de alguma forma se insurgirem contra essa onda de malignidade que sempre aflora nos rastros de derrotas inesperadas, porém previstas. Temos
no país excelentes técnicos e professores, bastando que a eles se dêem oportunidades de expressão e diálogos produtivos, ações que participei, vivenciei e divulguei nos mais de 40 anos junto aos verdadeiros artífices de nosso basquetebol, mas que nunca contaram com suportes de midia,nem protecionismos de políticos travestidos de esportistas. As soluções estão aqui no país, e não serão os profissionais dos achismos oportunistas que nos ajudarão, pois ao serem guindados às posições que se dizem merecedores, rapidamente esquecerão as “necessidades do basquete brasileiro”,frente às suas próprias necessidades de projeção e vaidade, repetindo ad perpetuum o que sempre fizeram. E que as emissoras de TV, que transmitem os restantes jogos do Mundial,
nos privem do festival de exibicionismos técnicos que nos tem sido impingidos pelos sutilmente
declarados sucessores do quarteto da CBB. Creio que merecemos assistir os jogos em paz, e em
melhor companhia.

UM RÉGIO PRESENTE…DE GREGO.

E o grego melhor que um presente cumpriu sua promessa, fez a seleção brasileira galgar o pódio da 17ª à 24ª colocação, feito inédito em nossa história. Foi uma campanha que primou pela coerência, vide a escalação do time base no jogo de hoje. Quando o fundamental era reforçar a defesa ante o devastador poder de arremessos de 3 pontos da equipe lituana, a comissão, após profundos e detalhados estudos, acessorados pelos avançados softwares do lapitopi caipira, escalou a equipe com os mais baixos índices de potencial defensivo, o time dos cardeais. Resultado? Em 10 minutos de jogo já perdiamos de 16 pontos de diferença. Satisfeitas as “prioridades cardinalícias”, voltaram-se para a turma que, se não é perfeita na marcação, pelo menos a tenta com vontade e determinação. Mas num jogo decisivo, quando o desgaste mental assume proporções elevadas, o handicap inicial cedido por nós, cobrou juros muito altos ao final da partida. Volta para casa uma equipe que só venceu uma partida, contra o Qatar! Lamentável e vergonhoso. Volta para casa uma equipe que mesmo dirigida por quatro técnicos, “unidos e uníssonos” em seu planejamento e relacionamento, foram incapazes de selecioná-la com isenção e objetividade, propiciando a convocação de 6 pivôs, para jogarem 4, e deixando para trás jogadores superiores a alguns dos escolhidos. Uma comissão que preferiu jogar mais do que treinar, e que por esse motivo perdeu a grande chance de corrigir defeitos de fundamentos e de posicionamentos técnico-táticos. O fundamento do lance-livre então, raiou o absurdo. Uma comissão voltada e escravizada aos garranchos na prancheta, em vez das correções de cunho individual, principalmente o defensivo. Enfim, uma comissão que jamais disse ao que veio, mas que primou no marketing e nos discursos ufanistas e vazios de conteúdo. Mas que cai em conjunto, omissos à responsabilidade de elegerem um lider, aquele que conduz e ilumina os caminhos a serem percorridos, e que na solidão do comando assume todos os riscos, fator básico na formação de uma competente, e por isso, respeitada liderança. Instala-se agora a guerra sucessória, que será vencida por aquele(s) com os QI’s mais robustos, prontos para dar continuidade à mesmice que nos esmaga e humilha nos últimos 20 anos. Falam e pregam, numa jogada marqueteira, na necessidade de união dos técnicos, em seminários, debates, associações,
tudo papo furado de quem nunca se mexeu para tais objetivos, mas que calam bem na midia e perante os meçenas de plantão. Mas creio que é chegado o momento para que algo seja feito, para que algumas mudanças possam e devam ocorrer, a começar pela campanha por federações,
único caminho para alcançar o poder na UNICBB. Enquanto isso não for desencadeado, e posteriormente conquistado, poucas serão as chances de modificação e efetivo progresso para o basquetebol brasileiro. Lutar, esclarecer, discutir, ensinar e dialogar dentro das “trincheiras” dos sites e blogs, muito pouco representarão se for dada e permitida a continuidade dos que aí estão no comando e na posse das chaves dos cofres. Democraticamente deverão ser afastados, antes que perpetrem a definitiva destruição do pouco que ainda resta do basquetebol. Mas o grego melhor que um presente deve estar feliz, pois sua Grecia natal continua na competição, mesmo que às custas de nossa derrota. Meu pai me dizia- “Filho, cada povo tem o govêrno que merece, pois se eles lá estão foi por força do voto popular. Pare de reclamar, e da próxima vez se organizem e votem melhor”. É isso aí.
PS- QI – Quem Indica.Oposto ao mérito.

