PORQUE HOJE É NATAL…

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Pois é minha gente, hoje é Natal, data do congraçamento, do perdão, da esperança, do amor fraterno, da fé no amanhã, do soerguimento…

Homem forjado no desporto, como praticante visando qualidade de vida, professor, técnico e hoje jornalista bissexto, blogueiro a 15 anos, ligado ao basquetebol desde sempre, teimoso e lutador, me sinto agradecido aos deuses por ainda me manter ativo aos 78 anos, absorto no estudo permanente do processo educativo, e dos meandros do grande jogo em particular…

E é exatamente sobre ele que gostaria de tecer alguns pontuais comentários, principalmente nos aspectos técnico táticos por que vem passando nos últimos anos, num momento em que a mente permanentemente aberta de um experiente profissional se debruça sobre a realidade da modalidade em nosso imenso, desigual e injusto país…

Ontem assisti pela TV o jogo Franca e Flamengo, no qual algumas novas ações encontraram eco ao analítico caudal de apelos e sugestões que venho estabelecendo regularmente através artigos aqui publicados desde 2010, logo após a curta temporada que participei na direção técnica do Saldanha da Gama no NBB2, onde introduzi algumas idéias de treinamento e sistemas de jogo, totalmente contraditórias ao sistema único utilizado por todas as franquias, como tentativa mais do que válida de provar a possibilidade prática de poder jogar o grande jogo de forma diferenciada, com resultados bastante positivos, abrindo um enorme portal para sistemas inovativos, ousados, onde a criatividade fosse desenvolvida e incentivada, desde a formação de base até as divisões adultas…

Propugnava  e aplicava na prática a dupla armação, garantidora da posse de bola sem os sobressaltos do pressionamento defensivo, da amplitude organizativa em torno de todo o perímetro externo, pela constante movimentação abrindo linhas seguras para passes internos, onde os três alas pivôs, rápidos, flexíveis e atléticos, também em constante, ininterrupto e aleatória  movimentação (talvez o aspecto mais impactante da proposta, pois partia da criatividade dos jogadores a consecução das jogadas, naquelas situações de jogo que estavam vivenciando, e não produtos de jogadas de antemão imaginadas e armadas em pranchetas, por parte dos estrategistas ao lado da quadra) , abrindo espaços para a recepção segura dos mesmos, sempre um passo à frente dos defensores, provocando espaços, que por menores que fossem, os tornavam factíveis ao drible, a finta e o arremesso, exatamente por estarem sempre um tempo adiante da defesa. Por outro lado, essa formação propiciava o estabelecimento da defesa linha da bola lateralizada, pela velocidade de seus componentes e a ausência de jogadores pesados e lentos, logo plenamente aptos ao jogo antecipativo e constante contestação…

E foi o que vi um pouco em Franca no jogo de ontem, porém ainda um tanto atado ao sistema único, com seus chifres e punhos  castradores, que são jogadas que povoam o imaginário de jogadores utentes das mesmas desde a formação de base, com sinais pré existentes, posições estratificadas, e comportamentos mais voltados ao 1 x 1 do que ao coletivo tão ansiosamente desejado e buscado por todos, mas que infelizmente não o alcançam por não dominarem os fatores pedagógicos necessários às didáticas exigidas para sua aprendizagem efetiva e sustentável…

