RAPOSAS DE PLANTÃO…

“Não é um movimento golpista, de confronto. Queremos autonomia para controlar o campeonato, o que é até bom para a CBB, que poderia se dedicar a cuidar de suas outras atribuições. Queremos ajudar”. São palavras do presidente da recém fundada Associação Brasileira dos Clubes de Basquetebol, segundo reportagem de Giancarlo Giampietro do portal UOL.
“O que vemos hoje é um clima de união pelo basquete e de noção da realidade. É de apoio à CBB, com os clubes assumindo uma responsabilidade de administrar o campeonato, tirando pesos deles. No ano passado, nenhum recebeu toda a sua parte. A CBB ficou com uma parte, alegando que era para fazer algo em nosso benefício. Mas não queremos isso, o dinheiro tem de ser dos clubes. Não é nada esdrúxulo. É algo que existe no mundo inteiro”. Esse foi o testemunho do técnico de Franca nessa mesma reportagem, para uma conclusão de que os clubes querem administrar a verba dos contratos de TV integralmente.
A NLB tentou exatamente isto, e todos sabemos no que deu. E, interessante, tinha sido fundada pelos mesmíssimos clubes que agora, depois de darem às costas à mesma, retornando aos braços da CBB, dão outra volta e fundam a ABCB, amenizando o discurso para os lados de uma colaboração, de uma ajuda benfeitora. Mas, decantando todas essas e outras não menos claras intenções, se sobrepõe o motivo maior, determinante, a grana em jogo, as chaves do cofre cebebiano.
E é ai que a porca torce o rabo, ou melhor, que a raposa espana a vasta cauda nas “feices” de tão seleto e benfeitor grupo. “Querem a grana? Querem o controle total dos campeonatos e das competições internacionais? Querem ver de perto como são, e de que são feitas as benesses que garantem eleições? Querem mesmo? Então tratem de vencê-las, com ética ou sem ética, com malas brancas ou malas pretas, com conchavos ou sem eles, por cima ou por baixo dos panos, claro, claríssimo, se optarem pelas regras vigentes e que vicejam à longos e longos anos. Obedeçam La Régle de Jeux, ou, não creio que tenham paciência e planejamento à médio e longo prazo, pois o imediatismo parece sedimentado nas mentes dos que “amam desinteressadamente” o grande jogo, que iniciem “já”, “imediatamente”, o verdadeiro movimento que, no passar de alguns anos, não muitos, poderá unir os clubes brasileiros, agora representados por uma associação paulista, mas que poderá se espraiar pelo país, em torno do objetivo maior, a reformulação das federações das quais fazem parte, e são seus decisivos eleitores, para aos poucos, reunirem os emblemáticos 13 votos mais um, necessários para a decisiva mudança no comando confederativo, aquele que detém por direito adquirido, éticamente ou não, as tão cobiçadas chaves do cofre, hoje utilizadas em em prol das políticas continuistas, mas que poderão ser otimizadas num verdadeiro projeto que tire o basquetebol do fundo do poço onde se encontra. Mas antes de qualquer discurso oportunista, ou mesmo enganoso, urge seguir os ditames das empedernidas e super inteligentes raposas de plantão, vençam as eleições, e depois ditem as regras.
Amém.

UM SINCERO TESTEMUNHO.

Recebi do leitor Alexandre Netto essa carta aberta de uma torcedora brasileira sobre o momento de transição por que passa o basquete de nossa terra, tão judiado e humilhado. É a primeira vez que o blog publica um texto além de mim, mas que bem representa os anseios e as preocupações daqueles que amam o grande jogo, exceto aqueles que o dirigem e o aviltam.

*Testemunho e Apelo de uma brasileira fã de basquete – Eu, Luciana F.

Moreira*

A primeira lembrança que tenho deste esporte é do Pan-americano de 1987

quando assisti, com meus 8 anos, o Brasil vencer os EUA em casa. Agora, em

2007, torcendo pelo Brasil no pré-olímpico das Américas e ouvindo os

comentários sobre os 20 anos de aniversário da vitória citada, tive um

“click”, isto é, caiu a minha ficha de que sempre adorei este esporte e o

pratiquei devido à conquista do Pan de 1987. Esta conquista teve um impacto

na minha vida e fez com que aprendesse a gostar de basquete.

Todos vocês incluídos como destinatários desta mensagem devem estar

pensando: “Ok! Legal! Você assistiu o pan de 1987 e gosta de basquete, e

daí?”

Bom primeiro, só há alguns jogadores como destinatários, pois foram os

únicos que consegui encontrar na Internet e peço que àqueles que não forem

realmente os jogadores deletem esta mensagem e que os reais jogadores e

especialistas repassem a mesma a outros caso considerem pertinente.

Segundo, meu intuito com esta mensagem, porém, não é apenas demonstrar que

eu, como milhares de outros brasileiros, admiro este esporte, acompanho,

torço e quero que o basquete brasileiro esteja na olimpíada de 2008; mas

propor a formação de um “fórum” para o debate, aprimoramento, troca,

sugestões, estudo entre as pessoas realmente envolvidas com o basquete

brasileiro e que poderão ajudar a levar o Brasil a China.

O basquete masculino brasileiro no momento não tem um técnico. Não se sabe

quem será este técnico. Então, eu sugiro que os possíveis convocados para o

pré-olímpico mundial, isto é, os atletas que participaram do pré-olímpico

das Américas e mais 8 jogadores, o que dá um total de 20 jogadores, e alguns

especialistas e pessoas envolvidas no basquete, como o Zé Boquinha e o Oscar

entre outros, formem um grupo de conversa/debate através de um grupo de

e-mail e comecem a estudar os adversários (jogadores e times), jogadas,

estratégias de jogo; resolvam possíveis desavenças entre os jogadores, entre

outras coisas que sejam pertinentes. Considero que este é o momento adequado

para realizar este tipo de conversa, pois como não há um técnico, esta

atitude dos atletas brasileiros e dos especialistas não pode ser considerada

como anti-ética por ninguém, já que, vocês estarão apenas aprimorando seus

conhecimentos e trabalhando em conjunto por um objetivo maior que é

conquistar a vaga olímpica.

