MUDANDO CONCEITOS

CONCEITO,s.m.Aquilo que o espírito concebe ou entende;idéia;síntese;opinião,
juízo:formar bom ou mau conceito de uma pessoa;reputação,máxima,sentença;parte da charada,em que se define a palavra ou idéia;todo.(Do lat.conceptu.)
(Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa)

Ontem,por acaso passava em um canal de televisão um filme dirigido e interpretado pelo grande ator Ray Miland,Lisbôa,e vendo um pouco da historia pude observar algo que realmente caracterizava as películas daquela época repressiva e censurada, os atores masculinos representavam,todos,com as mãos nos bolsos e as mulheres sentadas permanentemente com as pernas cruzadas. Fatôres e códigos comportamentais vigentes na época somente eram trangredidos por uma moda implantada como reação,todos fumavam, eles e elas.Quando lecionava Prática de Ensino de Educação Física para alunos da EEFD da UFRJ,já se delineava a tendência de muitos jogadores de futebol procurarem a formação acadêmica nos desportos,e uma característica saltava aos olhos,pois todos eles somente se dirigiam às turmas ou a seus colegas com os braços cruzados.Mostrei a
eles fótos em jornais e revistas nas quais, em preleções antes de treinos ou jogos, todos os presentes,jogadores,técnicos,assistentes e diretores estavam com os braços cruzados ao peito.A fluência verbal acompanhada pela movimentação corporal,atitude tipica de povos latinos, encontrava no mundo do futebol,fechado,preconceituoso, ditatorial e injusto a antítese daquele comportamento,na imagem restritiva presente na manietação do elemento corporal mais expressivo,os braços.Foi difícil,mas consegui
que muitos deles passassem a se exprimir com mais liberdade,principalmente na movimentação das mãos e dos braços, mudando um conceito que restringia não só a liberdade de movimentos ,como a liberdade implícita de atitudes e comportamentos.O que vemos no basquetebol de nossos dias é a aceitação uníssona do “conceito dos braços cruzados”, que é o inimigo a ser eliminado no “bom combate”. Quando manifesto indignação pela mesmice técnica e administrativa que vigora no meio basquetebolístico
pela aceitação passiva de culturas de fora,que ferem e degradam as nossas, que por terem sido vitoriosas estão sendo riscadas pelos que aí estão no comando por interêsses movidos unicamente pelo aspecto financeiro, o faço como cidadão que jamais
cruzou os braços ante as vicissitudes e as injustiças,muito pelo contrário,sempre propugnou por novas idéias,novos e apaixonantes caminhos.Se lutei para que meus queridos alunos futebolistas descruzassem seus braços quando frente aos desafios,não seria o primeiro a cruzá-los.Discute-se e propõe-se mudanças no comando da CBB, mas não se vêem discussões sobre mudanças no panorama técnico,de preparação básica e na formação de novos técnicos.O que vemos são ex-jogadores se transformarem da noite para o dia em técnicos de categorias adultas sem passarem pelo crivo e a experiência fundamental das categorias de base.Claro que são benvindos para a continuidade do modelo que aí está, e que venho discutindo em quase todos os artigos que publiquei nessa página. Torno a repetir que sempre tivemos bons e maus dirigentes,boas e más épocas de transição administrativa, mas sempre tivemos ótimos professores e técnicos na formação básica e bons técnicos nas divisões de elite.Só que de vinte anos para cá
resolveu-se adotar o modelo NBA, com todas as suas idiossincrasias e formulação que sempre visou a imposição mercadológica,que já começa a se infiltrar na maioria dos sites voltados ao basquetebol, numa clara evidência que não jogam para perder,mesmo que percam os campeonatos internacionais que disputam.Por isso tudo acredito que só haverá uma verdadeira mudança com o envolvimento dos técnicos,pois cabe a eles o desenvolvimento e a existência do jogo,como depositários de suas técnicas e princípios.Por conseguinte,o conceito inicial a ser mudado é o da atitude visando a união discussiva dos técnicos e sua verdadeira participação na formulação de politicas técnicas que visem o soerguimento do basquetebol. Temos de descruzar os braços antes que outros interessados na modalidade os amputem de vez.Quem tiver peito e ideais que dê inicio à retomada de nossos verdadeiros caminhos.De minha parte venho
de muito trilhando esse quase solitário caminho, o de contestar sem medo o que vem sendo perpetrado contra o basquetebol.Portanto,mãos a obra,mudem conceitos!



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