COLOCAÇÕES E REFLEXÕES…

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Hoje sugiro a releitura de dois artigos e respectivos comentários, num debate esclarecedor aqui publicados neste humilde blog, a saber:

ENFIM, DISCUTE-SE A ENTB/CBB (24/1/2011)

– DISCUTINDO UMA ESCOLA (18/9/2011)

Acredito ser este o ponto mais nevrálgico e delicado para que o basquetebol brasileiro reencontre seu caminho, a partir da formação de base consciente, responsável e estratégica, para o soerguimento do grande jogo no país. Leiam e reflitam sobre as colocações apresentadas e discutidas, e se possível deem seguimento aos debates, seis anos depois, e quem sabe, encontremos as preciosas respostas de que tanto precisamos.

Amém.

Foto – Arquivos do autor. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

O QUINTETO…

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Foi muito engraçado quando o trovejante narrador iniciou o anúncio dos cinco jogadores que formariam a seleção do Eurobasket, quando apontaria suas posições de 1 a 5, como de praxe, da forma que conhece e divulga desde sempre. Então, vem o primeiro, “da posição 1, também o MVP, Dragic”, e daí para diante se calou, pois o 2 e o 5 não apareceram, e sim mais dois da posição 1, Bogdanovic e Shved, o Doncic da 3, e o Gasol da 4, numa formação de três armadores e dois alas pivôs, que esfumaçou os conceitos posicionais do dito cujo, inclusive sendo acompanhado pelo comentarista que não alinhavou uma linha sequer sobre o quinteto escolhido, claro, numa formação que de forma alguma avalizaria numa equipe dirigida por ele, numa concepção que vem sendo repetida de dois euros para cá, para espanto e incompreensão de muita gente metida a expert no grande jogo…

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E qual foi o recado dado? Nenhum, a não ser a confirmação da radical mudança por que passa o basquetebol europeu para o confronto com o americano mais lá na frente, que de sua parte iniciou a reforma com o coach K liquidando o conceito massudo e desproporcional dos cincões, hoje praticamente extintos, inclusive na NBA, todos trocados por jogadores mais atléticos, rápidos e flexíveis, numa mudança radical e eficiente, assim como desenvolvendo um conceito antigo e esquecido, o de setorizar ações fora e dentro do perímetro, com a utilização de dois armadores e três homens altos transitando internamente, possuidores de confiáveis fundamentos, interagindo sequencialmente e de modo continuado, numa movimentação envolvendo a todos, mesmo que jogadas estejam sendo feitas num dos lados, obrigando a vigilância defensiva e evitando ao máximo as eficientes dobras…

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Ficam então todos maravilhados com tamanha exibição de alta técnica, de sublimes sistemas táticos, esquecendo porém os caminhos que os europeus percorreram, e ainda percorrerão na busca e conquista da máxima eficiência individual e coletiva, aquela através do incessante e contínuo preparo nos fundamentos, da base a elite, garantia de exequibilidade, exatamente por ser lastreada pelo absoluto domínio dos mesmos, sem os quais se torna inalcançável…

Agora,o mais engraçado, se não fosse algo trágico, é o fato repetitivo, monocórdio, aqui longamente exposto e discutido (?), sobre este assunto, o da dupla armação, dos três pivôs móveis (ou alas pivôs se preferirem) que utilizo, desenvolvo a muitos anos em minhas equipes, inclusive no NBB2 com o Saldanha da Gama em apenas 11 jogos incluídos nos 49 dias de um trabalho, que quer queiram ou não, balançou algumas estruturas do padronizado, formatado e globalizado sistema único, que se mantém intocado, incólume e impenetrável, garantindo a segurança e o mercado corporativo de trabalho de uma turma que dificilmente o largará a novos ares e rumos, garantindo a mesmice endêmica asfixiante e autofágica que nos tem lançado permanentemente para trás, numa cegueira coletiva e imperdoável…

Simplesmente (se é que podemos considerar tão simples assim), o que assistimos neste Eurobasket, principalmente em seu jogo final, foi a certificação do poder dominante dos fundamentos do grande jogo por parte de todos os jogadores intervenientes, armadores, alas e pivôs, jovens ou veteranos, independendo onde se situavam na quadra, driblando, passando, bloqueando, reboteando, arremessando, defendendo, todos dominando seus dois instrumentos de trabalho, o corpo e a bola, ambos oscilando para mais ou para menos em torno de seus centros de gravidade, conscientemente bem treinados e adestrados, tornando por conta de tais conhecimentos, factíveis a todos e quaisquer movimentos táticos, dos mais simples aos mais complexos, atendidos em pleno pelo domínio absoluto dos aqui esquecidos e negligenciados fundamentos do grande jogo…