Ahh, antes que alguém pense: “Eu tenho minha vida. Tenho várias preocupações

e afazeres como o início de temporada na NBA ou na Europa; trabalho na

emissora X ou Y; faço minha parte pelo basquete em alguma outra organização;

preciso de tempo para passar com a minha família, amigos, etc, etc”; só

lanço a seguinte idéia: pensem que o Basquete masculino do Brasil é uma

“ONG” e precisa de voluntários!!! Dediquem 1 hora na semana para

conversarem

por e-mail, msn, skype!! Ahh e os jogadores podem fazer mais uma coisa:

dedicar 1 hora a mais nos treinos fazendo lances livres três vezes na semana

(!!!!) e os outros dois dias fazendo arremessos de dois e três pontos.

Acredito que esta última parte ajudará no desempenho de cada um em suas

respectivas equipes.

Caso queiram rir, desconsiderar, deletar esta sugestão, Ok!! Eu mesma me

perguntei se deveria escrever e enviar esta mensagem!!!!! Essa foi a minha

forma de colaborar para ver a seleção brasileira de basquete masculino nas

olimpíadas de Beijing!!! E agora só me restará assistir ao pré-olímpico

mundial e acreditar que me depararei com a seguinte atuação da seleção

brasileira: unidade, colaboração, afinco, competência na execução dos

fundamentos básicos, vontade de ganhar em detrimento de apenas aparecer, e o

time e os jogadores “mordendo” a bola, agindo com raça na quadra ou no

banco

apoiando o time!!!!!!!!!!

Continuarei torcendo por vocês. Obrigada.

Abraços,

Luciana F. Moreira

SONHOS E REALIDADE…

Inadvertidamente sintonizei a TV nesta tarde, e por mais uma vez fui testemunha de uma aula completa, rica em detalhes, incisiva, realista, brutal, de como se coage uma arbitragem ao vivo e à cores vibrantes, com som diretamente originado das lapelas de dois técnicos, em glorioso estéreo, para não deixar qualquer margem à duvidas pelas origens, em um jogo final dos Jogos do Interior de São Paulo na categoria masculina. E não foi preciso vociferarem qualquer tipo de palavrão, como num acordo tácito de “bom comportamento”, já que professores, mas destilando, ambos, uma torrente de atitudes irônicas, pressões de diversos quilates, reclamações sem sentido, cobranças acintosas, bate-bocas insinuando más intenções, exigências de compensações, gestuais dramáticos, chutes em cadeiras, faltas técnicas não aceitas, como se inocentes fossem, e tudo voltado à arbitragem, que era tripla! Fiquei imaginando quantos mais juízes serão necessários para evitarem tanto descalabro. Talvez um para cada jogador… Foi um triste e constrangedor espetáculo, dado por dois técnicos que não se conformam em serem parte de um espetáculo desportivo, convictos de que são o próprio espetáculo, de baixíssima qualidade aliás.

E durante a transmissão, vários foram os convites aos dirigentes de clubes brasileiros para, na próxima quarta feira na sede da FPB, se reunirem para a fundação da Associação Brasileira de Clubes de Basquetebol, que terá como finalidade maior a organização dos Campeonatos Nacionais, como havia tentado a natimorta NLB, sendo o reflexo do recente boicote das equipes paulistas ao Campeonato Nacional promovido pela CBB. De alguma forma não muito bem explicada pelo senso comum, os clubes brasileiros acordam aos poucos de seus berços esplêndidos, para se situarem como a origem de todo o mal que se apossou do nosso basquete, ao permitirem que acessassem no comando de suas federações elementos comprometidos com os consentidos desmandos da CBB, cujo dirigente maior é por eles eleito, à revelia, ou mesmo com a conivência velada ou explicita dos mesmos, originados e empossados com a anuência destes mesmos clubes que agora se reúnem para… Mas eles já haviam se reunido para fundarem e empossarem a NLB, para logo depois se bandearem para os lados da CBB, que agora é renegada por eles… Então qual será o próximo capitulo dessa novela interminável?

Sugiro que o contexto do futuro estatuto da ABCB contenha somente um artigo, sem nenhuma alínea ou parágrafo. Que contenha somente a seguinte determinação:

ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CLUBES DE BASQUETEBOL

ART. 1º E ÚNICO – Que todos os representantes legais dos clubes aqui presentes nesta fundação, e que assinarão a ata correspondente, se comprometam em seus estados de origem a designarem através votação democrática e aberta, presidentes de suas federações comprometidos com os desejos e anseios dos que o elegem, para, nas próximas eleições da Confederação Brasileira de Basquetebol, eleger um candidato de consenso dos clubes brasileiros, que esteja comprometido com o desenvolvimento da modalidade, desde a formação, até as divisões superiores e seleções nacionais, apoiando comissões de verdadeiros conhecedores da mesma, para a formulação de políticas voltadas ao desenvolvimento técnico, ao apoio às associações autônomas de técnicos, assessorando as políticas governamentais para o setor, e promovendo a divulgação pela rede mundial de comunicação de materiais didáticos e pedagógicos sobre o jogo, e bibliografias de apoio. Finalmente, que forneça semestralmente informações contábeis para competente e idônea auditoria. Que o artigo ora aceito e consagrado entre imediatamente em vigor, para o soerguimento e progresso do basquetebol brasileiro.

Com tais disposições contidas neste simples e suficiente artigo, presentes de grego passarão a fazer parte de um passado obscuro e aterrador, mas que contribuirá decisivamente no espírito e mente dos novos dirigentes como um exemplo de incúria e desmando, que não poderá jamais ser repetido.

Amém.

