ALTRUÍSMO, ENTREGA, E UMA CAMISA…

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Que bela perda de tempo, ainda mais empacotados numa camisa absolutamente ridícula, “marca texto”, segundo o narrador da TV, bem posto aliás, quebrando de vez a mística perdida de uma camisa gloriosa, fato ausente no vôlei, no futebol, no andebol, todos envergando o amarelo ouro, e não essa aberração patrocinada por quem, absolutamente, odeia o grande jogo…

Mas por que falar em camisa, em mística, tradição e respeito, se na feminina a atual capitã a enchovalhou em plena quadra olímpica, se negando a defendê-la, e agora mesmo um jovem é reconvocado um mês depois de negá-la? Afirmam muitos que camisa não é importante, mas será essa a opinião dos All Blacks, da USA shirt?

Temos como uniforme básico o branco desbotado, o verde como segundo, e esse absurdo como terceiro, e pensar que bem antes do vôlei e do andebol dividíamos a gloriosa amarelo ouro com o futebol, mas tendo como padrão de excelência a listrada verde e amarela. Foram bons tempos, que muitos teimam em esquecer, mas não conseguem, então apelam…

Neste cenário desbotado e inerme, jogamos para o alto, por mais uma vez, a oportunidade de treinarmos nossos homens altos “lá dentro”, quando duelariam com jogadores de 2,14m em diante, numa rara oportunidade de aprimorar nosso claudicante jogo interno, desde sempre preterido pelas bolinhas midiáticas e valorizados pelo mercado dos que nada, ou muito pouco, entendem do grande jogo, do verdadeiro grande jogo…

Exatamente o que fez a Lituânia contra a Austrália na preliminar, quando arremessaram somente 14 bolas de três, e olha que são muito bons nas mesmas. Com homens grandes muito bons dos dois lados, aproveitaram para testar soluções de curta distância, com todas as suas implicações de faltas pessoais, contra ou a favor, passes e deslocamentos curtos e precisos, treinando efetivamente para a competição para valer daqui a uma semana…

E nós, chutando vinte (4/20) contra uma equipe frágil, que para tentar algum equilíbrio se fechava no garrafão, permitindo a enxurrada de nossos especialistas, que pensam que são, mas não são, mesmo, deixando de lado a oportunidade dadivosa de acionar os grandões pelo maior tempo que fosse possível, treinando e habilitando-os em situações reais de jogo…

Vamos ver logo mais contra a Lituânia se conseguiremos dobrá-la “lá de fora”, e vamos ver se retribuímos quando ela se lançar bem “lá dentro” de nossa defesa, num duelo que proclamará vencedora aquela equipe que ganhar as tabelas e concluir com a máxima precisão possível, ou seja, dentro da cozinha adversária, de 2 em 2 e de 1 em 1.

Mas em se tratando de um jogo preparatório, que dali a quatro dias se tornará para valer, desconfio que a nossa turma de especialistas vai se esbaldar, pois afinal de contas as bolinhas põem, segundo os midiáticos, a torcida em êxtase, ainda mais se caírem, o que não vem acontecendo ultimamente. Também desconfio que os bálticos continuarão a treinar seus gigantes, pois para eles, bolinhas, somente em equilíbrio e absoluta estabilidade…

Torço para estar enganado, e que a seleção se encontre no coletivismo e no bom senso de jogar o grande jogo como deve ser jogado, apesar de, bem lá no fundo, duvidar bastante que nossos vícios cedam lugar ao altruísmo e à entrega de todos, única maneira de alcançá-lo de verdade…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

UM MORNO PREPARO…

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Em uma entrevista cedida ao Globoesporte de hoje, o jogador Filipin afirmou em um dos trechos da mesma:

(…)– Em termos táticos, técnicos, não muda nada para o Brasil. É praticamente o mesmo sistema. O basquete tem algumas coisas universais. Mas você vê a parte de intensidade, por exemplo. Todo jogador que era substituído ia correndo para o banco, tocava na mão de todo mundo. Você vê uma dinâmica um pouco diferente da que estamos acostumados aqui – comentou.(…)

 

