BEM VINDAS INOVAÇÕES.
Jogo final da chave de Franca do sul-americano de clubes, com o time da casa enfrentando o surpreendente Malvin do Uruguai. Um bom jogo,
enriquecido pela nova e já estabelecida postura tática da equipe francana,
com seus dois armadores de boa técnica, e três homens altos jogando dentro do garrafão em trocas constantes e velozes, garantindo os rebotes ofensivos por se situarem próximo à cesta, na contra-mão das demais equipes brasileiras envolvidas no campeonato nacional. Mas, em alguns momentos, o vicio dos demais jogadores assistirem parados as evoluções ofensivas de seu pivô, ainda mantem um resquício do posicionamento antigo, que se superado tornará a equipe difícil de ser batida. Em uma jogada no terceiro quarto ficou demonstrada a grande mudança no comportamento dos armadores de Franca, quando um deles, o Helio, após um passe lateral se infiltrou pelo garrafão, e de repente, como puxado pela cintura, retornou ao perímetro, o que o manteve “ligado” à jogada que se estabelecia naquele momento. Em outras ocasiões, manteria sua trajetória para trás da defesa adversária, para ressurgir no lado oposto, numa postura em que se desligava do foco da ação. Seus dois armadores agora jogam permanentemente fora do perímetro, e sempre ligados entre si e as jogadas que estabelecem para a equipe. Seus homens altos primam pela velocidade e energia reboteadora, atuando com grande e permanente mobilidade, propiciando grandes espaços às penetrações, exercidas com competência por todos da equipe. Enfim, a equipe retrocede um pouco no tempo, e privilegia o jogo baseado nos bons fundamentos de dribles e passes, tornando os corta-luzes mais práticos e eficientes. Pela permanente troca de posições, os arremessos de média e longa distâncias se tornam mais seletivos e equilibrados, pois se sucedem após passes vindos de dentro para fora do garrafão, garantindo o tempo mínimo necessário para sua realização êxitosa. Defensivamente, aumentou sua combatividade, principalmente pela incansável ação dos armadores, e pela mobilidade dos homens altos. Se decidir marcar os pivôs pela frente por toda a partida, será séria candidata ao título sul-americano, pois são os pontos fortes das equipes argentinas, seus formidáveis e ágeis pivôs.
A escalada qualitativa da equipe de Franca vem provar que a utilização de um único armador, e a existência de pivôs pesados e de pouca mobilidade, pode estar chegando ao fim, depois de um tenebroso inverno de atitudes e idéias, fundamentado na cópia canhestra do modelo que nos tem sido imposto nos últimos 20 anos, o modelo NBA, que nem mesmo eles mais acreditam, perante os repetidos fracassos nas competições internacionais.
Espero que essa bem-vinda novidade se mantenha, e que seja difundida pelas demais equipes brasileiras, principalmente nas divisões de base, profundamente engessadas ao exemplo advindo de nossas seleções nacionais. Torço para que isso ocorra, pois nos ajudará na escalada para fora do poço em que nos encontramos. Amém.