DEBATES – O DRIBLE

No debate anterior, sobre o equilíbrio, acredito ter sido a conclusão do Prof.Gil Guadron, excelente técnico salvadorenho que vive na cidade de Chicago a muitos anos, aquela que melhor definiu a importância do equilíbrio para o jogo de basquetebol. Por isso, coloco-a como a primeira definição da série Debates, como veremos à seguir em tradução livre:

O basquetebol é um jogo de equilíbrio e rapidez, e a chamada posição do basquetebolista ( joelhos flexionados, costas retas, pés ligeiramente mais separados da largura dos ombros, etc.) deve ser praticada em união com os demais componentes do chamado jogo de pernas (posição básica, arrancadas, paradas, giros deslizamentos, etc. ) em situações as mais próximas possíveis da realidade do jogo, como na defesa, ao marcar o homem da bola, ao defender em ajuda. E no ataque, na posição de tripla ameaça, a um drible de penetração, ao dar um passe, ao estar sem a bola e deslocar-se para uma porta traseira, ou se situar numa cortina, ou corta-luz, pois a concepção tática deve estar presente. Desta maneira, os exercícios têm “sentido”, e, se está em concordância com o enfoque pedagógico do construtivismo ( aprendizagem significativa), o equilíbrio então, passa a ser parte do contexto do jogo.

No Debates de hoje, abordaremos o fundamento do Drible, colocando como ponto de partida o artigo das série “O que todo jogador deveria saber 2/10”, publicado em 24/4/2006.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 2/10.

Quando o jogador dribla a bola,fazendo-a quicar no solo e voltando a dominá-la, acontecem alguns pequenos movimentos que detalho:1-Como a impulsão é realizada pelos dedos,ao flexioná-los em direção ao solo forçam a articulação do pulso a um movimento similar,além,é claro das articulações do braço,movimentos estes que incutem uma rotação inversa na bola,que variará de intensidade na medida que aumente a velocidade de deslocamento do jogador. 2-Ao retornar de encontro à mão essa rotação estará revertida,pois no inicio do movimento a bola ao se chocar no solo em rotação inversa mudará de rotação,já que toda força num sentido gera outra em sentido contrario de igual ou maior intensidade.3-Se o jogador não adequar a posição dos dedos na tentativa de anular a rotação para frente,perderá o controle da bola,dai a extrema necessidade de estudar e observar sempre seus comportamentos.4-Todas essas ações devem ser estabelecidas sobre o hemisfério superior da bola,pois se o fizer no inferior interferirá,e até interromperá a livre trajetória da mesma,o que caracterizará a infração dos dois dribles.5-Por esses motivos,todo jogador que na volta da bola do solo dominá-la pelo hemisfério inferior estará cometendo uma infração,além de se utilizar indevidamente da interrupção da livre trajetória para se beneficiar em uma mudança de direção com a bola paralisada em sua mão.Muitos jogadores se utilizam dessa manobra,pois não desenvolveram a técnica de domínio das rotações,e com o beneplácito de muitos juízes se beneficiam inadequadamente em ações de finta.6-Um outro fator deve ser acrescentado,o quanto a bola se mantém em contato com a mão,tanto na impulsão,quanto na recepção.É um tempo de contato que varia com a estatura do jogador,e é um dos componentes do binômio ríimo-passada,ou seja,para cada passada efetuada o jogador manterá o contato com a bola o tempo necessário às ações de impulsão e recepção,sintonizados em cada passo dado.6-Para cada jogador em particular existe uma medida uniforme para esse contato,o qual deverá ser mantido, tanto nas progressões,como nas mudanças de direção.Para que isso ocorra em ambos os movimentos,o cotovelo deverá estar sempre próximo ao corpo,o que garantirá o binômio acima exposto,tanto para o drible linear,como para o drible com mudança de direção. Muitos jogadores efetuam a mudança de direção nesse drible com o cotovelo afastado do corpo,movimento esse facilitado quando os mesmos dominam a bola pelo hemisfério inferior,fazendo com que ela se mantenha por um longo e estendido tempo em contato com a mão,quebrando o ritmo da passada e cometendo a infração de andar com a bola, tendo antes cometido os dois dribles ao interromper sua trajetória,dominando-a por baixo.Duas infrações ao mesmo tempo,e que são raramente marcadas,prejudicando seriamente seu desenvolvimento técnico,principalmente nas divisões de base.Muito bem, compreendidas essas questões,omitidas,esquecidas ou desconhecidas por muitos que se arvoram em formadores de atletas(para que perder tempo com bobagens se existem as pranchetas mágicas?),observemos algumas implicações práticas a serem utilizadas no drible.A primeira e mais importante tem muito a ver com o primeiro artigo dessa serie,ou seja,a chave do bom driblador se situa na fronteira do equilíbrio instável, território onde o domínio das rotações da bola driblada se confunde com o controle do centro de gravidade do corpo em movimentos lentos ou acelerados,à frente,atrás,para os lados nas trocas de direção,nas paradas e partidas.A segunda,quando as distâncias com o marcador(es)se torna critica e urge a criação de um espaço de fuga.Eis a chave do bom driblador,criar os espaços onde não existem.Para tal,dois movimentos se tornam trancedentais:1-O passo atrás com simultânea(simultânea mesmo!)troca de mãos e direção.É um movimento difícil,e somente possível com o cotovelo junto ao corpo e total domínio do centro de gravidade,para mantê-lo em equilíbrio instável.Jogador que se afeiçoou ao domínio da bola por baixo do hemisfério inferior da mesma e com o cotovelo afastado do corpo jamais o conseguirá,já que perderá o domínio do centro de gravidade.2- A reversão com obrigatória troca de mãos,pois se não o fizer exporá a bola ao marcador,facilitando-o na retomada.Esse movimento,mantidas as exigências do item anterior,será tão ou mais veloz,quanto maior for a velocidade em torno de um eixo imaginário projetado dentro da área da base que o jogador ocupar.Mas o que vemos comumente em nossas quadras? Jogadores,que em fase de armação de jogadas se perdem em seguidos dribles por entre as pernas,num exibicionismo barato e perigoso.Pena que a maioria dos marcadores pouco saibam sobre equilíbrio e centro de gravidade em si mesmos,quiçá dos dribladores à sua frente.Se soubessem algo atacariam a bola no momento que estivesse sendo driblada entre as pernas,pois nesses momentos ela encontrará o solo DENTRO da área da base ocupada pelo atacante tornando-o refém de uma escolha se atacado,ou a interrupção do drible,ou o retrocesso,pois estando em equilíbrio estável se torna inabilitado às mudanças de direção.Outra bobagem é a utilização do drible pelas costas visando uma mudança de direção, estando na parte central da quadra. Como se trata de um drible de grande amplitude ele fatalmente levará o jogador para um dos lados da mesma,tornando-o vulnerável a uma dobra defensiva.Trata-se de um drible para ser executado da lateral para o centro da quadra,pois dessa forma estará habilitado a uma penetração,um lançamento frontal à cesta,ou um passe.Com pudemos observar,princípios de equilíbrio e centro de gravidade estão indissoluvelmente ligados à arte do drible,fatores básicos a todo jogador que se proponha ao domínio do mesmo.Para finalizar,sugiro que à partir do drible o jogador passe a se interessar em conhecer o comportamento de um eixo,em torno do qual a bola girará toda vez que for impulsionada ao solo,e de lá retornar à sua mão,e que é denominado eixo diametral.Ele será muito importante nos artigos que se sucederão. Por ora,vamos à quadra praticar o drible como deve ser praticado.