Como vemos, a mesmice endêmica que tanto condeno, ai está explicitada em toda sua mais explicita ainda, realidade, não por jornalistas, técnicos e afins, e sim por um jogador atuante na LNB, com toda a carga de conhecimento que tem da mesma dentro de uma quadra…

E foi o que se viu nesse morno jogo de treinamento olímpico, contra uma Austrália claramente a meio vapor, pois temerosa de embates mais fortes, evitando mais uma companhia a seu pivô Bogut em recuperação de uma lesão, num ponto em que estão em desvantagem ante a turma de grandões brasileira, mesmo sem o Varejão, o Faverani e o Spliter, numa posição que realmente estamos bem servidos, principalmente se atuarem nas “n” duplas possíveis de serem escaladas, claro, se o sistema adotado acomodar essa bem vinda possibilidade…

E o que fica faltando para essa bem vinda possibilidade? Bem, um sistema que dinamize o jogo interior com movimentação e deslocamentos, cruzamentos, entre a turma alta, ai incluindo o ala, dentro do perímetro, em movimentação aparentemente aleatória, próxima a cesta, dentro da cozinha adversária, concluindo de curta e media distância, de 2 em 2, 1 em 1, pacientemente, garantindo a segunda bola pelo posicionamento dos três “lá dentro”, se entreajudando sempre, quando o passe de dentro para fora poderá propiciar bons arremessos longos, mais estáveis e equilibrados, sendo toda essa estratégia (e não táticas…) orquestrada pelos dois armadores, por todo o perímetro externo, coordenando e entrelaçando os perímetros, num contínuo entre e sai longitudinal e não lateralmente a cesta nos passes e nas penetrações, ocupando não somente o defensor da bola, mas todos os defensores, preocupados com os espaços criados pela fluidez continua dos atacantes, muito ao contrário das defesas de setores estanques, provocados pela imobilidade de alguns, assistindo as desesperadas tentativas de penetração de um ou outro pivô contra uma defesa inteira, que é o que comumente assistimos nos NBB’s da vida…

No entanto, todas essas ideias se perdem ante a realidade aflorada de uma apresentação como a de ontem, onde a previsibilidade sistêmica e tática mencionada acima pelo jogador de Rio Claro, deu as costumeiras cartas, ainda acrescidas da já bem estabelecida hemorragia dos três, em ambas as equipes, que perpetraram 10/27 cada uma, provando quão ausentes estiveram as defesas externas…

A equipe nacional, se utilizando da dupla armação permanente, rodando todos os jogadores, não encontrou muitas dificuldades na pontuação interna (23/35 contra 14/35 dos australianos) e nos rebotes (44/26), vencendo por 29 pontos, num jogo de 28 erros de fundamentos (13/15) sob flácida marcação, deixando no ar uma questão – Como se comportarão sob forte marcação, e mais forte ainda contestação nos longos arremessos?..

Se mantiver a dupla armação, superará boas defesas, e se jogarem seus pivôs mais enfiados e velozes…Bem, paro por aqui, pois é um assunto que na pratica e realidade da equipe, não me diz respeito, e sim ao gloriosa hermano, que torço para ser feliz em sua difícil tarefa, principalmente no convencimento tático do Leandro, e na contenção  das famigeradas bolinhas…

Espero que consiga, senão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

A BUSCA PELO NOVO…

 

Pura curiosidade de quem. apesar de tudo, ama o grande jogo, ainda mais às vésperas de uma caseira olimpíada, daí o impulso de assistir o jogo inaugural do Paulista, entre Mogi e Franca, para mais uma vez atestar, ou não, o quanto a seleção espelha com veracidade a nossa realidade basquetebolística…

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E não deu outra, frente a crua constatação de que, mais do que nunca, a hemorragia dos três dificilmente será estancada, ou atenuada a um nível aceitável, perante o jugo implacável do sistema único a que se aferram ferozmente os estrategistas de plantão, experientes ou noviços, não importando o que sabem ou dominem, num patamar mínimo no exigente (deveria ser…) universo do desporto de alto nível, condição básica para desenvolvê-lo…