UMA LIÇÃO A SER APREENDIDA.

Todo processo de aprendizagem contém os mesmos princípios do processo de esquecimento.Por isso, se quizermos incutir algo indelével em uma mente, devemos apreendê-lo com a utilização de muito bem planejados objetivos cognitivos, psicomotores e afetivos. É a chave do ensino e treinamento dos desportos, que em sintonia com as artes, são as únicas manifestações humanas que exploram estas três áreas. Uma boa equipe tem de ser preparada observando essas técnicas,que são básicas em um bom planejamento. Dele, emergem as estratégias, os sistemas, as táticas e as técnicas. Aprender é uma coisa, apreender é outra muito diferente, pois exige do atleta uma verdadeira percepção do que representa, do que sabe, e do que se torna capaz de realizar, individual e coletivamente. Nossos jogadores da seleção aprenderam muitas coisas, apreenderam poucas, assim como seus técnicos. O quarto período da partida contra a Grécia confirma essa evidência. Como que numa desesperada, ou provocada tentativa, face as circunstâncias adversas no placard, foram para a quadra os dois armadores puros, o ala que melhor marca e dois pivôs que pouco jogaram juntos. Huertas, Nezinho, Alex, Murilo e Spliter, viraram o marcador, passaram à frente, mesmo em aparente inferioridade de estatura, mas plenos de mobilidade, espirito de sacrifício e uma dose brutal de vontade de vencer. E que não venham os técnicos dizerem que planejaram tal estratégia, pois as performances dos cardeais,
regiamente prestigiados por eles, desmentiriam tal afirmação, face a tantas e constrangedoras
falhas. Como colocada anteriormente, foi uma lição a ser apreendida, e por isso mesmo jamais será esquecida. Infelizmente, pelo seu inesperado efeito, não encontrou eco em seus esforços, vindo a sucumbir ao final, exatamente por não ter sido conscientemente prevista. Amanhã, travaremos a batalha final pela classificação, e nada mais justo do que colocarmos em quadra a”formação inesperada”, mas que provou que ainda existe esperança, através seus esforços e plena doação ao sacrifício. Conquistaram seus lugares, quietos e aplicados, e se fazem merecedores de liderarem a luta final. Mas, terrível e sempre presente mas, será que encontrarão respostas de seus 4 técnicos? Serão os mesmos humildes suficientemente no reconhecimento que nem sempre cardeais resolvem? “Não, as escalações seguem normas que
se ajustam a cada equipe adversária. Não senhores, temos uma equipe de 12 jogadores, todos aptos e preparados para jogarem quando, e como determinarmos”. Sugiro que pensem bem, e que se realmente sabem o que fazem, ajam com a mesma determinação da turma do quarto quarto do jogo de hoje. É só do que precisamos. Amém.

DOIS TRISTES CAPÍTULOS.