Como esse fundamento é aquele que maiores problemas de aprendizagem apresentam em nossa realidade, haja visto as enormes deficiências técnicas de nossos armadores, acredito que deverá suscitar bons debates entre os técnicos e professores, propiciando uma positiva troca de experiências, nos aspectos didáticos e pedagógicos. Mãos à obra pessoal, o espaço está às ordens.

O EMBLEMÁTICO 1%…

Organizar, v. tr. Dir. Constituir em organismo; tornar apto para a vida; constituir; estabelecer as bases de; formar: organizar um ministério; dispor para funcionar; arranjar; pr. Tomar uma organização definitiva; constituir-se; formar-se. ( Do lat. Organu.)

Administrar, v. tr. dir. Exercer a administração de (negócios públicos ou particulares); gerir, superintender, governar; dirigir; tr. dir. e ind. Ministrar: administrar a extrema-unção a um moribundo; dar a tomar (medicamentos); aplicar; conferir; intr. Exercer as funções de administrador; governar. ( Do lat. administrare.)

Agora podemos entender o que a comissão de clubes quis dizer ao enviar suas decisões para o grego melhor que um presente “organizar” o Campeonato, e este corrigiu o verbo para “administrar”. Ou seja, em hipótese alguma a chave do cofre sairá de seu pescoço helênico, colocando à mostra os verdadeiros motivos para tanta luta, valores, contratos, pagamentos, dividendos, ou simplesmente o controle da grana, que não deve ser pouca, para originar tanta cobiça.

Esse clímax se originou numa carta enviada pelos clubes paulistas reclamando para si o controle total sobre as operações do Nacional, desde o formato técnico à administração de verba e recurso de marketing, conforme a reportagem do jornalista Giancarlo Gianpietro do UOL. As oito equipes de S.Paulo enviaram o comunicado ao Grego como condição para ingressarem no Campeonato, e que segundo o presidente da CBB e os clubes alinhados em torno do Nacional, os pontos requisitados eram redundantes ao que já estava previsto no regulamento, pontuou o jornalista.

“Por isso ficamos em estado total de perplexidade quando recebemos a carta”, afirmou Bozikis, e mais, “Do que eles pediram, 99% das imposições já eram praticadas, então não entendemos”, afirmou Jorge Bastos, diretor do Grupo Universo, administrador do clube de Brasília.

Mas como não entenderam? E desde quando, na analise estatística do grego 99% superam seus fantásticos 1%? Esse mesmo 1% que o faz tão poderoso e inexpugnável, fundamentado nas leis que regem o desporto nacional, e que é sempre alcançado nos conchavos permitidos e ansiados pelas direções federativas, para os quais mais valem 1% de pleno poder, do que 99% de olheiras insones voltadas à brilhante chavinha que emoldura o pescoço helênico. E numa regra de três originada na inventiva matemática cebebiana, se 99% estão voltados para a organização do campeonato, quanto valerá 1% para a administração do mesmo? Esse X o grego melhor que um presente conhece como ninguém, onde “administrar” se torna sinônimo de 1%, até um dia em que os detentores dos 99% se dêem conta de que mais vale 1% administrando o cofre, do que 99% de gritaria e histeria inócuas. Que tratem de se mobilizar, para, dentro dos parâmetros que auferem a lei substituam democrática e decisivamente o dono dos 1% mais letais do desporto nacional. O contrario cheira a golpe, arma dos corruptos e incompetentes em 100% dos casos, assim como a turma dos atuais e sonhados 1%.

O basquetebol brasileiro não merece tão vil destino, tanta baixeza , tanta pusilanimidade, cometidas por quem não pode gostar do grande jogo, e sim dos dividendos que possam auferir em benesses e muita, muita mordomia.

Ave Cesar, os que vão morrer te saúdam, era o grito de guerra dos gladiadores antes dos embates mortais. Só que aqui o Cesar não é romano, e sim grego, 100% grego, e é quem manda, até o dia que mudem a lei, ou que as federações, porta-vozes dos clubes estaduais, tenham seus presidentes eleitos por verdadeiros desportistas, para representá-los na eleição maior, a da CBB, entronizando na mesma alguém que realmente ame e entenda o grande jogo.

Amém.

DIA DO PROFESSOR…MAS QUE DIA?

