MUNDIAL-O TERCEIRO DIA:A ESTRATÉGIA…

No Mundial da Espanha em 1986, a Argentina venceu os Estados Unidos na segunda fase do campeonato por 74 x 70. Os americanos, que foram os campeões (Tyrone Bogues, de 1,59m era o armador, lembram-se?), formavam uma equipe extremamente rápida, e com excelentes jogadores universitários, alguns deles seguindo carreira na NBA, como David Robinson, Sam Elliot, e  Bogues, entre outros.

Lembro este confronto por um detalhe especialíssimo, a quebra da velocidade americana, pelo jogo altamente cadenciado que os argentinos imprimiram para vencê-los, em tudo semelhante ao que a seleção brasileira realizou hoje em quadra, quase vencendo a partida, e por um placar semelhante, 70 x 68, e mais, sob o comando de um técnico argentino, que bem deve ter lembrado daquele jogo.

No artigo de ontem, mencionei-(…) No terceiro quarto do jogo de hoje contra os eslovenos, quando estes começaram a impedir os arremessos de três americanos, mesmo defendendo por zona, vimos quão indecisos e ineficientes se tornavam, exatamente por ainda estarem vinculados a resquícios individualistas advindos da realidade profissional em que militam(…), e que foi a estratégia do Magnano, não num terceiro quarto, mas durante todo o desenrolar da partida, freando o ímpeto americano, obrigando-os ao jogo de meia quadra, onde seu atual modo de jogar, fora dos padrões NBA, ainda não se consolidou como um sistema confiável, apesar de inovador para os padrões ortodoxos que seguem.

A estratégia funcionou no plano coletivo, lastreada por uma potente e mutável defesa, ora individual, ora zona, dentro de um ritmo lento de jogo, onde somente um fator destoou decisivamente, os erros de fundamentos, principalmente passes e dribles, além da ainda teimosa insistência de arremessos de três em horas e momentos inoportunos, dando aos americanos as oportunidades de contra atacarem com a eficiência que os levaram à vitoria. É fundamental que lembremos que nos 2min finais do quarto decisivo, tentamos quatro vezes seguidas os arremessos de três pontos, e a diferença era de dois pontos a favor dos americanos, num momento que bastariam dois arremessos de dois pontos para vencermos. Falta de experiência e vivência? Não, falta de fundamentos, que se avolumou de tal ordem que o Magnano simplesmente ignorou os armadores Nezinho e Raul, preferindo eleger o Leandro para a posição, na ausência para descanso do Huertas.

Então, para que manter os dois na seleção, quando deveria ter levado um outro bom armador, que sem dúvidas temos no país, e mais um bom pivô, que muita falta nos tem feito pelas lesões dos pivôs selecionados?

Perdemos uma excelente oportunidade de vencermos uma partida importantíssima para a classificação, visando adversários menos qualificados na etapa seguinte, fator que não se deve subestimar num torneio de tal envergadura.

Nas duas próximas partidas, contra a Eslovênia e a Croácia, sabedores que somos do competente e disciplinado modo de atuar destas equipes, constituídas de jogadores muito altos e técnicos, manteremos o modelo de jogo hoje apresentado? Ou, simplesmente voltaremos à artilharia de três, repetindo erros de passes e dribles, todos motivados pela nossa falha endêmica nos fundamentos?

Sem dúvida nossos jogadores são talentosos, e quando bem dirigidos apresentam boas performances( apesar do sistema único…), que estariam em um outro patamar se deixassem a arrogante evidência de se sentirem plenamente preparados, quando na realidade deveriam voltar um pouco no tempo e tornarem a se exercitar nos fundamentos, com afinco e sincera vontade de aprender e melhorar. Mas para isso terão de ser incentivados e cobrados a fazê-lo, sem distinções de qualquer origem, e por quem tem competência e conhecimentos para ensiná-los. É sem duvida alguma, o que nos falta para elevarmos nosso prestigio e respeito dentro do cenário do basquetebol mundial, além de buscarmos novas formas técnico táticas de jogar, mais de acordo com nossas capacitações.

Torçamos para que o Magnano encontre o ponto ótimo da equipe, levando-a aos bons resultados, e que para o futuro exerça sua prerrogativa de selecionador, não admitindo, em hipótese alguma indicações e convocações equivocadas, como algumas nesta seleção, agora tão escancaradas ao vivo e à cores. Desejo, sinceramente, sucesso no seu trabalho.

Quanto ao Coach K, se arrisca, mesmo inovando( o que é muito bom para o basquete) e sendo um senhor técnico, a cair do…anel( que na realidade, são dois…)

Amém.

MUNDIAL-O SEGUNDO DIA: O SISTEMA…

Como toda exceção justifica uma regra, posso hoje afiançar que neste Mundial a equipe americana é a tal da exceção, dentro de um universo composto de mais 23 equipes jogando rigorosamente iguais, comprovação esta visualizada nos jogos transmitidos pelas TVs oficiais e os streams vinculados à internet.

E é uma exceção instigante, atípica, pois parte da seleção do país que idealizou, aplicou e divulgou para o mundo o sistema único de jogo, aquele que encontrou na NBA seu nicho dourado, e que estabeleceu uma hierarquia especializada no posicionamento dos jogadores, classificados e rotulados de 1 a 5, hoje aceita colonizadamente em todo o mundo, com raríssimas exceções.

