A SAGA DE UMA TOALHA E OUTRAS…
Que não era grande, de rosto e outrora branca, amarfalhada pelas centenas de rotações a que foi submetida nos rompantes patrióticos de seu mentor, e que recolheu em suas malhas as lágrimas da Iziane, o suor do rosto da Janeth, e, a glória suprema, foi emprestada à grande Laura Jackson
para mais uma rodada de suor e maquilagem em verde e amarelo, enxugadas de seu rosto. Ao se retirar da entrevista Laura esquece de devolver o pano sagrado, desencadeando no técnico- comentarista-torcedor e tiéte, uma inenarrável corrida ante as cameras de tv na busca de seu precioso troféu, para o espanto de quantos ali estavam. Volta triunfante com sua toalha, que será enquadrada, sem lavar, é claro, para ser colocada na parede de sua sala, em companhia da tiara
esportiva usada pela Janeth, e pedida no ar, sendo atendido pela grande atleta. Pena que não coloque ao lado do quadro uma foto de seu beijo reverente na mão da Alessandra, também ao vivo e à cores. Um pouco antes, durante os comentários revela estar maravilhado com a descoberta do basquete feminino, e que já pensava em dirigir uma equipe da modalidade, o que suscitou uma intervenção da Maria Helena: “Você está chegando agora, está deslumbrado, e precisa saber que nosso trabalho no feminino vem de muitos anos, 50 anos, e que tem filosofia própria, que é passada de geração a geração, entre jogadoras e técnicos”. Estranha afirmativa do técnico-comentarista de estar descobrindo o basquete feminino, logo ele que em 1997 estava na Hebraica do RJ assistindo jogar na decisão do campeonato feminino infanto-juvenil, sua filha, jogadora do CR Flamengo, contra a equipe do B.da Tijuca. Ou será que a grandiosidade de uma competição mundial, e toda sua exposição de midia televisiva, patrocinada em canais abertos e fechados pela holding onde seu irmão é, merecidamente, um dos expoentes do jornalismo brasileiro, o fez redescobrir o que já conhecia, mas nunca promoveu e se interessou anteriormente? E para culminar seus fundamentados pontos de vista, afirma que os técnicos brasileiros estão completamente desatualizados, sendo contestado pelo técnico da seleção brasileira: “Não, não estão. O que falta é uma “liga”, união, trabalho em conjunto de todos os técnicos”, bandeira levantada pelos dois, propondo, inclusive, um seminário de técnicos para discutirem os problemas que afligem o nosso basquete, bandeira essa que nunca, em tempo algum, pensaram em hastear. Ao final do programa, numa bela e sensível iniciativa, o estúdio foi
preenchido por um sem número de verdadeiros batalhadores do basquete feminino, que foram apresentados pela Maria Helena, desde a Noca ao Rosa Branca, passando par Elzinha e Heleninha, que sempre preparou novas jogadoras, e que teve da Maria Helena um contundente
desabafo: “Trabalhamos há muitos anos, e ela nunca quis o meu lugar”! Algumas carapuças foram imperceptivelmente encabeçadas, e captadas por quem conhece profundamente o meio, e que através dos inúmeros programas durante todo o mundial, sutil ou declaradamente se tornaram presentes ante aos “prestigiados” técnicos, e seus respectivos cargos, nas seleções brasileiras. Foram travados discursos dialéticos, conceituais, filosóficos, políticos, sociais, psicológicos, e eventualmente técnico-táticos. Porém, todos, tendo como fundo, a premente necessidade de parecerem os únicos capazes de salvarem o basquete nacional. Hoje mesmo, o técnico da seleção feminina se queixava dos técnicos-comentaristas, aos quais definiu como antiéticos em suas análises, com o qual concordo, excetuando-se os ligados à modalidade, como a Maria Helena, o Vendramini e a Hortência, que em nenhum momento o responsabilizou pelas derrotas, bem ao contrário dos técnicos ligados ao basquete masculino, numa prova cabal da inadequação de suas escolhas para comentar o que pouco,ou quase nada conhecem de uma modalidade na contra-mão do fracassado basquete masculino. E na quadra, onde as verdades verdadeiras acontecem e fazem história, venceram aquelas equipes que melhor se apresentaram, as mais organizadas, as lastreadas por políticas desportivas eficientes e sempre presentes em seus países ao contrário do nosso, que mesmo assim, como um pequeno grande milagre, realizado por um punhado de idealistas, conseguem alçar uma equipe a uma quarta colocação no cenário mundial.Formidável basquete feminino brasileiro. Parabéns e vida longa, ao largo de oportunos, injustos e idesejáveis descobridores de última hora, com seus discursos, conceitos modernos e inefáveis toalhas.
Belo texto, Paulo!
Adorei.
Parabéns pelo blog.
vc deve ser tão bom que nem time tem pra dirigir… pára de falar mal dos outros!
PARABÉNS PELO TEXTO. EXCELENTE REFLEXÃO. O BASQUETE FEMININO BRASILEIRO VIVE DE MILAGRES E A GENTE ORANDO PRA QUE ELES NAO TERMINEM.
NAO SOMOS ESSES QUE APENAS VÊM O MUNDIAL, SOMOS OS QUE VÃO APOS GINÁSIOS VAZIOS DE MÍDIA E TORCEDORES. EM CAMPINAS, ONDE MORO, SOMOS PRIVILEGIADOS POR VERMOS A GRANDE MARIA HELENA COMANDAR NOSSA MACACA GLORIOSA. COM OU SEM MÍDIA ESTAMOS LÁ. PERSISTÊNCIA.ESSA É A NOSSA PALAVRA.
PERSISTÊNCIA DAS MULHERES DO NOSSO BASQUETE E DE NÓS, TORCEDORES PRIVILEGIADOS.
Dois comentários elogiosos,os quais agradeço de coração,somente lastimando ser um deles anônimo.O outro,anônimo também merecerá uma resposta no momento que se identifique,pois critica ofensivamente através um email apócrifo,sobre textos assinados por mim,responsavelmente assinados.
Paulo Murilo