MÃOS AO ALTO !

“Quero ver todos com as mãos para o alto, saltando, pulando, dançando, vamo lá”. É assim que se apresentam os astros do rock em seus shows populares, e é assim que retorna a seleção brasileira, com seus cardeais armando (?) as jogadas coreografadas com a bola acima da cabeça, como que atendendo aos rogos dos astros do rock. Até o excelente Valtinho aderiu à moda, esquecendo por momentos que um armador a tem sempre rente ao solo, o máximo possível, obrigando o defensor a perder o controle de seu centro de gravidade. Mas não, com a formação base de um só armador puro, o Valter, o que se viu no primeiro quarto foi um show de bolas acima da cabeça, facilitando e telegrafando os passes, nos mais do que conhecidos”movimentos” de chifre, punho, coc disso e coc daquilo, sem contar que no primeiro ataque, repito, primeiro ataque o arremesso de três pontos foi assassinado, digo, assinado, pelo pivô Murilo. O segundo ataque flagrou o ala-armador Alex dando um passe nos pés do pivô que penetrava de frente para a cesta. No terceiro ataque, o ala-armador Marcelinho dá um passe para fora da quadra desenquadrando o outro ala que penetrava. “A equipe está se preparando para o Pré-Olímpico,“passando” pelo Pan, mas levando-o à serio, já que a prioridade é o Pré”. Foram declarações repetidas em três entrevistas antes do jogo,definindo o Pan do Rio de Janeiro como um torneio de “passagem”, com medalha garantida, a de ouro. Muito bem, ou muito mal? Pelo que vimos nos três primeiros ataques deste segundo jogo, repetindo o que ocorreu no primeiro três dias atrás, se não tomarem cuidado a”passagem”pode custar muito caro, vide o voleibol no último Pan em S.Domingos.

Tão caótica e risível era a disposição tática da equipe, atendendo as exigências cardinalícias impostas por uma absurda e questionável liderança baseada em antiguidade e em enriquecimento curricular, que a“comissão coesa e uníssona”, acredito que no mais profundo contragosto fez entrar um segundo armador , o Huertas, que mesmo pouco inspirado, acertou a marcação e ordenou os ataques, fazendo com que a equipe se distanciasse no placar, fator ocorrido também no primeiro jogo. E enquanto a equipe pode contar com dois armadores verdadeiros na quadra, mesmo manietada e engessada num sistema de jogo que já transcendeu a qualificação de crime, ajuizando para a mesma e para o basquete brasileiro, o qual representa, o rótulo de suicida, demonstrou quão equivocada é a manutenção em quadra de jogadores que pouco entendem de posicionamento defensivo, domínio dos dribles e dos passes, variáveis indissociáveis na efetivação das mais rudimentares táticas ofensivas e defensivas, aquelas que fazem uma equipe jogar em conjunto, e não no sistema que dominam como ninguém, aquele do”armem que eu chuto!”.

“Estamos renovando a equipe, lançando novos valores, mas para o Pré-Olímpico os veteranos é que estarão na linha de frente”. Mudando uma ou outra palavra, foi esta a afirmação do técnico coligado antes do jogo. Será que tal posicionamento já foi avalizado pelo selo neneziano? O Valter já está posicionado, o que considero positivo dada a grande qualidade do mesmo, somente discordando veementemente da forma em que foi convocado. O Leandro, outro excelente armador, deverá estar na linha de frente, finalizando, como quer o delfin. Ele próprio, Varejão e Spliter fatalmente constituirão a base da seleção, com dois armadores, ou não? E como ficam as convicções da douta comissão, toda ela fundamentada em um só armador e dois cardeais, e mais um terceiro que se agregará ao torneio que interessa como vitrine internacional? Se serão dois os armadores pela injunção e vontades incluídas no check list do delfin, como ficarão os cardeais? E o Papa de Ribeirão? O que terá a dizer, a exigir e a se impor como um verdadeiro técnico?

