Hoje tive o desprazer de ler uma entrevista dada pelo presidente do CREF da 1ªregião,em sua própria revista intitulada “Profissional ou Professor de Educação Física?”.Longa e ardilosa,propõe uma linha de conduta cuja culminância atinge dois pontos, que para ele deverão ser as metas prioritárias a serem atingidas.Primeiro,a conquista legislativa:”Para conseguirmos espaços no mercado e evitar que nossa profissão seja constantemente questionada,precisamos ser fortes no legislativo,e temos que eleger nossos políticos com votos da categoria”.Ou seja,propõe uma bancada que garanta seus interesses hegemônicos,através de leis protecionistas,numa cópia de bancadas estabelecidas nos ramos do transporte público,dos evangélicos,dos ruralistas,etc,etc…Realmente uma ação do mais puro ideal educacional e patriótico. Segundo,uma jóia de apropriação indébita:”…precisamos que o CONFEF adote o exame de suficiência para exercer a profissão”.No inicio da”entrevista” o presidente discorreu sobre o panorama da Educação Física no Brasil pós-Cref,afirmando “…que esse crescimento está desordenado,principalmente na formação acadêmica,com o crescimento de oferta do mercado e a retirada dos leigos(oportunistas) que sempre fizeram da EF um bico.Além dos despreparos técnico,ciêntífico e pedagógico,houve um aumento da demanda em todos os níveis das academias,clubes,escolas,escolinhas desportivas,da formação até a especialização”.Mas não declarou as dezenas de cursos,com centenas daqueles mesmos leigos que mencionou,organizados pelo Confef pelo país afora,para
qualificá-los na profissão e estabelecer a massa crítica inicial a seus objetivos,cursos estes de baixissima qualidade e duração insignificante quando relacionados à formação acadêmica.Depois de enumerar o inchaço de ofertas de cursos
de formação universitária,que levará a uma saturação no mercado de trabalho a começar em 2006,afirma na maior candura:”Em termos de formação,as piores possiveis,pois não temos docentes qualificados para formar profissionais com o minimo de qualidade”.Mas afirmo que os temos para formar docentes,professores,pedagogos,didátas,mas não profissionais de EF.Mas o pior veio mais adiante,quando aborda problemas no poder executivo.”A nivel nacional,são as constantes investidas do Colégio Brasileiro de Ciências no Esporte que,a todo custo,tenta fazer com que o CNE delibere para que a EF
retorne a ser uma profissão da educação e saia da área da saúde,uma posição que tem o único objetivo de enfraquecer nossa categoria junto à sociedade e,pior ainda,é um retrocesso a conceitos antigos e autoritários,dignos da mais perversas ditaduras fascistas,que separam saúde de educação(…)Na verdade,e isso é sempre bom dizer,que é um pequeno grupo de privilegiados colegas que sustentam o CBCE com verbas oriundas do orçamento da União,que desejam manter seus privilégios e dominio da EF,submetendo a categoria,unica e exclusivamente,ao trabalho em escolas”.Mas engraçado,pois não me consta que o CBCE tenha sedes luxuosas como o CONFEF e o CREF,alvo inclusive da cobiça de assaltantes em ação recente.Um engano monumental é cometido pelo entrevistador-entrevistado,ao mencionar o caráter fascista de ditaduras que separam saúde de educação.Elas,todas elas,primavam exatamente pelo eugenismo,como ação mantenedora de seus propósitos(EUGENIA,s,f.Ciência social,que se ocupa do aperfeiçoamento das qualidades físicas e mentais do homem.),no qual Saúde e Educação
eram tratadas equanimimente,mas dentro de suas áreas de atuação específica.A queda das mesmas, em muito foram influenciadas pelo desequilibrio ocorrido entre as duas
correntes e suas consequentes manipulações politicas.O que não se pode conceber ao lermos tal “entrevista” é o fato inconteste da escalada de um grupo por sobre um mercado milionário,de conotações empresariais e absolutistas,querer sacramentar
o total dominio da formação acadêmica,ao retirar da mesma a aprovação final de seus
formandos,submetendo-os a exames de suficiência,cujo único objetivo é o de desqualificar permanentemente a função maior de preparar jovens na arte de ensinar.
No último Plano Diretor da UFRJ já se propugnava o retôrno da EF para a área das Ciências Humanas,a partir do momento que a área da saúde nada mais tinha para retirar do curriculo original da EEFD,tanto em graduação,como em pós-graduação,pois não podemos esquecer que dos dois cursos de mestrado com avaliação”E” do CCS,o de EF e o de Ginecologia,foi salvo este último,deixando o de EF ser extinto sem dó nem piedade.Seria a hora desse retorno,para o lugar de onde nunca deveria ter saído,para o lar de formação dos mestres e professores,e não como os infelizes paramédicos que estagiam em suntuosas academias para enriquecimento de alguns,sob o manto protetor dos Crefs nesse imenso país.Educação Fisica e Desportos é um dos fundamentos básicos para a educação integral do cidadão,dentro das escolas, em todos os níveis de escolaridade,e que com boa vontade e disposição política,poderia chegar ao grosso da população,beneficiando-a eficientemente.Um CREF qualquer não tem escopo técnico e pedagógico para sabatinar egressos de faculdades direcionadas para o ensino e a educação,nos quais o livre pensamento e democratica atitude professoral não pode ser direcionada a interesses eleitoreiros,pragmaticos e eminentemente comerciais.Que fiquem no comando e controle daqueles leigos oportunistas que qualificaram às carradas no país,e que não ousem penetrar na formação acadêmica de licenciados em EF,pois não têm competência e preparo para tal.A volta da EF para as Ciências Humanas é o único caminho possível ao restabelecimento de um êrro histórico.Professor não é profissional de EF.Professor é função básica e indivisível para qualquer nação que se preze.É ciência,é pesquisa,é ensino. Cuidem dos altos negócios, que de educação cuidamos nós.