E esta amplitude de emprego, tornou e dotou os jogos de um grau de previsibilidade técnico tática de tal ordem, que as equipes mais vencedoras passaram a ser aquelas que tivessem naquelas posições assinaladas de 1 a 5, os melhores jogadores, especializando-os de uma maneira tão dramática, que até as substituições obedeciam as mesmas, afastando perigosamente o jogo coletivo em função dos enfrentamentos posicionais, fatores estes que passaram a ser os apelos promocionais dos jogos, onde o fulano 1 duelaria com seu congênere 1, o 5 com o 5, e assim sucessivamente, praticamente transformando um jogo coletivo em lutas setoriais e individuais, sob a égide e o manto protetor de regras específicas, principalmente nos aspectos defensivos, estabelecendo critérios de arbitragem bastante diferenciados dos empregados pela FIBA.

Mas algo deu errado para os americanos, pois o restante do mundo, mesmo aceitando a forma de jogar da NBA, o fazia sob as regras internacionais, onde critérios mais rígidos no tocante ao contato físico, fizeram com que aos poucos os americanos se situassem em inferioridade técnica nas grandes competições mundiais, cuja retomada custou aos mesmos um dramático retorno às origens universitárias na figura redentora do Coach K, cujas regras e forma de jogar no aspecto físico, mais se assemelhavam ao restante do mundo.

Na Olimpíada passada, os americanos já demonstravam que as mudanças eram para valer, e neste mundial confirmam e estabelecem as mudanças radicais que adotaram, apresentando uma forma de jogar independente de posicionamentos e muito longe do sistema único que impuseram ao mundo nas duas últimas décadas. Hoje podemos dizer que os americanos encontraram a maneira de enfrentar as grandes seleções mundiais, jogando na contra mão de sua própria influência. E o mais trágico nisso tudo, é que o mundo continua atrelado ao modo NBA, ao mesmo tempo em que seus criadores se afastam do mesmo.

No terceiro quarto do jogo de hoje contra os eslovenos, quando estes começaram a impedir os arremessos de três americanos, mesmo defendendo por zona, vimos quão indecisos e ineficientes se tornaram, exatamente por ainda estarem vinculados a resquícios individualistas advindos da realidade profissional em que militam, mas, ao reagirem coletivamente reencontraram o ritmo exigido por seu excelente técnico, e como prova do respeito pelo empenho e luta de seu adversário europeu, não ultrapassaram os 100 pontos, mesmo com 14seg para tentá-lo.

E no cenário das demais equipes, inclusive a nossa, o sistema único se fez presente maciçamente, e como descrevi anteriormente, auferindo vantagens àquelas equipes que possuíssem melhores jogadores em posições chaves, ou em todas. Foi o caso da Alemanha, que num confronto em que a maioria dos jogadores se equivaliam, numa ladainha de previsibilidade enervante, o 1, e o 5 alemães, nitidamente superaram o 1, e o 5 sérvios, determinando dessa forma a vitória dos alemães na segunda prorrogação. Empolgante? Talvez sim, mas de uma previsibilidade irretocável.

No nosso jogo, contra uma equipe muito fraca, a Tunísia, nossos 1 a 5, superaram os 1 a 5 adversários, numa previsível gradação de um jogo em que as duas equipes ao jogarem rigorosamente iguais técnico taticamente, a vitoria penderia, como pendeu, para quem tivesse os melhores jogadores de 1 a 5, no caso, nós, mesmo marcando mal, e errando muito nos fundamentos, só que eles erraram mais.

Amanhã, enfrentaremos os americanos, quando teremos a oportunidade de sentirmos o que será duelar com uma equipe que não adota o próprio sistema que criou, e mais, com um arsenal de recursos técnicos individuais calcados nos movimentos básicos do grande jogo, seus fundamentos, agora voltados ao coletivismo, os mesmos fundamentos que tanto negligenciamos nos últimos vinte anos em que adotamos a panacéia do sistema único, com sua coreografia “invencível”. E o trágicômico, é que nem os americanos pensam mais assim.

No dia em que perdermos o medo de ousar, e voltarmos a estudar, adotar e treinar maneiras outras de jogar o grande jogo, quem sabe, voltemos ao concerto das grandes equipes, onde já estivemos, exatamente pela capacidade de criar e ousar.

Amém.

MUNDIAL-PRIMEIRO DIA:OS FUNDAMENTOS…

Desativo o som da transmissão televisiva a fim de não sentir o desprazer de ouvir tantas imprecisões sobre o que de real interesse a equipe americana apresentava na quadra.

Glorificar ao êxtase enterradas, bloqueios e arremessos de três, dando continuidade ao que reputam serem tais aspectos a essência do jogo, induzindo os jovens telespectadores (claro, aqueles cujo poder econômico os tornam espectadores de um espetáculo via cabo…) a errônea idéia de que “aquilo” que está sendo glorificado é o exemplo a ser seguido, imitado, buscado e praticado, numa ótica absurda e irresponsável.

Técnicas apuradíssimas de drible, fintas, passes, mudanças de ritmo e de direção, posicionamento defensivo irretocável, leitura antecipativa, na defesa e, principalmente no ataque, posicionamento nos rebotes, corta-luzes, cruzamentos, contra-ataques, arremessos DPJ, paradas bruscas, e acima de tudo, todo esse arsenal de habilidades executado numa velocidade assombrosa.

Trocando em miúdos, uma exibição do mais alto nível de fundamentos do jogo, sua marca indelével desde as categorias de base, aprimorada no dia a dia em seus treinamentos, já que ferramenta indissociável para a pratica do grande jogo.

