A BURLA CONSENTIDA

Mais um exemplo prático,mas com uma bola de basquetebol.Coloque-a sobre a palma
de uma das mãos,na altura da linha da cintura,e execute os seguintes movimentos:1-
Dê um passo para um lado e depois rapidadmente para o outro lado.2-Faça a mesma coisa,agora com passos à frente e atrás. 3-Gire em torno de um dos pés por 360º.Todos os movimentos aqui propostos deverão ser executados sempre com a bola
depositada em uma das mãos.Muito bem! Agora repita todos os 3 movimentos driblando a bola,e veja se consegue repetí-los com eficiência.Claro que a inclusão do drible
complicará em muito a realização dos mesmos,e em alguns casos os inviabilizarão.Mas o que vem se dissiminando no meio dos armadores(autênticos ou enganadores)é a interrupção do drible com a bola ficando depositada na palma de uma das mãos a fim de exequibilizar os movimentos mais complexos(frenagem,troca de direção,hesitação,
passos atrás,etc.) que só seriam factíveis sem a presença incômoda e indesejável da mesma.Claro, que os armadores de verdade,aqueles que conseguem anular as diversas
rotações desencadeadas na bola pelas forças exercidas sobre ela,tanto no contato com o sólo,quanto no produto emanado pela ação da mão em sua superfície, originando vetores dos mais complexos quanto maiores forem as velocidades alcançadas, conseguirão dominá-la,direcioná-la a seu bel prazer, pois o ato técnico será alcançado dentro do espírito das regras do jogo, e não utilizando um artífício doloso e profundamente desleal para com aqueles possuidores de técnica,duramente conquistada e àrduamente treinada. O que vem se popularizando por intermédio de pseudos armadores,treinados e ensinados por treinadores não muito interessados em tempo a perder,é um movimento de quebra do drible,alguns muito rápidos,e outros escandalosamente longos, com o intúito de tirar o máximo proveito da interrupção, para executar movimentos de finta sem o entrave do drible progressivo e initerrupto,como determina a regra, pois o não cumprimento da mesma caracteriza a infração dos dois dribles, ou mesmo a de andar com a bola, já que a mesma é paralizada em sua trajetória durante a ação.O pior é a omissão dos juízes,se não por mêdo de técnicos truculentos,ou por puro desconhecimento das regras do drible,e em último caso por comodismo ante uma generalizada atitude técnica(?). O que se observa
é a penúria cada vez mais evidente na técnica de nossos armadores,desde as categorias de base,onde o”macête”da travada da bola já encontra campo fértil e desprovido de punição perante as regras do jogo.Confunde-se a pega lateral da bola,com o intúito de anular sua rotação reversa(quando a bola é lançada ao sólo pela mão impulsionadora desenvolve uma rotação inversa, e ao tocá-lo,gera uma força contrária e de igual intensidade-Lei de Newton-que fará com que volte de encontro a mão com uma rotação reversa,daí a necessidade de anulá-la com a pega lateral e um pouco acima da mesma). Esta ação é complexa e exige muito treinamento e dedicação, que aumentam na proporção direta às exigências decorrentes de movimentos pluridirecionais exercidos pelo jogador.E para que treinar tanto se é permitido uma interrupção extra-regras na trajetória ascendente da bola, que permite toda e qualquer ação de finta sem os percalços de rotações e desvios? Ora convenhamos,se podemos nos exibir em malabarismos estonteantes,que poderão inclusive culminar com uma enterrada deslumbrante,ou uma assistência genial,para que perder tempo com leisinhas de um newton qualquer,ou treinar até a exaustão os movimentos e ações dentro de regras que foram feitas para serem burladas? Mas, será que os juizes internacionais ficarão alheios a essa tendência? Creio seriamente que não,e aí é que mora o perigo,pois estamos perdendo um tempo precioso com comportamentos circenses, e esquecendo que a técnica não perdoa os mediocres,sejam eles os que aprendem ou os que ensinam.Mas mantenho a esperança em que o melhor sempre prevalece,mesmo que demore um pouco mais.



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