Hoje, Dia do Professor, estando de algum tempo aposentado da UFRJ, mas jamais afastado dos livros, dos estudos e do blog que me mantêm ativo, me sinto apreensivo, preocupado com os rumos que estão dando à educação em nosso país, relegando-a ao nível de bolsas disso e bolsas daquilo, numa volúpia de interesses eleitoreiros abominável, e suicida. Lembro-me que em varias ocasiões no contato direto com meus alunos na Praia Vermelha, lembrava-os que nosso país era o único que conhecia no concerto das nações democráticas, no qual nem as correntes de direita, nem as de esquerda desejavam um povo educado. A direita queria-o ignorante para se manter no poder, e a esquerda, desejava-o mais ignorante ainda, para poder usá-lo como massa de manobra para assumir o poder. E isso ficou provado com a ascensão da esquerda nas duas últimas eleições, nas quais, a esquerda emergente passou, no caso da educação, a se utilizar da falência educacional do povo para, a exemplo da direita que o antecedeu, se manter no poder, o que vem conseguindo exemplarmente. Em nenhum de seus programas de governo, aborda o cerne do problema, a valorização e o respeito pela carreira do magistério, único caminho a ser seguido para a qualificação da educação no país. Salas de aula computadorizadas, climatizadas e forradas de veludo, jamais se rivalizarão com boas bibliotecas, enxutos laboratórios, quadras, piscinas e pistas, assim como pequenas salas de musica, de teatro, de dança, e, principal e decisivamente, professores bem formados, bem pagos, e por isso mesmo, voltados à carreira, fundamentada na vocação, substituída nas últimas duas décadas por uma progressiva tendência em torná-la um simples bico, um quebra-galho, inclusive por muitos profissionais liberais.

Acredito, no entanto, que melhor exporia um ponto de vista voltado ao valor do desporto escolar, republicando um artigo que escrevi em 14/11/06, não só como uma homenagem ao professor, mas como um lembrete oportuno sobre sua transcendental importância na educação de nossos jovens.

14 Novembro 2006

ESCOLA, ESCola, Escola, escola…

A Rêde Globo, através seu Jornal Nacional, iniciou ontem uma série de reportagens sobre a importância da Educação Física no sistema escolar em vários países. O primeiro país focado foi a China, e hoje foi a vez dos Estados Unidos. Em ambos, o que não será muito diferente nas demais reportagens, a importância da escola, como fator irradiador de progresso para qualquer país que se julgue merecedor de um lugar destacado no concerto das nações, principalmente para seu próprio povo. A Educação Física sempre estará associada a este progresso, assim como as Artes Plásticas, a Dança, o Teatro e a Música. Estas atividades estarão sempre , e indissolúvelmente ligadas às demais disciplinas de um sério currículo escolar, como base da educação plena e incluída nos direitos constitucionais básicos dos cidadãos de qualquer nação séria, justa e igualitária. Seus professores são universalmente licenciados por Universidades, Faculdades de Educação, submetidos a rígidos padrões de comportamento em estágios probatórios supervisionados por professores experientes e dedicados. Assim também o é em nosso país, onde podemos encontrar cursos formadores de professores de alta qualidade, e onde a tradição de ensino é mantida.Se os poderes públicos subestimam e desvalorizam os formandos com baixos salários e propositais ausências de políticas educacionais, não podemos negar que a base existe, porém não coexiste com tais políticas de depreciação do ensino público gratuito e de boa qualidade. Esse é o pungente drama da educação no país. As licenciaturas, que atendem a todas as disciplinas, inclusive a Educação Física, são a função básica de nossos cursos superiores qualificados pelo MEC, mas que sofreram um processo dicotômico na Educação Física com a implantação dos bacharelatos, porta de entrada para o desenvolvimento das atividades desportivas fora do âmbito escolar, dando início à formidável indústria do culto ao corpo, e que originou os ambíguos e políticos conselhos de ed.física, os famigerados cref’s. Escudados em uma lei que foi implantada obscuramente, estão de algum tempo se entronizando no campo escolar, fator altamente comprometedor e abusivo. Sua massa crítica e coercitiva de associados foi formada pelos inúmeros cursos de atualização realizados pelo país, “autorizando” todos aqueles que exerciam atividades de ensino desportivo, sem que tivessem formação acadêmica regular. Milhares foram autorizados, voltando-se agora para os egressos das Escolas de Educação Física, e, inclusive se imiscuindo nos concursos públicos em autarquias municipais e estaduais, e já pretendem estabelecer provas de suficiência aos formandos do ensino superior. Esquecem, que não possuem autoridade moral e formal para tal pretensão, pois confrontarão os cursos superiores formadores dos licenciados em todas as disciplinas do currículo educacional do país. O Professor de Educação Física não é um profissional bacharel de educação física, ele é um Professor, que atende as exigências de uma licenciatura plena, passaporte inalienável ao magistério de todos os graus de ensino, como é regra geral em todas as nações sérias deste planeta, e que, em hipótese alguma deva se submeter a conselhos normativos à serviço da grande e poderosa indústria do culto ao corpo, seletiva e elitizada, totalmente à margem das necessidades da juventude brasileira. Os próximos programas evidenciarão o supremo papel da Educação Física no âmbito escolar, juntamente com as demais disciplinas, num mutirão qualitativo, que toda nação séria promove para o desenvolvimento de seus jovens. Mostrarão,sem dúvida, que a educação física é parte integrante da formação dos jovens, não só para forjar futuros campeões, mas, e principalmente, para ajudar decisivamente na preparação de cidadãos produtivos e sociabilizados. A Escola é o cerne do processo de cidadania, e não é lugar para órgãos e setores normativos fora de seu âmbito. Nos dois programas até agora apresentados não vimos o envolvimento de profissionais, e sim de Professores de Educação Física, dentro de suas escolas, e não em caras e exclusivas academias, nem sob a batuta de personal trainers, atividades endossadas e controladas pelos cref’s tupiniquins. Que fiquem por aí, e deixem a Escola, a sagrada Escola em paz.

posted by Basquete Brasil @ 11/14/2006 01:36:00 PM 4 comments

4 Comments:

At 7:09 AM, Alexandre Rocha said…

Caro professor. Sou defensor de um modelo de esporte na escola no Brasil. Mas decisões como esta, creio, vem de cima. Assim toco na questão da nossa venerada UFRJ e as demais universidades publicas, que a despeito de possuírem estruturas nunca de fato procuraram estabelecer um modelo esportivo similar às universidades norte-americanas ou européias. Atletas como Fernando Scherer se queixaram entre outras coisas da dificuldade de conciliar estudo e treinos pela inflexibilidade dos professores e coordenadores de curso.Quais são as barreiras para a mudança?

