SER OU NÃO SER CONVENIENTE…

“Oi Paulo, tenho uma má noticia depois que falei com o Alarico pelo telefone. Ele preferiu um outro técnico, e perguntei por que? Respondeu que ele era mais “conveniente  àquela altura da composição da equipe”. Não entramos em detalhes” ( Prof. Pedro Rodrigues, amigo de longa data do Alarico, assim como meu amigo, me comunicando a posição da equipe do Vitória para o NBB3).

Em suma, para o Vitoria a minha presença na continuidade do bom e inovador trabalho no NBB2 pelo Saldanha da Gama não era conveniente, frente a conveniências determinantes por parte de um outro profissional recentemente desempregado. Lastimo, mas não me arrependo, de não ter aceito o convite de uma equipe de ponta, para manter minha palavra e comprometimento a um trabalho cuja continuidade, sem dúvida alguma, levaria a equipe do Espírito Santo aos playoffs do NBB3, caracterizando resquícios de um idealismo não condizente à realidade “profissional” destes novos tempos.

Claro que o novo técnico, manteve-se na ativa dentro da LNB, o que é muito bom, pois competente, além de ter reavido uma dívida da temporada 2008-9, motivo de ação judicial, e ainda levando de bônus um jogador de grande qualidade técnica de sua última equipe, tendo herdando uma base de bons jogadores, muito bem treinados e atualizados.

Todo esse processo, inédito para mim, ainda preso a certos princípios éticos defasados e irreais, mas irremediavelmente atrelado aos mesmos, colocou-me ante uma situação inquestionável- a necessidade de aceitar, formular e desenvolver uma realidade, que aos 71 anos dificilmente conseguirei dominar, mas que é a base da sobrevivência em ambiente tão hostil.

O ser professor, técnico de uma velha escola, com suas tradições acadêmicas e respeito incondicional à ética, me  caracteriza como um dinossauro em plena extinção, senão já extinto, e o que é pior, sem possibilidades politicas  de ser conveniente, ou não.

E por tudo isso, fico sem trabalho nas quadras, depois de um brevíssimo, porém profícuo retorno, apesar do domínio que ostento dentro das mesmas, fruto de longos, longos anos de pratica, estudo, pesquisa e transferência integral de conhecimentos, fator básico e transcendental para a evolução da ação educacional e desportiva, mas mortal frente ao peso de títulos e de QI’s.

Por fim, fiquei, e continuei curioso, velho hábito de quem adora aprender, do porque, ou porquês do termo “conveniente”, e indo ao Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa me reciclei com o seguinte:

CONVENIENTE, adj. 2 gên. Que convém; vantajoso; adequado; apto; decente; que é conforme às praxes. ( Do lat. Conveniente.)

Tranqüilizei-me, pois esclarecido por uma etimologia irreparável, onde aptidão e decência me são estruturalmente comuns, ambas inadequadas num mundo onde a vantajosa conveniência é aquela que não fere o conformismo das praxes e rotinas estabelecidas.

Logo, jogar de uma forma diferente o grande jogo, e jogar eticamente dentro dos preceitos incondicionais das  relações humanas, não fazem o meu perfil neste mundo cruelmente moderno, confirmando o que agora constrito percebo, e mesmo não aceitando, não ser, irremediavelmente, conveniente.

E a mesmice técnico tática no nosso basquete de elite triunfalmente seguirá sua trilha sem contrafações, cada vez mais, granítica,solida e convenientemente salva e protegida de clarões e  rasgos de indesejáveis aberturas, indesculpáveis ousadias, e inconvenientes personagens.

Assim o é, e continuará sendo, pois desejo de todos, menos um…

Amém.

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6 comentários

  1. Henrique Lima 11.11.2010

    Professor Paulo,

    pergunto ao senhor, se alguma outra equipe entrou em contato com o senhor ?

    O que eu acho de incrivel burrice por parte de quem comanda estas equipes de basquetebol. Mas sempre são os “projetos” né ?

    Um grande abraço.

  2. Basquete Brasil 11.11.2010

    Todos “projetos”de uma planta só Henrique, advinda de uma confraria de poucos e selecionados participantes, que de repente deram de cara com um “estranho no ninho”, rapidamente escluido. Afinal, a banda não pode e nem deve desafinar pela presença de um bumbo fora do ritmo. Pena, pois o grande perdedor é o basquete brasileiro, não pela minha presença, mas pela raríssima oportunidade de se ver desafiado em sua inexpugnável mediocridade. Mas, como é a vontade da corporativista maioria, nada a fazer, sequer, lamentar.E parafrazeando o Berquó, segue o baile.
    Ah Henrique, claro que não recebi convite de ninguém, a não ser o de cair fora…
    Um abraço, Paulo.

  3. Vinicius 11.11.2010

    fala professor muito tempo que nao vinha aqui,bem sou um fã seu pela sua passagem no saldanha,eu hoe presidente da torcida do novo Vitória Basquete,digo que queria muito o senhor treinando essa equipe nao sei se vc tem acompanhado,mas teremos um time promissor,uma estrutura melhor temos o Munoz,De Jesus,Amiel,João Gabriel,Matheus bons jogadores que o senhor conhece alem de trazer o BAITA jogador Guilherme Filipin,outra grande nome Eddy o Gaspar um pivo que chega hoje que estava no texas tech treinado por bob kinight enfim um otimo time que vai mesclar experiencia e juventude treinado por na minha opinião um treinador comum,depois da estreia fatidica em qual perdemos por 109 x 56 mas por um motivo a se entender de ter que utilizar só os juvenis com a axeção do amiel, e depois nesse dumingo vencermos a boa equipe do paulistano por 81 x 78,mas ja vemos muita diferença ja voltou a ser aquele monte de chutes de 3 pts exagerados enfim…
    eu acredito que é um time que tem tudo para ir aos playoffs,ate mesmo pelas mudanças de estrutura e condições financeiras.
    Bom era isso tinha tempo que nao postava aqui,quero que o senhor saiba que saiu daqui como um idolo da torcida e saiba que nunca esqueceremos e quem saiba um dia o senhor volte
    Abraços Vinicius
    Presidente da torcida Mancha Azul- Vitória Basquete

  4. Basquete Brasil 11.11.2010

    Obrigado Vinicius, foram tempos inesquecíveis, apesar da brevidade na convivência forte e indelével. Fico imaginando aquela equipe, a mesmissima equipe com mais tempo para treinar. Olhe Vinicius, daria um trabalhão imenso às potências mais mercadológicas do que técnicas que ai estão.Mas a realidade do nosso basquete ainda passa a kilometros de distância do bom senso e da essência do grande jogo. Quem sabe um dia retornemos desse letárgico pesadêlo?
    Desejo sucesso à sua sempre dinâmica torcida, trocando agora o vermelho pelo azul, cor da esperança. Um abração
    Paulo Murilo.

  5. Thiago Nolasco 16.11.2010

    olá professor!bem eu tenho algumas duvidas sobre defesa;gostaria que o senhor me esclarece-se as mesmas.
    Qual é a melhor postura para um defensor?Como devemos Pular para um Rebote?é verdade que devemos evitar de manter o calcanhar no chão tanto no ataque como na defesa?

    obrigado por tirar minhas duvidas professor!

    Abraço!

  6. Basquete Brasil 17.11.2010

    Prezado Thiago, acesse o espaço Buscar Conteúdo e digite Debates-Defesa, e encontrará bons conselhos, principalmente através os comentários do Professor Gil. A serie O que todo jogador deveria saber também pode ser acessada para maiores informações.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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