Foi um jogo com menos de 20 arremessos de três para cada equipe (8/19 e 7/19), e que no entanto alcançou a casa dos 100 pontos, demonstrando que de 2 em 2 e 1 em 1 podem as equipes pontuarem efetivamente, sem a trágica hemorragia dos insanos chutes de fora, e o mais instigante de tudo, sem contar com a presença de americanos individualistas, porém contando com talentosos jovens nacionais que merecem um sistema proprietário de jogo, e não serem encordoados como marionetes descerebrados de fora da quadra. Ensiná-los, treiná-los e orientá-los olho no olho, e não através midiáticas e cretinas pranchetas, é a chave para a reforma de que tanto necessitamos, para sairmos do terrível limbo em que nos encontramos. Seria um belo presente de natal se tudo o que ví se transformasse em realidade, após sete anos em que dei partida a essa até agora inglória luta para poder voltar a dirigir equipes da LNB, quando poderia  ter abreviado essa tão ansiada evolução em pelo menos cinco anos, após o que foi demonstrado no Saldanha no NBB2 (e nas equipes de base por mais de quarenta anos) ter sido tão revelador e importante, e que somente agora está sendo valorizado, não pelo Saldanha em si, e muito menos por mim (que santo de casa faz milagres?), mas pelo colonizador Warriors e já algumas equipes da NBA, aceitando o repto inovador do Coach K quando na direção das últimas e campeãs equipes americanas em olimpíadas e mundiais…

Em contraponto a tudo isto, aconteceu um jogo entre Vasco e Paulistano, vencido pelos paulistas por 77 x 71,quando foram perpetrados 20/63 arremessos de três e 31/59 de dois (15/29 de 2 e 10/32 de 3 para os paulistas e 16/30 e 10/31 respectivamente para os cariocas), com 24 erros de fundamentos (13/11), numa demonstração tácita de que convergências de tentativas de arremessos se firmam a cada dia entre as equipes,principalmente aquelas que são dirigidas por estrategistas que permitem, e até incentivam essa forma de jogar, e que são os verdadeiros responsáveis pela autofágica realidade em que vive o nosso indigitado grande jogo, pequeno, minúsculo para todos eles, precursores e mantenedores da tragédia que administram…

Torço para que o exemplo de Franca frutifique, que seu técnico evolua com firmeza, que sua tradição seja mantida, e que uma ou outra franquia siga seus passos, o que duvido bastante, a não ser que apareça uma que siga o exemplo do hoje extinto Saldanha, aquele do NBB2, brilhante, humilde e inovador…

Desejo a todos que me leem neste humilde blog, um Feliz Natal e um 2018 pleno de sucessos, muita saúde e amor ao grande, grandíssimo jogo…

Amém.

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UMA ESCATOLÓGICA DECISÃO PELA LANTERNA…

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Foi algo indescritível num momento decisivo do jogo, quando um atacante vascaíno irrompe poderoso pelo garrafão, absolutamente livre e, numa subida majestosa para a consagradora enterrada leva um toco de aro acachapante, originando um rebote de meio de quadra para o armador botafoguense, que investindo para o contra ataque serve seu pivô que em alta velocidade arremete para retribuir a enterrada anterior, e como aquela, também leva um toco de aro arrepiante e absolutamente lamentável, numa sucessão de indesculpáveis erros nessa divisão de elite (?), mas que de imediato recebem a aprovação do comentarista televisivo, que ainda complementa sua prestação defendendo o abaixamento do aro para os jogos femininos, a fim de que a “emoção máxima do jogo” (opinião dele…) estivesse ao alcance das jogadoras, que por serem mulheres saltam menos, em sua concepção. Engraçado que já se estuda na NCAA a elevação do aro, a fim de que as técnicas de arremesso voltem a ser desenvolvidas e aplicadas, pois enterrada é a antítese das mesmas, queiram ou não nossos colonizados especialistas tupiniquins…

Foi um jogo horrendo, centrado na atuação dos americanos encerando a quadra de uma lado ao outro, na procura de um brechinha para forçar suas individualidades, onde sistemas de jogo ofensivo passavam a léguas do que imaginaram seus estrategistas nos garranchos apostos nas indefectíveis pranchetas, sob o soslaio indiferente da turma lá de cima, que em nada por nada jamais se entregará aos caprichos sem tradução de seus comandantes (?). Era um enfrentamento algo equilibrado de americanos contra americanos, até o momento que o melhor do lado botafoguense se machucou, saindo da refrega, dando aos vascaínos a vantagem que faltava, mesmo sob a saraivada de bolinhas de três (8/30 com 13/31 de dois pontos), numa convergência que desmentia ser a equipe lanterna do campeonato a de melhor defesa da competição, que mesmo optando pelo jogo interno (foram 20/34 de dois e 5/21 de três), viram seu esforço ofensivo se perder com um 13/25 nos lances livres, contra 22/30 de seu adversário…

