ARMADILHAS PARA UM LÔBO

Algumas décadas atrás,em um Campeonato Panamericano,a Seleção Americana só passaria para a fase final se o Brasil vencesse Cuba por mais de 5 pontos.Ao final do jôgo,no último ataque,com nossa seleção seis pontos à frente,nosso armador”perde” a bola no meio da quadra dando aos cubanos a cesta que derrubou os americanos,para total desespêro dos mesmos no alto das arquibancadas.Juras de que fora um acidente de jogo,um desequilibrio,um escorregão,não demoveram os americanos de sua revolta,mas o certo ou não é que voltaram para casa mais cêdo. E foi desse acontecimento,somados à final Olímpica de Munique e a derrota nos Panamericanos de Indianápolis,que os levaram a desistirem dos universitários nas competições internacionais.No mundo atual do desporto esperteza é a arma mais comumente utilizada,em qualquer setor,seja administrativo,seja competitivo.E não seria uma atitude esperta conotar alta qualidade ao Torneio que acabamos de assistir nas Alterosas.Foi vibrante e festivo?Claro que foi.Emocionante?Em algumas ocasiões.Técnico? Deixou muito a desejar,principalmente pelos arremedos de seleções que enfrentamos.Senão vejamos:A Canadense,desfalcada de 4 ou 5 jogadores que competem na NBA,e que certamente estarão em S.Domingos,e que após um primeiro jogo depois de 27 horas de viagem,venceu os americanos e endureceu conosco. Os argentinos,com uma seleção secundária,já classificada para o Mundial,e que tinha como função primordial “sentir”os possiveis adversários que lá chegarem,uma atitude esperta,mesmo que consideremos a rivalidade entre nós.Uma Campeã Mundial e Olímpica tem de se precaver e se guardar para quando for para valer.Os americanos,que tentam adaptar seu modo de jogar às regras internacionais,compareceram com uma equipe de jogadores que atuam na Europa e na Asia
sob a influência da FIBA,e demonstraram que ainda terão de apreender muita coisa,principalmente quanto às faltas pessoais,se quiserem voltar ao tôpo internacional.Quanto a nós,alguns aspectos saltam aos olhos,principalmente no modo de atuar.Ficou bastante claro que a produtividade e a segurança de jogo aumentava significativamente quando atuavam com dois armadores e homens altos rápidos e saltadores.Essa formação garantia os rebotes defensivos,ponto inicial dos contra-ataques,e dava maior dinamismo à defesa,fosse individual ou zona,pois em ambas os armadores pressionavam no perimetro permitindo atitudes interceptativas por parte dos homens altos,inclusive na marcação à frente dos pivos adversários.Foi um ponto altamente positivo. Por outro lado, quando na formação com um unico armador,
previlegiando-se a estatura da equipe,constatava-se uma queda na qualidade do drible e dos passes,obrigando os homens altos a sairem da zona restritiva para atuarem no perimetro,prejudicando os rebotes ofensivos.A defesa ficava mais lenta e mais suscetivel aos arremessos de meia distância dos adversarios,fator que propiciou algumas situações de dificil solução para a equipe.Também ficou provado,que em algumas situações em que a velocidade e a precisão fossem necessárias,a adoção de três armadores demonstraram quão eficiêntes podem ser,apesar da fragilidade dos adversários.Na verdade,ficou a seleção exposta negativamente quando atuou nos moldes dos adversários,quando praticou o mesmo sistema de passing game padronizado.Venceu e se distanciou nos placares quando atuou com a bola sob dominio,em velocidade,no drible inteligente e na marcação pressionada e insistente.Enfim,nos poucos quartos em que teve a coragem de inovar,de fugir um pouco de situações pré-estabelecidas fora da quadra, conseguiu dilatar os placares e demonstrar tacitamente que podemos,ainda que timidamente,sair dos sistemas coreográficos que insistentemente ainda se fazem presente.No momento que nosso técnico derrubar a pequena barreira que sistematicamente o separa de seus atletas,uma reluzente e pétrea prancheta,que tocá-los,olhar permanentemente nos olhos,sem desvios,que lhes falar direta e incisivamente,e que não permitir que assistentes o interrompam ou cutuquem seus ombros na ânsia de falar o que somente ele tem autoridade para falar,pois é o comandante,o responsável pelas táticas e estratégias a serem seguidas por todos. Para discussões existem os treinos,que é o lugar dos acêrtos e das dúvidas,e não a quadra de jogo.Aqui em nosso país,na presença de torcida e pelas redes de televisão
vemos todos os técnicos da comissão em pé ao lado da quadra darem instruções quando a regra internacional proibe tais manifestações,só liberando tais atitudes ao técnico da equipe,e mais ninguém.Quando de um pedido de tempo toda a comissão se reune em um debate,e quando o tecnico,como o porta-voz do combinado se dirige aos atletas se vê interrompido pelos demais,numa prova de que o que fora estabelecido não tinha razão de ser.Essas atitudes até agora aceitas,tendem a minar sua autoridade,principalmente
quando nas situações de decisão que enfrentará,sem dúvida nenhuma,no transcorrer
das competições que advirão.Isso tem de ser corrigido para que a equipe se una em torno de seu chefe,e não de chefes,que como ja afirmaram,têm “visões diferentes” dos problemas.O comando é que define a visão, e é o único responsável por ela,pois comando não se divide,se exerce.Corrigido isto,poderemos ter uma boa Seleção.



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