Armadores, alas e pivôs, irmanados ao principio básico do jogo, esteio de qualquer sistema que empreguem, ou mesmo, sem utilizarem sistema algum, pois uma equipe mestra nos fundamentos sempre estará apta a enfrentar qualquer outra que se baseie unicamente em táticas e sistemas, porém com fundamentos de menor qualidade.

Foi o que vimos no jogo de hoje, onde podemos acrescentar mais dois aspectos pouco ou nada relatados por nossos narradores, analistas, jornalistas e um mar de comentaristas nos blogs da modalidade, a defesa dos pivôs à frente, e o entra e sai ofensivo destes mesmos marcadores quando no ataque, jogando de frente para a cesta, raramente de costas, ações estas somente possíveis a jogadores de alta estatura cujo potencial genético é preservado quanto à velocidade e elasticidade, na contra mão dos autênticos mamutes que muitos defendem por aqui, e que já se assanham nas exigências de mais 20-5kg de lastro ao jovem Lucas, que se “modificado” neste patamar, perderá sua maior qualidade, a velocidade, e arriscando-se a futuros rompimentos de tendões e articulações, como o inditoso Delfin.

Mike Krzyzewski, que apesar da exibição acintosa e vaidosa de dois anéis de campeão NCAA, um em cada mão, copiando (infelizmente) seu colega Rick Pitino, demonstra sua fidelidade ao princípio estrutural do basquete americano, elevando aos píncaros a importância dos fundamentos acima dos sistemas, fator que pode ser razoavelmente contestado por equipes com igual ou aproximado poder fundamental, que se somado a um eficiente sistema de jogo, principalmente valorizando ações interiores, poderá colocar tão cabal superioridade em risco considerável.

Mesmo assim, o simples fato da equipe americana ter posto de lado o sistema único de jogo, advindo da NBA, imitado por todas as equipes que até agora tiveram seus jogos transmitidos ( e acredito mesmo que todas o utilizarão), por si só conota uma verdadeira revolução, fator sempre bem vindo ao progresso do basquetebol.

Pena que nossa seleção se mantenha fiel ao mesmo, que claudique seriamente nos fundamentos, e que permaneça escrava de uma administração continuísta e política, onde a meritocracia não encontra a mínima acolhida, esmagada desde sempre pela mais deslavada e medíocre mesmice, que foi o que vimos hoje contra a fraquíssima equipe do Iran.

Os três magníficos pivôs nunca estiveram em plena forma, onde um já se foi, um outro só joga daqui a duas partidas(?), e o outro saiu de quadra hoje com uma bolsa de gelo na coxa, demonstrando não estar curado da lesão, além dos outros dois não terem atingido o nível técnico exigido para uma competição de tal magnitude.

Armadores? Temo pelos mesmos quando tiverem de enfrentar defesas mais próximas e agressivas, assim como nossos alas não estão a altura das exigências defensivas e reboteiras, pelo menos em comparação às equipes que tiveram seus jogos hoje transmitidos, assim como temo por uma classificação mais digna se adaptações emergenciais não forem fomentadas, principalmente no jogo ofensivo interior, e no bloqueio efetivo dos arremessos de três, trocando-os pelos de dois.

Nosso basquete tem que ser submetido a uma reforma radical, desde a base, desde a preparação de novos técnicos, sem as formatações e padronizações alardeadas pomposamente pela ENTB/CBB, ainda mais agora quando tais aspectos estão sendo confrontados pela pequena revolução técnico tática americana, advinda de uma escola pluralista e democrática, a mesma pequena e parecida revolução que ousei ensaiar na direção do Saldanha no NBB2, convenientemente expurgada para o NBB3.

Mas como santo de casa não faz milagres, Vox populi, Vox dei.

Amém.

VAMO LÁ!…

Sábado agora começa a festa na Turquia, de onde emergirá o novo campeão mundial. Favoritos? Alguns bons candidatos, mas nenhum absoluto. O padrão único de jogo, modelo mais do que testado NBA, imperará de forma quase absoluta, com uma única e irônica exceção, e logo quem, os Estados Unidos.

Sim senhor, enquanto o resto do mundo se digladiará com as mesmíssimas armas ofensivas, como que adquiridas no imenso super mercado  da NBA, onde os posicionamentos de 1 a 5 são referenciados e comparados pela mídia mundial, num prét a porter globalizado, a seleção do país que implantou esse modelo cegamente seguido e copiado pelos demais participantes da competição, jogará de forma antagônica ao que sempre pregou, e por conta desta mudança radical, se colocará como seriíssima candidata ao titulo maior.

Coach K, utilizando dois armadores puros, e mais dois para o revezamento, segue o posicionamento clássico do basquetebol universitário americano, de situar em quadra sempre dois armadores, assim como dois alas e um pivô dominante. Mas eis que o grande técnico se  priva exatamente dos grandes pivôs, e resolve escalar e convocar mais alas, passando a atuar com dois armadores e três alas-pivôs ágeis e de grande velocidade, contrastando e confundindo seus adversários com tamanha ousadia. E o mais impactante nesta formação, é o fato inconteste de que seus adversários terão de escalar um terceiro pivô para fazer frente aos três americanos se movimentando celeremente no perímetro interno, exatamente nas funções de um pivô clássico, só que com mobilidade continua e veloz x 3!

Vencerá o campeonato jogando dessa forma? Não ouso afirmar que sim, mas que dará uma trabalheira insana às defesas adversárias, ah, isto sim, dará, e muita. Se somar a esta característica ofensiva uma defesa sólida e agressiva, ai sim, vencerá com certeza. Ou seja, mantendo o conceito imutável de que uma ofensiva muito bem estruturada só será factível sob o manto de uma mais sólida ainda defesa, não terei dúvidas em conceder aos americanos a posição de favoritos ao titulo.