O comentarista da TV clamava pelos novos valores no comando, afirmando virem deles as novas ideias e perspectivas para o futuro do grande jogo, ele mesmo participante deste anseio, numa formulação que bate de frente com a explícita realidade das grandes ligas mundiais, onde a experiência forjada em décadas define o quem é quem no comando das grandes equipes, fora as exceções de praxe, poucas e pontuais, mas quase sempre passageiras…

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Então, o que vimos foi a monocórdia repetição de um ciclo que rapidamente nos tem levado a um nível de pobreza técnico tática considerável, e com pouquíssimas possibilidades de reabilitação, a continuar esse continuísmo atroz de noveis estrategistas, suas pranchetas customizadas e agora patrocinadas (afinal o veículo televisivo tem de ser explorado…), e o pior, seus padronizados, formatados e globalizados sistemas de dupla via, pois contando com a anuência maciça dos jogadores, ávidos em se manterem num exíguo mercado de trabalho, onde a discordância se torna fatal …

Mesmo tendo sido uma partida com duas prorrogações, nada justifica uma artilharia de arremessos de três,com 10/30 para Mogi e 11/36 para Franca, sendo que essa equipe arremessou 14/35 de dois, numa convergência que a levou a derrota, pois tentou 10 bolas a menos (36/26) de media e curta distância que Mogi, optando pelas bolinhas, menos eficientes e precisas, esquecendo um principio elementar, o de que jogos podem e devem ser vencidos de 2 em 2 e 1 em 1, destinando os arremessos de 3 aos especialistas, e mesmo assim em condições  de estabilidade e equilíbrio sobre o terreno, condições que não deveriam existir em quantidade ante defesas bem postadas e fortemente contestadoras, algo pouco comum entre nós, lastimavelmente…

No entanto, em alguns momentos do jogo, que era disputado por ambas as equipes em permanente dupla armação (realmente algo positivo), grandes movimentações e deslocamentos foram realizados nos perímetros internos pelos homens altos, dinamizando-o, pena que não por todo o tempo, cedendo lugar aos chifres, punhos e polegares, numa cansativa mesmice que dói só de pensar, quanto mais assistir enfadado…

Some-se a tudo isso o considerável e constrangedor número de 39 erros de fundamentos (19/20}, o que nos faz pensar algo elementar, em uma pergunta – O que fazem todos no preparo antecedente ao campeonato?  Treinam os fundamentos para valer, ou se deixam levar pelos rachas para adquirirem “ritmo de jogo”? Pelo elevado número de erros, creio que a resposta se torna óbvia…

Concluindo, nossa seleção é o espelho de como jogamos, com seus muitos erros de fundamentos, sua frouxa defesa exterior, e sua volúpia nos longos arremessos produto da mesma, e claro, tendo como resultante dessa simplória equação, a incrustada ideia de que “estando livre”, chuta-se, independendo das distâncias, mesmo sem a treinada e dominada precisão do especialista, e ai daquele que não o fizer, para ser tachado de medroso, amarelão, frente a uma flutuação, ou mesmo, ausência defensiva, muitas vezes proposital, incentivando-o ao possível erro, fator que dificilmente encontrará ao confrontar equipes de alta categoria técnica, principalmente quando se trata de seleções…

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Na seleção tem jogadores que atuam na LNB, são cinco, quatro deles arremessadores de longa distância, acostumados a anos de frouxidão defensiva exterior, e que não encontrarão as facilidades aqui existentes, logo,induzidos e até forçados ao corte, a finta, às penetrações, e ai, alguns deles se verão frente a realidade dos fundamentos, rígidos, exigentes, os difíceis, porém básicos  fundamentos. Estarão preparados. treinados e senhores absolutos dos mesmos? Lembro que somente aquelas equipes que contenham em seus quadros jogadores exímios nos fundamentos irão adiante, pois com tais destrezas poderão acionar seus sistemas ofensivos e defensivos com maestria e total domínio dos mesmos, e sem as quais nada que tentem, individual e coletivamente produzirá homogeneidade, fluidez e unidade, chaves constituintes das grandes equipes, onde os rasgos de genialidade pessoal se fundem ao interesse comum, e não o contrário, como muitos aqui em terra tupiniquim clamam em glorioso interesse próprio…