Uma equipe, que incoerentemente é reconhecida como a melhor defensora e segue na lanterna da competição, só pode ostentar uma única explicação, a ausência absoluta de um sistema organizado de jogo, assim como uma maior ainda ausência de fundamentação individual e coletiva, prato mais do que bem vindo a americanos bem mais versados, mesmo sendo de terceira ou quarta linha, que dominam as mesmas com razoável técnica e conhecimento, se comparados com a nossa incompetência nos fundamentos mais básicos do jogo…

Enfim, essa é a realidade que nos tem sido imposta, em que tudo que beneficie o espetáculo é permitido, a começar pela padronização e formatação do modelo técnico tático que aí está, onde a mesmice impera soberana, servindo de base facilitadora na formação de equipes, pelo relacionamento padrão entre técnicos e jogadores, com imediata assimilação de sistemas comuns a todas as franquias, variando somente quanto aos mais nominados jogadores, na maioria das vezes produtos de um bem realizado projeto mercadológico, bem acima do real posicionamento técnico dos mesmos, deixando de lado muitos bons jogadores desamparados pelo marketing vigente. Some-se a tudo isto toda uma publicidade voltada ao “público consumidor”, na forma de lazer e diversão copiada de uma NBA, que é produto de uma outra realidade sócio econômica desportiva, que não encontra quaisquer resquícios no âmago da nossa, a não ser o proposital esquecimento e alheamento na forma de ver e jogar o grande jogo, esquecida e aviltada através a canhestra e covarde cópia de uma matriz antítese da nossa, e cujo maior interesse é o econômico, e nada mais…

Escrevi e publiquei muitos artigos sobre este “interesse” nesse humilde blog,  que parecem inócuos até os dias de hoje, mas que continuarei publicando, como um solitário e indignado alerta sobre o absurdo que representa tanto interesse assim, mas claro, sendo mantido o status quo técnico e tático que apoiam, opostos aos que deveríamos estabelecer na busca de nossa identidade perdida, mas tão do agrado e aceitação do corporativismo mafioso beneficiário que nos esmaga e humilha…

Começam a tardar as reformas prometidas pela nova administração da CBB no que concerne aos novos rumos técnicos que deveríamos trilhar, principal e estrategicamente na formação dos novos técnicos e reformulação dos existentes, ações estas que se proteladas nos manterão neste inescrutável limbo, muito bem exemplificado pelo jogo que comentei nesse artigo, e de muitos outros que se sucederão daqui para um futuro que prevejo nada positivo, a começar pela formação de base, que emula sofregamente o que assiste na elite, cujos exemplos são aterradores…

Que os deuses, em sua infinita paciência e sabedoria inspire algo de novo e arejado em nosso tão maltratado basquetebol.

Amém.

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QUE JOGO É ESSE?…

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16/25 de 2 pontos e 16/37 de 3 para Bauru, com 14/33 e 10/29 respectivamente para o Pinheiros, totalizando o emblemático resultado de 30/58 nos 2 pontos e 26/66 nos 3, com placar final de 93 x 77 para Bauru, numeros estes que ao chegar em casa atestei incrédulo pela internet, confirmando os lances que assisti pelo facebook (com excelentes imagens, e claro, com o som diligentemente desligado…), pois me encontrava numa assembléia importante de condomínio, a qual não poderia me ausentar, e mesmo que lá não estivesse desligaria do mesmo jeito, pois já bastariam as inenarráveis cenas de “chutação explícita” para ainda tolerar aplausos e ufanismos descabidos por parte de comentários a favor do que denominam como o “futuro do moderno basquetebol”, cujos preâmbulos foram pretensamente lançados por nós (?) nos idos de 1987 em Indianápolis, numa apropriação para lá de indébita de um óbice histórico por que passa qualquer atividade de desporto coletivo em sua trajetória evolutiva, ou não, na busca de como praticá-lo com mais eficiência, ou não…