At 11:34 PM, Basquete Brasil said…

Caro Alexandre, a maior barreira é aquela que mais cedo ou mais tarde será superada
pela necessidade vital de investimento em educação no país.Não que os políticos assim o desejem, mas é, inclusive para eles, uma questão de sobrevivência.Nosso país só conseguirá ultrapassar a barreira
terceiro-mundista pelo investimento maciço em educação,beneficiando a todos os segmentos da sociedade, inclusive o desporto,aspecto indissociável do processo.Será um processo lento e gradual, mas inadiável, caso contrário nos lançaremos no atraso irremediável.
Não há outro caminho.Um abraço,
Paulo Murilo.

At 2:11 AM, Gil Guadron said…

Respetado paulo:
Com o devido respeito a seus lectores e voce por meu mal Portuguez, desejo expresar a cita de John Wooden, ele es professor de ingles e ex-basketball coach de “UCLA”
O antropologista foi pra o mato pra estudiar uma primitiva sociedade e falo pra o curandero y le pregunto si ele , o antropologista poderia falar com la mais importante pessoa na region.o curandero lo guio por o mato e se detuvo no claro e, exactamente no frente deles estaba o velhinho, canoso, fraco, rodeado de garotos.
O antropologista pergunto si isse cara era o rei. Nosso Rei pergunto sorprendiso o curandero?
Voce pergunto por a mais importante pessoa?o presento ao nosso professor.
Obviamente a tribu nao era tan atrazada. Elos estaban tao avanzados pra conhecer que nao a otra pesoa mais importante em uma sociedade que o profesor.

At 12:09 AM, Basquete Brasil said…

Prezado Gil,na constituição mexicana pós-revolução zapatista,tem um pequeno artigo que registra:Mesmo nas cidades mais pobres e longínquas,os professores terão direito a um par de sapatos.Infeliz da nação que minimizar o papel do professor em sua formação, o que,infelizmente,ocorre em grande parte do Brasil.Mas acredito que dias melhores virão.Sou um eterno e incorrigível otimista.Um abração, Paulo Murilo.

Powered by Blogger


O PESCOÇO HELÊNICO…

“Majestade, o povo tem fome!”

“Dê brioches a eles!”

E zás, uma cabeça rolou dias depois. E Maria Antonieta nada mais pode dizer.

Infelizmente, por aqui, cabeças jamais sofrerão qualquer ameaça de rolarem, mesmo perpetrando as mais desatinadas ações, por estarem à sombra e ao (dês) serviço de quem detém o poder na marra. Nunca na história desse país, plagiando o guru mestre, a CBB se encontrou mais forte, já que num passe de magia (seria negra?) defenestrou o único poder com força, tradição e histórico de lutas, que liderava sua oposição, a FEBERJ, condenando o futuro do basquetebol brasileiro à sua absurda e inexplicável perpetuação no poder, se analisada pela lógica do bem comum e do progresso da modalidade.

E no rastro pegajoso da nova ordem, temos de engolir uma declaração do preposto presidente da Feberj, Alvaro Leonides, de quem jamais ouvi falar nos 50 anos que vivo o basquete, feita ao O Globo de hoje : “(…) O Estadual está sendo um êxito como espetáculo. Das 12 equipes que jogaram o Brasileiro, seis estão no Estadual. Voltaram a falar de basquete no Rio”.

Que me desculpe tão formidável administrador e gerente de espetáculos, mas jamais, em tempo algum, se deixou de falar em basquete por estas bandas, território de boa gente, de grandes desportistas, de técnicos e professores maravilhosos, celeiro de jogadores em todas as divisões, de torcedores históricos, de jogos inesquecíveis, de imprensa independente na grande rede, de tradições inatacáveis. E não, como agora se insinuam, em campo minado por uma confederação daninha e de políticas rasteiras e covardes, impondo através maquiavélicas maquinações, um pastiche de campeonato, que tem como piéce de resistance o enxovalhamento e humilhação do basquete carioca, e do também basquete fluminense.

O que o desavisado torcedor profissional de torcidas de clubes de futebol vem assistindo, reforçando a imagem de um fantasioso sucesso popular, alimentado por uma imprensa conivente e oportunista, é o enterro definitivo, se continuar por esse caminho, das equipes aqui estabelecidas, com algumas poucas exceções, como o CR Flamengo, utilizadas como hospedeiras, a fim de treinamento e preparação de equipes, que qual ervas daninhas, aqui aportam para sugarem a seiva do prestígio e visibilidade de mídia, ainda presentes nas camisas históricas dos clubes regionais, vestindo-as como camisetas de treino para o Campeonato Nacional.

E essa é a mensagem de sucesso trombeteada pelo digníssimo presidente da Feberj, atendendo e incorporando os desejos do grego melhor que um presente, para o qual, tradição e história somente têm valor na medida em que o mantenham ad perpetuam na direção e controle das abundantes gorduras a serem gostosamente queimadas entre benesses e mordomias, no grande banquete do desporto nacional. Nunca na história desse país, e olha a menção ao guru outra vez, as chaves dos cofres estiveram tão seguras em torno do pescoço helênico, onde guilhotina nenhuma jamais testará seu fio. Que os deuses tenham pena de nós. Amém.

SPRING CAMP…

Numa pequena nota em sua coluna de 4/9/07 no O Globo, Renato Mauricio Prado publicou : Sabe a quem o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime “Grego” Bozikis, se aliou, para exterminar a oposição e tomar, na marra, o poder na Federação do Rio? Ao ex-deputado que preside o Vasco e ao ex-superintendente da Suderj, Chiquinho da Mangueira. Precisa dizer algo mais?