Capítulo I – No campo de jogo.
No jogo decisivo, onde o fator defesa era de transcedental importância, Guilherme volta à titularidade no posto do melhor defensor brasileiro, o Alex. Brilhante e politico o “jeitinho”
acomodador da quadratura técnica. Um cardeal na quadra dilue bastante o já coloidal ambiente
de lideranças afetadas pela dura realidade de um mundial,que acima de qualquer dos fundamentos, vem privilegiando as duras defesas, principalmente no perímetro. Mas, para um inicio de partida,naqueles momentos onde as equipes demonstrarão a que vieram em termos de disposição defensiva e coragem ofensiva, o que vimos foram comprometedoras vacilações defensivas, onde uma equipe defendia com 4, ante uma ofensiva de 5. E por conta do desequilibrio, nosso armador se viu premiado com duas faltas pessoais de saída.Pronto, o cenário estava armado para o restante da ópera bufa a que assistimos daí para diante. Para começar o seu substituto não foi o Nezinho , e sim o Leandro, deslocado para a entrada do Alex, anulando pela metade a agressividade daquele.Dai para diante, desencadeou-se uma ciranda de entradas e saídas, que retirava da equipe qualquer possibilidade de entrosamento natural, que
só pode ser alcançado com um relativo tempo de adaptação entre os componentes da equipe em quadra. E mais, ficou evidenciada a quase ausência de liderança dentro do campo de jogo, pois
Leandro e Marcelo, por seus estilos voluntariosos, em tudo contrapõem o dominio que a comissão técnica se faz valer quando a condução da equipe fica por conta do Nezinho e do Alex, jogadores da confiança direta do técnico nº1. E tome bola de 3 das duas zonas mortas, onde vimos até o Spliter tentar os bloqueios, assim como também vimos o Anderson tentar os 3 pontos na zona de ataque. Foi um triste festim de inabilidade e incompetência, ante uma equipe
que primava pela homogeneidade de atuação dos dois lados do campo.Na defesa intensa, sem
permitir arremessos livres. No ataque, se aproveitando com maestria da nossa fragilidade
defensiva, principalmente ante os arremessos de 3. O toque extra ficou por conta da elevadíssima perda de lances-livres, em um jogo decidido por 2 pontos. Lamentável. Outrossim, não se entende uma equipe que atravessa o Pacífico com 6 pivôs, e somente se utiliza de 2, pois Murilo e Estevan parecem ser lançados para que Spliter e Varejão tomem um gole de água e dêem uma boa inspirada no banco. Para exercer esse papel, 4 pivôs seriam mais do que suficientes, abrindo 2 vagas para mais um ala e um armador puro, dos bons que aqui ficaram, até mesmo da NLB. Finalmente, como 4 cabeças privilegiadas aqui deixaram outras 4, que de microfones em punho detinham o segredo dos Incas? Bem, isso é assunto para o próximo capítulo.
Capítulo II – No campo da crítica.
Como pretendia gravar o jogo, optei pela emissora que apresentava não um comentarista, mas 4! Pensei, se são 4 técnicos na seleção, será um técnico-comentarista, ou seria comentarista-
técnico, para cada um. Inovação é isso. Mas, com que propósito essa inflação de técnicos perante
as cameras? Será que a emissora manteria na mão de cada um dos 4 técnicos da seleção, um microfone e um monitor, para exercerem o direito de resposta? Digo isto perante as evidências
dos “eu acho…”, “na minha opinião…”, “teríamos de fazer isso…ou aquilo”, “o correto deve ser…”,
“isso não pode ocorrer…”, todos pontos de vistas aceitáveis em se tratando de comentaristas de verdade, e não vindos de técnicos atuantes, exercendo críticas diretas a colegas(?)em um veículo de imprensa, numa velada catilinária, que precede o Tapetebol. E o pior é a saraivada de opiniões e colocações, que podem parecer pertinentes para alguns, mas não passam em um crivo primario de técnica basquetebolística. Este é um dos vetores que prejudicam em muito o desenvolvimento do jogo entre nós, a total ausência de ética inter-pares. E como fecho de lata, um dos comentaristas-técnicos, ou seriam técnicos-comentaristas( dúvida crudelíssima),
propõe a necessidade de que os técnicos se unam e discutam técnicas e táticas, experiências e vivências, para o progresso da modalidade, atitude oportuníssima perante uma audiência que veria em tal proposta o abre-te sésamo da salvação do basquete brasileiro. Marketing é isso aí. Acontece que nenhum deles jamais se mexeu para desenvolverem tais empreitadas, como colóquios, reuniões ou associações de técnicos. Os poucos que realmente concretizaram algo à respeito se perderam no tempo, sem o apôio da imprensa e, principalmente sem o apôio das federações e da CBB. Somente lembro, que se associações existissem, teriam como primeira e básica prioridade, um código de ética, no qual o artigo principal seria o de nenhum técnico poder exercer uma atividade para qual não tivesse qualificação, principalmente quando no exercicio de critica pública a um da mesma profissão. Foi uma manhã para esquecer, foi uma manhã muito triste, e que me deixa cada vez mais convicto da enorme distância que nos separa de dias melhores.
Em tempo- Em 1975 conclui na Escola de Comunicação da UFRJ o bacharelato em Jornalismo
Audiovisual, um dos motivos que me fez criar esse humilde blog.
Tapetebol- A arte de tirar o tapête dos pés de um inimigo, ou mesmo de um colega de profissão.

