SÓ MAIS UM POUQUINHO…

Harden e sua saga.

Aí estão os playoffs, os daqui e os lá da  matriz, com suas excentricidades e adaptações aos tempos modernos, como as absurdas mudanças nas regras centenárias,  beneficiando a chutação de três do agora decadente Harden, com seu anacrônico step back, oportuna encomenda beneficiando seu arremesso de três, que começava a ser contestado, e a passada zero, instituída para acelerar penetrações concluídas  com enterradas cinematográficas, que claro, com um tempo rítmico a mais dos dois antes permitidos (cada tempo rítmico compondo uma passada), poucas seriam as chances de um defensor bloquear a investida, mudanças estas que comprometem seriamente a essência do grande jogo, transformando-o num handebol de péssima qualidade. Tais mudanças não têm encontrado boa aceitação de muitas arbitragens, daqui e lá de fora, que mantém as infrações de andar com a bola, num movimento que poderá desencadear a revisão das mesmas, o que seria excelente para o grande jogo…

Assistimos, também, que nada, ou pouquíssima coisa mudou em nossa forma padronizada e formatada de jogar, com as poucas licenças táticas contabilizadas em nome dos novos gênios das pranchetas, como, segundo relato de alguns comentaristas, jogar com dois armadores de ofício, e três pivôs leves e rápidos próximos a cesta, fosse algo de revolucionário nascido da excepcionalidade de suas cabeças, e não algo de há muito existente, por aqui mesmo, neste carente, espoliado e judiado basquetebol tupiniquim, alçado a sistemas de ponta criado pelas mesmas, sob o aplauso e a admiração de seus contumazes torcedores midiáticos, puxa sacos profissionais que são em sua esmagadora maioria, onde as corretas e pouquíssimas exceções pouco contam, mais que galhardamente existem e, por que não, subsistem…

O derrotado mural…

O que dizer, entretanto, das tentativas, cada vez mais exitosas, de um mercado mais bilionário a cada temporada, de transformar o mais completo e exitoso jogo de equipe, numa modalidade individual, onde seus grandes expoentes batem recordes continuamente, sem, no entanto, levar suas equipes ao pódio vencedor por sua atuação coletivista, heróis estes que projetam suas imagens humanizadas ou virtuais por sobre cidades e nações, envoltos em suas egolatras personalidades, que nada somam ao princípio coletivista e solidário que deveria emanar de suas equipes, balizando os caminhos a serem percorridos por uma juventude necessitada do apoio comunitario, fator básico e transcendental para suas vidas no futuro, como atletas e cidadàos…

Só mais um pouquinho de tempo nos separa da hora da verdade para o nosso basquetebol, afinal, o ciclo abreviado para Paris 24 está em curso, e competições classificatórias ao mesmo ocorrerão muito em breve, quando aferiremos quão geniais são nossos comandantes na direção de jogadores nacionais, sem os fundamentais estrangeiros que compõem suas equipes, atuando ou exemplificando uma forma de jogar negada aos nossos, pelo desconhecimento dos mesmos do ferramental que justifica e exequibiliza o grande jogo, desde sua formação de base, os fundamentos individuais e coletivos, sem os quais cabeças e genialidades jamais funcionarão, sejam os sistemas que forem, ofensivos e defensivos, tendo ou não as estrelas fabricadas a sombra dos pseudos ícones que habitam e festejam a grande matriz do norte, principalmente em nossas seleções…

Só mais um pouquinho para aferirmos o que nos espera, e para reforçar tal argumento, republico a seguir o artigo Daqui a Pouco, publicado em 30 de janeiro deste ano, num relato que deveria ser debatido com ardor e conhecimento, por todos aqueles que amam e admiram o grande, grandissimo jogo, neste imenso, desigual e injusto pais.

Amém. 

Fotos – Reproduções da Internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.  

DAQUI A POUCO…

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022 por Paulo MuriloSem comentários

Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…

No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-

Arremessos de 2 – 251/482  51,5%

Arremessos de 3 – 147/432  33,3%

Lances livres       – 161/234  68,8%

Erros de fund     –  142         20,2 pj

As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.

Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…

Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:

– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contraponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…

Espaço para embalar…E consequente bloqueio

E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…

Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com  fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…

Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…

Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…

Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…

Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…

Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…

E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos?  Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…

No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…

Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…

Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…

Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por  sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…

Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…

Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raízes, esquecidas raízes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…

Que os deuses nos ajudem.

Amém.

`Foto – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

16 ANOS, ATUANDO E LUTANDO…

Hoje completamos 16 anos de existência, e o Basquete Brasil segue em frente, com ou sem quarentena, sem muito a discutir de um NBB que se repete, agora na entressafra das trocas e constituição das equipes, e como sempre, monocordicamente, trocando ¨peças¨ (nova designação dos jogadores), falhos e descartáveis para uns, aproveitáveis para comporem elencos para outros, numa ciranda que se repete a cada temporada, assim como a desesperada busca pelos milagrosos americanos, e um ou outro bom argentino disponível, ainda mais quando serão quatro os estrangeiros permitidos por franquia, tornando realidade o sonho dourado da maioria dos estrategistas de dirigirem (?) e liderarem (??) verdadeiros craques ao encontro de  fantasias emanadas de suas pranchetas mágicas e midiáticas, donos e proprietários das verdades técnico táticas que têm a mais absoluta certeza de possuírem, mesmo que batuquem uma mesma tecla ano após ano, mas que vingarão com novos contratados, bem sucedidos nos adversários, sem preocupações menores de ensinarem e treinarem os que se foram, párias que seguirão a sina dos deserdados das ferramentas básicas do grande jogo, seus fundamentos…