Fico somente imaginando que espetáculo técnico e tático aquele público presente no acanhado ginásio dos Jardins assistiu, senão um desenfreado e irracional espetáculo de 26/66 bolinhas, provocadas intencionalmente, ou não, por defesas omissas, permissivas e irresponsáveis, deflagrando um descabido duelo de tiro aos pombos, vencendo aquele que acertasse o último, para ai apagar as luzes e voltar para casa, exultante, e que nem mesmo os 30/58 nas tentativas de 2 pontos pode mascarar a fraude de uma convergência, que a continuar se espalhando e avolumando afundará de vez o já nosso capenga e deficitário grande jogo, minúsculo para essa gente que se arvora como especialistas do mesmo, e que não passam de coveiros de um cadáver insepulto, fedendo a já um bom tempo…

Calma Paulo, pois desta feita só cometeram 23 (13/10) erros de fundamentos, bem abaixo da média que você sempre reclama de 27 por jogo, logo… Logo o que cara, erraram pouco porque não sofreram as consequências de defesas enérgicas e presentes, desencadeadoras por suas omissões, do festival autofágico que nos está destruindo, para gáudio de estrategistas que deveriam estar, deveriam estar, sei lá cara, sei lá…

Numa partida em que um armador imberbe comete 5/11 nos arremessos de 3, e ainda assim é considerado como um magnífico jogador, alguma coisa está acontecendo de muito grave no nosso indigitado basquetebol, muito grave mesmo, e que a continuar, muito em breve assistiremos todos da posição, capitalizando para si o espírito deificado de um Curry vindo do hemisfério norte, inclusive na mastigação do protetor dental, liberando o pretenso domínio de uma complicada, especial e sofisticada técnica de arremesso, que somente ele e uns muito poucos jogadores possuem no mundo, e que tem tudo a ver com rígidos princípios de balística, se é que utentes, comentaristas, narradores e estrategistas um dia se interessaram a entender, ou mesmo aprender, o que tento a um bom tempo divulgar, ou mesmo, desculpem, ensinar

A CBB divulga hoje os bons resultados que vem alcançando na organização e realização de campeonatos de base pelo país, o que é uma boa notícia, referencial na busca de um soerguimento progressivo da modalidade no país, com somente uma falha, que pode e deve ser corrigida no princípio desta retomada, a formação dos novos técnicos e professores através uma ENTB reestruturada e seriamente administrada, a fim de embasar todo o esforço que está e será dispendido daqui para frente, no qual tendências e princípios técnico táticos equivocados se mantenham atuantes, num modelo que provou fracassado, e ainda se mantém ativo, lamentavelmente ativo…

Que o jogo aqui relatado e analisado, seja definitivamente contestado, seria e responsavelmente, para, quem sabe, podermos dar os primeiros passos ao encontro do verdadeiro e esquecido grande jogo de nossas vidas…

Amém

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OS CONTRAPESOS…

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Quem já não comprou um bom filé num açougue, sem ter que enfrentar um ilegal contra peso de músculo, que só pode ser incluído com a autorização do comprador, e que mesmo assim, sofre pressão do açougueiro para aceitar a pelanca?  Pois é, cada vez mais vemos contra pesos nacionais complementando trincas de americanos compondo os quintetos básicos de algumas equipes deste NBB10, como imponentes e carnudos filés tendo de suportar dois contra pesos tupiniquins, que de uma forma bem realista, quebram o protagonismo dos mesmos, originando duas equipes dentro de uma, pois os dito cujos atuam dentro de seus conhecidos padrões, onde prancheta nenhuma os fazem mudar de comportamento tático, ainda mais frente a sua inquestionável superioridade de técnica individual sobre a minoria nacional em quadra…

