O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 10/10

Que executar um corta-luz ou um bloqueio requer bons conhecimentos de mecânica corporal,
sentido espacial,e principalmente atitude tática.Se deslocar com os braços juntos ou cruzados ao corpo, sugerindo ausência de intenções à faltas pessoais, mas deslocando o corpo no sentido do adversário visando cortar seu caminho, caracteriza não somente o ato faltoso, como anula qualquer vantagem conseguida por seu companheiro de jogada, pois a supremacia numérica no desenlace do movimento deixa de existir. A atitude mais comum em nosso basquete, e já bastante generalizada em todas as categorias, é a saida rápida de um dos pivôs para a além da linha dos três pontos, ao mesmo tempo em que o armador ou ala de posse da bola cruza com o mesmo em um movimento também muito rápido, no momento em que o pivô exerce um movimento blocante quase sempre em movimento, sobre o marcador do companheiro que dribla. Dois são os erros cometidos, o da movimentação do pivô se caracterizar em falta pessoal, e o armador seguir em frente marcado após a troca. O corta-luz corretamente executado propicia o bloqueio duplo dos dois defensores envolvidos na jogada, originando o escape livre do driblador, ou a fuga do bloqueador para a recepção do passe, e muito aquém do que se tornou lugar-comum, os movimentos podem, e muitas vezes devem ser lentos na construção do corta-luz, e rápido em sua finalização. Em outras palavras, o driblador deve encaminhar seu marcador lenta e pacientemente numa direção, ou local, em que ocorrerá o encontro com seu companheiro, de tal forma que o mesmo numa movimentação de pés em compasso, tanto prenda o marcador de seu companheiro, como junte ao mesmo o seu proprio marcador. Para tanto, o driblador ato antecedente ao bloqueio mudará de direção, de tal forma que passe rente ao seu companheiro, originando dessa ação duas variáveis.A primeira, quando em velocidade de explosão mantiver os dois defensores atrás de si, permitindo sua livre investida à cesta. A segunda, raramente utilizada entre nos, quando o bloqueador ao se situar entre os dois defensores investir ele mesmo em direção à cesta concomitante ao passe executado por seu companheiro por cima daqueles. O primeiro corta-luz denomina-se “por fora”, o segundo,
óbviamente “por dentro”. São movimentos que não necessitam velocidade inicial, e sim em seu desfecho. O dominio espacial nesses sutís movimentos constitui o cerne do corta-luz bem executado, pois não são todos os jogadores que o possui, e quase nenhum sequer sabe utilizá-lo e desenvolvê-lo. O posicionamento futuro dos defensores em um trecho da quadra de jogo é o fator predominante para o sucesso de um eficiente corta-luz, e cabe em grande parte aos dois atacantes envolvidos no mesmo o direcionamento dos defensores no sentido da ação pretendida.
O ponto futuro tão importante nos passes, encontra na construção de um corta-luz sua dimensão maior, pois envolve destreza no drible, na finta, no bloqueio e no passe. O movimento em forma de compasso exercido pelo responsavel nos bloqueios será sempre antecedente à movimentação do driblador, e nunca concomitante, pois dessa forma estará se movimentando
no momento do bloqueio, o que caracteriza a falta pessoal. Por essa razão, o dominio espacial se torna fundamental, pois antecede a jogada que está sendo conduzida pelo driblador. Outrossim,
essas movimentações podem e devem ser estabelecidas quando o corta-luz for realizado por dois jogadores sem a posse de bola. Jogadas do lado contrário a posição da bola deveriam SEMPRE obedecer a mecânica dos corta-luzes, sejam por dentro, ou por fora. Uma equipe bem organizada e treinada executará com eficiência, e muitas vezes ao mesmo tempo corta-luzes em
situações antagônicas, dando a mesma um poder de ataque em que os marcadores dificilmente possam flutuar defensivamente, preocupados pela constante movimentação à sua volta. O bloqueio simples difere num ponto dos corta-luzes, ele é sempre realizado por dois jogadores sem a bola, geralmente no âmago do garrafão, e quase sempre em movimentação sagital à cesta.