E La nave vá, sem rumo e esquecida, sem perspectivas de vislumbrar algo de novo, ousado, corajoso, presa a mediocridade endêmica que se instalou em nossa forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, onde a volúpia autofágica dos três pontos, das enterradas monstros, dos tocos siderais, e dos cinco abertos, brilham nas coberturas e narrações ¨indecentes¨, e nos comentários  mais voltados ao social e político, do que uma simples e objetiva análise do jogo em si, como numa sala de espelhos, onde as figuras e comportamentos são imitados de forma idêntica, sempre e sempre iguais, repetições e plágios de uma padronizada formatação, sustentáculo do corporativismo a que pertencem…

Sobra uma NBA insípida, destituída de veracidade frente a realidade mundial, onde jogadores conquistam 30/40 pontos em partidas que perdem, assim como outros com  doubles e triples perdendo também, numa competição cada vez mais individual, onde embates políticos e raciais se avolumam cada vez mais, dentro de um padrão milionário a que tudo releva, exatamente pelo poder dos valores envolvidos nas disputas, e que se vêem furtivamente emulados, sem as mínimas condições econômico sociais, pelo nosso basquetebol tupiniquim, fazendo-nos esquecer e abandonar nossos reais valores e tradições, que nos fizeram grandes num passado não tão distante assim, hoje cópia canhestra e lastimável da hegemônica matriz…

Mal temos boas escolas funcionando, com o perigo real de se verem transformadas em escolas militarizadas, com oficiais de polícias militares lecionando valores discutíveis e perigosos, com seu didatismo pedagógico antagônico àquele adquirido nas escolas superiores de educação das universidades nacionais, onde a ausência de uma política nacional de educação generalista, com as disciplinas formais se coadunando com as artes, ofícios e desportos se perdem num emaranhado de indecisões e má vontade política, que é o arcabouço  da educação plena nos países desenvolvidos, matéria prima do desporto americano e europeu, fornecendo gerações de jovens educados, bem iniciados e melhor treinados nos fundamentos básicos artísticos e desportivos, na contramão direta do que fazemos com nossos infelizes jovens…

Nossa base inexiste, pois longe das escolas, das universidades, vingando um pouco em alguns clubes, onde a profissionalização precoce leva muitas vezes a graves distorções, inclusive comportamentais. Sem base existente de forma alguma poderemos sequer pensar em rivalizar com países mais desenvolvidos, quiçá uma NBA, ou persistem duvidar dessa realidade? 

A partir do próximo artigo darei início a ECB, Escola Carioca de Basquetebol, com cursos pela internet, através um site aqui agregado, através a Arteducação Empreendimentos Artísticos e Educativos, pequena firma pertencente a minha filha Andrea Raw e a mim, onde abordarei desde os fundamentos até a formação de equipes, numa experiência adquirida em mais de 50 anos de trabalho junto ao grande jogo, tendo os mais de 1600 artigos aqui publicados nesse humilde blog, como textos de consulta e estudo, que já são de conhecimento de um vasto público espalhado nesse imenso, desigual e injusto país…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal.

O ROTO E O ESFARRAPADO…

Carlos Nunes

Se uma quarentena forçada já é dura de ser enfrentada, imaginem ocupá-la integralmente com atividades que valham realmente a pena de serem vivenciadas, ainda mais quando se tem 60 anos de trabalho incessante na área da educação, do desporto, e do jornalismo no recente campo da internet, numa busca profunda e honesta por uma cultura tão vilipendiada nestes tempos obscuros e retrógrados…

A leitura, a boa leitura tem um boa fatia no vasto tempo disponível, e por conta dessa incurável curiosidade, baixei no Kindle um livro anunciado no blog Bala na Cesta, com o sugestivo título “Do Fundo da Quadra – As aventuras de um playboy inconsequente”, de autoria de Rafael Hughes, filho do ex presidente da CBB, Carlos Nunes, personagem recente de triste memória no universo do grande jogo…

Baixado no laptop, ao preço de 19,02 reais, fomos a leitura, direta em suas 200 páginas, numa linguagem canhestra, íntima e profundamente lamentável, não pelo terrível conteúdo, cuja veracidade beira a uma realidade conhecida e espantosa, acrescida do detalhamento de quem a viveu direta e intensamente, e sim pela forma vingativa e desequilibrada em fazê-lo, confirmando com sobras os efeitos advindos do uso confesso, constante e sistemático da cannabis sativa, companheira inseparável de um mais confesso ainda playboy inconsequente…

Se por um lado, a narrativa se espraia por sobre ações e atitudes equivocadas e perniciosas, formuladas e praticadas por pessoas que, segundo o autor, seriam despreparadas e politicamente alocadas em cargos técnicos por um pai mais despreparado ainda, que acabou levando a CBB a um fosso até hoje ainda não transposto totalmente, por outro, ao situar-se no âmago desse organismo corrompido por interesses escusos e de um corporativismo exemplar, locupletando-se como um auto reconhecido inconsequente playboy, no usufruto de benesses e ganhos provenientes de seu peculiar status de “filho do presidente”, muito mais criticado do que aceito pelo mesmo, por ações diretivas pautadas, ora por comportamentos reconhecidamente reprováveis, ora por acertos administrativos, sob sua ótica particular, quase sempre apaziguado e direcionado pelo uso tranquilizador da erva queimada…

Meus deuses, a quanto chegamos, quando cavamos um poço cujo infindável fundo se situa no esfumaçado córtex de um playboy que termina seu bestialógico documento afirmando que, sob seu comando técnico e de seu irmão, teríamos sido campeões olímpicos, não aceitação e reconhecimento esse por parte de um pai “ingênuo e cabeça dura”, voltado ao mantenimento do poder ao preço politico econômico que fosse, inclusive a negação da genialidade filial, agora premiado com o reconhecimento literário de um deles, um roto descrevendo um esfarrapado, chapado, ou não…

Meus deuses. 

