SEM SALVAÇÃO…
Desde que fui apresentado a este fantástico mundo da internet, e não se vão lá muitos anos, o que me incentivou à publicação deste blog, adquiri o saudável hábito de percorrer diariamente os demais sites da modalidade, onde mais aprendi do que ensinei. E quando digo ensinei, deve-se ao fato de ter permanecido por mais de 40 anos lecionando nos três níveis de escolaridade, e de ter me dedicado a uma outra paixão, o ensino e o treinamento de jovens no basquetebol. Percorri todas as instâncias do ensino superior, aqui e no estrangeiro, percorri este enorme território brasileiro ministrando cursos e palestras, dirigi equipes de grandes clubes, excelentes colégios e seleções, me situei entre os pioneiros no emprego de tecnologias educacionais, cinema, fotografia, vídeo, tanto na universidade, como nas equipes que dirigi, e finalmente, num derradeiro esforço, desenvolvi tese experimental, que me deu o tão sonhado doutoramento, tendo como fonte inspiradora e campo de pesquisa, o amado basquetebol. Li e pesquisei muito, conheci muitas pessoas que leram e pesquisaram mais do que eu, no exterior, e principalmente aqui nessa infeliz terra, em seu abandono educacional. Fiz alguns e sinceros amigos, técnicos, professores, funcionários, e principalmente atletas e alunos, mesmo aqueles que reprovei, barrei e exigi entrega e dedicação. Estou aposentado do ensino superior, mas não do basquete, ao qual continuo dedicando meu tempo, minha experiência, e o pouco do saber acumulado nos estudos, na leitura ávida e constante, e no sonho de em breve retornar às quadras.
E na curiosidade sempre renovada de acompanhar os sites basqueteiros tenho me alegrado com a qualidade de uma turma jovem que não cessa de me impressionar com seus textos enxutos e de qualidade, sempre na vanguarda em busca de dias melhores para o grande jogo, sendo que alguns deles me honram reproduzindo artigos deste humilde blog. E no afã de participar cada vez mais deste salutar movimento, sugeri a um dos bons articulistas, o Rodrigo Alves do Rebote, que avaliasse a possibilidade de organizarmos um encontro destes formidáveis blogueiros, para tentarmos discutir os problemas que afligem a modalidade, no intuito de estudarmos sugestões para a melhoria da mesma, e que seriam divulgadas por essa grande ferramenta de mídia, que foi premiada como a capa do ano pela revista Time.
Mas de repente me deparo com um artigo (O Homem do Ano-Fabio Balassiano-Rebote) que julgo ter sido escrito como posterior reação à leitura de um livro que é a antítese do que prevalece no mundo do basquetebol, o do vitorioso técnico das seleções do voleibol brasileiro, Bernardinho, lido por um jovem de 23 anos ainda não suficientemente treinado e calejado para analisá-lo com a frieza característica e necessária a um jornalista de carreira.
O erro inicial é ter comparado modalidades díspares entre si, pois o voleibol em tudo e por tudo difere do basquetebol, a começar pela relação entre os oponentes, que não se tocam no vôlei, ao contrario do basquete, onde o corpo a corpo faz parte da essência do jogo. O contato físico altera, inclusive, o ensino dos fundamentos, onde sua execução se confunde pela imprevisibilidade comportamental e dinâmica dos defensores, prontos para a retomada antecipativa aos movimentos ofensivos. Os fundamentos do vôlei primam pela performance individual, pela execução precisa de seus movimentos e fundamentos básicos, saque, toque, cortada, e bloqueio, com as conseqüentes defesas aos mesmos, todos somados em movimentos de ataques e contra-ataques com altíssimos graus de previsibilidade, exatamente pela ausência do fator que o torna diferente do basquete, o contato físico permanentemente presente, tanto nas ações ofensivas, como, e principalmente, nas defensivas. O fator imprevisibilidade é a marca inconfundível do basquete. Outro fator diferenciado é o manejo da bola, que no voleibol é percutido, e no basquete conduzido, aspectos que conotam total e completa diferença no manejo cinético da mesma, e no ensino e pratica de seus fundamentos.