E a tal ponto chegou o pleno conhecimento técnico individual e coletivo daqueles jogadores, de ambas as equipes, que o MVP da competição, Dragic, que até os momentos decisivos da partida já havia convertido 35 pontos, ter sido levado ao banco por seu técnico, após uma sucessão de três erros motivados pela sua mais absoluta exaustão, nos momentos decisivos do quarto final, numa atitude somente possível pelo altíssimo nível da equipe, onde desculpas finais de que uma cólica o teria afastado, seria irrelevante no momento em que uma falência física o tornava refém de falhas técnicas, como a última antes de ser substituído, quando numa longa penetração tropeçou nas próprias pernas caindo de exaustão. Sua equipe, que já havia perdido o Doncic por torção, demonstrou que era realmente coesa e superiormente preparada, vencendo a competição com maestria e brilhantismo…

Por último, um fator que sugere uma análise mais precisa a médio prazo, os arremessos de 3, onde as duas equipes arremessaram 16/51 (8/26 para os eslovenos e 8/25 para os sérvios), demonstrando tacitamente que o jogo foi vencido “lá dentro”, onde os eslovenos conseguiram concluir 27/32 nos lances livres, contra 13/15 dos sérvios, por conta da grande agressividade de seus homens altos, sempre presentes no perímetro interno, provocando um sem número de faltas pessoais, muito bem aproveitadas por seus jogadores…

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Que lições poderíamos compilar deste magnífico Eurobasket, senão a mais enfática de todas, o trabalho de base bem feito e estruturado, conduzido por técnicos e professores da mais alta qualidade, e não escolhidos pelo critério que se estabeleceu política e doentiamente entre nós, o de “premiar” federações próximas, ou não, do centro diretivo, com a formação estratégica de base, campo definitivo para os mais preparados, mais experientes, mais comprovados na tarefa mãe de ensinar correta e didaticamente o grande jogo, que é a chave mestra dos eslovenos, sérvios, russos, espanhóis, argentinos, gregos, alemães, americanos, e todos aqueles que destinam ao ensino seus mais valiosos profissionais, e não amigos e apaniguados pretendentes a currículos recheados…

Quanto às divisões de elite, meus deuses, quais aqueles capazes de transformarem nossos claudicantes craques em bons (bom já seria um consolo) praticantes dos fundamentos, no mínimo que fosse, tornando menos frustrante a exequibilização de um sistema qualquer, um que fosse, ofensivo ou defensivo, que não se situassem reféns de perdas absurdas de bola, de passes, de arremessos, na defesa sempre presente, de bloqueios, simples que fossem, porém suficientes para, no mínimo, incentivar os que se iniciam na prática permanente dos fundamentos, no controle e domínio da bola, de seu corpo, de sua mente, tornando melhores muitos que pensam e se consideram completos, até o dia que enfrentam aqueles que realmente o são, de verdade, e aí, bem,  já conhecemos de sobra os resultados…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

POR QUE FUNDAMENTOS, POR QUE?…

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O basquetebol continua a inspirar cuidados, muitos cuidados, e o que vemos acontecer (?) beira ao improvável, ao impossível de ser resolvido se não houver um mínimo (que deveria ser o máximo) de resoluções realmente inovadoras, arejadas, cristalinas, justas e ponderadas ante situações viciadas e viciosas desde sempre, herdadas de administrações calamitosas e até certo ponto criminosas, escoradas pelo escambo, pelas trocas e favores políticos, pelo protecionismo e pelo domínio centralizado, padronizado e formatado de um conceito técnico tático colonizado e implantado por um corporativismo antítese das verdadeiras raízes do grande jogo em nosso país, que nos último 30 anos nos lançou ladeira abaixo no cenário internacional, e que hoje, frente a mesmice técnico tática endêmica em que nos encontramos ainda teimamos em buscar soluções no âmbito fechado e estagnado do que aí está, perigando seriamente restabelecer os mesmos erros, as mesmas razões dos contumazes fracassos que se repetem ano após ano, década após década, numa monocórdia ação assustadora…

