SÓ MAIS UM POUQUINHO…

Harden e sua saga.

Aí estão os playoffs, os daqui e os lá da  matriz, com suas excentricidades e adaptações aos tempos modernos, como as absurdas mudanças nas regras centenárias,  beneficiando a chutação de três do agora decadente Harden, com seu anacrônico step back, oportuna encomenda beneficiando seu arremesso de três, que começava a ser contestado, e a passada zero, instituída para acelerar penetrações concluídas  com enterradas cinematográficas, que claro, com um tempo rítmico a mais dos dois antes permitidos (cada tempo rítmico compondo uma passada), poucas seriam as chances de um defensor bloquear a investida, mudanças estas que comprometem seriamente a essência do grande jogo, transformando-o num handebol de péssima qualidade. Tais mudanças não têm encontrado boa aceitação de muitas arbitragens, daqui e lá de fora, que mantém as infrações de andar com a bola, num movimento que poderá desencadear a revisão das mesmas, o que seria excelente para o grande jogo…

Assistimos, também, que nada, ou pouquíssima coisa mudou em nossa forma padronizada e formatada de jogar, com as poucas licenças táticas contabilizadas em nome dos novos gênios das pranchetas, como, segundo relato de alguns comentaristas, jogar com dois armadores de ofício, e três pivôs leves e rápidos próximos a cesta, fosse algo de revolucionário nascido da excepcionalidade de suas cabeças, e não algo de há muito existente, por aqui mesmo, neste carente, espoliado e judiado basquetebol tupiniquim, alçado a sistemas de ponta criado pelas mesmas, sob o aplauso e a admiração de seus contumazes torcedores midiáticos, puxa sacos profissionais que são em sua esmagadora maioria, onde as corretas e pouquíssimas exceções pouco contam, mais que galhardamente existem e, por que não, subsistem…

O derrotado mural…

O que dizer, entretanto, das tentativas, cada vez mais exitosas, de um mercado mais bilionário a cada temporada, de transformar o mais completo e exitoso jogo de equipe, numa modalidade individual, onde seus grandes expoentes batem recordes continuamente, sem, no entanto, levar suas equipes ao pódio vencedor por sua atuação coletivista, heróis estes que projetam suas imagens humanizadas ou virtuais por sobre cidades e nações, envoltos em suas egolatras personalidades, que nada somam ao princípio coletivista e solidário que deveria emanar de suas equipes, balizando os caminhos a serem percorridos por uma juventude necessitada do apoio comunitario, fator básico e transcendental para suas vidas no futuro, como atletas e cidadàos…

Só mais um pouquinho de tempo nos separa da hora da verdade para o nosso basquetebol, afinal, o ciclo abreviado para Paris 24 está em curso, e competições classificatórias ao mesmo ocorrerão muito em breve, quando aferiremos quão geniais são nossos comandantes na direção de jogadores nacionais, sem os fundamentais estrangeiros que compõem suas equipes, atuando ou exemplificando uma forma de jogar negada aos nossos, pelo desconhecimento dos mesmos do ferramental que justifica e exequibiliza o grande jogo, desde sua formação de base, os fundamentos individuais e coletivos, sem os quais cabeças e genialidades jamais funcionarão, sejam os sistemas que forem, ofensivos e defensivos, tendo ou não as estrelas fabricadas a sombra dos pseudos ícones que habitam e festejam a grande matriz do norte, principalmente em nossas seleções…

Só mais um pouquinho para aferirmos o que nos espera, e para reforçar tal argumento, republico a seguir o artigo Daqui a Pouco, publicado em 30 de janeiro deste ano, num relato que deveria ser debatido com ardor e conhecimento, por todos aqueles que amam e admiram o grande, grandissimo jogo, neste imenso, desigual e injusto pais.

Amém. 

Fotos – Reproduções da Internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.  

DAQUI A POUCO…

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022 por Paulo MuriloSem comentários

Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…

No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-

Arremessos de 2 – 251/482  51,5%

Arremessos de 3 – 147/432  33,3%

Lances livres       – 161/234  68,8%

Erros de fund     –  142         20,2 pj

As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.

Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…

Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:

– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contraponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…

Espaço para embalar…E consequente bloqueio

E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…

Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com  fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…

Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…

Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…

Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…

Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…

Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…

E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos?  Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…

No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…

Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…

Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…

Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por  sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…

Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…

Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raízes, esquecidas raízes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…

Que os deuses nos ajudem.

Amém.

`Foto – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.



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