Fotos – Divulgação CBB.

EU SOU F*…!

Dois dias atrás ousei me aventurar numa transmissão pelo twitter do jogo entre Brasília e Paulistano, vencido pelo primeiro por 90 x 78, e se arrependimento valesse, sequer teria sintonizado o aplicativo que, em conjunto com a LNB, afirma sua firme disposição na divulgação do basquetebol nacional. No meio tempo que aguentei assistir, vi desenrolar incrédulo, uma das maiores peladas perpetradas nesse “NBB como você nunca viu”, confirmada quando bem mais tarde retornei às estatísticas, inacreditáveis em seus 34/63 arremessos de 2 pontos (16/33 para Brasília e 18/30 para o Paulistano), contra os 23/68 de 3 (12/30 e 11/38 respectivamente), agregados a 32 erros de fundamentos (14/18), números estes comprometedores e constrangedores a véspera do início do treinamento da seleção brasileira para os jogos com o Uruguai, visando a preparação para o pré olímpico em julho, como um recado direto ao croata, de que é assim que jogamos por aqui, queira ou critique ele a respeito, e estamos conversados…

Porém, algo mais impactante me fez desligar o tal twitter, uma figura ao lado da imagem do jogo, que de início pensei ser uma chamada comercial que logo se desvaneceria, mas que para minha surpresa se mantinha direto no ar, e mais, transmitindo (?) o jogo, num linguajar funkeiro, sei lá, para de vez em quando se autoproclamar como sendo um cara f*…, entre outros termos tidos por ele como adequados e normais aos tele ouvintes, talvez aqueles admiradores de seu “peculiar”estilo, muito distantes em tudo e por tudo daqueles que amam, entendem e respeitam o grande jogo, entre famílias e jovens que não merecem ser alvos de tanta insânia e grotesca visão desportivo educacional…

Se a LNB admite e faz prosperar um “produto” dessa qualidade, deuses meus, estamos realmente não mais no fundo do poço, mas muito além dele, no quase limiar da impossível volta, faltando somente mais uma meia pá de terra, não, de lama mesmo…

Amém (?).

Fotos – Reproduções do Twitter.

SERÁ A VEZ DO BOM SENSO?…

Aqui vai um subsídio para todos aqueles que discutem, sugerem e divulgam panacéias a respeito do futuro do grande jogo neste imenso, injusto e desigual país, atrelados em sua maioria aos exemplos advindos da matriz nortenha, com seu poderio hegemônico fundamentado numa estrutura sócio, cultural e educacional secular, antítese de nossa realidade de país pobre e carente, exatamente naqueles três aspectos, sem os quais nos afogaremos abraçados pela ignorância e pusilanimidade de uma casta criminosa, que jamais se permitirá abrir mão de suas insidiosas e interesseiras conquistas, ao preço que for. Diálogo, estudo, pesquisa e bom senso, definitivamente não fazem parte de sua realidade…

Se interesse houver, aí vai o artigo proposto:

O ONTEM, O HOJE, E O AMANHÃ…

terça-feira, 7 de agosto de 2018 por Paulo Murilo

Me dei um tempo, até pensei prolongá-lo definitivamente, pois sinto cansaço extremo frente a tanta mediocridade, consubstanciada pela massacrante mesmice endêmica que nos agrilhoou, creio que por mais um ciclo olímpico, espelhada nessa vitória da seleção sub 21 no sul americano concluído no domingo passado, não que eu não a parabenize, já que conquistada na casa dos hermanos, vencendo-os por duas vezes de forma inconteste, onde bons e promissores jogadores se destacaram, lutando com denodo e entrega, mesmo que amarrados e sucumbidos por um sistema único globalizado, irmanado agora à moda dos longos arremessos, numa cópia canhestra do que pior se faz lá fora, ou fazia, já que severamente contestada pelo progressivo desenvolvimento e aplicação de defesas potentes no perímetro externo, premissa essa solenemente negada por nós em campeonatos onde as estrelas mais cobiçadas são as estratosféricas bolinhas e as enterradas monstros, produtos de ausências defensivas em ambos os perímetros, desde a formação de base, cujo resultado mais recente aconteceu em terra hermana…

Definitivamente adotamos a convergência como estratégia de jogo, seja ele qual for, independendo de faixa etária, sexo, ou qualquer que seja as classificações possíveis, mesmo que contundentemente criticada pelo selecionador master, Petrovic, em sua primeira entrevista dada em terra tupiniquim, quando afirmou não compreender a enxurrada de arremessos de três adotada e praticada no nosso basquetebol, com a mais plena anuência de treinadores e estrategistas, responsáveis e coniventes, coroada agora no sub 21 campeão, dirigida pelos seus dois assistentes técnicos, que passaram um recado mais do que claro do que pensam a respeito, já que aplicado em quadra, vencendo a competição, sugerindo um determinismo contrário ao posicionamento técnico tático do croata, numa contundente repetição do que ocorreu com seus dois antecessores, estrangeiros como ele, ficando em suspenso uma solene indagação – Perante a importante conquista, mudará seu posicionamento de décadas no basquetebol europeu, ou aderirá saltitante a moda imposta, ou sugerida por seus mais diretos colaboradores?…

No jogo final de domingo, enquanto a equipe argentina se desdobrou nas coberturas externas contestando os longos arremessos de nossos brazucas, conseguiu se manter à frente do placar, no entanto, acumulou muitas faltas pessoais nas tentativas de barrar o forte jogo interno dos bons e fortíssimos alas pivôs brasileiros, fator este determinante para sua derrota, já que no quarto final perdeu sua força reboteira, deixando-se vencer por 8 pontos, e sem nunca ter tentado marcar os pivôs pela frente, que é a certeza mais absoluta do que acontecerá nas competições mais duras daqui para diante, já que aos poucos a realidade de que trocar possibilidades de penetrações que valem 2 pontos, ao longo de uma dura partida, se torna mais rentável do que abrir a porteira dos 3 pontos, pela quantidade que forem as tentativas…