Téc…digo, estrategistas anunciam estarem estudando e assistindo jogos internacionais para se situar na primazia de uma indicação para seleções nacionais, outros ganham viagens para estagiar na matriz com a mesma intenção, mais alguns recebem apoios importantes por serem jovens e promissores, outros por terem agentes influentes, enfim, uma miríade de possibilidades e influências, porém, todos alinhados ao sistema único, rigidamente alinhados, no qual a uniformidade padronizada de jogadas atinge a formatação máxima, mudando uma ou outra denominação, porém uníssonos nos resultados finais, que como temos constatado, beiram ao desastre frente a países que também se utilizam do sistema, com uma radical diferença, compostas suas equipes por jogadores infinitamente superiores a nós nos fundamentos básicos do jogo, fruto de uma bem planejada e concretizada formação de base, e manutenção dos mesmos nas divisões de elite…

O que adianta assistir jogos, tentar adquirir conhecimentos táticos pelo processo osmótico junto a luminares, se debruçar por sobre pranchetas projetando jogadas, tais como coreografias a serem realizadas por encordoados jogadores/marionetes, descerebrados, desconectados com a dura realidade do confronto defensivo direto, que é o fator deles sonegado nas exposições gráficas de seus estrategistas ( que deveria denominar de coreógrafos), numa triste e monótona repetição tempo após tempo pedidos, numa encenação midiática de demonstração de profundos conhecimentos, como uma vitrine de saberes e ostentação, que pode enganar a neófitos, jamais aqueles que conhecem e entendem os meandros do grande jogo…

Treinar sistemas se ampara no pleno conhecimento, por parte dos jogadores, de como exequibilizá-los através suas competências individuais e coletivas, pelo domínio dos fundamentos, sua mais autêntica e segura ferramenta de trabalho, praticada todos os dias, exaustivamente, todos, e não só aqueles que auferem admiração, como os arremessos, omitindo os demais, como o exasperante, difícil e cansativo jogo de pernas defensivo, nada glamouroso, porém fundamental numa equipe de verdade, para estarem preparados às nuances e sutilezas da mecânica exigida para a consecução plena dos sistemas, inclusive o único, cabendo ao técnico de verdade, tornar realidade todas estas exigências, que somente a longa e dura experiência o tornará apto a direção de seleções, melhor ainda se desenvolver e aplicar novas concepções sistêmicas, e não repetir colonizada e osmoticamente o que anota, ou computadoriza, como conhecimento absoluto…

Estudar, pesquisar, ensinar, treinar e dirigir jogadores no grande jogo é uma arte difícil e seletiva, denota muito tempo de preparo, numa caminhada sofrida e pedregosa, não sendo admitido o erro contumaz de exigir o que o jogador se sente incapaz de realizar, como um determinado fundamento, inviabilizando um sistema, forçando-o a um inconsequente improviso, bem diferente daquele outro que, por suas qualidades fundamentais, improvisa no bojo do mesmo, conscientemente, fator este que nos desqualifica frente a países mais bem formados, e que nos cobra seriamente pelos resultados negativos, pois na nossa equivocada concepção, estrategistas, ou coreógrafos, não se detém na direção de jogadores que julgam falhos nos fundamentos, trocando-os por outros e outros, numa ciranda sem fim a cada temporada finda, atestando sua incapacidade de treinar, ou mesmo admitir  ensinar fundamentos, que desconfio seriamente não saberem fazê-lo, o que numa seleção se torna ainda mais letal que numa franquia, ainda mais na teimosa e suicida insistência pelo sistema único, o único que professam, certamente o único que conhecem pela prática e pela ausência da teoria, antigas ou novas, porém indissociáveis da prática, claro, para os que realmente sabem, ou não?…

Busquem esses técnicos/professores, onde estiverem, neste enorme e injusto país, pois em contrário continuaremos a deslizar fundo abaixo, inexoravelmente…

Amém.

Foto – Praticando os fundamentos em divisão de elite, necessidade vital para um embasamento sistêmico. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

GALERIA DO HORROR (FINAL?)…

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Enfim, chegam a toca das felpudas e conhecidíssimas raposas, para a glória olímpica tupiniquim…

Foi esse o comentário que postei na matéria publicada pelo José Cruz no Facebook, que agora gostaria de complementar com uma pequena série de artigos publicados neste humilde blog, dentre os muitos outros que publiquei no intuito de externar minha mais contundente indignação pelos crimes que, enfim, chegam a toca das felpudas e conhecidíssimas raposas, para a glória olímpica tupiniquim…

Galeria do horror – “A educação já está bem encaminhada”

Galeria do horror II – Ministério prepara “Plano de dez anos”

Galeria do horror III…

E fechando esses “horrores”, um primoroso exemplo da mais pura desfaçatez, recordem

Cadeia é pouco para todos os envolvidos nesta Galeria de Horrores…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.