UNIFORMIZAR A FILOSOFIA…

Agora é a vez dos rapazes.Reunem-se por dez dias,para entre outras coisas se submeterem a uma “uniformização de filosofia de treinamento e jogo”.Trocando em miúdos,serão submetidos a essa coisa que grassa no seio de nosso basquetebol nos últimos 20 anos e que só nos tem levado para o fundo do poço. Por que não reunir os técnicos, os verdadeiros, os que realmente entedem o jogo, os antigos também,por que não? Foram da época em que fomos campeões de tudo, que dificilmente perdíamos,quando jogavamos basquetebol, para em rodadas de discussão democrática nos ajudassem a reencontrar o caminho perdido? O que veremos é essa turma globalizada,que venera a NBA e sonha com ela permanentemente, que sequer se preocupa em pesquisar o que fomos, o que fizemos e o que conquistamos. Turma essa que qualifica nosso maior cestinha como o melhor jogador brasileiro de todos os tempos, e sequer avalia o fato de que o mesmo jamais jogou para uma equipe,e sim que as equipes jogavam para ele, queiram ou não seus mais ardorosos defensores, e que este fato não o desqualifica perante seu extraordinário poder ofensivo,mas que não pode ser definido como um parâmetro do coletivismo que caracteriza o jogo. Testemunharemos a continuidade do que aí está,medíocre,colonizado e profundamente anacrônico. Teremos nossos longilíneos e velozes pivôs encaminhados a técnicas de musculação, ditadas por gente que se intitula expert na formação de massas disformes, porém adequadas aos sonhos de batalhas em baixo das cêstas, em cópias canhestras dos pivôs americanos e alguns europeus.Se seus ainda frágeis joelhos aguentarão é outra conversa, pois não é atôa que a maioria das contusões de nossos pivôs se localizam nos joelhos. Veremos nossos talentosos armadores se transformarem em passadores de bola e corredores de maratonas em quadra,estando permanentemente fora do fóco das jogadas,mas centrados em suas performances de cestinhas.Pior para os alas,que se manterão na situação de indefinição tática em um sistema de jogo que delega aos mesmos as funções
de pontes,de passadores de bola e de arremessadores em desespêro de causa. Não é coincidência que na maioria dos estouros de tempo de posse de bola a mesma esteja
nas mãos de um ala. Enfim, com essa atitude de “uniformização filosófica”, retira-se
das mãos dos técnicos desses jovens as possibilidades de que os mesmos tenham a oportunidade de testarem outros caminhos, outras soluções técnicas.Ficou estabelecido
em nosso país que somente um pequeno grupo de técnicos detêm os segredos e as verdades do treinamento, mas não é o que vemos nas seleções, onde armadores não armam
pois sequer sabem o valor do drible, alas que se progredirem com a bola tropeçarão na mesma e pivôs que por sua lentidão sequer se situam para os rebotes ofensivos,já que abrem para além da linha dos três pontos para servirem de passadores de bola.De defêsa então nem é bom falar.Uma preparação induzida a um sistema pré-estabelecido de jogo cheira a má fé,pois o contário é que deveria ser concretizado, a construção de um sistema de jogo que aproveitasse as talentosas características desses jovens, e que as mesmas fossem desenvolvidas ao máximo em treinamentos de técnica individual e coletiva, o que de muito foi relegado em nosso país.O que interessa é o sistema, recurso covarde de técnicos despreparados e pretenciosos, que se acham donos de uma verdade que nem os grandes mestres ousavam requerer. Outro dia um jovem me escreveu pedindo uma orientação para a sua dificuldade de driblar com marcação rígida,e enviei a ele dois exercicios que tem por finalidade treiná-lo na arte de criar espaços onde aparentemente não existem, que é a chave dos grandes dribladores. Um dos motivos que
torna muito dificil o aproveitamento daqueles grandes jogadores do street ball americano pelas equipes da NBA, é o fato de que os mesmos somente criam esses espaços
executando o drible fraudulento,ou seja,aquele que é interrompido frequentemente em sua trajetória,a fim de dar tempo para as mudanças de direção e criação de espaços,como vem sendo aplicados por muitos de nossos armadores. Mas a febre do street ball já vem sendo incentivada entre nós dentro dos preceitos americanos,esquecendo nossos luminares que aquela forma de jogar visa exclusivamente o espetáculo, o aspecto financeiro e de sobrevivência de jovens marginalizados.Como seria formidável que a CBB reunisse os técnicos pare que os mesmos discutissem novos caminhos, que ensinassem os mais jovens e que formassem a ala desenvolvimentista de
nosso basquetebol.Creio, porém que já estou sonhando demais. A nossa realidade é essa que aí está, GO AHEAD PASSING GAME!!



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