UM FIO DE ESPERANÇA.
Na reta final desse tumultuado Campeonato Nacional,constatamos com um fio de esperança uma tímida mudança tático-ofensiva em,até agora,tres equipes,duas das quais já avançaram para o hexagonal semi-final.Uma outra,o Uberlândia ficou pelo caminho punida pela ausente vontade defensiva de seus integrantes,apesar da mudança ofensiva que aponto como altamente benéfica ao nosso basquetebol,a utilização efetiva de dois armadores em seus sistemas profundamente arraigados no passing game.A simples presença de dois especialistas nos dribles,fintas e passes,por si só melhoraram,e muito,a qualidade ofensiva de suas equipes,mesmo,repito,engessadas pelo terrivel PG.Ribeirão Preto,e principalmente Rio Claro,demonstram o acerto da mudança,que seria muito mais efetiva se os armadores atuassem mais juntos e sempre fora do perimetro,evitando a vinda de um dos homens altos para esse setor a fim de efetuar corta-luzes,retirando-o do setor interno,onde sua eficiência,principalmente nos rebotes é fundamental.As equipes ganharam em velocidade e efetiva posse de bola,onde os armadores evoluindo em dribles,fintas,passes curtos e incisivos, propiciavam aos homens altos mais proximos a cesta condições efetivas de pontos,e retomadas de bolas,assim como recuperou-se os já quase esquecidos arremessos de 2 pontos,mais seguros e com maiores possibilidades de acerto quando comparados estatisticamente com os de 3 pontos.Estes,tornaram-se mais efetivos por serem executados por aqueles que realmente são especializados,e pouco vimos os pivôs se aventurarem no mesmo como até bem pouco tempo.Essa tendência,reafirmo,tímida,ficou bem acentuada no jogo de hoje entre o Paulistano,arraigado ao sistema vigente,e o Rio Claro,que optando por uma equipe mais leve,com dois armadores puros,dois alas ágeis e velozes,e um pivô com boa mobilidade,apesar do fisico avantajado,evoluiu e envolveu seu adversário com um jogo incisivo e baseado no drible inteligente e nos passes curtos e seguros.Mas como a formação estratificada de um armador dois alas e dois pivôs(alcunhados de 4 e 5)ainda
se mantêm em função de um repertório imutável de jogadas,as quais denomino de coreografias,o outro armador,na disposição inicial de um ala,torna a distância entre os mesmos muito grande,forçando o primeiro a efetuar o passe mais absurdo do jogo,o passe paralelo à linha final,indefensável se interceptado,além de retardar a ajuda permanente ao colega quando de uma dobra defensiva.Essa grande distância ainda retira dois dois as possibilidades de ações de envolvimento defensivo,tais como corta-luzes
e dá e segues entre os mesmos,estabelecendo supremacia numérica em qualquer ponto do perimetro.Essas ações,quando completadas por um dos homens altos dentro do perimetro
são as armas mais eficientes para a consecução de arremessos e finalizações curtas com um minimo de passes e um máximo de eficiência.O jogo interno,propicia com certeza
as melhores oportunidades de arremessos de 3 pontos,com tempo suficiente para serem executados com equilibrio e pouca anteposição defensiva,pois os especialistas receberão os passes de dentro para fora do perimetro,com grandes chances de encontrar os defensores preocupados comos bloqueios dentro do garrafão.Se a opção determinante de voltarmos a utilizar dois armadores se tornar abrangente,se fará necessário o abandono total das firulas estratégicas que nos tem estrangulado nos últimos 20 anos,onde jogadas “punho”,”polegar”,”coc disso e coc daquilo”,somadas a sinais sobre a cabeça,ombros e outros,darão lugar a um trabalho conjunto de aparentes e dicotômicos setores,estabelecidos pelos armadores fora do perimetro e os outros 3 homens dentro do mesmo,onde a junção e participação se fará presente nas infinitas
possibilidades auferidas pelos dribles,fintas ,passes,corta-luzes,dá e segues,
arremessos curtos e de 3 pontos,retomadas e bloqueios,os fundamentos enfim,que de tão esquecidos se tornaram folclóricos para muitos de nossos craques.A retomada do jogo interno com deslocamentos permanentes dos homens altos,através trocas de posição e permanente anteposição ao sentido da bola,permitirá a recepção de passes em movimento
obrigando os deslocamentos defensivos,chave mestra na criação dos espaços necessários
a uma boa e efetiva ação ofensiva. Esses 3 homens em constante movimentação,
alimentados por dois ágeis e técnicos armadores,darão a qualquer equipe que adotar
o sistema um permanente repertório de jogadas,que se amoldarão aos mais variados comportamentos defensivos,observados antes ou durante o jogo.Mas para tanto,será necessário que nossos técnicos abram mão de suas pranchetas pseudo-mágicas,e se lancem de corpo e alma na análise um jogo possuidor de uma característica ùnica entre os jogos,a de que definições ofensivas e defensivas são determinadas pela proximidade eminentemente física,onde o contato dos corpos mais se fazem presentes,e que os mesmos têm de estar e serem preparados para o embate inteligente,imprevisível,e por isso mesmo extremamente complexo.Nenhuma prancheta e seus rabiscos jamais poderá se aproximar da realidade de dentro de uma quadra,mas as inteligências inseridas dentro e fora da mesma,estas sim,determinarão o sucesso ou insucesso de uma equipe.Manter uma equipe em constante movimento,com posse efetiva da bola,agindo em uníssono,mas respeitando as individualidades nos momentos de decisão,são fatores definidores de um grupo treinado e coêso em torno dos fundamentos,do auto-conhecimento,e do apôio
tático e estratégico dado por seu técnico,nos aspectos ofensivos e defensivos.As mudanças,como afirmei,tímidas,que se fazem agora presentes em algumas de nossas equipes,nos dá esperança de melhoras,principalmente tão próximos que estamos de uma competição básica para nossas pretensões futuras,o Campeonato Mundial,classificatório para as Olimpíadas.Torço para que mudemos para melhor,pois já se faz tardia tal
modificação em nosso combalido basquetebol.