Quanto à equipe brasileira, somente um grande e decisivo reparo, todo voltado à nossa incorrigível tendência de nos deixar levar por nomes, lobies e donos de posições, quando deveríamos nos interessar por ações concretas na quadra, nos treinamentos, não de algumas equipes, mas sim de todas elas, de onde deveriam emergir os convocados para uma seleção nacional, por mérito e competência, e não por marketing e auto promoções. O contrario destas simples medidas pode ser bem medido pelos percalços de diversas origens e formas que sempre nos assaltam quando da formação de nossas equipes nacionais. No entanto, os fatores políticos desportivos teimam em retardar tão necessárias conquistas, a da independência e justa convocação dos melhores a qualquer momento, assim como os que os dirigirão e orientarão.

Agora, o mais engraçado dessas histórias e tendências técnico táticas aqui ressaltadas, foi o simples fato de que a solução americana a um problema de ausência de grandes pivôs, foi desenvolvida, provada e comprovada por uma das equipes da LNB durante o NBB2, o Saldanha da Gama, que no returno da fase classificatória mudou toda uma imposição coletiva na forma de jogar o grande jogo, apresentando exatamente o conceito da dupla armação e três pivôs móveis com bastante sucesso, que claro, ficará convenientemente distante do NBB3 com a opção do CECRE (ex-Saldanha) em se fundir numa parceria com a Metodista São Bernardo de São Paulo, dispensando de uma só tacada toda a equipe e seu técnico, abraçando altaneira a solução majoritária do sistema único de jogo imposta pelo parceiro paulista, que em cinco rodadas de seu campeonato regional só venceu uma partida, até agora…

Mas para que fique bem marcada sua breve e impactante presença no NBB2, com suas propostas inovadoras e corajosas, ai estão os links dos jogos aqui postados anteriormente, como provas irrefutáveis do quanto somos também capazes de estudar, pesquisar, preparar e treinar boas equipes no país, sem a necessidade de importarmos técnicos que aqui chegam a peso de ouro sobraçando o velho e indefectível sistema único de jogo. Se ainda fosse o Coach K com sua corajosa revolução, vá lá, mas 6 por meia dúzia? Quem viver verá, infelizmente.

Amém.

1-      Saldanha x Brasília

2-      Saldanha x CETAF

3-      Joinville x Saldanha

ÀS CLARAS, FINALMENTE…

Ele chegou sorridente, animando a patuléia com sua determinante vontade de defender a nova camisa da seleção manufaturada por um patrocinador que, em hipótese alguma poderia privar de sua presença, juntamente aos outros três enebianos, frente ao mercado promissor de seus produtos nas terras tupiniquins. Marqueteiros profissionais de plantão na CBB, logo trataram de omitir a realidade física do delfin, assim como o real momento técnico dos demais estelares com treinos secretos à imprensa, e até jogos fantasmas na Europa como esse com a França onde a “realidade” física de alguns dos jogadores selecionados veio irremediavelmente à tona.

Meu Deus, gritam os anônimos nos blogs com a incúria de um planejamento todo voltado a uma seleção de astros que enfim estaria junta na quadra, e não no imaginário dos muitos que somente reconhecem basquete se travestido sob o manto da NBA, basicamente em sua forma de jogar, forma essa que o coach K  luta em desmitificar com sua seleção isenta de mastodontes pré-fabricados. Agora mesmo, em um dos blogs nacionais, anônimos já exigem 20 a 25 kg de massa muscular para o jovem Lucas como lastro necessário ao enfrentamento idealizado por seus devaneios de ignorantes absolutos do que venha a ser jogar o grande jogo com técnica e velocidade, e não “porrada under basket” ( desculpem, mas é o único termo que bem define tão brutal distorção), que é o que entendem do jogo.

Tudo pode acontecer gente, menos perdermos o Huertas, pois não temos ninguém no país para substituí-lo na armação da seleção, comenta outro anônimo. Então o que fazem o Raul e o Nezinho na seleção? Se não têm “experiência” internacional, por que lá estão?  Quem os convocou ou sugeriu convocação, sendo que um deles,  jovem e promissor, era reserva em seu clube no NBB2?

Pois é, o Huertas também está lesionado, que mesmo sendo uma contusão leve, nada justifica essa situação a uma semana do inicio de um mundial decisivo. E se a armação de um homem só, segundo os cânones do sistema único de jogo que praticamos a vinte anos, se torna agora claudicante, imaginem uma dupla armação?  Impossível com os que lá estão, ainda mais tendo o Leandro e o Alex funções pontuadoras como prioridades, e três alas que além de serem péssimos marcadores fazem dos arremessos de três suas únicas armas ofensivas.

Toda essa situação já era previsível, pois “quem faz um cesto, faz um cento”, sabia filosofia popular nordestina, que bem exemplifica essa realidade. Treinos e jogos secretos, determinam grosseiras faltas de planejamento estratégico, da preparação física, ao condicionamento técnico tático, ambos  fatores essenciais à formação de uma seleção nacional.

Ter um dos melhores técnicos do mundo não é suficiente para formarmos uma equipe vencedora, se esta não refletir uma realidade fundamentada na formação de base, a mesma formação que lastreou e sedimentou o título olímpico ao técnico Magnano, onde seus pedidos e exigências nos fundamentos básicos do jogo,tinham respostas imediatas de seus comandados argentinos, fruto de vinte anos de primorosa formação de base. Pergunta-se se estas respostas estão sendo dadas ao excelente argentino pelos convocados brasileiros? Nenhum de nós pode sequer aquilatar tal questão , fruto do hermetismo de um planejamento, e de uma negação presencial ao seu desenvolvimento.