A função do bloqueio é a de retardar por uns momentos a ação defensiva, e não a anulação da mesma. Esse retardo pode propiciar um bom passe de fora para dentro do garrafão, e muitas vezes um bom atacante pode se utilizar de um outro marcador desvinculado visualmente de si para, num breve,porém rápido deslocamento lançar seu proprio marcador nas costas do mesmo,
obtendo dessa forma de bloqueio espaço para sua jogada. O principal elemento técnico para quem exerce o corta-luz é o amplo posicionamento, o maior possivel, de seu corpo e pernas, no intuito de oferecer o maior obstáculo possivel aos marcadores, assim como, a maior qualidade que se exige ao driblador, ou não, envolvido na ação, é o de aproveitar ao máximo as possibilidades que em frações de segundo se apresentam em sua consecução. A atitude tática, envolve basicamente o perfeito controle que possa ser exercido por sobre as variações nas velocidades de deslocamento, antes, durante e após o corta-luz, que se aproximará da perfeição
quando construido com lentidão, desenvolvido com inteligência e concluido em velocidade. Mas,
a maior qualidade dos corta-luzes para uma equipe, é grande possibilidade que os técnicos têm de desenvolver bons e efetivos exercicios aproveitando suas particularidades técnicas, as quais representam o ápice dos conhecimentos fundamentais do jogo, sem os quais nenhum jogador pode se considerar efetivo para sua equipe. Com esse artigo encerro essa série sobre fundamentos básicos. Oxalá tenham um bom proveito em seus treinamentos.

TÉCNICOS E…TÉCNICOS.

Num recente artigo em seu blog Databasket,o grande jogador Marcel e hoje técnico, expõe com muita propriedade seu posicionamento ante os critérios de convocação da seleção brasileira para os campeonatos que ora se avizinham,dentre os quais o Mundial. A convocação de alguns jogadores que atuam no exterior em ligas menores em detrimento daqueles que atuaram na NLB,numa atitude vingativa ante os últimos e tristes acontecimentos que envergonharam nosso basquetebol, mereceram ampla critica,assim como os comportamentos nada éticos dos selecionadores nacionais,acusados de se utilizarem de suas posições para montarem equipes vencedoras em suas agremiações, e de não convocarem aqueles que recusavam tais propostas. Também criticou veementemente as agremiações que se colocaram ao lado da CBB, numa hora em que a união de todas poderia ter desencadeado profundas mudanças em nossos campeonatos e na administração técnica do basquetebol nacional. Foi uma atitude corajosa de quem sempre propugnou pela independência de suas opiniões e atitudes.No entanto, um certo ranço de mágoa,ao não ser nunca lembrado para a direção de seleções nacionais, desejo a muito externado, deixou no ar dúvidas de dificeis respostas, já que repletas de emoção e alguma raiva.