E os números não mentem, ao contrário, escancaram a dura realidade de uma forma midiática de jogar, onde a evolução natural de técnicas defensivas, sem a menor dúvida, estancarão essa hemorragia autofágica promovida por quem ouviu o galo cantar e se encontra perdido sem saber de onde ele vem, afinal de contas copiar o que aparente e rapidamente dá certo, cai melhor do que ir fundo no grande jogo, algo desconhecido e tabu para a maioria daqueles que se intitulam estrategistas, já que técnicos e professores não o são, de forma alguma, ao omitirem seus saberes, principalmente no ensino dos fundamentos do grande jogo…

E os números? Aí vão:

– Nos 6 jogos classificatórios (tentativas certas e erradas das equipes):

– 2 pontos – 156/324   48,1%

– 3 pontos – 102/297  34,3%

– L Livres  – 97/133 72,9%

– Erros      – 136 22,6 pj

– Nos 4 jogos mais significativos – Argentina-(2),Uruguai e Chile (Idem):

– 2 pontos –   83/224 37,5%

– 3 pontos –   59/171 34,5%

– L Livres  – 66 / 86 76,7%

– Erros      – 75 18,7 pj

– Jogo final:

– 2 pontos –    36 / 73 49,3%

– 3 pontos –    21 / 60 35,0%

– L Livres  – 25 / 33 75,8%

– Erros      – 25

O que eles dizem? Que na classificação, a presença das fracas equipes do Paraguai e Peru, fizeram aparecer mais arremessos de 2 pontos (48,1%), suplantando os de 3 (34,3%), mas mesmo assim, no jogo contra o Uruguai, vencido por 3 pontos, a seleção nacional arremessou 15/34 de 2 e inacreditáveis 17/43 de 3, continuando sua saga artilheira perpetrando 38 bolinhas contra o Chile (vencido por 4 pontos), e 30 contra a Argentina, vencendo por 12 pontos. No jogo final, a seleção arremessou 29 bolas de 3, e a Argentina 31, sendo este o único jogo em que a equipe arremessou abaixo de 30 nas indefectíveis bolinhas. Vejam que nas três tabelas o percentual de bolas de 3 se mantêm praticamente igual, ou seja, para cada 10 bolas arremessadas de fora do perímetro, somente 3,5 caem, num desperdício de energia ofensiva que, se bem administrada por defesas bem treinadas e postadas, anularão a tão decantada supremacia das bolas de 3, ação que a Argentina conseguiu nos três quartos iniciais da partida, cedendo no quarto final pela perda de seus homens altos na defesa interna, já que na externa vinham se saindo além da expectativa. E nesse ponto vale lembrar as continhas que tanto divulgo nos artigos antes publicados, ou seja – se a seleção substituísse a metade das bolas perdidas de 3 pontos por tentativas trabalhadas para os 2 pontos, venceria as mesmas partidas com diferenças que beirariam os 20 pontos, economizando esforço físico com eficiência pontuadora de 2 em 2, e se somarmos a estes números os graves erros nos fundamentos do jogo (com números acima de 16 na maioria dos jogos), onde as falhas nas contestações defensivas não são computadas (se fossem apontariam uma catástrofe a cada jogo), concluiremos que continuamos a trilhar o mesmo caminho obscuro e nem um pouco inteligente que nos lançou no limbo técnico tático que tanto nos prejudicou no concerto internacional, culminando na autopromoção burra e incompreensível de uma liderança revolucionária na concepção de um modernoso basquetebol, escravo vicioso da cópia canhestra de uma forma de atuar tecnicamente restrita a muito poucos jogadores, detentores de uma técnica superior e quase exclusiva no manejo direcional de uma bola de basquetebol, lançada de longas distâncias, fator este que ilustra com precisão alguns trabalhos e pesquisas acadêmicas muito sérias, nas quais incluo a tese doutoral “Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol”, defendida em 1990 na FMH/UTL de Lisboa, de minha autoria, com alguns tópicos aqui publicados, e ainda sem estudos que a contradigam na esfera internacional até a data de hoje…

Por que a menciono? Pelo simples, simplíssimo fato de que, frente ao desastre estratégico. a curto, médio e longo prazos, nada fazemos na preparação de base e nas quadras da elite, para evitarmos um equívoco tão descomunal, aquele de nos acharmos imbatíveis no jogo exterior, com seus “afastamentos e aberturas” e imprecisa artilharia se convenientemente contestada, caminho que começa a ser trilhado pelas melhores escolas de fundamentos mundiais, e que nos relegará a praticantes arrivistas de tiro aos pombos, sem a contrapartida de sólidos fundamentos e de preciso e forte jogo interior como opção primeira, postergando a bolinha infalível ao seu lugar de direito, como um recurso complementar, e não principal de uma equipe que preza o coletivismo agregador e uníssono, antítese do que praticamos…

Poderíamos começar pela salvação dessa geração de bons jogadores, reunindo-os numa equipe espelho, fonte de estudos práticos de uma séria ENTB, mantida pela CBB, participando do NBB, dando a seus jovens integrantes um treinamento sólido e evolutivo nos fundamentos básicos, destinando horas do dia para seus estudos em boas instituições de ensino médio e superior (oportunidade de uma relação da CBB com instituição privada de ensino, dividindo despesas), fator básico para seu futuro após os anos de competições, abrindo oportunidades, inclusive, para concluir sua formação em escolas do exterior. Seria uma conjugação de interesses esportivos, educacionais e culturais, inédito em nosso país, servindo de exemplo para o desporto escolar e universitário, clubístico também, pois após a cessão de um ou dois de seus jovens por no máximo duas temporadas, os teriam de volta mais maduros, e tecnicamente embasados, com tempo precioso de ação prática, e não esquecidos nos bancos de equipes recheadas de nomões escorados contratualmente em minutos a ser jogados, manipulados por interesses de agentes e franquias agregadas ao status quo vigente…