Espero, contritamente, que nossa equipe tente não refletir (será possível?) sobre os 39 erros do jogo em questão, nem a média de 25 por partida do último NBB e 30 da LDB, resgatando o outrora e magnífico basquetebol que praticávamos, fruto de uma excelente formação de base, esquecida já de um longo tempo, substituída em grande parte pela preparação física “científica”, onde correr mais rápido, saltar mais alto e trombar mais forte ousa substituir a singela arte de jogar o grande jogo como deve ser aprendido, apreendido, treinado e jogado, ensinado por quem realmente entende e o domina, simples assim…

Aliás, americanos e alguns europeus o fazem a um século, nos mesmos já o fizemos, mas, esquecemos, perdemos o fio da meada, mergulhamos na cultura dos três, das enterradas e das midiáticas pranchetas miraculosas, do sistema único, da mesmice endêmica, depositando nosso destino nas mãos de agentes, empresários que exportam prematuramente nossos jovens, maus dirigentes e muitos técnicos omissos e oportunistas. Precisamos resgatar os bons, independendo da idade, pois são os únicos capazes de inovar, exatamente por terem sempre estado na linha de frente do estudo, da pesquisa, do árduo trabalho, enfim, do novo, como conclamava o comentarista da TV…

Amém.

Em tempo – Como já afirmo a tempos, a mais de 40 anos, e para a incredulidade de muitos, ai está, por mais uma vez a prova do que sempre defendi, a seleção do Eurobasket sub 20 deste ano, com dois armadores (Garcia-Espanha, Zemalti-Lituania) e três homens altos (Alonso/Ala-Espanha, Markkamem/Pivô-Finlandia e Yurtsevem/Pivô-Turquia), autenticando uma tendência cada vez mais difundida. E nós?…_X6vkzVDmUyyT97R_kHi8Q

 Fotos – Reproduções da TV e divulgação FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

O QUE NOS ESPERA…

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Dias atrás pesquei na internet um comentário num blog especializado em basquete, anônimo (o comentário), é claro, mas que bem reflete o entendimento que muita gente tem sobre sistemas e funções no grande jogo, da armação aos pivôs, numa salada mista digna de um Guiness, tamanho os equívocos que cometem, tanto no aspecto técnico, como no tático, sem falar no jogo em si, já tão pasteurizado entre nós:

(…)Eu creio que se todos tiverem bem, o Rafa Luz será cortado. Pois ele não precisa de 3 jogadores na posição 1. Duvido que ele coloque em quadra ao mesmo tempo: Huertas e Raul ou Huertas e Luz ou Raul e Luz. Agora com Larry, Alex, Benitte e Leandrinho, que jogam na 2, não há problema. E também esses jogadores podem também jogar na 1.(…)

Mas o Larry foi o cortado, logo, segundo o comentarista, seriam seis aqueles jogadores que poderiam atuar na 1 e na 2 indistintamente, com um porém, não haveria vagas para todos numa simplória partida de  bola ao cesto, ademais, existiriam outros seis grandões ansiosos em participar também…

Entretanto, temos um grande problema pele frente, que já dura seis anos sob o comando do hermano, um indefinido sistema de jogo ofensivo nunca efetivamente implantado, e um defensivo que oscila quando exercido por determinados jogadores imunes a arte de defender, bem conhecidos aliás, e que ai estão, olímpicos…

Resultado? Nunca, de verdade, tivemos uma equipe consistente, coerente com as propostas de seu comandante, que mesmo aferrado ferozmente ao sistema único tem se deixado levar pela artilharia desenfreada em algumas competições, numa indefinição produto de algo que não tem sabido enfrentar, o vicioso carrossel de nossa formação de base, espelhada nos arremessos de três e as enterradas midiáticas, antítese de sua origem platina, escorada numa plêiade de excelentes formadores e técnicos de algumas gerações que o levaram ao ouro olímpico, e que por aqui o deixam quase sempre pendurado numa prosaica broxa…

