É BOLA OU BÚRICA!

Ary Vidal sempre afirmava que o único assunto levado à sério pelos brasileiros era o jogo de bola de gude,onde era “ou bola ou búrica”.Perdeu,ficava sem as bolinhas,e ponto final.Pequeno exagêro à parte,tal afirmação fica bem perto da verdade quando o assunto é política desportiva.Na segunda-feira os destinos do basquetebol para os próximos quatro anos será definido em uma eleição de 27 votos!Realmente um prodígio de concisão em um universo de 180 milhões de almas.Técnicos,professores e atletas não chegam nem nas proximidades da urna,que é reservada a um grupo,no qual pode-se contar nos dedos de uma das mãos aqueles que praticaram o jogo.Mas,detêm um poder onde a moeda de troca já pertence ao folclore nacional.Viagens,mordomias,favores pessoais e políticos,uso de verbas nem sempre sujeitas a qualquer tipo de sindicância, apadrinhamentos e protecionismos descabidos,reinam em uma estrutura legada das capitânias hereditárias, onde falar de técnicas,organização esportiva,critérios de seleção e escolhas diretivas,soam como impropérios a ouvidos imunes a tais questionamentos.Usufruir benesses em troca de voto,se pensarmos bem é até vantajoso quando o número de premiados não chega a 30 interessados.Terrivel seria administrar um colégio eleitoral acima desse número, o que nos leva a uma conclusão otimista,ou seja,com um substancial alargamento de eleitores não haveria muita flexibilidade orçamentária para aquinhoar a todos,o que diminuiria em muito a troca de favores.Sem
dúvida nenhuma,o processo eleitoral de federações e confederações terá de ser reestudado,a fim de que os interesses técnicos da modalidade passem a ser o centro
da questão.No atual sistema basta que um grupo de 14 condôminos da coisa pública se
una, para que qualquer continuísmo se prolongue,até que melhores propostas sejam colocadas por baixo da mesa pela facção oponente,fator este que pode mudar o mandatário,mas mantém o sistema.A única saída no atual modus operandi é a conquista das federações,uma a uma,até o número da metade mais uma,necessárias às mudanças.
É luta para uma década,e que pode ser iniciada em uma ou duas federações,de preferência com soluções técnicas e administrativas que passem ao largo das utilizadas pela confederação.As Ligas poderiam dar partida a essa revolução,e o Paraná já está dando um significativo exemplo da exequibilidade desse processo.A grande Liga que ora se organiza,e que não terá apôio significativo por parte da CBB
se houver continuismo da atual diretoria,mesmo nessa situação poderia encontrar nas
federações os apôios negados ,bastando iniciar sua atuação pela regionalização de suas chaves,para um encontro dos finalistas em local que seria definido por rodízio a cada ano.Seria um começo menos ambicioso,mas seguro e factível ante às carências econômicas.Num breve espaço de tempo,e com o sucesso perante o público, o fator da representatividade nas seleções nacionais seria superado pela qualidade dos seusjogadores .A ameaça da não convocação dos jogadores de uma Liga independente é a mais poderosa arma de submissão que teria a CBB.Para vencê-la teria de existir por parte de todos os integrantes da Liga uma dose inesgotável de coragem e audácia,que são os ingredientes básicos de quem quer mudar alguma coisa de errado.Se houver mudanças e a situação perder,mesmo assim a Liga deveria dar partida em sua atuação com os pés solidadmente fincados no chão,pois as grandes conquistas sempre começaram por pequenas ações e sólidas lideranças. Mas,nesta segunda-feira nos armemos de um sadio otimismo,o mesmo que tinhamos quando meninos e bradávamos energicamente-“Bola ou búrica”!



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