No vértice desta retomada, uma ENTB realmente representativa, e não avidamente buscada pela mesma coligação que domina o grande jogo desde sempre, ativando e desativando na mesma velocidade, associações de técnicos majoritariamente de um mesmo estado, alijando os demais de seus projetos hegemônicos e monetariamente atrativos, onde o comando baila pelas mesmas mãos, trocando somente as siglas que as denominam, esquecendo que o espírito de qualquer escola que se preze passa pelos conhecimentos de ontem, que sedimentam o hoje, e projetam o progresso para o amanhã, não importando de onde venham, onde o trabalho alicerçado pelo mérito, em tudo e por tudo, deveria ultrapassar os interesses, as trocas, e os favores requeridos por quem quer que fosse, prestigiando a qualquer custo o processo democrático e o direito ao contraditório, cernes do progresso equânime e constitucional de todos os envolvidos no processo de ensinar a ensinar. aprender fazendo, estudar e pesquisar todas as questões inerentes ao grande jogo, obrigatoriamente presencial, com apoio suplementar virtual. Assim deveria se constituir uma verdadeira Escola Nacional de Técnicos de Basquetebol.

Amém.

Fotos – Divulgação CBB, CABB, reprodução da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

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UM ESPERANÇOSO 2020 (From Dublin)…

Enfim o Basquete Brasil voltou ao ar, foram três dias de apreensão , pois nos quinze anos de sua existência duas outras interrupções ocorreram por falhas nos provedores que o atendiam, tendo sido trocados por duas vezes, e espero que não aconteçam mais acidentes…

Em 2020 teremos algumas pequenas, porem significativas novidades, como uma página semanal de técnicas básicas do grande jogo, assim como uma repaginada no blog, e uma surpresa que anseio lançar a um longo tempo, pois nossos poucos, porem fieis leitores deste humilde blog, as merecem com a mais absoluta certeza…

Termino este ano desejando a todos aqueles que real e decididamente amam incondicionalmente o grande jogo, aquele em que fomos líderes num passado não tão distante assim, mas que vem sofrendo um depreciativo desgaste técnico e tático progressivo e de difícil prognóstico para seu futuro, desde a formação de base, até as divisões adultas, que se reencontre com sua verdadeira identidade, através professores e técnicos compromissados com ações inovadoras, corajosas, e acima de tudo, competentes e responsáveis …

Que o próximo ano inspire a todos a vencer e ultrapassar essa  mesmice endêmica que tanto mediocriza o grande, grandíssimo jogo de nossas vidas. Feliz ano para todos…

Amém

Foto – Brindando com o filho João David o ano que se aproxima.

A CHUTACAO QUASE CENTENARIA, UMA CONQUISTA (From Dublin)…

Dublin, cidade onde vive o Joao David, filho mais novo, a dez anos. Antiga, geralmente nublada, e muito, muito fria, onde o vento constante lança a temperatura ao congelante, como no belo passeio pelos Gardens, curtido em um terço pelo vento cortante, deixando no gélido ar o quão impactante seja num ensolarado dia de verão, ou primavera. Ser conhecida como a Ilha Esmeralda faz justiça a uma Irlanda verdejante a não mais poder, mesmo num inverno mais do que rigoroso. Porem, a breve convivência com o filho caçula compensa as baixas temperaturas, onde um bom vinho é sempre bem vindo…

Compensações existem, como as tecnologias instaladas em sua casa, e com as quais trabalha no PayPal, dando a mim a oportunidade de estar ligado a qualquer momento com o Brasil, e mesmo poder assistir em alta definição as programações de nossa TV e os jogos de basquetebol que desejar analisar neste humilde blog…

Assisti uns poucos e medíocres jogos, onde a mesmice endêmica que se instalou definitivamente no pais se faz presente sem cerimonias, mas foi num relatório de jogo, Paulistano x Sao Paulo, que tive a mais absoluta certeza de que dificilmente conseguiremos emergir do abissal fosso em que meteram o grande jogo, da forma mais absurda e suicida, e para dirimir quaisquer duvidas, ai vão os terríveis e inacreditáveis números, num jogo com uma prorrogação e placar final de 98 x 92 para o Paulistano:

– Nos 2 pontos – 18/41 para o Sao Paulo é 17/27 para o Paulistano.

– Nos 3 pontos – 14/38 para o Sao Paulo e 17/55 para o Paulistano.

– Temos então – 35/68 nos arremessos de 2 pontos e 31/93 nos de 3 pontos, numa conclusiva definição do fracasso defensivo e ofensivo em que caminha no fio de uma navalha o grande jogo tupiniquim. Triste e vergonhoso que estrategistas disfarçados de técnicos imponham ao basquetebol uma fraude nominada de “ basquetebol moderno”, onde estrangeiros, agora em numero de quatro por franquia, façam e desfaçam técnica é taticamente o que querem em quadra, e claro, seguidos pelos nacionais que os suplementam, sob o aplauso consentido daqueles que deveriam incutir preparo fundamental e sistemas de jogo decentes, criativos e coletivistas, e não esses espetáculos onde a mediocridade seria elogiosa demais. Inadmissível que se chegue perto de 100 arremessos de 3 pontos numa partida de basquetebol, mesmo prorrogada, num testemunho vivido e constrangedor da mais absoluta pobreza de técnica individual e coletiva, irmanada a pobreza muito alem de miserável de um “NBB como nunca se viu”, o que realmente concordo com a apeladora definição, porem acrescentando …de tão ruim, ridiculo e descaracterizado do que venha a ser um verdadeiro jogo de basquetebol”, como nunca deveria ser visto num pais de tantas tradições no grande jogo…