Se olharmos com atenção o atual perfil da seleção masculina, vemos que é composta por quatro armadores de formação, Huertas, Raul, Luz e Benite, dois ocasionais, Alex e Leandro, um ala, Marcos, e cinco pivôs, Varejão, Nenê, Augusto, Hettsheimeir e Giovanoni, sendo que os dois últimos adoram os arremessos de fora, os denominados pivôs de três. Alas pivôs como o Alexandre e o Meindl, bons reboteiros em ambas as táboas, e eficientes defensores sobraram, e sem dúvida alguma farão falta, preteridos por um Giovanoni que não marca e nem salta com eficiência, e que sem dúvida alguma será contestado severamente em seus arremessos externos, e um entre os seis armadores, função onde o acumulo de experiências e anos de lide qualificam os melhores…

Com tal elenco, a manutenção básica da armação única se torna um equivoco inexplicável, originando um impasse mais inexplicável ainda, a não ser que o bom hermano promova o óbvio (frente à constituição final da equipe), a dupla armação efetiva, e não a substituição de um dos alas por um armador, mantendo o sistema único tradicional, melhorado nos fundamentos básicos e estratégicos, o drible e os passes, otimizados, que tem sido o mote geral de todas as equipes do NBB e das seleções nacionais, sob sua inspiração, vide as equipes lideradas por seus mais diretos assistentes na seleção…

Uma dupla armação efetiva, executada por jogadores altos (somente o Raul se situa um pouco abaixo dos 1,90m), atenderia a três óbices do nosso basquete, a levada de bola (que muitos chamam de transição) mais segura frente a defesas pressionadas, o apoio aos homens altos em todos os quadrantes do perímetro externo, e o mais do que bem vindo reforço defensivo, principalmente o pressionado fora do perímetro, que nos tornam fragilizados nos longos arremessos…

Por outro lado, poderíamos lançar dentro do perímetro interno ofensivo, homens altos e móveis, sempre em movimento, e não petrificados de costas para a cesta a espera de difíceis passes, pois marcados ao lado ou pela frente por suas imobilidades, além de manterem seus marcadores também em permanente movimentação, abrindo dessa forma espaços às penetrações de fora do perímetro. Espaçamento não se consegue somente abrindo os cinco em torno do perímetro externo, podendo também ser alcançado pelos deslocamentos internos, na cozinha adversária, onde os arremessos curtos, mais eficientes alcançam altas porcentagens (jogos podem ser vencidos de 2 em 2 e 1 em 1), além de situar o posicionamento nos rebotes muito mais eficiente e decisivo. Coach K vem tentando tal solução junto a seleção americana de algum tempo para cá, e com enorme e efetivo sucesso. Mas teria o nosso basquetebol de se munir de grande coragem, pois tal modelo sistêmico revolucionaria o grande jogo entre nós, e a atual composição da seleção teria a real possibilidade de dar tão ousado passo, por que não?

Anos atras o Fabio Balassiano me entrevistou quando dirigia o Saldanha da Gama, inclusive perguntando se o Splitter, Varejão e Nenê poderiam atuar juntos com mais dois armadores (leia aqui), quando respondi afirmando que sim, mas dependeria de uma atitude reformista e corajosa do então novo técnico da seleção, nosso atual hermano, o que não foi e nunca sequer foi cogitado realizar, apesar dele mesmo reconhecer que já havia jogado em dupla armação um dia. Hoje essa realidade é utilizada pelo mundo do basquete, menos por aqui, onde o envio de jovens técnicos e assistentes ao Summer Camp da NBA garante a continuidade do sistema único, marca registrada de uma liga que prioriza o 1 x 1 de forma determinante, mas que se choca com a realidade do basquete FIBA nas grandes competições, mas ai, do fundo de um alforge mágico surge um Coach K, referência do basquete universitário, para reestruturar jogadores à realidade internacional, fazendo-os jogar muito fora do sistema único, aquele que nos impõe a mesmice endêmica que ai está, e que num passado NBB2 tive a ousadia e coragem de confrontar, não indo mais adiante por força de uma marginalização criminosa e profundamente covarde, me privando de um trabalho para o qual sou qualificado, e de uma justa renda por indiscutível mérito.