Se está com a razão,só o tempo dirá, mas salta aos olhos o grandíssimo poço que se antepõe nas relações inter-pares, nas quais a total ausência de entendimento torna-se o grande óbice em nosso combalido basquetebol. Enquanto recolhidos em suas redomas, na permanente negativa de congraçamento e trocas de experiências, na luta subterrânea que travam por melhores posições e oportunidades profissionais, no lamentavel uso de instrumentos de midia em criticas unilaterais, nos comportamentos anti-desportivos ao lado das quadras,com pressões descabidas sobre árbitros e delegados, no uso de palavreado chulo e imoral dirigidos a audiências juvenís
em todo o país, na teimosa e pouco inteligente utilização de um sistema de jogo globalizado e paralizante, na perene e covarde negativa de investir em novas atitudes técnicas e táticas,
optando pelo status do menor esforço, no endeuzamento conveniente de jogadores desprovidos de um minimo de ética, educação e amor ao país, na ausência de bom -senso e humildade,os técnicos desse enorme país não terão a minima chance de soerguer condignamente o basquete
brasileiro. Afirmo e reafirmo o que disse nos 40 e tantos anos participando da grande luta, que sempre tivemos ótimos,bons,maus e péssimos dirigentes, assim como fases gloriosas e de insucessos, mas até 20 anos atrás tinhamos, como espinha dorsal, um sem número de excelentes técnicos formadores e líderes de equipes, e que de certa forma se respeitavam e não se negavam ao diálogo e a novas idéias, numa anteposição ao que se manifesta nos dias atuais,
onde o mérito deu lugar ao mais deslavado QI, e onde o nóvel jogo do Tapetebol se faz presente
amiúde. Nosso grande Marcel ainda tenta em seu ótimo blog abrir um pouco as mentes engessadas de nossos técnicos publicando artigos sobre o Sistema de Triângulos, uma formula diametralmente oposta ao que se aplica massivamente em nossas equipes de todas as categorias
assim como tento fazer aqui nesse blog algo correlato, mas com outro enfoque, assuntos estes que deveriam ser um lugar comum entre todos os técnicos do país, se de alguma forma se unissem em torno de um ideal e de um compromisso ético,evolutivo e profundamente democrático. Cansativa e repetitivamente afirmo, que somente os técnicos poderão salvar o basquete brasileiro, pois são aqueles que ensinam,divulgam,promovem estudam,dirigem,
controlam e orientam os jovens em direção ao cerne do grande jogo,o basquetebol. Faz-se e torna-se urgente o ressurgimento de uma associação nacional de técnicos, fora de parâmetros coercitivos de CREFS e congêneres,que nada mais querem senão taxas e emolumentos anuais,
assim como a manutenção de seus rentáveis cursos de atualização e certificação de leigos, como também a formação de bancadas políticas estaduais e federais, culminando com a pretensão criminosa de exercerem o direito de testagem aos egressos dos cursos universitários,numa intromissão absurda nas licenciaturas. Urge um basta a estas atitudes, assim como se torna de fundamental importância a união dos técnicos, na busca das formulas que salvem e soergam o
basquete em nosso país. Como um dos fundadores das duas primeiras associações brasileiras,a ANATEBA e a BRASTEBA, me coloco,desde já, na linha de frente dessa luta, que pelo menos deve ser tentada.O que têm todos a dizer?

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 9/10

Que marcação,ao contrário do que muitos apregoam ser constituida de 10% de técnica e 90% de disposição, é exclusivamente para quem sabe.E o saber marcar constitui-se em doses maciças de técnica,muito treinamento e coragem, fatores sem os quais,nenhuma vontade e disposição os podem substituir. Técnica,porque exige do jogador o mais profundo conhecimento de suas valências físicas, comportamentais e psiquicas, o mesmo quanto ao conhecimento de seus adversários. Muito treinamento, consumindo uma enorme quantidade de tempo, transformando-o em anos de prática e dedicação extrema. Coragem, pois somente aqueles que admitem sem restrições as duas exigências anteriores, poderão ostentar a bandeira de bons e eficientes defensores.Outra falácia, transformada em regra geral, é a de que marcação por zona pode ser exercida por jogadores de média ou baixa eficiência defensiva, aspecto que pode ser absorvido e diluido por entre os componentes da equipe.Nada mais absurdo, pois uma marcação por zona só alcançará ótimas prestações defensivas na direta proporção da qualidade de seus executantes, ou seja, somente um ótimo marcador individual poderá ser eficiente numa defesa por zona. Por conta desses enganos,muitas gerações de jovens atletas foram mal, ou nem mesmo