E tome individualidades em pencas, nas penetrações e nas conclusões de fora, sempre prestigiando o conterrâneo, amigo de fé camarada. Pois é o que temos visto rodada após rodada, de um NBB de mãos dadas com uma NBA rindo de orelha a orelha ante tanto servilismo da patota estrategista que se arvora em dona da casa, mídia inclusa, assim como seus vivíssimos agentes…

Quanto aos nossos patrícios, buscar rebotes e ter uma ou outra chance de arremesso, é o que pinga aqui e acolá, numa desproporção assustadora, na medida da quantidade de americanos em quadra, que cada vez mais vai se tornando desejo de muitos ter em suas equipes a trinca salvadora, ou mesmo redentora de seus sonhos de prancheteiros incorrigíveis, para os quais sugiro aos que os assistem pela TV (ao vivo é impossível, mas quem sabe já já  incluam seus brados e estertores no serviço de som das arenas, para a glória de alguns…) tentarem “entender”, ou mesmo acompanhar com um mínimo de compreensão o que expõem freneticamente naqueles pedaços de nada, certamente nada mesmo, informações que os gringos, mesmo arranhando o português, esnobam claramente…

Por tudo que vem ocorrendo num galope de dar medo, é que me impressionou de forma razoavelmente positiva assistir a equipe de Franca no jogo de ontem contra o Mogi das Cruzes, ou melhor, o Cross Mogi, quando perdeu por um ponto de um placar de 72 x 71, num jogo altamente defensivo e bastante contestador na maioria dos longos arremessos, mas que mesmo assim atingiu os absurdos números de 10/30 tentativas para Mogi e 6/26 para Franca nos três pontos, mas que foi decidido mesmo nos curtos arremessos, de 2 em 2, se antepondo a desvairada enxurrada de fora (16/56), demonstração inequívoca do que impera entre nós, na lastimável e ignorante certeza de que somos os “reis e introdutores”  dessa cretina forma de atuar, que já começa a ser atenuada na matriz, digo, filial nesse pormenor, como afirmam patrícios luminares que deram inicio a essa forma de jogar individualmente um jogo eminentemente coletivo, fator determinante na queda e desprestígio de nossas equipes e seleções, em contrapartida de suas premiadas conquistas individuais,,, 

Franca teria feito a partida ideal se tivesse trocado ( de novo as continhas) a metade das bolas perdidas de três pela tentativa de dois, pois seu jogo interno era poderoso, rápido, incisivo e competente, coletivo mesmo, mais do que suficiente para vencer  por boa margem, fator que o Mogi não enfrentaria, pois a trinca jamais aceitaria abrir mão de seu auto determinismo em quadra, até mesmo o fato de somente atuarem para valer no quarto final, como o fazem a maioria das equipes da NBA (é quando suas arenas realmente ficam lotadas)…

Duas contratações estrearão em janeiro por lá, ambas nacionais, em uma equipe que demonstra enorme bom senso quando aposta em jogadores, bons jogadores nacionais, e não em estrangeiros, que exceto uns poucos, nada agregam ao nosso basquetebol, a não ser na explosão salarial que, já vimos acontecer, e que fizeram desaparecer franquias que não aguentaram tais gastos, quando poderiam ter aplicado suas apertadas verbas em valores, mesmo jovens, nacionais, e em técnicos comprometidos com o progresso dos mesmos, e não fantasiados de estrategistas e precursores de uma tendência fadada ao esquecimento, logo que se fizerem impor as contrapartidas defensivas em natural desenvolvimento, até mesmo na matriz…