REVISIONANDO

Dediquei boa parte deste domingo percorrendo sites e blogs de basquete, alguns com fóruns e mesas redondas, muitos artigos, opiniões, e críticas bastante contundentes pelo que vem ocorrendo com a seleção no Japão. De forma geral, um aspecto é comum a todas as manifestações consultadas e visualizadas, a grande rejeição sofrida pela comissão técnica em seu trabalho. De a muito venho publicando artigos que abordam a nossa realidade técnica, e seus executores, os técnicos. Mas não só os de seleções, mas sim a grande maioria daqueles que dirigem e orientam as divisões de base e as equipes de clubes, de todas as divisões, pelo menos nos últimos 20 anos. O que observamos hoje em nossas seleções, são o mais puro reflexo do que vem sendo realizado por todo esse tempo. Ao adotarem o modelo NBA, com todas as suas implicações, que vão desde as influências técnicas e de técnicos, até a forma empresarial que teimam implantar entre nos, e para a qual não temos a mais remota infra-estrutura educacional, econômica e sociológica, apresentamos hodiernamente um pastiche do que entendem como “basquete internacional”. Nossa técnica e a maioria de nossos técnicos rezam por aquela cartilha, na qual jogadores são rotulados e numerados de 1 a 5, numa especialização que raia ao ridículo
mais atroz. Então, fundamentados nessa hierarquização algumas gerações de jogadores, em conclúio com muitos técnicos, estabeleceram em nosso país o reinado do sistema único, do sistema que privilegia as tais posições, criando verdadeiras capitânias (algumas hereditárias),
mergulhados na quimera do acesso ao éden profissional do norte, onde um estágio de quinta categoria em clinicas para cucarachos, passaram a ser o sonho de consumo para muitos de nossos técnicos, assim como decepcionantes summer camps o eram para muitos jogadores,
aspirantes aos milionários drafts dirigidos por expertíssimos empresários. Poucos o conseguiram, mas muitos, muitos estiveram e estarão na estrada sem fim. Essa terrível influência pautou nossos jovens nos últimos, repito, 20 anos, e a nossa seleção que disputa o mundial é o mais puro reflexo desse sistema de jogo, o passing game. Ouvindo atentamente os comentaristas dos jogos é possivel pescarmos jóias fundamentadas nessa influência.”O Leandro
tem dificuldades de progressão em suas penetrações ao encontrar flutuações defensivas que não são permitidas na NBA”- “Varejão e Spliter terão sérias dificuldades quando encontrarem
verdadeiros 5 pela frente”- “Penetrações e drible são inconcebíveis contra defesa por zona”-
“O arremesso de 3 é a única arma no perímetro”- “O rodízio permanente entre os jogadores é
obrigatório para manterem o nível físico e técnico”- “O trabalho de 5 x 5 é a chave do sucesso”-
Enfim, como estas, muitas outras infuências bombardearam sistematicamente a mente e os ouvidos de nossos jovens, por demasiado tempo. Portanto, o que apresentamos no mundial reflete com precisão toda a influência que pautou a formação de grande parte destes jogadores,
e aqueles que de certa forma foram influênciados por uma outra escola, a européia por exemplo,
como no caso do Huertas, sofrerão restrições quando confrontados pelos demais do modelo NBA.
A comissão técnica é toda formada dentro da influência do passing game, do controle ditatorial
de esquemas pré-estabelecidos em quaisquer movimentações ofensivas, demonstradas à exaustão nas pranchetas e nos sinais semafóricos. Toda essa influência de rígida exogenia necessita de jogadores calejados no dia a dia, nos anos de mútua aceitação técnico-tática, daí o
predomínio dos mais veteranos, em detrimento dos mais jovens, mesmo que muito melhores tecnicamente. A grande maioria dos técnicos necessitam desse endoço técnico para se manterem atuantes e influentes, daí a existência dos famosos “pacotes” que percorrem estados na busca de prefeituras que os patrocinem. Nossa seleção é o espelho dessa realidade, sem retoques, sem
vôos mais altos que a constante rotina. Por isso, os cardeais se sentem seguros, sabem que jogarão muitos minutos mais que jovens impulsivos e algo independentes, que apoiados pelos técnicos se autoproclamarão líderes e porta-vozes do grupo,denominado”fechado”pelos mesmos.
Mas esquecem, principalmente os técnicos, que essa confraria em muito pode prejudicar os anseios de melhoria técnica, e a necessidade de galgármos melhores posições no plano internacional. No jogo contra o Qatar, a equipe teve a escalação inicial representativa da realidade técnica atual. Os cinco jogadores que começaram a partida são os melhores e os mais capazes no momento, e por isso têm de ser mantidos pelo maior espaço possivel em quadra. Os demais, serão utilizados quando necessários, independendo se são cardeais ou não, se se acham líderes ou não, se representam grupos ou não, se garantem o “status quo” ou não, e têm a obrigação de serem os mais efetivos possíveis quando chamados ao jogo, que seja por um único minuto sequer, pois líder de verdade é aquele que cumpre suas obrigações, dentro e fora da quadra, independendo de por quanto ou nenhum tempo jogado. E que os técnicos compreendam e aceitem de uma vez por todas, que alí estão para representarem o país, e não para darem asas a seus egos, e a impositivas e pétreas posições. Mas, honestamente não creio que o façam, pois seguem e adotam os comportamentos de seu maior aliado, o grego melhor que um presente, para o qual não existe nada nem ninguém que o supere. Infelizmente.