iniciados na arte de defender, sendo destinados desde muito cedo, a constituirem-se em defensores por zona, o mais primario artificio de uma grande maioria de técnicos em seus sonhos
de vitorias rápidas e pouco trabalhosas. Se a defesa individual fosse a única aceita até a categoria de infanto-juvenis, muito se avançaria no dominio das técnicas defensivas, e obrigaria os técnicos a estudarem melhores didáticas e principios pedagógicos na arte de ensiná-la. Mas este é um assunto que já tratamos à exaustão em artigos anteriores. Então, vamos dar um giro pelo mundo do bem marcar. Artigo primeiro- JAMAIS acompanhe com os olhos as partes do corpo do adversário que possam se mover em grande velocidade, tais como braços, pés e principalmente os olhos. Fixe sua atenção no tronco,que é o segmento menos dinâmico, em visão angular, deixando a visão periférica no controle dos demais jogadores, e das jogadas que estão em curso. Artigo segundo- EM HIPÓTESE ALGUMA cruze as pernas quando em deslocamento ante um adversario que dribla ou se desloque sem a bola proximo à cesta. O posicionamento sequenciado com as pernas afastadas e os quadris o mais próximo possivel do solo, por si só oferece ao adversario uma grande área a ser superada, necessitando para tal uma ação de contorno, dando ao defensor precioso espaço para a interceptação. Com a ação conjunta de todos os defensores dentro desse posicionamento, muitas dificuldades se somarão aos esforços dos atacantes. Artigo terceiro- NUNCA se afaste de um atacante de posse da bola, principalmente driblando, pois a flutuação à distância propicia ao mesmo facilidades no passe, na finta e mesmo no arremesso. Artigo quarto- Se for ultrapassado em qualquer ponto do perimetro defensivo,corra o mais rápido que puder para dentro do garrafão, tornando-se apto nessa nova posição de cobrir o defensor que se apresentou na marcação do atacante que o superou. Artigo quinto- Ao marcar o pivô adversário faça-o sempre pela FRENTE, obrigando os demais atacantes a se utilizarem de passes em alta elípse se o quiserem acionar.O passe em elípse, por força de sua trajetória torna-se lento e passivel de interceptação. Artigo sexto- Quando em deslocamento ante um contra-ataque, mantenha seu ombro o mais próximo possível do ombro do adversário, evitando as trocas de direção e o perfeito dominio da bola. Artigo sétimo- Ao marcar um pivô pela frente movimente-se de tal forma que obrigue o mesmo a sair o máximo das posições perto da cesta,inviabilizando-o de participar das jogadas que o tenham como base. Artigo oitavo- Se na marcação à frente for superado por um passe em cobertura, gire o mais rápido que for possivel para dentro do garrafão, tornando-se apto a uma nova ação defensiva ao reequilibrar a supremacia numérica alcançada pelo adversário. Artigo nono- NUNCA perca de vista a bola, em circunstância nenhuma, pois esse é o unico meio de antever toda e qualquer ação ofensiva do adversário. Artigo décimo- Doe-se com determinação nas ações de anteposição e interceptação, que somadas às corretas técnicas adquiridas pelo árduo treinamento,o tornarão de verdade num excelente defensor. Os artigos acima descritos deverão ser obedecidos com rigor e disciplina, pois dependerão deles o sucesso defensivo de sua equipe, principalmente se numa mudança tática se utilizar de uma defesa por zona, na qual os rigidos parâmetros exigidos na marcação individual a tornará de dificil superação. A conclusão óbvia a que poderemos chegar, é a de que somente pode exercer uma poderosa defesa aquele jogador que domine os principios técnicos da mesma,e a domine através longo e penoso treinamento.Em síntese, só marca quem sabe, não bastando somente a vontade de fazê-lo. Disposição física faltosa não pode ser confundida com técnica defensiva. Jogador que a possui não sai do jogo pelas 5 faltas pessoais. E se não a possui, não deveria participar do mesmo. Jamais deverá esquecer que uma boa e treinada equipe começa pela defesa. Treinem arduamente a defesa,para serem dignos de atacar. No próximo artigo encerro a série.Até lá.