Afinal, o que querem provar com tanta ausência, omissão e descompromisso para com o basquetebol, esse fechado e inóspito corporativismo que se apossou do mesmo, em nome de um deletério “sistema moderno de jogo”? O que querem meus deuses? Mata-lo de vez?…

Agora mesmo o inenarrável Confef, faz uma parceria com a CBB para preparar técnicos para a nova modalidade de 3 x 3, admitida na Olimpiada de Toquio, e aqui faço a pergunta primal – Com que competência legal e técnica um absurdo conselho de educação física se considera apto na formação de técnicos desportivos, função de caráter superior em escolas superiores de educação física, e não por conselhos destinados originariamente as observâncias trabalhistas dos que denominam profissionais de educação física? Quer dizer que de agora em diante teremos um Confef e seus Crefs estaduais formando técnicos esportivos em cursos (?) de alguns dias para depois “provisiona-los” como tem feito por todo este imenso, injusto é desigual pais desde sua fundação? E qual será o próximo passo, o Bacharelato e a Licenciatura? Com que direitos, e quais leis federais o autorizam? Um conselho criado a mais de vinte anos e que é gerido em sucessivas eleições por uma única pessoa desde sua fundação, não pode ser levado a serio, assim como o gestor semi eterno, destituído do COB agindo da mesma forma, e prestes a ser cobrado e investigado pelas fraudulentas empreitadas na organização e realização das competições mundiais aqui realizadas recentemente. ..

“Oficializar” a formação de técnicos, seja em que esporte for, através reuniões e palestras inócuas em um ou mais fins de semana é um engodo que tem trazido o mais devastador prejuizo ao grande jogo, técnica, tática e na mais básica de suas necessidades, a formação de base…

É tempo de se por a limpo as finalidades de um conselho que interfere exclusivamente na educação fisica, disciplina curricular desde o ensino de primeiro grau ate o universitário, nao se conhecendo conselhos nas demais disciplinas em nenhum desses niveis de escolaridade. Por que so a educação fisica, porque? Ou sua importância na estruturação mais do que presente da industria do corpo, com seus bilhões movimentados a cada ano, na qual os futuros bacharéis prestam seus estágios nas holdings gestoras das milhares de academias a preço vil?…

Honesta é sinceramente pergunto – Qual o verdadeiro interesse de um conselho de educação fisica na formação de técnicos de basquete excedendo suas funções perante a lei?…

Pobre basquetebol brasileiro sob tantas e negativas influencias. Torco para que os deuses o possam ajudar, mas tenho la minhas bem pensadas e solidamente embasadas duvidas,,,

Amem..

Fotos – Arquivo pessoal e divulgação CBB.

DO SONHO A REALIDADE…

Páginas e páginas centrais hoje são impressas anunciando simpósios, seminários, congressos e imersões sobre a temática chave para o alavancamento decisivo dessa infeliz terra, a educação justa e estratégica de seu povo, direito constitucional relegado e aviltado desde sempre. Fala-se de tudo, discutem a não mais poder sistemas, conceitos, filosofias, projetos e políticas governamentais, sem conclusões plausíveis, num vazio de idéias factíveis a nossa realidade de país pobre de saber e cultura, propositada e politicamente carente de ambas, num projeto de perpetuação da ignorância que beneficia indiscriminadamente direita e esquerda em suas projeções de domínio político, econômico e administrativo. Sem dúvida alguma, um povo analfabeto funcional se torna massa de manobra bem mais em conta para tê-lo no cabresto abjeto e criminoso, a direita ou à esquerda, não importando muito o sentido…

Porém, algo chama a atenção no âmago de todas as propostas largamente anunciadas, a ausência praticamente total de qualquer discussão que incluísse a Educação Física, os Desportos, as Artes, a Música, a Dança, como se não existissem, como se não fossem de básica importância na formação plena de cidadania, num todo cultural que nenhuma nação séria e importante ousa desconhecer, relativizar, omitir, e muito menos alijá-la do contexto educacional de seus povos…

Pobres disciplinas, esquecidos e subjugados mestres e professores, num cenário em que pululam negócios com lucros estratosféricos, como as poderosas holdings do culto ao corpo, a quem não interessa educação física nas escolas, muito menos desportos, sua próxima investida, afinal, trata-se de um mercado promissor que política desportiva nenhuma poderá interferir, numa indústria que movimenta bilhões anualmente, e que cada vez mais investe no mercado adolescente, seu mercado presente/futuro, e um exemplo arrepiante ai está ao lado, com a inclusão em cem escolas municipais das lutas marciais (leia-se MMA), numa investida irresponsável e absurda, pois envolve “mestres” cuja formação didático pedagógica se torna discutível, inclusive, pela legislação em vigor, por não se tratar de licenciados, vínculo indiscutível e pétreo para o exercício no magistério escolar. Frente a tal descalabro, o que virá a seguir, o que, meus deuses?…

Anos atrás postei o artigo a seguir nesse humilde blog, republicando-o pela sua dolorosa atualidade, com um fator a ser aguardado, a punição total, geral e irrestrita de uma quadrilha de maus e corruptos brasileiros, a fim de que sirvam de exemplo aos futuros mandatários e postulantes de políticas mentirosas e criminosas junto aos jovens desse imenso, injusto e desigual país…

Amém.

Fotos – Reproduções da mídia.