A preparação da equipe, com seus quatro astros enebianos, foi restrita a uns poucos, muito mais interessados nas promoções de caráter comercial, do que àqueles que militam o dia a dia do basquete, informando e comentando, com erros e acertos, mas dando à patuléia uma imagem real, e não hipotética de uma equipe nacional.

Mas Paulo, dois treinos foram abertos ao público, claro, depois de credenciamento na CBB, e sem qualquer contato verbal com o técnico argentino, correto?  Incorreto, pois uma seleção que pretenda ser uma representante de um povo, não pode se esconder, e somente dar as caras em dois treinos descompromissados, para depois vir à quadra mostrando jogadores fora de forma, desentrosados, e o pior, com contusões determinantes.

Temos armadores bons no país? Afirmo que sim, mas sem o poder de patrocínios e marketing poderosos, e isso é um fato que não podemos negar e omitir.

Quando veiculei alguns jogos de minha equipe, o Saldanha da Gama aqui no blog, muitos se surpreenderam com a existência de bons armadores na equipe, e quantos mais apareceriam se os jogos do NBB fossem veiculados na TV ou em stream na internet, quantos? E pivôs, e alas, e principalmente, sistemas de jogo?

Temos agora a melhor trinca de pivôs para este mundial, afirmavam os torcedores, os articulistas e até alguma imprensa internacional. Mas podem jogar juntos?  Ou como serão realizados os rodízios?  Quando o problema maior era a condição dos mesmos,técnica e física.

E sorridente, solícito e de bem com a torcida, já que integrado à equipe de corpo e alma, não joga, again, o mundial. Tacada de mestre, pois se uma recuperação, segundo o médico da seleção, poderia ocorrer de cinco a dez dias, a onze dias do primeiro jogo, arriscar um contrato de 60 milhões é ato a não ser sequer pensado, no mundo globalizado em que vive, e sonhado por todos aqueles que desejariam vivenciar tal experiência de um vencedor num país de vencedores, será?…

Logo mais a seleção enfrentará a Austrália, num momento em que silêncios e ostracismos não têm mais cabimento e prazos, e oxalá, os deuses, os incansáveis e pacientes deuses nos propiciem esperanças, por menor que sejam, de melhorias e efetivas mudanças em nossa forma de jogar, agora um tanto remendada pela fragmentação de um quinteto base inédito nos últimos anos, mas bem atual, como reflexo de uma realidade da qual não podemos continuar a fugir, impunemente.

E que estes mesmos deuses determinem o meu equivoco, apesar de ter certeza de que tal determinação poderá, infelizmente, ser relevada.

Amém.

EM OFF, CARA?…

Paulo, aqui em off, quais suas analises sobre a seleção do Magnano que disputa o Mundial dentro de alguns dias?

Em off cara? O fato de ter entrado no clube da LNB (já me saíram…), não tira de mim o tique blogueiro, afinal de contas o Basquete Brasil está ai desde 2004…

Antes, um pequeno intróito justificativo ao que veremos taticamente dentro de poucos dias.

Nos sete primeiros jogos do campeonato paulista, com oito equipes que também participarão do NBB3, 440 arremessos de três foram perpetrados, numa média de 62.8 tentativas e de 28.5 bolas perdidas, numa clara demonstração de que a sangria dos três e os erros de fundamentos ainda continuarão a reinar por um longo tempo entre nós, assim como o indefectível sistema único de jogo, com suas capitanias hereditárias de 1 a 5.

E como a seleção representa a forma de jogar de seus jogadores, quanto mais a nossa que segue fielmente a notória globalização técnico tática advinda da NBA, pressinto que a mesmice irá imperar absoluta na Turquia, talvez com a exceção da equipe americana, pela ausência de seus pivôs de choque, tendendo para três alas-pivôs e os dois armadores clássicos de suas formações desde sempre, pois o Coach K indubitavelmente não teme mudar conceitos e sistemas de jogo, como excelente técnico que é.

E se quisermos mais análises feitas por quem realmente conhece o grande jogo, ai está um comentário do Prof. Walter Carvalho postado aqui no blog sobre a postagem “E SE NÃO BASTASSE…” DE 4/8/2010.