MORRO TESO,MAS NÃO PERCO A BOSSA…

Era um cliente de meu pai, grande advogado, que tentava de todas as formas, e com os argumentos mais plausíveis possíveis, para que ele aceitasse uma composição jurídica que beneficiasse e resolvesse para todos a pendência em questão. Mas do alto(?)de sua empáfia respondia-“Caro doutor, morro teso, mas não perco a bossa”. E perdeu, prejudicou a sí e aos outros, mas manteve sua suicida bossa. Mais ou menos o que ocorre no comando de nossa seleção. Dava pena ver quase ao final do jogo de ontem, o grande papa, de pé,com o olhar esbugalhado, inerte perante o desastre,e sua tríade assistente, sentada lado a lado na companhia do lapitopi caipira, que a essa altura já nem mais tinha carga na bateria, Puff! Todos fechados para balanço. Que aliás, nem precisava ser analisado, tais as circunstâncias decisivamente previsíveis para o pífio resultado apresentado. Caramba, no inicio do quarto final, naquele momento em que deveriamos ter em quadra a melhor formação defensiva possível, pois saltava aos olhos que a equipe australiana partiria com tudo ao ataque, o que vimos foram os piores marcadores da seleção, componentes da equipe base, serem colocados na roda e envolvidos primariamente pelos companheiros do temível Bogut, que até aquela altura somente servia de isca, chamando a nossa defesa para si, deixando seus demais companheiros livres para as penetrações e arremessos, ante a fragilidade defensiva quase infantil do Marcelo e do Guilherme.
O Alex ainda tentava se impor na defesa, mas assoviar e chupar cana não é para qualquer um.E
começou a sobrar para os pivôs, forçados às faltas para cobrirem as enormes brechas criadas.E de ponto em ponto os australianos nos passaram, e nos venceram, ponto.E o nosso ataque? Bem,
esse é o outro lado do dramalhão a que nos expusemos. Pior do que tentar tapar o sol com uma peneira, é insistir de que é possivel fazê-lo, pois beira à insanidade. Huertas, Nezinho e Leandro, queiram os 4 técnicos ou não, são os ÚNICOS armadores da equipe, os únicos que podem compor uma dupla de boa técnica na condução da bola, nos passes em velocidade, nas penetrações frontais, assim como na liderança defensiva fora do perímetro. Quando presentes na quadra tivemos bons momentos ofensivos, e melhores ainda nos defensivos. Nos contra-ataques então
eram tremendamente eficientes. Mas, e os cardeais, como ficavam? Por um destes mistérios que assolam a mente de alguns técnicos envolvidos com seleções nacionais, mesmo de outras modalidades, alguns jogadores desenvolvem nos mesmos uma dependência técnica e de pseudo-lideranças, que em alguns casos envolvem interêsses que prejudicam decisivamente o todo de uma equipe. Dizer, afirmar que suas experiências e rodagens levam o grupo a vôos maiores, em contrafação às suas reais condições técnicas e táticas, somente adia a necessária e estratégica utilização daqueles jogadores em melhores condições, mesmo que mais jovens. E quando alguns destes, já demonstraram sobejamente suas aptidões, soa até comprometedora a teimosa utilização daqueles. Uma equipe nacional deve ser composta de jogadores aptos a serem lançados como e quando forem necessários, TODOS eles, sem exceção. Em caso contrário, fica a desconfiança de que alguns jogadores lá estão em detrimento de outros, mais capazes, que aqui ficaram. Nossa equipe peca pela má escalação, tendo antes seriamente pecado pela má convocação, e pior ainda seleção. Trata-se agora de tentar o que deveria ter sido a estratégia primaria da equipe, a utilização de dois armadores de verdade, para aproveitarem e desencadearem as ações velocíssimas de nossos homens altos, que apesar de seus pouco intimidadores físicos, os compensam com técnica e inteligência, e muita, muita velocidade. Quanto aos cardeais, deixe-os na companhia estática e ineficiente do lapitopi caipira, pois ainda resta uma esperança para os demais jogos. Ou então, morram tesos para não perderem a bossa,
all four of them!