E o grego melhor que um presente e seus acólitos, com um dos nove votos que o opuseram na reeleição passada no bolso, investiu em sua lógica dominante, para ir de encontro às federações capixaba, mineira e brasiliense, garantindo de antemão o pleito de 2009, já que os paulistas, sedimentados no comando técnico da confederação garantem o restante dos votos sob sua liderança. E nada mais genial do que transformar o outrora poderoso e brilhante Rio de Janeiro, em um pomposo Spring Camp de treinamento e preparação das equipes daqueles estados, para o campeonato nacional. Com a desculpa do soerguimento do basquete carioca, e conseqüente apoio popular, esse tenebroso crime é perpetrado à sombra de uma federação historicamente combativa e oposicionista, agora dominada e reduzida às mesmas proporções de política rasteira e infame, que sua mentora e patroa, a CBB.

Vemos incrédulos, uniformes que vestiram formidáveis e inesquecíveis jogadores transformados em jaquetas de treinamento, por equipes que nada têm a ver com nossas tradições, e que terminado tão lastimável estágio, nada deixarão de produtivo junto aos coniventes clubes cariocas e fluminenses, a não ser a enorme frustração de terem comungado com tão pusilânime jogo de interesses da mais baixa e abjeta política desportiva, mas que aufere grandes ganhos em benesses e trocas de favores, mafiosamente corretos.

Debater, estudar, planejar, e procurar soerguer o basquete carioca e fluminense através a mobilização de nossa gente, nossos clubes, nossos técnicos e professores, nem pensar, não dá votos, não promove comendas e regalias. Muito mais fácil é a importação pura e simples do produto pronto e acabado, técnica e administrativamente falando, para disputar um torneio descartável e na dimensão política desejável. Simplesmente genial, antológico, digno de raposa felpuda da mais alta estirpe, e por isso mesmo merecedora de permanecer no comando do basquete brasileiro, ante a submissão daqueles que deveriam lutar, mas não o fazem, preferindo a sombra determinante da mais profunda e terrível omissão, da qual um dia se arrependerão, ou simplesmente, não.

Com a denominação dada pela imprensa candanga, de “Torneio barriga de aluguel”, o basquete do Rio de Janeiro passa agora a integrar a curriola que assaltou o grande jogo no país, negando definitivamente seu histórico e venerado passado de lutas, inovações, liderança e grandes, grandíssimos vultos do esporte nacional. Mais uma, e talvez última vez, consumatus est.

Amém.

EM DEBATE-O EQUILÍBRIO

Atendendo a algumas sugestões de jovens técnicos, inicio hoje um debate e troca de idéias sobre os fundamentos do jogo. A cada quinzena um fundamento será proposto, discutido, exemplificado, comentado em seus detalhes, e, principalmente, será tema de uma compilação de experiências práticas vividas pelos técnicos e professores envolvidos nos debates.

Inicio propondo o fundamento do equilíbrio, republicando o artigo “O que todo jogador deveria saber 1/10” de 20/4/2006.

12 Abril 2006

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 1/10.

Independendo se armador, ala ou pivô, publico à partir de agora uma série de 10 artigos sobre alguns aspectos dos fundamentos, aqueles detalhes que passam muitas vezes desapercebidos, tanto por iniciantes, como muitos dos considerados craques, que erram muitas vezes mais do que aqueles. E inicio com um tema que a maioria minimiza, ou simplesmente desconhece- O EQUILÍBRIO- Para que fique claro e bem visualizado o que proponho, sugiro inicialmente que tentem o seguinte: amarre na ponta de um barbante, ou algo similar (um dos cadarços do tênis já serve) um pequeno peso, uma pedrinha por exemplo, tal como um fio de prumo daqueles utilizados pelos mestres de obras para aferir o alinhamento dos tijolos. Na outra ponta do fio, que deverá ter aproximadamente uns 60cm, fixe um pregador de roupa, ou um alfinete de segurança daqueles usados em fraldas. Fixe o fio no cós entre as pernas do calção ou de um short curto (os calções tipo fraldões utilizados por muitos jogadores não se prestam, pois têm o seu cós próximo ao meio das coxas). Feito isso, coloque-se em posição defensiva e com um giz desenhe a área que está ocupando no solo, marcando duas linhas retas que unirão as pontas dos pés e seus calcanhares. Terá então um retângulo desenhado no solo, tendo como limite os próprios pés. Agora, tente movimentar os quadris de tal forma que o peso do fio de prumo percorra toda a área delimitada pelas linhas de giz e pelos pés. Enquanto o peso se mantiver dentro da área você estará em equilíbrio estável, já que o fio de prumo projeta seu centro de gravidade, que se situa na zona pubiana, para dentro daquela. Aos poucos você compreenderá o porque de se manter em equilíbrio estável, e que este será tanto maior, quanto maior for a área da base que venha a ocupar. A seguir, tente colocar o fio de prumo sobre qualquer ponto que limite a área da base, e constatará o que vem a ser estar em equilíbrio instável. Exercite-se transferindo os equilíbrios, ao mesmo tempo que altera a área da base, preparando-se para passar ao terceiro estágio, ou seja, transferindo o prumo para fora da área que ocupa, entrando em desequilíbrio. Todo jogador tem a obrigação de conhecer os princípios que regem o equilíbrio, pois a compreensão e o conseqüente domínio do mesmo pautará sua performance na utilização de todos os fundamentos do jogo, à começar pelas partidas e paradas, ou seja, as ações mais comuns ao jogador de basquete: ir de encontro à bola; parar equilibrado seja qual for a velocidade que esteja exercendo na quadra; as mudanças de direção, tanto no ataque, e principalmente no ato defensivo; nas fintas com e sem a bola; no drible progressivo ou regressivo; nos arremessos; nos saltos e basicamente na preparação dos rebotes. Vejamos no caso das paradas. Todo iniciante tende ao desequilíbrio no ato de parar em velocidade de deslocamento. Se tiver conhecimento dos princípios que regem seu centro de gravidade, ele saberá manter o mesmo projetado dentro da área que ocupa mantendo-o em equilíbrio estável, assim como saberá deslocá-lo para equilíbrio instável e conseqüente desequilíbrio quando quiser partir em maior velocidade que seu oponente. Todo bom fintador levará maior vantagem sobre o defensor se souber se manter em equilíbrio instável no momento da finta, pois sempre sairá em maior velocidade, tanto sem a bola, como, e principalmente se estiver no ato do drible. O manejo do corpo sofrerá menor desgaste se for acionado dentro destes princípios, pois o fator inercial poupa energia e necessita de menor força para desencadeá-lo. Defendendo-se de um driblador, ou de um atacante sem a bola, entenderá o porque da importância de estar sobre uma ampla e equilibrada base, e como ganhará em eficiência nas anteposições ao saber deslocar com eficiência e presteza seu centro de gravidade. Voltando ao exercício inicial, perca-se por uns momentos nos deslocamentos do CG, para os lados, para frente, em bases amplas ou menores, entrando e saindo dos estados de equilíbrio, com os olhos abertos e fechados, para aos poucos, sem pressa, entender, sentir e empregar toda uma gama de possibilidades que um bom jogador, independendo de sua posição poderá utilizar para a melhoria de sua performance nos fundamentos, já que o equilíbrio é a base de todos eles.Vamos ao trabalho!

