E MINAS ADERIU…

E o técnico da equipe do Minas Tênis se rendeu às evidências, acompanhou as outras equipes das semifinais, escalou dois armadores de saída, chegou a utilizar um terceiro, e venceu o jogo. Enfrentando em sua casa a equipe de Brasília, que nitidamente subestimou o adversário, haja visto a facilidade como o derrotou na capital, avançou para o quarto jogo, ainda em sua casa, alentado pelo ótimo resultado, e com boas chances de levar a decisão para um quinto jogo em Brasília. Surpresa? Talvez para a equipe candanga, que nitidamente não esperava tão dramática modificação no modo de atuar da equipe mineira. Esta, com armadores tão bons quanto os de Brasília, equilibrou a disputa, e fez ver ao adversário que as chances podem ser iguais na busca de uma vaga na final. Foi uma grande mudança tática, e mais uma vez, como nas outras equipes, sem mexer uma vírgula sequer no sistema de jogo que sempre adotou. Como as demais semifinalistas, simplesmente agilizou e qualificou o modo de jogar através a utilização de jogadores mais hábeis nos fundamentos de ataque e defesa, seus armadores.

Mas, eis que com essa atitude, o técnico mineiro tende a deflagrar um baita impasse dentro da comissão técnica da seleção brasileira, ainda mais quando de comum acordo com os demais integrantes da mesma convocou para o Pan somente dois armadores. Nos jogos classificatórios um outro integrante da comissão, dirigindo a equipe de Rio Claro, já havia ensaiado e utilizado essa composição de equipe com dois armadores, e se não foi bem sucedido, pelo menos demonstrou rebeldia ao sistema do qual é um dos desenvolvedores junto à seleção nacional. Como o técnico principal (mesmo que diga o contrario…) não dirige equipes de clubes, fica no ar a seguinte indagação: Que critérios técnico-táticos serão desenvolvidos e aplicados à nossa seleção, que declaradamente opta por um armador, tendo inclusive convocado somente dois, perante outras opções manifestas pelos demais integrantes “unidos e uníssonos” da comissão, quando os mesmos em seus clubes quebram tais critérios?

Acredito que as respostas a tal indagação poderia desencadear um inicio, não de rebeldia, mas sim uma premente e decisiva procura do bom senso comum, aquele que não sendo “unido e uníssono” representasse a realidade do nosso basquete, em sua decisiva busca pelo novo, pelo audacioso, pelo conceito corajoso de quem quer e precisa se desvencilhar dos grilhões da mediocridade e do servilismo colonial que nos tem sido impostos nos últimos vinte anos. Mas para tanto, há de se ter coragem, muita coragem, aquela que não está arquivada em lapitopis caipiras, aquela que só será mostrada por quem realmente acredita em mudanças, a começar em si mesmos. O basquete brasileiro merece que algo de muito positivo venha em seu socorro, e esse “algo” que já começa a se manifestar em notórias rebeldias, precisa de nosso apoio e vibrante torcida. Falta somente que o grande líder reflita, e quem sabe mude. Fico torcendo que para melhor. Amém.



5 comentários

  1. Anonymous 16.06.2007

    Caro Professor

    Sempre tive simpatia a este esquema de 2 armadores, desde a época que eu praticava (para usar a linguagem de Ary Vidal) basquete. Por isto acompanhei atentamente o seu uso e acho que a causa, do início desta estratégia, foi devido mais ao nepotismo do que a busca de novidades táticas. Não sei se fui suficientemente claro.

    Um abraço

    Reny

  2. Basquete Brasil 17.06.2007

    Caro Reny,você foi claríssimo,mas temo discordar um pouco de você,já que,na minha opinião,a existência de nepotismo em nada invalida novas perspectivas se os valores técnicos em questão se sobreporem a outros de caráter familiar.Não fosse assim Pete Maravich,o maior jogador universitário americano de todas as épocas jamais atingiria a notoriedade que conseguiu.O que mais importa na atualidade de nosso basquete são as tentativas,tímidas bem sei,de mudanças técnico-táticas que realmente nos tire do marasmo existente,fazendo com que alcancemos um estágio superior.Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Anonymous 17.06.2007

    Caro Professor

    Tem razão professor, tanto que naquela ocasião o resultado da equipe em questão foi a conquista do campeonato brasileiro e, em seguida, a liga sul-americana.
    Um abraço

    Reny

  4. Jalber Rodrigues 17.06.2007

    Professor Paulo,
    Sábado dia 15 realizei um amistoso com minha equipe juvenil, estava com alguns desfalques, inclusive do jogador mais alto da minha equipe; tive uma conversa com os atletas antes do jogo e coloquei dois armadores pra jogar, e o resultado me surpreendeu. Os garotos tiveram muita facilidade na transição, mesmo diante de uma defesa pressionada (que se confundia ao identificar quem levaria a bola), e na distribuição do ataque. E para minha surpresa maior fizeram uma defesa muito forte, ja que como a equipe é iniciante só uso a defesa individual.
    Depois do jogo fiquei pensando…quantos se propõem a discutir o basquete ( o nacional principalmente ) sem vaidades.
    Todos os espaços que falam do basquete o tratam de forma “robotizada” exercícios para isso ou aquilo, chaves complicadas que envolvem vários jogadores sistemas defensivos que prometem parar os ataques e dificilmente vemos discussões sobre a leitura do jogo ( tanto ofensivo quanto defensivo ) e as tomadas de decisão dos atletas, que na minha opinião é o que determina o resultado do jogo.
    Faço esse depoimento para agradecer novamente ao professor por proporcionar esse espaço de discussão para aqueles que querem ver o basquete sempre crescendo!!!
    Abraço.

  5. Basquete Brasil 17.06.2007

    Caro Jalber,parabéns por sua decisão na direção da equipe,muito mais pela percepção de que cabe aos jogadores as decisões dentro da quadra,principalmente nas divisões de base,do que a simples e coerente escalação de dois armadores.Estes,se bem orientados irão desenvolver opções em comum acordo,somente perceptíveis para quem se encontra no âmago da ação,dentro da quadra.É o principio básico para o desenvolvimento das corretas leituras do jogo.Insista nessa concepção,que aparentemente “retira”do técnico certas decisões,e some-se aos jogadores pela maior de todas as participações,a colaboração e as sugestões baseadas no livre arbítrio,porta de entrada da criatividade responsável.Foi dessa forma que formei gerações de bons atletas e melhores cidadãos.Ganhei poucos títulos,mas colaborei decisivamente nos processos educacionais e culturais de todos os jovens que me permitiram liderá-los.Essa é a maior função de todas, garantir a reserva intelectual da nação,que por menor que seja, em números absolutos,é de transcedental importância para o país em seu todo.Um abraço,
    Paulo Murilo.

Deixe seu comentário