Dou uma pequena dica, humilde, pois nunca me candidatei à raposa felpuda, aquelas que habitam o mundo cebebiano, mas que ante a impossibilidade política e napoleônica de mudanças nos comandos das seleções, que a atual reveja seus conceitos coreográficos e pranchetários, e com urgência urgentíssima, desenvolva sistemas baseados em dois efetivos armadores, e em três homens altos em permanente movimentação dentro do garrafão, e que estes armadores também arremessem bem na média distância, e razoavelmente na longa distância, mas que acima de tudo e de todos dominem com razoável perfeição os fundamentos básicos do jogo, destinando aos homens altos as grandes lutas nas duas tabelas, e que também sejam capazes de após os rebotes irem complementar as jogadas de contra-ataques, e que lutem, mesmo que saibamos dos interesses profissionais envolvidos, com um mínimo de patriotismo e grande coragem, aquela que reverencia e perdoa deslizes materiais. Será uma grande oportunidade de mesmo sob o espectro de um check list neneziano tentar liderar uma equipe cuja influência de comando exógeno se situa em contrafação ao comando endógeno, aquele que qualifica o verdadeiro líder. Ainda está em tempo, ainda.

Infelizmente, e após lutar para conseguir alguns ingressos na torrinha (tenho um bom binóculo), irei assistir a seleção brasileira “passar” pela arena de milhões de reais, para junto aos 15 000 de incautos torcedores relembrar, no meu caso de velho combatente, a gloriosa “participação” da seleção campeã mundial no também glorioso Maracanãnzinho, com25 000 mil felizes torcedores.

Espero, de coração, que um dia essa liderança administrativa e técnica (?) encerre sua”passagem” retrógrada e nefasta, pois não há mal que sempre dure, e que delfins, cardeais e papas se percam na poeira de suas insignificâncias, de suas arrogantes e caipiras posições, lapitopi incluso. Amém.



10 comentários

  1. Henrique Lima 10.07.2007

    Caro Professor Paulo Murilo,
    excelente texto.

    Não vi o jogo, parece que nada perdi.

    E parece que ao não ver o jogo,
    nada perdi por ser tudo repetido.
    O velho mais do mesmo.

    E Professor, o senhor acha que mesmo desfalcada, a Argentina vai em busca de uma das duas vagas com passadas mais largas e mais veementes do que o Brasil ?

    Abração para o senhor !
    E novamente, Parabéns !

  2. Basquete Brasil 10.07.2007

    Caro Henrique,a organização de nuestros hermanos é de tal monta e seriedade que não duvido nem por um instante que irão ao Pré para vencê-lo.Não esqueça a proverbial inadequação dos profissionais americanos às regras da FIBA.Um exemplo menor está sendo dado pelo tal de J.Batista nos jogos contra o Uruguai.Simplesmente não sabe marcar dentro das regras internacionais.E esse ponto vai ser decisivo no Pré.,mesmo sendo na casa deles.Os argentinos concentram seus azes na Europa exatamente por isso,enquanto nós somente temos olhos para o mercado NBA.Pobreza econômica, nesse caso,se sobrepõe à pobreza intelectual e de espirito.Só em Buenos Aires existem mais livrarias que em todo os estados brasileiros.Isso explica alguma coisa.Eles não brincam,nós sonhamos.Um abraço,Paulo Murilo.

  3. Clovis 10.07.2007

    Professor Paulo!!!!

    Adorei seu texto, e concordo que essa comissão técnica ainda não abriu os olhos, como nós!!!

    Ainda prefere jogar de forma mecânica, com dois pivozões, dois alas e um armador!!!

    Apesar que Marcelo Machado tem uma ótima visão de quadra, ele naum é um armador puro, e tem um defeito que salta aos olhos de quem vê o jogo de forma tática… Ele naum sabe marcar!!!

    Concordo quando vc diz que JP Batista tem uma enorme dificuldade pra marcar no estilo FIBA, mas o que me alenta é seu poder de marcação individual ser estrondoso, precisando apenas ser orientado no sentido de que contatos prolongado e excessivo, serão faltas nesse PAN!!!

