EVOLUINDO, APESAR DE TUDO.
Assis e Franca seguem empatados para o terceiro jogo no sábado, agora na casa do primeiro. Duas equipes que se apresentaram rigorosamente iguais em suas propostas ofensivas, ambas se utilizando de dois armadores, e até três em momentos do jogo, trabalhando mais no drible e na finta, do que nos passes. A única diferença estava nos pivôs, já que Assis se utilizava de um centro pesado e bem mais lento do que os pivôs de Franca. No momento que a equipe de Assis substituía o pesado pivô por outro mais ágil, nitidamente equilibrava as disputas de rebotes nas duas tabelas, e graças à boa técnica de seus dois armadores, Di e Fulvio, conseguia se manter na dianteira do placar, pois ambos são excelentes arremessadores. Pelo lado de Franca, com seu agora costumeiro jogo de seguidas e bem executadas penetrações, somente se ressentiu de um evidente desgaste pela maratona de jogos que vem enfrentando, contando com poucas peças de reposição para o necessário rodízio. Defensivamente, ambas as equipes, graças às escalações de jogadores rápidos e habilidosos, desenvolviam forte anteposição ante jogadas que conhecem de cor, o que facilita em muito o jogo de antecipações. O grande fator positivo é o de vermos equipes fugirem aos poucos do rame-rame de passes em torno do perímetro, em nome de uma coreografia retrógrada e restritiva. O exemplo de Franca priorizando os fundamentos básicos do jogo encontrou na equipe de Assis um bem articulado seguidor, a ponto de vencê-la na primeira partida. Acredito que pequenos, porem decisivos passos, podem iniciar uma retomada do nosso verdadeiro basquetebol, criativo, audacioso e principalmente, veloz. De tal forma Franca evoluiu, que segundo o relato de um dos repórteres que transmitiam o jogo, seu técnico, no treino da manhã reclamava que a equipe estava chegando na zona de arremessos com 12 segundos em media, o que acarretava maior tempo de posse de bola para o adversário. Creio que deveria o técnico francano agradecer aos deuses tal disposição e técnica ofensiva, pois passaria a dispor de duas opções valiosas, a de concluir seus ataques em 12-16 segundos, ou estendê-lo até os 22-24 segundos. Feliz da equipe que possa sempre atuar com a possibilidade de tais escolhas.
Se houver continuidade nas propostas que apresentaram até agora, com suas corajosas e bem vindas mudanças, a tendência é que as demais equipes do país revejam seus conceitos mais do que estratificados, e evoluam para algo bem mais desejável, o reencontro do nosso verdadeiro basquetebol.
Mas, como nada é perfeito, os mesmos técnicos que nos brindavam apresentando equipes muito bem treinadas e personalizadas, também nos brindaram com atitudes que quase comprometeram seus bons trabalhos. O de Franca, como numa recaída, abandonou sua postura reflexiva dos últimos jogos, e acredito, pela pressão em torno da equipe e de sua necessidade de vitória (será?), voltou a levantar a imensa torcida contra a arbitragem, sendo seguido pelo de Assis, nos comportamentos agressivos e desrespeitosos, que mereciam exclusão, e não admoestações e bate bocas com os juizes. Palavrões lamentavelmente voltaram a ser vertidos, lançados ao ar por um mar de microfones, que estes sim, deveriam ser sumariamente proibidos, pois prejudicam em muito o trabalho dos técnicos quando enfiados goelas abaixo na ânsia de exclusividade. Infelizmente, são aceitos pelos próprios técnicos, como um mal menor, se comparados ao ridículo balé que executam nas laterais da quadra. Não fica bem a um sexagenário tais exibições coreográficas, e nem precisa disto para exercer seu bom trabalho. O outro técnico deveria saber que uma equipe joga com cinco, e não seis na quadra, pois em varias ocasiões o mesmo gesticulando desbragadamente invadia o recinto onde somente os jogadores deveriam estar. E assistindo todo esse circo, três juizes, isso mesmo, três ilustres juizes em sua discretas camisas abóbora fingiam nada ver, como os três macaquinhos que não vêem, não ouvem e não falam. Para tais nulidades, dois bons juizes seriam suficientes, como deveria ser em um país pobre como o nosso. Que outro estado poderá manter arbitragens em trinca como São Paulo? A bem da verdade, nem o próprio deveria adotar tal disparidade. A FIBA exige? Que ela pague o terceiro, e estamos conversados. O resto é pura imitação do primeiro mundo. Ser, e o pior, gostar de ser colono é lamentável.
Sempre tive dificuldade de torcer pelos times do Hélio Rubens muito pela postura a beira da quadra como também pelo processo de “emburrecimento” do nosso basquete quando foi um dos responsáveis diretos. Ultimamente, me vejo torcendo por Franca por ser claramente diferente das outras equipes. Achei excelente a equipe de Assis também querer fugir do “padrão nacional”, tomara que essa moda pegue.
Caro Idevan,sem dúvida vai pegar,já que faz parte de nossa cultura imitarmos os vencedores,os que arriscam primeiro.É uma questão de sobrevivência para uma maioria que não pode,ou não quer,perder tempo com pesquisas,estudos,e outras coisitas insignificantes.O prét-a-porter é mais prático.É so desenbrulhar e usar.Difícil vai ser convencer essa turma de que para seguirem em frente precisarão dotar e treinar seus jogadores nos fundamentos,e aí o bicho vai pegar.Será que dominam tais técnicas?Duvido muito.Mas de qualquer forma,um bom passo já foi dado para fugir do dominio suicida do PG.Torçamos para que dê certo.Um abraço,Paulo Murilo.