Torço para que nossa seleção reencontre o caminho a longo tempo perdido, e essa oportunidade olímpica seria muito bem vinda agora com a seleção da forma como está constituída, com seis jogadores altos e hábeis no perímetro externo, e outros seis bem mais altos, flexíveis e velozes jogando no âmago dos adversários, que numa composição 2-3 dariam um trabalho colossal a qualquer oponente. Mas isso é outra história, que não cabe a mim contar, afinal, estar de fora é a realidade, mas jamais uma opção…

Que os deuses olímpicos, ou não, nos inspirem e quem sabe, nos ajudem…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

Em Tempo – Com sacrifício e empenho consegui adquirir a maioria dos jogos do basquetebol masculino olímpico, ficando ausente somente do jogo contra a Argentina e a grande final. Prometo cobrir a competição da melhor forma que me for possível, já que se tornará impossível portar meu pequeno netbook nas dependências dos jogos, publicando os comentários ao fim da noite direto da minha residência, próxima ao centro olímpico. Infelizmente tive meu credenciamento negado pelo COB, o que não impossibilitará meu trabalho como jornalista que sou, e técnico e professor qualificado do grande jogo. Até lá. PM.

 

NA RETA FINAL…

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Sai da Taquara, estacionei na Tijuca, peguei o metro e saltei em  Botafogo. Caminhei muito até o ginásio, custei a encontrar a entrada, mas enfim consegui, chegando com o jogo começado, um jogo final de campeonato, Botafogo e Angra. Mas o motivo mais relevante para enfrentar tal distância foi pelo prazer de reencontrar dois jogadores que dirigi no NBB2, ambos em plena forma, e jogando ainda em alto nível, o Roberto e o Casé.

            No entanto, alguns fatores negativos praticamente anularam o que poderia ter sido uma jornada brilhante de esporte, se transformando numa sucessão de falhas e erros grotescos que quase estragaram a noite decisiva.

             Começando pela arbitragem, pois se três juízes encontram dificuldades num jogo final, pegado e muitas vezes violento, imagine somente dois atuando,  não sei se por economia sobre verbas exíguas, ou ausência de um deles, e que enfrentaram uma tarefa realmente estafante, pressionados de todos os lados, e de todas as formas tradicionais em nossas quadras, por técnicos e jogadores, e cada vez mais invadidas pelas torcidas de futebol, antíteses das do grande jogo, num comportamento que tende a inviabilizar o soerguimento da modalidade, tão desgastada e mal gerida desde muito tempo. Invasões de torcidas, ausência de policiamento, coação aos árbitros, por muito pouco não levaram a noitada ao caos, porém salva, não por um basquete brilhante e técnico, mas pela dedicação e bravura dos jogadores de ambas as equipes, e por que não, pela presença machucada do Casé, e pela importância de um Roberto que os anos só o fazem melhorar. Pelos dois valeu a pena a odisseia para alcançar General Severiano, assim como a inevitável volta, enfrentando o périplo inverso.

 13620018_1069079449841654_1000316951316183299_n-001Outro assunto que tem chamado a atenção são as famosas e tradicionais mudanças de jogadores pelas equipes da Liga, quando dirigentes, agentes, técnicos, insatisfeitos com alguns jogadores os trocam por outros para as mesmas posições em que atuaram, como peões de um xadrez padronizado, formatado, globalizado, em torno de um sistema único e indevassável, uniforme para todos, e quando não o é, simplesmente trocam-se as peças, para continuar como sempre, numa mesmice endêmica aceita por todos, corporativamente…

Mas de vez em quando alguns jogadores inovam, trocando equipes por algum relevante motivo, por exemplo, ansiando vaga numa seleção nacional, claro, atendendo ao aceno de técnicos envolvidos na mesma, convenientemente, num escambo  de mão dupla, useiro estratagema utilizado a muito para reforçar equipes de divisões iniciais de clubes, usando seleções regionais como chamarizes,  encorpando currículos profissionais dessa salutar forma…