·  walter carvalho 16.08.2010 (2 dias atrás) ·

Professor Paulo Murilo,

(…) Em relação à seleção brasileira que está se preparando para o mundial, tive a oportunidade de assistir os jogos treinos no Brasil e estes são os meus comentários:
1. Não podemos contestar os resultados alcançados pelo técnico argentino..
2. Assistindo o jogo pela TV – não pude observar nenhuma diferença na forma de atuar do Brasil – O time parecia que ainda estava sendo dirigido por Lula, Helio Rubens, etc…O que eu pude observar foi um maior comprometimento e mais seriedade dos jogadores e isto geralmente acontece no período de lua de mel entre técnico e jogadores
3. O Brasil da forma que atuou não terá condições de competir a nível de mundial – pois a equipe com 3 armadores baixos e 2 pivôs não é a formação ideal para os adversários que encontrarão na competição na Turquia.
4. A defesa ainda comete os mesmos erros básicos de outrora – ou seja, deixam nossos pivôs Varejão e Splitter – desprotegidos e em situação de 1 contra 1 – pois os nossos armadores não sabem marcar o homem da bola – contra algum técnico esperto o Splitter e o Varejão não ficarão muito tempo na quadra pois sairão já no primeiro quarto com 2 faltas.
5. O sistema de ataque do Brasil era similar ao de nossos adversários, pois estes utilizam jogadas e movimentações da NBA e não movimentações que venham a favorecer e a tirar vantagem da habilidade individual de nossos jogadores – ou seja, não tem um jogo e forma brasileira de atacar
6. O Brasil marca mal o arremesso de 3 pontos e os bloqueios verticais e horizontais sem bola do adversário – movimentações estas muito utilizadas por equipes européias
7. Para o Brasil ter sucesso na competição 5 jogadores pelo menos terão que ter uma performance de 70-80% de aproveitamento em todos os segmentos do jogo (física e técnica) com jogos diários – isto será muito difícil manter e os nossos substitutos não estão no mesmo nível dos que começam o jogo.
8. As substituições feitas durante o jogo a nível de observação – não poderão ser feitas no mundial. Isto irá certamente influenciar na manutenção do rendimento técnico e físico dos atletas principais de nossa equipe
9. A formação inicia do Brasil é muito baixa – Huertas, Leandrinho e Alex não terão como auxiliar no rebote defensivo e este será um dos maiores problemas do Brasil.
10. O aproveitamento do Brasil nos arremessos de fora do garrafão e de 3 pontos é muito baixo – e nossos atletas são baixos para penetrar no garrafão dos europeus com eficiência.
11. A equipe não demonstrou nestes jogos possuir plano de jogo para cada adversário – jogou da mesma forma com as mesmas alternâncias técnicas e táticas previsíveis
12. O técnico argentino já deve, hoje, estar analisando, e espero que corrigindo os erros na composição da equipe e os erros defensivos – porém eu não acho que ele conhece bem os jogadores e tenha tempo o suficiente para corrigir.
13. Acredito também que o sistema defensivo que deve ser usado contra as equipes européias é um sistema de marcação combinada (triangle-and-two-ou box and 1) pois só assim o Brasil irá poder forçar a equipe adversária a jogar de uma outra forma ou a ter que se ajustar taticamente durante o jogo o que seria um fator positivo – Se marcar pura e simplesmente homem a homem voltaremos de uma competição mundial mais uma vez sem alcançar o sucesso esperado!
14. O Brasil só tem um armador – o Huertas -e continua dependendo dele para as armações táticas ofensivas da equipe – isto é um erro e o Brasil teria condições de fluir bem melhor no ataque jogando com 2 armadores. Do jeito que a seleção atuou aqui nos jogos amistosos, e se o Huertas tiver um dia ruim, ou se o marcador não o deixar jogar o Brasil não terá equilíbrio ofensivo e isto é um grave erro!
15. O resultado do amistoso contra Porto Rico já deve ter forçado o técnico argentino a ter que rever seus planos técnicos e táticos, e espero que ao chegar na Turquia estes planos tenham sido corrigidos, efetivados e implantados.

No mais só nos resta torcer, pois a falta de bons resultados em competições internacionais não é bom para nenhum de nos brasileiros que militam no grande jogo, tanto no Brasil quanto no exterior.

Seja o que Deus quiser!

Ao que respondi-

  • Basquete Brasil Ontem ·

Walter, se me permitir, assino embaixo de suas análises, precisas, irretocáveis. Muitos pretensos “conhecedores” do grande jogo não concordarão, e até se sentirão ofendidos, mas a realidade dos fatos você expôs na veia. Somente acrescentaria um penúltimo pormenor, o de não sabermos, e mesmo desconfiarmos do que venha a ser jogar com os pivôs, que segundo o Oscar, só servem para pegar rebotes, a fim de propiciar oportunidades aos matadores, principalmente os de três. Lamentável afirmação, de quem nos legou essa incontrolável hemorragia dos longos arremessos, desde as divisões iniciais de base, até a elite de nosso país.
E concluindo Walter, no excelente blog Bala na Cesta de hoje (17/8/2010), o Fabio Balassiano anotou(…)”Os 84 x 68 talvez espelhem não a diferença entre os times, mas a diferença dos “dois basquetes” jogados nos dois países(…) (Sobre o jogo de hoje contra a Espanha).
Creio que o bom jornalista cometeu um pequeno equívoco, pois assim aqui, como lá, o sistema único de jogo é utilizado, com uma diferença, os de lá praticam-no à base de fundamentos muito bem estruturados desde a mais tenra base, daí seus 1, 2, 3, 4 e 5 serem superiores aos nossos, ao passo que nós…
Um abração Walter. Paulo.

PS- Nesse nosso encontro convidei o Walter para fazer parte do projeto Escola Carioca de Basquete que lançarei em breve, reunindo-o a mim e ao Gil Guadron, para provermos os jovens técnicos brasileiros que se interessarem, de materiais gráficos, artigos e análises de sistemas e formas de treinamento, numa tentativa de difundirmos nossas experiências fundamentadas na generalização democrática de conceitos técnico táticos, e da informação, numa oposição clara e objetiva às formatações e padronizações que muitos vêm impondo coercitivamente ao nosso basquetebol.

Oxalá sejamos bem sucedidos nessa honesta tentativa. PM.

Amém.

Foto- Walter e eu no almoço de hoje(17/8/2010). Clique para ampliar.

BIRA ETERNO…

Manhã de muito sol, um sábado, em 1963. Já formado em Educação Física, cursava a Técnica Desportiva em Basquetebol na ENEFD/UB, e de forma alguma iria perder aquele treino da seleção brasileira na EEFEx na Praia Vermelha.