EQUÍVOCOS

Após um tenebroso inverno,onde liminares imperaram,com idas e vindas diretivas no comando da CBB,e com um total silêncio sobre o que realmente vem acontecendo nos bastidores soturnos do nosso basquete,eis que de repente tivemos a convocação das seleções masculinas,e logo duas,para as competições importantíssimas que se aproximam.Como possuimos um elenco de formidáveis jogadores,podemos nos dar ao luxo de termos “a priori” duas seleções.Uma para o Sul-Americano,e outra para o Mundial.Esta,com os oito jogadores classe A, e a outra com os dezoito classe B. De saida,a turma B já fica sabendo que disputará 4 ou 5 vagas, dependendo dos humores do pivô Nenê e sua beligerância com o grego melhor que um presente. Serão 18 jogadores se engalfinhando por 4-5 vagas, para terem a honra de adentrarem no círculo do clube A,onde inclusive,um dos armadores já externou seu desejo de jogar na posição 2, que é a mesma do outro armador convocado, e grande estrela de sua equipe na NBA. Este, humildemente declara em sua entrevista no blog REBOTE que aceitaria voltar a jogar de 1, que foi onde começou.Como vemos, bem antes de qualquer treinamento, ou declarações dos 4 técnicos da seleção, jogadores já definem suas posições táticas na equipe.Esse mesmo jogador já teria dado uma declaração à imprensa,na qualidade de auto-representante do grupo,dando um ultimato ao rebelde Nenê,de que somente seria aceito no grupo fechado se se enquadrasse a determinadas
normas. Mas como o Sul-Americano é uma competição menor,nenhum luminar da turma A se dignará a trocar figurinhas com a turma B, pois da mesma somente 4-5 jogadores poderão almejar uma promoção, e mesmo assim como terceiras opções.Mas se olharmos e analisarmos com absoluta isenção os integrantes das duas turmas selecionadas,poderemos com grande dose de certeza avaliarmos,que ante padrões de alta técnica,somente 3 jogadores da turma A se diferenciam dos demais,Leandro,Varejão e Spliter.Seriam 4 se o impasse Nenê estivesse resolvido e equacionado. Os outros 4-5 se situam no mesmo patamar da turma B,correndo o real perigo de serem suplantados por ela.E que estes 3 jogadores sempre se situaram num patamar,não somente de alta capacitação técnica,como,acima de tudo,ética. E que,finalmente,
essa dupla convocação nada mais representa do que um falseamento de nossas reais possibilidades,pois situa aprioristicamente a idéia de que já possuimos uma equipe para o Mundial,que receberá sua complementação advinda do Sul-Americano,e que somente os posicionamentos das grandes estrelas da turma A realmente definirá a constituição da mesma.
É um perfeito lava-mãos pilatiano,inteligentíssimo aliás,de uma comissão que desde já define quem serão os culpados se algo der errado. O grande equívoco,proposital ou não,é o de se perder a excelente oportunidade de definir uma seleção de 15, e não 26 jogadores, todos no mesmo barco das competições que ora se apresentam,para que no decorrer das mesmas possam se preparar em conjunto para a competição definidora de nosso futuro internacional,o Mundial. É incrivel, que uma comissão de 4 técnicos,unidos e afinados como sempre apregoaram(aliás,um deles,o mais inteligente, no recente hexagonal, desafinou dos demais ao apresentar um sistema de jogo audacioso e eficaz,mas em contrafação aos designios da comissão nacional de que faz parte), se deixem levar por um planejamento falho na saida do processo, ainda mais se levarmos em conta a pobreza técnica e de fundamentos observadas no interminado campeonato nacional.
Por tudo isso,tenho sérias dúvidas no nosso futuro,pois uma perigosa inversão está em curso,ou seja, jogadores definindo situações,quando o correto seria os mesmos se adequarem a situações emanadas de um planejamento inteligente,dirigido e desenvolvido por técnicos capazes e lúcidos.
Num país em que jogadores se transformam em técnicos da noite para o dia,dirigindo divisões adultas sem o estágio probatório e decisivo das divisões de base, tudo de errado pode acontecer,e vem acontecendo,para gáudio e continuismo dos gregos melhores que um presente.
Estou temeroso,e brado aos deuses para não ter razão.Amén.

O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 8/10.