Franca pode dar partida a essa independência internacional, pois já conta com bons armadores, homens altos, rápidos e de boa técnica, e um técnico que poderá passar a realmente promissor no momento em que se desfizer do biombo que o separa dos jogadores, como no seu último pedido de tempo, quando se perdeu num emaranhado de rabiscos ininteligíveis naquele momento de decisão, enfrentada muitas vezes quando jogador, perante jogadores cansados e ávidos de algo simples e objetivo para os dois pontos, ou mesmo um ponto, colocando a bola na mão daquele que agredindo a cesta provocasse a obtenção dos mesmos, que foi exatamente o que repetiu o Shamell do outro lado, vencendo o jogo…

Precisamos urgentemente repensar o grande jogo, da formação a elite, na busca de uma identidade perdida, de técnicos e professores compromissados e comprometidos com essa tarefa, e não atrelados a midiáticas pranchetas como o que vem parecendo ser, herméticas pranchas de náufragos, e nada mais…

Amém.

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A SUTIL OBVIEDADE…

 

SuzanovsBrasilia_IMG_2336-640x426Publiquei há alguns anos o artigo Engenharia Reversa, que seria interessante ser revisto, para que esse de hoje fosse entendido em toda sua extensão, pois se trata de um assunto básico para o desenvolvimento técnico tático do nosso basquetebol, que necessita com a máxima urgência se livrar dos grilhões do sistema único de jogo, utilizado às raias da exaustão em nosso país…

Comentaristas e narradores televisivos e da mídia, tem divulgado com imensa satisfação o grande equilíbrio nas rodadas iniciais deste NBB10, como prova inconteste da enorme evolução técnica das equipes em confronto, apresentando, inclusive, resultados surpreendentes por parte de franquias com ranqueamento inferior às que sempre lideraram as temporadas, face a investimentos muito superiores em jogadores e técnicos nomeados como os melhores entre nós, além de contratações cada vez mais amplas de muitos americanos, e alguns latinos, infestando cada vez mais equipes que, em alguns casos entram em quadra com três deles e dois nativos, não sendo novidade nenhuma estarem seis deles atuando ao mesmo tempo, desvirtuando, em muito, a decantada premissa acerca de nossa evolução…

Mas, bem para lá dessa triste realidade, um fator de sutil obviedade não é sequer relacionado para análises dos jogos até aqui realizados, o por que de algumas equipes consideradas “top de linha”, estarem sendo derrotadas, algumas fragorosamente, ante outras tidas e havidas como inferiores, preferindo os tonitroantes arautos da técnica nacional, mencionarem o salto qualitativo do grande jogo, de seus técnicos e jogadores, fugindo, ou ignorando os reais motivos de tanta e pujante “evolução”…

Se tiveram a paciência, ou curiosidade de ler o artigo sugerido acima, poderão entender a sutil obviedade que ele exemplifica analogamente, e que tentarei explicar. Desde muito aprendi, estudei, apliquei e sempre divulguei o princípio de que sucedendo a toda evolução técnica ofensiva, através sistemas bem planejados de jogo, emerge uma contrapartida defensiva da mesma intensidade, gerando ajustes compensatórios, que são os fatores básicos ao desenvolvimento do grande jogo, e de todo desporto coletivo. Um sistema novo ofensivo, gera outro defensivo para enfrentá-lo, ou mesmo anulá-lo, gerando uma troca de influências, fundamentais ao progresso técnico da modalidade…

Então, o que estamos assistindo, com um substancial atraso de dez anos, é o fato de que algumas equipes começam a se utilizar de alguns princípios de engenharia reversa, pela antecipação defensiva às jogadas marcadas do sistema único, que como tal, sendo praticado por todas as equipes em confronto, são similares entre si, principalmente pela utilização das mesmas jogadas e movimentações coletivas, gerando uma uniformidade e previsibilidade tática generalizada, sendo passíveis de interceptações em suas linhas de passes, responsáveis pelas coreografias de passo marcado desenvolvidas e exigidas pelos estrategistas, através, inclusive, de explanações gráficas em suas midiáticas pranchetas, que entra ano e sai ano em nada mudam, quiçá inovam, a não ser a agregação de um palavreado cada vez mais chulo e vulgar, fato aceito por narradores e comentaristas como “naturais” face às pressões inerentes a competição, numa reprovável e lastimável cumplicidade com os mesmos…