E como complemento, um belo exemplo de equilíbrio dinâmico, onde o seu final nos leva à compreensão do quanto se torna importante a manutenção do centro de gravidade dentro da área ocupada pelo corpo, mesmo sob a forte influência de uma força centrípeda, após saltos e giros no ar, movimentos tão peculiares aos jogadores de basquetebol.

https://www.nytimes.com/video/arts/1194817094693/in-slow-motion.html

TODA UNANIMIDADE É BURRA…

Terminado o Pré-Olímpico Feminino, afora a esmagadora superioridade da equipe americana e a pálida participação brasileira, três aspectos podem ser considerados : 1 – Como o desenho tático de todas as equipes envolvidas na competição eram idênticos, ou seja, seguiam a norma convencionada como “o conceito moderno do basquetebol”, que nada mais é do que o sistema criado, empregado e difundido pelas ligas profissionais americanas, NBA e WNBA, copiado e globalizado pela maioria dos países, numa aceitação cega e servil de um conceito hegemônico, prevaleceu aquela equipe que detinha nas posições características do mesmo as jogadoras mais bem preparadas nos fundamentos do jogo, aliados a uma viril atuação defensiva, e extrema velocidade na ação ofensiva. Num confronto entre sistemas similares, venceu aquela equipe mais bem preparada nos fundamentos, o diferencial decisivo e divisor entre as equipes participantes.

2 – Essa constatação de caráter primário torna o enfrentamento competitivo indissociável ao maior ou menor domínio que toda e qualquer equipe possua sobre os fundamentos básicos, que quanto mais se aproximarem da excelência e fina execução das americanas, maiores serão as chances de emulá-las, e eventualmente vencê-las. É claro, se estabelecido que o sistema de jogo seja o mesmo empregue por elas, o que de saída as deixam como eternas favoritas, pelo que expusemos até o momento. Essa aceitação suicida de conceito coloca suas potenciais adversárias perante uma única evidência, a necessidade de um preparo minucioso e profundo nos fundamentos, único ponto em comum que pode ser diferenciado nas ações individuais e coletivas. Por dominar esses pormenores técnicos individuais e coletivos, é que o sistema defensivo norte-americano se impõe às demais equipes, numa aplicação contínua e agressiva de engenharia reversa, na desconstrução de um sistema que dominam por hábito e tradição, fatores que as antepõem aos movimentos ofensivos das adversárias, ou seja, atuando de forma antecipativa ante a previsibilidade de movimentos e ações que dominam como nenhuma outra equipe.

3 – Torna-se óbvio que somente sistemas opostos ao granítico e bem sedimentado modelo americano, respaldados em uma minuciosa preparação nos fundamentos básicos, tanto individuais , como coletivos, poderão mudar o padrão vigente, o que já vem sendo tentado por algumas equipes européias no rastro das experiências masculinas, que já provaram a possibilidade de derrotarem os americanos. Infelizmente, não é esse o caminho adotado pelas seleções brasileiras, totalmente voltado ao modelo americano, sem no entanto, contarem com o domínio dos fundamentos daquele. Pecamos drasticamente nas ações individuais, no drible, na finta, no posicionamento defensivo, nos arremessos. Nos mantemos fieis e escravos das jogadas advindas daquele modelo, sem a qualificação fundamental para exercê-lo. Confundimos velocidade com pressa, coreografia com ação instintiva e improvisada. Trocamos sistematicamente a progressão vertical e incisiva pela lateralidade inócua. Nos prendemos a uma prancheta em vez da busca pelas pequenas, porém decisivas falhas nas ações ofensivas e defensivas das adversárias, em sua performance física, e nas atitudes comportamentais.

O novo e inusitado, a coragem de trilhar novas concepções técnico-táticas, como, por exemplo, a utilização de um sistema baseado em dupla armação e a utilização de três jogadoras altas, móveis e velozes, treinadas exaustivamente nos fundamentos, numa anteposição ao hoje implantado e aceito pela grande maioria, o conceito americano de jogar, poderia ser desenvolvido e criado com boas possibilidades de sucesso, pois confrontaria a mesmice, até mesmo internacional, desmistificando um padrão , que a magistral definição do imortal Nelson Rodrigues, esclarece “ser toda unanimidade burra”.

No entanto, tais mudanças necessitam de um aporte fundamentado na fulcral necessidade de um salto qualitativo e superlativo, na busca de algo realmente novo, instigante e audacioso, elementos inspiradores aos grandes projetos, antítese da aceitação passiva e covarde do que nos impuseram criminosamente como a única verdade a ser seguida, o abominável e unilateral “conceito moderno do basquetebol”, aquele que somente beneficiou, e beneficia quem o criou, graças às bases escolares e universitárias que o alimentam. Retiremos deles o exemplo marcante pela prática sistemática dos fundamentos do jogo, aplicando-os aos nossos conceitos técnicos e táticos, que beneficiem, enriqueçam e embasem uma nova forma de jogar, nossa forma de jogar. Com estudo, muito trabalho, desprendimento e coragem poderemos galgar algo mais do que tentarmos ser o que não somos, mas fomos um dia.

Amém.