Se observasse bem qual literatura de basquetebol o autor inclui em sua bibliografia básica, veria que a mesma é totalmente voltada ao aspecto psicológico e comportamental daqueles grandes técnicos e jogadores, e que nenhuma daquelas publicações abordam o preparo das equipes em seu conteúdo de fundamentos. Quando muito enfocam o sucesso tático, exatamente pelo lado emocional, psicológico, e que não diferem muito nos esportes coletivos de contato e de lutas. É a típica literatura do ajude a si mesmo, das superações individuais, das crenças religiosas, do sucesso e da ascendência social. O autor, como grande técnico que é, inclui no seu preparo todas estas manifestações extra quadra, no que fez e faz muito bem. Mas daí conotá-lo como excelente técnico que seria no basquete? Negativo, pois o mundo formativo de um difere basicamente do outro, já que diametralmente opostos.
O talentoso e raivoso colunista,comete um outro e derradeiro erro em seu relato, ao afirmar:”Exceções – Para ser justo, nem todos os que freqüentam o basquete desconhecem o universo em que pisam. Marcel de Souza, técnico, e os jornalistas Melchiades Filho e Rodrigo Alves são os que se salvam. Não deixa de ser sintomático que os dois primeiros estejam fora da modalidade”.
Fica parecendo que só não sucumbem ao cataclismo de sua revolta aqueles dois que mantém uma sua coluna em seus blogs, e aquele outro mítico jornalista que em sua derradeira coluna o mencionou como um dos possíveis sucessores, e que constata que nem mesmo esses se salvam em sua opinião Puxa caro jovem, você é muito bom, não precisa de nada disso para ser grande, só precisa, crescer.
Oi, Paulo, passei para retribuir seus votos de boas festas e tropecei com esse seu texto. Fiquei surpreso. Jornalista mítico? Eu? Ufa, ainda bem que assassinei meu heterônimo basqueteiro neste ano. Seria difícil conviver com essa responsabilidade. Sobre a polêmica em si, digo que meu lado sádico, que é grande, ficou assanhado. Acho ótimo quando as poucas vozes dissonantes e inteligentes do basquete divergem entre si. Todos ganham mais com isso _inclusive a banda podre e preguiçosa do esporte, hoje infelizmente majoritária. Abração!
Oi,Melchiades,quem por dez anos se igualou aos míticos Góes em SP,Noli Coutinho no RJ e o Ethienne em MG, com suas colunas semanais maravilhosas é mítico também, com toda justiça,mesmo tendo assassinado o heterônimo.In the grave,o assanhado lado sádico ainda dá suas sacudidélas,numa sobrevida auspiciosa.As divergências cairão no esquecimento pelo bom senso, visto que,somente com alguma união,nem sempre convergente, é que poderemos enfrentar a majoritária banda podre que você tão bem referencia.Um abração,Paulo Murilo.
eh muito bom ver q tem pessoas q mesmo muito ocupadas com a propria vida ainda tenham condição de protestar sobre a atual condição do nosso basquete, mesmo que seja atraves de um pequeno blog elas tentam fazer com q as pessoas vejam a verdade do nosso basquetem mesmo não conseguindo grandes resultados,soh temos q agradecer a eles e apoia-los da melhor maneira possivel.
bom jah queria aprovitar e deixar um Feliz Natal e um Prospero ano novo pro pessoal do Blog e agradecer a você Paulo pelas dicas que deu sobre basquete, suas dicas sobre arremessos forma muito uteis, tive uma boa melhora.
OBRIGADO!!!
Bom Natal e um 2007 de sucessos pra você também Leandro.Obrigado pelas amáveis palavras.Um abraço,Paulo Murilo.