A HERANÇA…

domingo, 8 de junho de 2008 por Paulo MuriloSem comentários

È uma sexta-feira radiosa, e bem cedo pego meu velho Fiat 95 e parto para a cidade via Barra da Tijuca. Como moro na Taquara prenuncia-se uma viagem e tanto até meu destino. Mas o que vejo? O trânsito fluindo calmamente, sem atropelos, mudança esta sentida desde antes um pouco do início dos Jogos Pan-Americanos, quando estações do metrô foram inauguradas no sentido Barra-Penha e Barra-Botafogo, transformando a ida de carro praticamente num tour turístico pela belíssima orla do Rio.

Como havia um pouco de tempo sobrando ao meu compromisso na cidade, paro em uma das escolas públicas beneficiadas pelo plano de projeto esportivo anexado ao futuro olímpico de massa, que dotou as escolas cariocas de dependências mínimas, porém decentes, de kits formados por uma quadra coberta, uma piscina de 25 metros e uma mini pista de atletismo, além de uma pequena verba suplementar para que os professores de Ed.Física dessem mais horas de trabalho visando o atendimento comunitário. Converso com os professores e constato o sucesso do projeto, estampado em seus sorrisos de satisfação pelo trabalho que desenvolvem junto aos professores de artes e música, em estreita colaboração com os demais professores das disciplinas tradicionais. Antes de sair dou um pulo na pequena, porém atualizada biblioteca, e na cozinha, onde um estimulante odor de comida bem feita exala no ar. Saio e percorro o trajeto até o autódromo, onde grandes e modernas instalações desportivas foram construídas para os Jogos, e o que vejo meus deuses? Muitas, muitas crianças ocupando as quadras e piscinas, praticando as modalidades oferecidas pela municipalidade, em escolinhas onde os talentos garimpados nos programas desenvolvidos nas escolas da região desenvolvem suas aptidões. Fico feliz e gratificado com a herança deixada pela organização lapidar dos Jogos para a população carioca. E como surpresas ainda poderiam ocorrer, vejo voltarem os pescadores nas lagoas que circundam as dependências do autódromo, como um pouco mais adiante o bairro que serviu de Vila Olímpica, cujas águas límpidas contrastam dramaticamente com a cloaca a céu aberto de antes daqueles benditos Jogos. E chego na Barra, suavemente, rejuvenescido, admirando o quanto o povo desta cidade evoluiu em sua educação no trânsito, quando perante ações sócio-políticas que realmente os beneficiava. E com a ausência de jovens e muitas crianças que pululavam os cruzamentos na ostentação de sua pobreza e abandono, hoje amparados pela sociedade e estudando em tempo integral, fico agradecido do fundo do coração, desejando, ao passar pela monumental sede do COB na Avenida das Américas, saltar e ir agradecer tão contundentes e preciosas dádivas, frutos de uma extraordinária administração dos bens públicos na organização ímpar e patriótica daqueles inesquecíveis Jogos.

E quando no dia seguinte, abro o jornal e me deparo com as autoridades diretivas do Estado e do desporto nacional, onde ministro, governador, prefeito, presidente do COB e benemérito da FIFA, entre outras autoridades empresariais, sempre eles, se abraçam, se beijam e sorriem escancaradamente para as lentes televisivas do mundo inteiro ao ver a cidade maravilhosa escolhida na rodada semifinal para sede das Olimpíadas de 2016, cujos projetos enfocam benfeitorias muito além daquelas que herdamos do Pan, e que relatei emocionado acima, numa exibição explícita de poder além do sonhado, inclusive para cidadezinhas como Madri, Tóquio e Chicago, onde só o projeto de exeqüibilização a ser apresentado no ano que vem na rodada decisiva se eleva no patamar acima dos 50 milhões de reais,e cujas obras complementares às do Pan irão orçar por volta dos 3 bilhões, é que percebo ter sido aquele trajeto até a cidade uma armadilha em forma de sonho a que todos os cidadãos honestos e trabalhadores desse infeliz estado, seus filhos e famílias, caem dia após dia, ano após ano, décadas após décadas, restando aos mesmos, a mim, um urro do fundo de nossas indignadas almas- CANALHAS!

Amém.

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RESPONDENDO AO PEDRO…

Me reporto hoje aos comentários feitos pelo Prof. Pedro Rodrigues de Souza e minha consequente resposta no artigo OPORTUNAS QUESTÕES de 12/8/19 sobre o basquetebol feminino brasileiro, que valeria uma boa e oportuna reflexão a respeito.

  • PEDRO RODRIGUES DE SOUZA
  • 14.08.2019 (2 semanas atrás))
  • Paulo Murilo, Passados as alegrias e as comemorações da fantástica vitória do PAN com certeza a equipe seguirá a sua preparação para novos embates.
    Deverá existir um planejamento já esboçado a espera do início do trabalho.
    Tomo a liberdade de anexar ao comentário um roteiro útil a ser seguido.
    Abaixo um arrazoado de caminhos a seguir.
    O nosso saudoso e amigo Camilo Calazans dizia faz tempo: ” no Brasil existem bons planejadores, o problema não é só planejar, é preciso de bons fazedores”.
    Para se fazer alguma coisa, jamais esquecer das inovações.
    DE ONDE VEM AS GRANDES IDÉIAS
    INOVAÇÃO
    Ser criativo é pensar sobre o seu modo de pensar.
    Ser inovador é agir com base em suas idéias.
    São necessários SETE níveis que exigem ação:
    Nível 01: EFICÁCIA fazer as coisas certas

    Nível 02: EFICIÊNCIA fazer as coisas de maneira certa.

    Nível 03: MELHORAR:fazer melhor as coisas certas.

    Nível 04: ENXUGAR: livrar-se das coisas supérfluas.

    Nível 05: COPIAR:.fazer as coisas boas que outras pessoas estão fazendo.