Sentados no chão, já que não existiam arquibancadas no ginásio, fato que não afastou dos que ali estavam o enorme interesse e o fascínio que a seleção representava para todos nós.

O grande Togo Renan Soares, o Kanela, dirige-se à platéia e apresenta o seu mais novo pupilo, e também o mais jovem, um canhoto muito alto e esguio, e que pouco de nós conhecíamos, o Ubiratan Maciel. E que apresentação!

Numa época em que as enterradas eram raríssimas, o rapazote esguio, com uma bola grimpada em cada mão se lança à cesta e as enterra em sequência no mesmo salto, uma pela esquerda, a outra pela direita do aro, numa ação que extasiou todos os presentes, não muito pelas enterradas em si, mas pelo gestual felino e veloz, como num passe de um balé aéreo, simplesmente formidável.

E com tal apresentação veio o treino coletivo, onde pela primeira vez em minha vida pude estar tão perto daqueles fantásticos jogadores vergando suas camisas listradas de verde e amarelo, hoje desbotadas em um branco insosso e descaracterizado de nossas origens e tradição.

Dias depois, assisti a grande conquista do Mundial no Maracanãnzinho, onde o grande Bira, junto a outros grandes como Amauri, Rosa Branca, Wlamir, Menon, Jathyr, Waldemar, Mosquito, Paulista, Sucar, Victor e Fritz brilharam para a eternidade.

Hoje, em Springfield, no Hall of Fame do basquetebol americano, o grande Ubiratan foi entronizado como uma das legendas do grande jogo, e eu, que tive o privilégio  de vê-lo nascer para as quadras do mundo pelas mãos do velho Togo, sinto um misto de felicidade e agradecimento pelo muito que ele representou para a minha geração, na qual ainda uns poucos teimam em não olvidar, jamais, sua extraordinária figura.

Amém.

ME DESPEDINDO…

Hoje veiculo o último vídeo sobre a pequena trajetória da equipe do Saldanha da Gama sob meu coman…, melhor dizer, sob minha direção, já que foi algo muito especial, comungado por todos aqueles gentis e competentes jogadores, por aqueles dedicados auxiliares, assistente, preparador físico, fisioterapeuta, mordomos, e especialmente uma funcionaria que todos os dias cuidava do ginásio, alegre e sorridente, e que no último jogo na maravilhosa terra capixaba, o que hoje aqui mostro, me surpreendeu em sua melhor indumentária após assistir a vitoria da equipe, vindo me agradecer a alegria proporcionada após testemunhar o dia a dia sacrificado e exaustivo daqueles corajosos jogadores, pelos quais torceu como nunca o fizera antes.
E com ela toda uma torcida apaixonada, vibrante, comunicativa e participativa no blog, em sua comunidade no Orkut, no incentivo permanente e sem cobranças descabidas, simplesmente torcendo, nas derrotas e nas vitorias, torcendo pelo seu amado Saldanha.
E o Alarico, ícone do basquete espírito-santense, com seu inesgotável sentido de luta por um ideal de longa tradição, galgando as grandes dificuldades para vê-lo realizado.
E o jogo, mais que um jogo, uma afirmação de que emergindo do mar de obstáculos e dificuldades enfrentados ante o descrédito geral, algo de diferente acontecia, algo iniciado em São Paulo contra o Paulistano, após uma reestréia duríssima contra o Pinheiros, quando já em Vitoria três jogadores básicos foram afastados, dando inicio a duas semanas de derrotas previsíveis, e mesmo assim em jogos equilibrados, até que na terceira semana recobramos o equilíbrio abalado, vencemos o líder da Liga, o Brasília, vencemos o CETAF, o grande rival do estado, que é o jogo agora mostrado, para terminar sua participação vencendo o Joinville em sua casa e perdendo para o Londrina com metade da equipe desgastada por uma virose bacteriana.
E o que mostra o jogo que agora apresentamos? Senão a afirmação de que podemos jogar o grande jogo de uma outra forma, diametralmente oposta ao padrão apresentado e sedimentado em todo o nosso basquetebol, em todas as categorias e faixas etárias, inclusive em nossas seleções, municipais, estaduais e nacionais. Provamos essa possibilidade, com caráter e dedicação, atingindo estes objetivos em apenas 49 dias de trabalho.
Valido se torna observar como atuam dois armadores puros no comando tático de uma equipe, dinâmica e tecnicamente, numa tácita demonstração do muito que tem de ser mudado no preparo destes especialistas em nosso país.
E mais valido ainda, aquilatar o poderio advindo de três alas pivôs, ou pivôs móveis, interagindo veloz e dinamicamente dentro do perímetro interno, atuando com as técnicas de um ala, e a pujante flexibilidade de um pivô, que ao trocar a força física pela habilidade baseada na velocidade, supera a falsa concepção de que a força se situa acima da mesma.
Finalmente o principio defensivo da flutuação lateralizada que propicia o jogo antecipativo por todo o tempo de uma partida, mesmo quando se utiliza da defesa zonal, obrigando o adversário às ações de caráter individual, que neste jogo atingiu a inacreditável marca de nenhuma assistência ter sido dada pela equipe do CETAF, e mais, da possibilidade mais do que provada de que trocando os arremessos de três pontos por possíveis de dois pontos por parte do adversário, podemos atingir o equilíbrio no placar, exatamente dando prioridade às finalizações de dois pontos, deixando para o quarto final os arremessos completamente desmarcados de três pontos, motivados pela enorme concentração defensiva no perímetro interno, ante a facilidade das conclusões próximas à cesta por parte de nossa equipe.
Infelizmente, foi como um canto de cisne esta apresentação em Vitoria, já que o projeto parece que não terá continuidade para o NBB3, frustrando uma concepção de jogo absolutamente inédita em nosso basquete, tão necessitado de novos ares, de novos objetivos, de uma nova personalidade.
Fico por aqui, a meio caminho, triste por não poder prosseguir, e que na minha idade dificilmente poderei obter uma nova chance de continuar provando que o grande jogo, o grandíssimo jogo, ainda pulsa vibrante em meu coração.
Mesmo assim agradeço a Vitoria, ao Saldanha a oportunidade única de reviver a grande crença que sempre conviveu com minha longa carreira de professor e técnico, a crença em dias melhores para o nosso amado basquetebol.
Obrigado a todos.
Amém.

Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Primeiro quarto.

Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Segundo quarto

Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Terceiro quarto

Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Quarto quarto

E SE NÃO BASTASSE…

E se não bastasse me sentir obrigado a responder comentário como este, de um certo Roberto Leyser:

• Roberto Today •
Paulo Murilo…não preciso pesquisar, pois conheço muito bem o basquete brasileiro. Falei não para me informar, mas por saber que não há nenhum grande trabalho técnico desenvolvido por vc, somente corneta sobre aqueles que realmente fazem basquete no Brasil. É que, ao contrário daqueles que militam somente no meio acadêmico (e nunca viram um trabalho de verdade)e não conhecem o basquete brasileiro (só o estudam), sei muito bem que você sempre foi considerado um corneteiro que nunca se consagrou na prática.
Cérebro, meu caro, o sucesso profissional de cada um demonstra o quanto cada um possui.
(sobre o artigo RESPONDENDO… de 31/07/2010, cuja resposta já está publicada),

e ter de assimilar um email (4/07/2010 13:27)que menciona em dois de seus parágrafos:

(…)6o) Diante de sua postura em nos cobrar posicionamentos, o que é até natural, mas sem a nossa condição de oferecê-los, resolvemos por bem, deixá-lo livre para seguir seu futuro. A partir desta data, sinta-se, desobrigado em qualquer situação perante a nossa equipe. Se houver algo novo e que demande seu trabalho, entraremos em contato. Se ainda não estiver contratado e desejar conversar conosco, assim o faremos.

7o) O que gostaríamos era seguir o trabalho que terminou a temporada passada, com senhor como técnico, a mesma base de atletas e alguns reforços. Mas fatos novos surgiram estamos tomando as nossas decisões(…).

Alarico Duarte Lima

Posso afiançar que uma parceria está sendo estabelecida (CECRE/Metodista de São Bernardo do Campo) com prioridade financeira acima, bem acima da base e da fundamentação técnica, na qual uma equipe pertencente à LNB cede seus direitos de franquia, manutenção e formulação de uma equipe, em favor de outra que em momento algum aceitou um acordo mediano sugerido por mim a pedido , em uma reunião realizada em minha casa, na presença do dirigente Alarico Duarte do CECRE e do representante da Metodista Vanderlei Mazuchinni. A imposição de caráter financeiro, uma realidade no meio da alta competição, impôs-se a um trabalho realmente digno de ser continuado, já que destinado a uma profunda mudança no aspecto técnico tático de nosso basquetebol. Mas não destinado o suficiente para ser continuado.
Comunico ter sido essa talvez, a mais curta temporada de um técnico na LNB. E a grande ironia, é que se caracterizou por um esplêndido trabalho de uma equipe desacreditada, mas que foi capaz de demonstrar que o nosso basquete pode ser jogado de uma outra forma que não a que estamos já cansados de assistir, e que por certo assim deverá continuar com a sua fragmentação.
Foi uma bela experiência, que na minha idade só tenho que agradecer, não só a grande oportunidade de provar que, conhecimento, capacitação e ousadia, não são prerrogativas somente dos mais jovens, como, e principalmente, resgatar a magia de um jogo bem jogado em sua definição maestra, o coletivo, o grande, grandíssimo jogo. Sinto muito não poder dar continuidade ao projeto, me desculpem de coração.
Amém.

PS- No fim desta semana veiculo o último vídeo da equipe que honradamente dirigi, o Saldanha da Gama, contra a equipe do CETAF, como agradecimento e reconhecimento do fantástico apoio recebido de sua torcida, assim como, um documento final do quanto de inovador foi apresentado pela excelente e hoje desfeita equipe. PM.
PS 2-Clique na foto para ampliá-la.

DESCULPAS POR OMISSÃO…

No meu artigo “ Respondendo…”, publicado no dia 31/07/2010, escrevi- (…) “E se fui para ele o melhor técnico do NBB2, somente agora o estou sabendo, pois nada sobre isto foi veiculado em seu blog, do qual sou assíduo leitor, e em algumas oportunidades comentador”.
Trata-se de um erro cometido inadvertidamente por mim, já que o jornalista Rodrigo Alves publicou em seu blog REBOTE de 10/06/2010, o artigo “O MVP”, onde consta – (…)Das outras categorias (veja aqui a lista completa), só discordo do prêmio de melhor técnico, entregue a Lula Ferreira. Fico com Paulo Murilo, e aqui não vai nenhum corporativismo blogueiro. O técnico do Saldanha da Gama foi, de fato, quem adicionou algo diferente ao caldeirão e colocou em prática um basquete mais parecido com o que a gente gostaria de ver em todos os times Brasil afora.(…)
Gostaria de externar publicamente ao jornalista Rodrigo Alves minhas desculpas pela omissão cometida.
Paulo Murilo.