Que tres são as condições para um bom rebote:colocação,dominio tempo-espaço e transposição de velocidade horizontal em vertical.Os dois primeiros pontos são básicos nos rebotes diretamente embaixo das cestas,e o terceiro ponto,quando são executados em deslocamento.Colocação é a alma de todo e qualquer rebote,seja defensivo ou ofensivo.Em ambos uma conduta se torna transcedental,a de que toda e qualquer movimentação na busca do melhor posicionamento deve ser realizada em contato,ou o mais próximo possivel,do corpo do oponente,atitude que afasta em grande parte a possibilidade de obstrução defensiva.Mesmo estando de costas para o defensor,o giro em torno e em contato com seu corpo possibilita a ocupação de espaços vitais,numa ação antecipativa de grande vantagem.Se essa técnica for empregada por atacantes e defensores,levará vantagem posicional aquele que mais se aproximar do oponente nas ações de mudança de direção ou giro em torno do mesmo.E todas estas ações sendo realizadas sem a perda da visão da bola,por um segundo sequer.Trava-se uma luta de movimentos rápidos e inteligentes,em espaços minimos,mas determinados.Com a conquista do espaço pretendido pela antevisão direcional do ressalto da bola de encontro ao aro da cesta,ou mesmo da tabela,uma exigência altamente técnica vem a seguir,o dominio tempo-espaço.Trata-se de uma maior ou menor percepção da trajetória estabelecida pela bola após os ressaltos acima descritos.São fatores diferenciados de jogador para jogador,onde alguns calculam com grande dose de precisão o tempo necessário para a captura da bola,saltando e conseguindo-a no ponto mais alto do ressalto.Outros se antecipam àquele ponto,conquistando-a sem saltar em seu máximo.O conhecimento antecipado dessas qualidades entre os oponentes caracterizam e definem estratégias de ação,que se bem direcionadas auferem grandes vantagens em um jogo.Uma forma efetiva de treinamento de rebotes somente necessita de um tosco tampão de madeira para o aro,e uma ou duas cadeiras.Se postando atrás das cadeiras alinhadas lado a lado,o técnico lança a bola na cesta,que por estar tampada oferecerá uma infinidade de trajetórias,ao mesmo tempo em que o jogador finta ou gira em torno das mesmas posicionando-se para o rebote.
Mais adiante,o mesmo exercicio realizado em duplas,trincas,quadras e quintetos,levará a todos a um salutar e evolutivo aprendizado dos rebotes.No entanto,um terceiro fator deverá ser incluido no preparo,a transposição de velocidade horizontal em vertical,principalmente para os alas que se lançam para os rebotes vindo de posições afastadas da cesta,e que em muitas oportunidades cometem faltas pessoais nas projeções ao corpo dos oponentes.Transformar a velocidade horizontal de que vêm possuidos em velocidade vertical,na qual as projeções referidas transformam-se em faltas pessoais,exige treinamentos especiais.Dois exercicios,por serem acessíveis a qualquer equipe,podem ser praticados.O primeiro,é a corrida de encontro a uma parede,que deverá estar protegida por um colchonete de baixo custo,próxima a qual o jogador deverá,num movimento sequencial estancar e saltar, numa progressão que deverá se iniciar aos 90cm,progredindo aos 80,70,até o limite de 50cm.da mesma. O segundo,idêntico ao primeiro,substituido-se a parede por uma rede de volibol,onde a transposição poderá ser realizada a menos de 50cm,no qual o jogador poderá atingir e desenvolver ao máximo tal habilidade.Um jogador treinado nas fintas e giros em contato com o corpo do oponente,capaz de otimizar seus saltos e evitar projeções horizontais,é um jogador que realmente domina a arte dos rebotes,ofensivos e defensivos,tornando-se realmente efetivo para sua equipe.E se seu técnico negligenciar tal treinamento,munindo-se de um pequeno tampão de madeira,duas cadeiras,um colchonete,e mesmo uma corda atada entre dois postes,e contando com um colega que lance a bola a cesta,todo e qualquer jogador poderá melhorar muito sua qualificação reboteira.Não custa nada tentar, quando muito como um exercicio de inteligência e imaginação.Mãos à obra.