O ÓBVIO ULULANTE.

Sim senhores, temos uma equipe, pronta para os embates que advirão. E como foi possível que nenhum de nós se apercebeu da existência da mesma? A escalação que veio desde o primeiro jogo, seria sem dúvida , uma escamoteação do que seria a base inicial, do que seria a linha de frente da equipe? Começadas as partidas, mexia-se um pouco aqui, outro pouco acolá, mostravamo-nos incipientes em um momento, brilhantes em outros, combinações em que alas armavam, em que pivôs vinham arremessar dos 3 pontos, onde, num relampejar dois armadores atuavam juntos, e que ao se acertarem eram sacados rápido para não darem nas vistas, em que pivôs reservas dos reservas eram lançados às traças, e que, finalmente, sistemas de jogo, defensivos e ofensivos, se mostravam claudicantes ante o vendaval de trocas e combinações díspares dos jogadores, dando aos futuros adversários a falsa dimensão de nossas fraquezas, fraquezas estas que se tornarão armas letais quando a bola subir para valer? Êta estratégia genial, que de tão avançada e diabólica nos levou, e aos nossos competidores, para o campo do descrédito pelo que foi apresentado, mas que, como toda ação de gênios(são 4), só estravazará à partir do primeiro jogo do Mundial? Naquele que será o momento das grandes revelações, testemunharemos o nascimento de uma equipe fantástica, a única que considerávamos, nós e as outras equipes, completamente improvável por não se apresentar por mais de 1/4 de jogo, por não apresentar absolutamente nada que pudessemos sequer desconfiar que alí estava, ao alcance de nossas tênues convicções, a gema das gemas, a verdadeira seleção nacional? Trata-se de uma estratégia revolucionaria, a de esconder até de si mesmos o quanto de formidáveis são. Só exageraram um pouco ao perderem todas as partidas menos uma, pois mesmo dentro de um plano genial, perder todas daria indícios óbvios demais. No entanto, a eleição de dois de nossos jogadores para o quinteto do torneio, quase pôs tudo à perder, e que para não causarem impressões erradas, receberam seus troféus pelas mãos do mago treinador.
Hermenêutica, esta é a chave do sucesso vindouro. Equipes que treinam e se apresentam para valer em torneiozinhos de véspera de um Mundial, que aprimoram seus esquemas e sistemas de jogo, que se dedicam à fundo na premissa de que devem fazer e apresentar o melhor de sí mesmos, são equipes fadadas ao insucesso, pelo menos sob a genial e trancedental ótica de nossa tão, ou mais genial comissão técnica. E pensar que gastamos horas na frente de um televisor, para escrevermos, discutirmos, sugerirmos, e até impormos pontos de vistas completamente à esquerda da suprema realidade? Quanta ingênuidade, quanta, desculpem a expressão, babaquice! Leandro, Marcelo, Guilherme( Alex?), Spliter e Varejão, eis a equipe que ninguém jamais desconfiou que existisse. A equipe da nossa redenção, a equipe genial. Agora, que compreendo a “profundidade secreta” de nossa preparação, ajoelho-me, e contrito clamo no espaço sideral- Valei-me Padim Ciço!