 20160624_92903_2406_Apresentacao_gde-661Finalmente, as seleções ultimam o preparo para as olimpíadas, quando atuarão como sempre, presas aos chifres, punhos e polegares, porém potencializadas por uma preparação física “científica”, pois afinal de contas é a forma que as enormes e polifacetadas comissões nos tem impingido de jogar, ensaiando uma filosofia defensiva de ocasião, mantendo desde sempre a linearidade tática garantidora de capitanias hereditárias de jogadores em declínio e, acima de tudo, empregos regiamente pagos, afinal somos um país rico, culto, educado, e agora…olímpico…

E pensar que bastaria inovarmos taticamente, como produto direto da melhoria técnica nos fundamentos, possibilidade mesmo nas divisões adultas, para nos soerguermos da mediocridade em que patinamos, e continuaremos a patinar, num envolvimento pendular, monocórdio, porém seguro e estável para o corporativismo que ai está, firme, ciclópico, eterno, e sem dúvida alguma, o merecemos…

Que os deuses olímpicos nos ajudem.

Amém.

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VELEIDADES E VAIDADES OLÍMPICAS…

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Um recorde, um mês sem postar artigo, algo inédito para mim em doze anos de Basquete Brasil, mas, honestamente, não me abalei, pois pude avaliar com calma e sem injunções, o quanto esse humilde blog influenciou, ou não, o grande jogo em nosso imenso e injusto país…

País este que se deparará com uma realidade da grandeza de uma olimpíada, para a qual, jamais deveria ter empenhado seus parcos recursos desviados de suas mais urgentes necessidades, a saúde, a educação, a segurança, básico tripé para a formulação de políticas voltadas ao futuro das gerações necessárias ao progresso sustentado, democrático e justo das mesmas…

Uma base que será gravemente atingida em nome de uma aventura irresponsável, totalmente voltada aos interesses de empreiteiras, empresários, políticos e falsos desportistas, mancomunados a um corporativismo absurdo e criminoso no avanço por sobre suadas verbas públicas, fruto de nossos mais suados ainda impostos, os mais altos do mundo…

Porém, foi um mês profícuo, pois pude atestar a ainda grande procura pelos artigos antigos do blog, principalmente os de fundamentação técnica, os fundamentos individuais  e coletivos, provando mais uma vez o quanto carente de informações se mantêm no âmbito dos técnicos e professores mais jovens, num universo praticamente voltado ao desporto de alto nível, numa inversão proposital, que omite e esconde tal carência em nome de um corporativismo abjeto pela continuidade do que ai está escancarado, na defesa de um nicho econômico de domínio de poucos apaniguados e protegidos…

Também pude acompanhar decisões na Liga Ouro, NBB e NBA, quando pude atestar nunca ter estado afastado do que aqui venho publicando a mais de uma década, após ter estado “lá dentro” por outras cinco, estudando, pesquisando e trabalhando arduamente em todas as faixas etárias, no feminino e masculino, onde sempre propugnei pelo inusitado, ousado e realmente diferente do que ai está, pasteurizado, formatado e padronizado, num processo autofágico que só apresentou um mérito, a mediocridade, a mesmice endêmica que nos esmaga e humilha…

Agora mesmo a nova geração feminina, a sub 17, disputa um 13o lugar num Mundial onde perdeu até para o africano Mali, utilizando os mesmos sistemas de jogo emanados das elites, muito mais voltadas à preparação física “científica”, do que os básicos fundamentos individuais e coletivos, que por si só, se bem planejados e executados valem muito mais em esforço do que testes e exercícios com aparelhos e geringonças importadas, que roubam um tempo precioso na aprendizagem efetiva do grande jogo, principalmente nas seleções de formação, relevando consensualmente o verdadeiro papel dos técnicos, que se curvam a esses falsos messias que teimam em induzir o conceito de que antes do jogador vem o atleta, transformando-os em robôs velozes, saltadores e bitolados, em vez de dominadores da arte de jogar, dominar e compreender as sutis nuances de uma esfera inquieta e escorregadia, e os mais sutis ainda  princípios do drible, do passe, da finta, da defesa, do rebote, e da arte maior do arremesso, princípios colimados e irmanados pelo coletivismo tático, onde o correr como velocista, saltar para enterradas, e trombar (a moda atual) define o avatar proposto pela comunidade da preparação física, que aufere a si a chave do jogo, para vermos os resultados expostos nas modalidades coletivas, onde atletas substituem os jogadores de verdade, aqueles que encestam, chutam, cortam, lançam, defendem e vencem usando muito mais o cérebro do que os músculos, incutidos, no caso de nossa seleção olímpica masculina, através uma comissão de dezenove (19!!) membros (4 técnicos, 3 médicos, 1 fisiologista, 2 fisioterapeutas, 3 preparadores físicos, 1 nutricionista, 1 psicóloga, 2 mordomos, 1  supervisor), fora os dirigentes e aspones de praxe, advindos de uma confederação rica, ou querendo parecer rica (Esse artigo do Balassiano destrincha essa pretensão), destinando ao técnico chefe uma missão que eu, honestamente, jamais admitiria, como detentor do real objetivo do jogo, de seus conceitos, de sua estratégia. Aliás, creio ser esse o real motivo da minha covarde e pusilâmine marginalização no grande jogo…