LEIS?PARA QUE!

Esse árbitro quer é aparecer! Diga-me a quanto tempo não vemos reversão de lateral? Ele quer se destacar mais do que os jogadores, quer ter os 15 minutos de glória dele”. Esse foi um,de muitos comentários desairosos feito por um famoso narrador sobre o juiz mexicano que arbitrou um jogo do mundial de futebol nessa tarde.Ao final,o comentarista de arbitragens do mesmo canal,um tanto constrangido,teceu os melhores elogios ao trabalho exercido pelo juiz em questão, deixando no ar a duvida de quem tinha razão, se o narrador,se o comentarista de arbitragens,se o juiz que simplesmente aplicou as leis do jogo. Narradores em nosso país detem uma enorme parcela de poder sobre o imaginário popular,tanto por seus bordões,como por suas opiniões “abalizadas”, esquecendo na maioria das vezes suas responsabilidades na formação opinativa do enorme publico a que destinam suas mensagens. Jogos coletivos são regulados por regras,as quais devem ser obedecidas por quem joga, por quem arbitra, por quem assiste, e por quem narra. Regras são para todos aqueles envolvidos no jogo, pois somente dessa forma ele poderá transcorrer em ordem democrática. Comentei em um artigo recente as falhas e concessões que muitos árbitros do nosso basquete vem cometendo ao não penalizar jogadores que se utilizam da interrupção do drible e do não cumprimento dos 5 segundos a que têm direito para efetuar o lance-livre, como uma forma discutível e muito particular de falsear as regras do jogo, como se a eles coubessem a legislação das regras,e não tão somente a aplicação das mesmas. Se no futebol,a elevação de um dos pés invalida um lateral, tantas quantas as vezes que essa ação for
cometida,tantas reversões deverão ser anotadas, assim com0, no basquete,infrações devem ser anotadas
quando burladas as leis do drible e dos lance-livres. Cabe ao narrador transmitir da melhor forma possivel as nuances tecnicas e emocionais de um jogo,mas nunca endoçar,em nome de uma sua pretensa opinião do que deve ser ou não arbitrado por um juiz, levando o onus da dúvida para junto de seu publico ouvinte,tentando convencê-lo de que as regras nem sempre devem ser obedecidas. No caso da televisão o acinte se torna mais grave,pois as ações ali estão ao vivo e à côres, às vezes sob a ótica de um sem número de cameras, numa participação massiva de alguns milhões de espectadores. Qualificar regras de um jogo como passiveis de não marcações,em nome de uma não frequente utilização, soa como um alerta para a difusão de não obediência a outras regras, a outras leis. Um narrador não tem o direito de cometer tal barbaridade, nem mesmo aqueles que se consideram um poder acima das regras e do senso comum. Muitos deles, cégos por uma discutivel notoriedade, tendem a confundir seus reais poderes ante a opinião pública,numa escalada perigosa de encontro a poderes paralelos à sociedade. Esta, em sua maioria composta de jovens torcedores,terão muito a perder com influências negativas que negam as leis do jogo, deixando-os desamparados em sua educação desportiva, que tudo tem a ver com a aceitação e obediência às leis que regem tais atividades, numa antevisão do que podem e devem esperar em suas práticas. Serem induzidos à negação das leis desportivas é um gravíssimo erro que devemos condenar, mesmo que a aplicação de algumas delas sejam raras, o que não nega as suas existências. O elogio ao trabalho do juiz mexicano feito pelo comentarista de arbitragens,
mesmo num teor de indisfarçavel constrangimento, desfez o mal estar deixado pelas afirmações depreciativas do famoso narrador, atitude que deve merecer de todos nos
os maiores agradecimentos, pois foi feita a justiça a um bom trabalho realizado. Até que determinadas regras de um jogo coletivo sejam modificadas,ou mesmo excluidas, devem ser aplicadas e aceitas, mesmo contra a vontade de alguns, principalmente aqueles que “se acham” acima das leis.

