BATALHAS DE ITARARÉ (AS QUE NÃO HOUVERAM).

E graças aos deuses não aconteceram, pois eram ávidamente esperadas por aqueles” experts” do jogo, para os quais o que importa são os embates sob as cestas, travados por mastodontes travestidos de jogadores de basquete, para o gáudio ensandecido de quem somente têm olhos para massas musculares e atitudes intimidadoras. O sul-americano recém encerrado demonstrou claramente que existem outros caminhos a serem percorridos além das battles under basket. No nosso caso, ficou bem claro que mais vale o gigante ágil e hábil, do que os massudos de plantão.Os centros Murilo, Estevan e Bambú, demonstraram que ao saltarem mais alto, transformando velocidade horizontal em vertical com mais presteza e velocidade, não só dominavam os rebotes, como exerciam o fundamento defensivo com muito mais eficiência, pois o faziam com velocidade, muitas vezes antecipativa. Seria temerário alterar seus físicos flexivéis e velozes, em nome de um embate com adversários futuros superpesados, que só estão na cabeça de quem não entende absolutamente nada sobre a dinâmica do jogo, quando são respeitadas as características biotipológicas de cada povo. Se bem treinados nossos homens altos poderiam exercer a marcação frontal, impossível de ser realizada por jogadores superpesados,
fator que os colocaria em grande vantagem em confrontos internacionais, ao mesmo tempo em que economizariam faltas pessoais, facilmente cometidas nas vãs tentativas de frearem descomunais locomotivas. Um dos fatores mais importantes na conquista do mundial da Australia por nossas jogadoras foi a marcação frontal das pivôs americanas e chinesas exercidas pelas nossas esguias e altas marcadoras, arma letal que perdemos ao alterarmos seus fisicos velozes e flexiveis, substituindo-os por massas musculares tão ao gosto de deslumbrados preparadores físicos, ignorantes do que vem a ser a arte de jogar basquetebol. Otimizando os arremessos de curta e media distâncias, os rebotes ofensivos com giro de 180°, os passes incisivos após os rebotes defensivos, e principalmente o deslocamento permanente sem a bola,
estaremos dando um salto altamente qualitativo em nosso jogo. Ubiratans e Gersons são nossas marcas registradas embaixo das cestas, e essa geração tem todas as possibilidades de as repetirem, e efetivarem como inteligentes armas. Outrossim, vimos a afirmação da utilização de dois armadores puros, como argumento irreparável do aumento qualitativo de toda a equipe.
A maior prova foi a quase total ausência de estouros de tempo de ataque, e a total prevalência dos arremessos de 2 pontos, tanto na curta, como na média distância, deixando para os especialistas os de 3 pontos, naquelas situações de equilibrio e tempo hábil. Alguns cronistas ainda criticam o drible excessivo, mas esquecem que quando efetuados por quem realmente o domina se torna eficaz, além de manter a ambicionada bola em poder da equipe, e não trafegando solta e lampeira ao sabor dos passes, e cuja posse é daquele que chegar primeiro. Jogo se ganha com a posse da bola, e não correndo desenfreadamente atrás da mesma. Como afirmei no artigo anterior, caberá a comissão optar por um um de dois caminhos. Entupir a equipe de massa muscular para tentar enfrentar adversários historicamente mais preparados nesse mistér, ou dotar todos seus setores de velocidade e flexibilidade, que são os ingredientes mais explosivos de nossa histórica e algo esquecida habilidade de jogar o grande jogo. Torço para
que as futuras batalhas repitam Itararé, e não aconteçam, pois podemos e deveriamos jogar de outra forma, que já provamos ser tão ou mais eficiente do que hoje praticamos. Oxalá vislumbremos a luz.



Deixe seu comentário