No NBB vimos algum progresso pela já difundida utilização da dupla armação e dos três homens altos transitando pelo perímetro interno (minha luta desde sempre, no blog e nas quadras), levando o Flamengo, reforçado por uma defesa mais presente nos dois perímetros a uma vitória inconteste, frente a um Baurú travado pela mesmice emanada por sua prancheta midiática e repetitiva, num discurso de via única…

Na Liga Ouro, a mesmice do sistema único imperou absoluta, sem maiores comentários técnicos, a não ser a entrevista do diretor vascaíno discorrendo sobre suas contratações para o NBB, posicionamento de jogadores e formas de atuação, seguido pelo candente agradecimento do técnico escolhido pela magnanimidade do dirigente, pois afinal de contas, o sistema vigente, o único que conhece, será mantido, comportadamente…

Na NBA, foi risível o desnorteio geral dos torcedor.. digo, narradores e comentaristas abalizados, frente a uma possibilidade que desde sempre descrevi nas muitas laudas desse humilde blog, concisas num principio lógico, a de que ante uma supremacia ofensiva sempre emerge uma resposta defensiva, e vice versa, e que essa alternância delega o progresso ao jogo, depreendendo a certeza de que o Curry, com toda sua fabulosa velocidade de arremesso, encontraria uma resposta contestatória no devido tempo, que foi o que ocorreu mais cedo do que pensava, ao se ver travado no solo pela extrema proximidade defensiva em seu quadril, que impossibilitado de girar livremente anulou em muito sua capacidade de concluir os arremessos, obrigando-o às penetrações, onde foi vitima de bloqueios impiedosos, principalmente através um enraivecido LeBron. A turma midiática, que já havia estabelecido “a era de um novo jogo”, literalmente ficou pendurada na broxa, mas quem sabe, para 2017?  Aliás, nem Curry, nem LeBron aparecerão por aqui, para tristeza e muchocho de uma turma que sequer desconfia do enorme amor que os dois, e os demais americanos tem pelo Brasil, para os quais a capital é B.Aires…

No Sul Americano vemos um Alexandre se impor, como o fez na decisão do NBB, no entanto, quem mandou não ser o presidente da associação dos jogadores, que é passaporte cardinalício olímpico?

Nunca estive ou fui a uma olimpíada, e nesta em nosso país somente contará com minha presença em alguns jogos que consegui entradas, caríssimas (mesmo as de idoso), que irei com meu filho, como num torneio da FIBA, e não de um COB, que me negou credencial de jornalista que sou, academicamente, mas que jamais calará meu permanente e perene combate ao que pretendem estabelecer como algo que fará evoluir o desporto nacional, afastado coercivamente da iniciação básica, nas escolas, principio atendido pelas maiores nações que aqui comparecerão, para abiscoitar os prêmios e curtir a festança patrocinada por nossa ambiguidade e profundo equivoco do que venha a ser desporto, como produto na formação de um povo, e não instrumento de veleidades e vaidades regadas e alimentadas pela pobreza imposta pela ignorância  aos jovens deste desassistido e desigual país…

Que os deuses (olímpicos ou não) nos protejam.

Amém.

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