    De resto, acho que vc disse tudo e me parece mesmo sendo contrário ao “Delfin”, prefere o que ele propõe do que essa comissão técnica tenta impor!!!

    Eu ainda gostaria de ver o Brasil jogando com 2 alas-pivôs, 1 ala-armador e 2 armadores!!! Quem seria pra mim???? Bom, vejo com bons olhos um quinteto formado por: Nenê, Varejão, Marcelo Machado, Leandrinho e Valtinho… Com Alex sendo o meu verdadeiro sexto-homem!!!

    Um abração Professor Paulo Murilo!!!

  4. Basquete Brasil 10.07.2007

    Caro Clovis,como disse anteriormente a você,a verdade sempre aflora,por mais que a enterrem fundo,e sempre a verdade verdadeira,e não aquela que se pretende no calor das discussões.Diálogos democráticos serão sempre assim.Uma ressalva.Em tempo algum o delfin me induziu a proposta nenhuma,já que meus pontos de vista,opiniões,posições e convicções vêm bem antes do nascimento dele como indivíduo,
    quiça jogador.No cresça e apareça da vida,vejo que o mesmo somente cresceu,no aspecto morfológico,e só.Um abraço,Paulo Murilo.

  5. Henrique Lima 10.07.2007

    Caro Professor Paulo Murilo,

    qual a principal deficiência que o senhor acredita que teremos nestes torneios, PAN e Pré – Olímpico,
    em termos táticos ?

    Defesa, ataque meia quadra,
    transição organizada e em velocidade??

    Qual destes três serão erros que saltarão aos olhos de todos e os “cardeais e papas” não verão ?

    E para finalizar as questões,
    os erros de fundamentos devem
    persistir até o Pré – Olímpico,
    eles serão mais determinantes em possíveis derrotas do que os
    erros táticos ?

    Ou o conjunto da obra está
    realmente fadado ao fracasso ?

    A esperança não deveria existir?

    Um abração para o senhor !!!

  6. Basquete Brasil 12.07.2007

    Prezado Henrique,o conjunto da obra está fadado ao fracasso se não houver uma mudança radical, radical na organização,radical nos sistemas de jogo,radical no processo de comando,e ultra radical nos principios de liderança por parte da comissão.No momento que um jogador,seja lá quem for,graduado ou não,superstar ou não,milionário ou não,coloca em pauta,através a midia um naipe de exigências e condições,e não encontra uma resposta à altura por parte de quem e por direito comanda,aí meu caro Henrique,a obra se desconjunta,
    desmorona,entra em colapso.A quem os jogadores escutarão nos momentos decisivos dentro das competições,a comissão ou o delfin? “É muito pagé pra pouco indio”,prega a sabedoria popular.Um abraço,Paulo Murilo.

  7. Henrique Lima 12.07.2007

    Caro Professor Paulo Murilo,
    incrivel que esta frase diz tudo né?

    “É muito pagé pra pouco indio”

    E muito lap top … da-lhe lap top

    Queria saber do senhor, como o senhor analisa a desistência do Oscar em lutar pelo basquetebol brasileiro ?

    O senhor leu ou ouviu alguma dele a respeito nesta semana né ?

    Abraços !

  8. Basquete Brasil 13.07.2007

    Prezado Henrique,li a entrevista do Oscar, e tudo que deveria ser entendido lá está.Posicionou-se,
    lutou,discutiu,acertou,errou,foi justo e injusto,para finalmente se retirar da liça.Desistiu de bater em ponta de faca,pois não tem o preparo necessário e básico para enfrentar raposas daquele quilate.Foi uma decisão pessoal,que temos de respeitar.Fica para a próxima,se houver.Um abraço,Paulo Murilo.

  9. william 15.07.2007

    professor,, está acompanhando o mundial sub-19,, o que está achando do time??? um abraço

  10. Basquete Brasil 16.07.2007

    Sim, estou prezado William.No artigo publicado hoje creio responder sua pergunta.Um abraço,Paulo Murilo.

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