No entanto, esta evolução defensiva que deveria vir acontecendo desde sempre, encontrou na sua permissividade o campo ideal para o surgimento da festança autofágica das bolinhas de três, lançando o nosso indigitado basquetebol ao estágio em que se encontra, no famigerado “chega e chuta” desenfreado e altamente irresponsável, até que num tênue lampejo de inteligência, uns muito poucos começam a desconstruir o próprio sistema de jogo utilizado, percebendo o quanto de eficiência defensiva pode ser agregada pela antecipação à movimentação tática de seus adversários, gerando eficiência defensiva e resultados mais eficientes ainda, principalmente contra equipes mais bem ranqueadas…

Eureka ! Faz-se a luz, e muitos poderosos começam a ruir, pelo simples fato de trilharem os mesmos caminhos a cada ataque realizado, tentando emular as trilhas rabiscadas nas pranchetas manjadas de seus estrategistas, não muito diferentes das que enfrentam, pois é tudo igual, a não ser pela sutil obviedade que está sendo descoberta, o porque não desconstruir as estratificadas trilhas, repetitivas, gestualmente mais do que previsíveis, e por isso facilmente de serem fragmentadas, por que não interceptá-las ?…

É isso aí, prezados estrategistas, já se torna tardio o momento de fugir da mesmice endêmica que implantaram impunemente até os dias de hoje, pois como sempre afirmei, e agora repito – Que sucedendo a toda evolução técnica ofensiva, através sistemas bem planejados de jogo, emerge uma contrapartida defensiva da mesma intensidade, gerando ajustes compensatórios, que são os fatores básicos ao desenvolvimento do grande jogo – Então mãos à obra, estudem o sistema que utilizam, desconstrua-o passo a passo, e treine seus jogadores a o negarem, mesmo que teimosamente continuem a usá-lo, para enfim obter o antídoto para o mesmo, e quem sabe encontrarão algo de novo, intuitivo, ousado, e acima de tudo, evoluindo acima da mesmice endêmica em que dormitam desde sempre…

Esta era uma das minhas metas a ser alcançada no comando do Saldanha no NBB 2, e que me foi negada, não só esta, como as demais, que muito ajudariam na fuga de tudo o que aí está formatado e padronizado por um comportamento medíocre e corporativo, típico de todos aqueles que negam o pensar, o novo, a inquestionável e sutil obviedade…

Amém.

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NOVIDADES SEM FUNDAMENTOS? NÃO VALE…

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Oi Paulo, que tal as novidades que se acumulam a cada ano do NBB, tornando-o hoje um produto, como afirmam, de primeira? Com este chamado do amigo sócio benemérito deste humilde blog, sou forçado a tecer alguns comentários sobre tais novidades, mas não antes de reforçar minha opinião de que ainda continuaremos afastados da matriz por um bom par de décadas, sem perspectivas de evolução antes deste prazo, e talvez nunca, pois são realidades tão diferentes, que inviabiliza a compreensão colonizada da turma fascinada por algo poderoso que a manipula a seu bel prazer e interesses, de uma forma metódica e estratégica…

Metódica, porque sedimenta a cada temporada, os princípios técnico táticos do que definem como “basquete internacional”, realidade sistêmica padronizada e formatada pelo corporativismo vigente, imune a novas interpretações do grande jogo, num clube fechado composto por técnicos, jogadores, diretores, agentes, empresários e mídias, que a mantém intocada…

Estratégica, pelo fato direto de ser nosso país um mercado futuro promissor aos declarados interesses da matriz, não fosse nossa liga atrelada de maneira única no mundo basqueteiro à mesma, e que ensaia atrevidamente, inclusive, incidir no desporto escolar, numa ação que não lhe diz respeito a nível constitucional…