UNIFORMES E ADERÊÇOS III.

Hoje,pela primeira vez publico uma foto no texto do blog,e o faço numa homenagem ao que fomos e representamos para o basquetebol do país e do mundo.Na foto estão jogadores que nos deram dois campeonatos mundiais e duas medalhas olímpicas.Isso mesmo,já fomos campeões a nivel mundial ,e como nossos atuais campeões mundiais e olímpicos no Voleibol,salta
aos olhos uma imagem de atletas despojados de tatuagens,tranças tribais,penduricalhos , uniformes ridículos e inadequados, mais repletos de qualidades técnicas, individuais e coletivas,que os tornaram inesquecíveis pela qualidade de seu jogo, e como jogavam! No entanto,desde que milito no basquete, jamais soube que algum deles tenha sido requisitado para transmitir seus conhecimentos e experiências às novas gerações de seleções nacionais. Naquela época tinhamos nossa maneira de jogar, e de nos impôr nas competições internacionais. Não imitávamos canhestramente modelos estrangeiros, pois tinhamos e desenvolvíamos o nosso próprio modelo, de jogarmos em velocidade, de termos ótimos mestres na arte de ensinar os fundamentos, e formidáveis técnicos nas estratégias e táticas do jogo.Eramos imitados, eramos profundamente respeitados.Hoje, em nome de uma criminosa globalização, praticamos um jogo pasteurizado,jogado por tribos trajando suas absurdas idumentárias,e não equipes,estigmatizado por técnicos engessados em principios que roubam nossa vocação à criatividade, que pode ser,sim senhores,responsável se bem ensinada,dirigida e direcionada,mas que necessita de bons líderes voltados ao espirito e ao conhecimento do jogo,profundo,metódico,qualificado,patriótico.E quando digo patriótico,reafirmo a urgente necessidade de voltarmos a nos orgulhar de trajarmos nossas cores,nossos símbolos, de cultuarmos nossos heróis, para que sirvam como parâmetros aos nossos jovens, para não os vermos envergando camisetas de bulls, suns e congêneres. O exemplo do voleibol prova a exequibilidade do que afirmo, e podemos começar pelos uniformes de jogo, porque não?O que impede que nos trajemos como o voleibol?Que barreira esta que não pode ser transposta?No O Globo deste 5 de junho, o grande cronista Luis Fernando Veríssimo publicou em sua coluna o artigo “Calções e calçõeszinhos”,na qual afirma:”O risivelmente fora de moda hoje é o curtinho.Significando a inconstância do gosto humano,o poder dos fabricantes de material esportivo que faturam com a inconstância e talvez até uma anomalia sociológica…”E mais adiante :”Felizmente a tendência para encompridar,do futebol e do basquete, não chegou a outros esportes”. Todo o artigo é uma ode ao bom gosto em seu texto formidável. Um dos aspectos mais importantes na formação do caráter de um jovem é o pleno conhecimento que devemos incutir no mesmo sobre sua identidade no âmbito da sociedade em que vive e trabalha.
Se essa,em nome de uma globalização totalmente à serviço de intesses exógenos, rouba esse pleno conhecimento, o anula e retira sua participação endógena, ou seja, afasta-o dos mais imediatos interesses de seu proprio país. Chegamos a uma encruzilhada, e o caminho a ser escolhido será de transcedental importância para o futuro de nosso basquetebol. Mencionei os uniformes e aderêços como um exemplo dos grandes males que nos afligem, fundamentados na má cópia de experiências e influências alheias, do engessamento cultural de nossos técnicos e da pusilânimidade de grande parte de nossos dirigentes e políticos,que teimam em fazer do esporte suas tribunas e trampolins para aventuras criminosas e anti-patrióticas, anos-luz distantes dos exemplos dados no passado por atletas de verdade, representados por cinco deles ai ao lado retratados. A eles,Vitor,Amaury,Succar,Rosa Branca,Wlamir, minhas humildes e sinceras
homenagens.