    Nível 06: SER DIFERENTE: fazer coisas que mais ninguém está fazendo.

    Nível 07: BUSCAR O IMPOSSÍVEL: fazer coisas que não podem ser feitas.
    Frequentemente a formulação de um problema é mais essencial do que a sua solução.
    Pedro Rodrigues de Souza
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  • Basquete Brasil
  • 20.08.2019 (5 dias atrás))
  • Prezado Pedro, começo pelo Camilo Calazans, tio do excelente professor e técnico de basquetebol Heleno Lima, que o inspirou, sendo o presidente do BB na época, a promover o primeiro patrocínio de um banco oficial nacional a uma modalidade desportiva, no caso do basquetebol, com sucesso imediato em nossas seleções, patrocínio esse que um pouco mais adiante foi nos bastidores, politicamente surrupiado pela turma do vôlei, junto ao regime militar vigente, e sem o qual jamais atingiria os resultados internacionais que conquistaram, já que de posse e domínio da maior verba pública existente, e inclusive, responsável por um centro exclusivo de treinamento, mantido até hoje. No caso, o “fazemento” foi magistral, por parte da turma liderada pelo Nuzman, o grande planejador e executor das maiores verbas públicas voltadas ao desporto, com os resultados que ainda aguardam sindicâncias sobre suas corretas e honestas aplicações no Pan, no Mundial e na Olimpíada. Dia virá em que tudo será clarificado e julgado, tenho a mais absoluta certeza…
    Quanto ao planejamento no basquetebol feminino, tenho lá sérias dúvidas sobre a Eficiência, Eficácia, Melhoria, Enxugamento, Busca pelo Impossível, sequer o Copiar que fazem tão mal da matriz. Restaria o Ser Diferente, mas como Pedro, se professam em massa a coerência da mesmice endêmica em que vivem, trabalham e afirmam fazer acontecer o grande jogo entre nós, como Pedro, como?
    Inovar, antes de tudo é agir, estudar, pesquisar e difundir aspectos diferenciados de uma ação social, política, vivencial, desportiva, constituindo todo um processo democrático, onde a existência do contraditório tem obrigatoriamente de ser preservado, estudado, incentivado, e posto a prova, gerando resultados e discussões comparativas e fundamentadas no bom senso, objetivando o bem comum. Por tudo isso é que não acredito na existência de um planejamento minimamente plausível dentro do cenário corporativista de uma única via existente, infeliz e lamentavelmente…
    Um abraço, Pedro. Paulo Murilo.

Fotos – Reproduções da TV.

A VITÓRIA DA MEDIOCRIDADE…

Teimoso que sou, testemunhei os 107 a 32 da seleção americana sobre a brasileira na sub 16 feminina da Copa América, surra conclusiva depois de duas derrotas seguidas, contra o Canadá ( 78 a 39), e o Equador (71 a 55), despedindo-se das semi finais da competição da forma mais humilhante possível. Nestes três jogos foram números terríveis apresentados pelas meninas patrícias, como os 23.1% (38/164) nos 2 pontos, contra 58.2% (74/127) das adversárias, 16.2% (7/43) nos 3 pontos, contra 23.7% (23/97), 53.7% (29/54) nos lances livres, contra 51.3% (39/76), e uma média de 23 erros por partida, contra 21 das turmas do lado de lá, deixando uma certeza absoluta, no fato de nossas jovens jogadoras simplesmente não saberem arremessar com um mínimo de precisão (nos 3 pontos a quantidade de air balls foi assustadora, e até simplórias bandejas perdidas ), além do fato constrangedor de que pouco, ou quase nada, sabem sobre os fundamentos do jogo, onde a ambidestralidade no drible é praticamente nula, a precisão nos passes passa a léguas de uma razoável execução, e o posicionamento defensivo e nos rebotes é algo inacreditável. Sobram espírito de luta e combatividade, em seus rompantes juvenis, porém órfãs de um preparo minimamente aceitável para uma disputa parelha com jovens da mesma idade, de países que levam a sério o grande jogo, na dimensão em que deve ser correta e competentemente ensinado em suas escolas e clubes comunitários por professores capacitados de verdade, na contramão do que priorizamos em sistemas e táticas “avançadas” de jogo, antes de serem preparadas nos fundamentos básicos, cuja ausência inviabiliza toda e qualquer pretensão técnico tática de seus luminares estrategistas, aferrados e enamorados de suas ridículas pranchetas…

E foi o que vimos, que continuamos vendo, no masculino, no feminino, ano após ano, e que continuaremos a ver, se algo de inovador e ousado não acontecer em nosso combalido basquetebol, que não merece ser surrado continuamente desde as categorias de base, onde tudo começa, campo onde pululam os falsos e mal formados técnicos de ocasião, patrocinados por oportunistas e profissionais do escambo, do favorecimento, do corporativismo deslavado, ocupando um nicho que deveria ser de excelência, do mérito, do saber, da experiência comprovada e incontestável, formuladora e avalizadora dos melhores, à parte dos Q.Is interesseiros e pusilânimes que nos esmaga pela mediocridade, enquadrada pelas midiáticas e absurdas “pranchetas que falam”, expositoras dos grafismos ininteligíveis e definitivamente analfabetos do que vem a ser o grande, grandíssimo jogo…

Mais uma geração está indo para os ares, sufocada e paralisada pela mesmice endêmica que pune atrozmente tantos jovens promissores e talentosos, travados e anulados por um batalhão de incompetentes adoradores do próprio umbigo, sabichões arrogantes, apaniguados e protegidos daqueles que no fundo, odeiam o grande jogo, ontem, hoje, e infelizmente num prolongado futuro, até um dia em que o bom senso, a justiça e o mérito se façam presentes, enfim…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para aumentá-las.