Visto e colocado isto, quais novidades são estas que apregoam estar fazendo evoluir o grande jogo entre nós? Segundo a mídia dita especializada, a introdução de espetáculos de entretenimento para o público (?), até circenses, líderes de torcida, mascotes, premiações, estão gerando maior interesse pelos espetáculos, trazendo para as quadras assistentes que os valorizam até mais que o jogo em si, atraindo cada vez mais os diferenciados torcedores de futebol, com sua cultura violenta e passional, desvirtuando a tradição desportiva do basquetebol, onde a imagem de um alambrado soa como uma injúria, assim como as agressões verbais e físicas comuns aos mesmos, mas que mesmo assim mantém os ginásios e arenas semi vazios. Basqueteiros de verdade são adeptos do quinto tempo, quando discutem técnica e taticamente suas equipes, com respeito e acima de tudo, educação. Foi sempre assim, e deveria continuar sendo assim, mas no entanto se ausentam pelo péssimo nível das partidas, pois emoções dissociadas da técnica, não vale…

Mais novidades? Vejamos, a cópia canhestra e fora de nossa cultura na apresentação de nossas equipes, em tudo e por tudo emulando as americanas, com suas rodinhas tribais, túneis e cumprimentos movidos a tapas e peitadas, e claro, as reuniões midiáticas de técnicos e jogadores em quadra antes da bola subir, ações estas que deveriam ter ocorrido nos vestiários, assim como a última novidade, as reuniões de técnicos e assistentes nos pedidos de tempo, deixando os jogadores com um mínimo de segundos que sobram de tão “importantes e básicos” encontros, demonstrando a cada temporada que passa a perda de comando consciente e determinante de um técnico de fato. Mas que diferença pode fazer se todos eles pensam e agem dentro da formatada padronização de onde se originaram como jogadores?…

Então caro amigo, que novidades foram estas, senão um baita atraso, retrocesso mesmo, diante do que éramos como verdadeiros conhecedores do grande jogo, ou não?…

 

P1010302-1Então, sem fundamentos e presos a um sistema único de jogo, quais as novidades que tanto apregoam, quais? Transformar um segundo armador em ala, mantendo a integralidade dos chifres, punhos e camisas? Não vale. Arriscar timidamente atuar com dois pivôs, dissociados pelas distâncias, mantendo-os na linha dos três pontos? Não vale. Abrir os cinco para ter mais espaços, a fim de chifrar desordenadamente em penetrações onde as técnicas no controle de bola e do corpo inexistem? Não vale. Deixar um pivozão sozinho e de costas enquanto o restante da equipe aplaude? Não vale…

Porém, o que deveria valer, de verdade, seria o reestímulo ao treinamento severo dos fundamentos para todos, adultos e jovens, orientados por quem realmente conhece fundamentos, para que conhecessem e dominassem as ferramentas básicas do jogo, o corpo e a bola, nessa ordem, para que bem mais tarde se colocassem a serviço consciente de sistemas de jogo criados para destacar suas competências, e não os acorrentarem a um sistema no qual qualquer deslocamento ou ação parte dos devaneios infantis e descerebrados de estrategistas e suas midiáticas pranchetas, num espetáculo chinfrim de desconhecimento quase total do que venha a ser o grande jogo, aquele em que a criatividade e o improviso se sobrepõe ao passo marcado, pois só improvisa que sabe, quem domina a arte de jogar basquetebol ensinada e aprendida através do esforço e dedicação de uma vida, cujos exemplos em quadra e fora dela sempre foram os assuntos discutidos nos quintos tempos, pelos verdadeiros torcedores, hoje ausentes em jogos previsíveis pela mesmice endêmica que se apoderou inexoravelmente dele, até um dia em que…

Meus deuses, até quando, até quando?

‘Amém.

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