DE MANSINHO…
Tenho acompanhado pela TV o Campeonato Mundial sub-19 masculino que acontece na Servia, no qual a equipe brasileira é dirigida por um dos integrantes da famigerada comissão diretiva da equipe principal. E o que tenho testemunhado é uma guinada radical no conceito ofensivo da equipe, que vem utilizando sistematicamente dois armadores, dois alas velozes e um pivô de força. Trata-se de uma autêntica subversão técnico-tática se levarmos em consideração o fato de que esse mesmo técnico, quando na direção de seu clube, e mesmo como assistente da seleção, jamais abriu mão de uma formação com somente um armador, conforme ficou estabelecido desde sempre entre os componentes da”coesa e uníssona” comissão. Engraçado, bastou assumir uma seleção nacional de importância, já que representa o que de melhor temos em termos de renovação, para, “descumprindo” normas pré-estabelecidas pelo supervisor de seleções nacionais, o técnico numero um, estabelecer como norma técnico-tática, o sistema que foi largamente utilizado pelas quatro equipes finalistas do campeonato nacional, quando a utilização sistemática de dois armadores foi aceita e estabelecida por todos. Digo descumprindo, pelo fato da seleção nacional nos últimos amistosos contra o Uruguai ter se mantido na formação de um armador, dois alas e dois pivôs de choque.e mais estranho ainda, é que os dois outros assistentes também se utilizaram de dois armadores em seus clubes nos jogos do nacional. Cisão? Acho e tomara que sim, pois a convocação neneziana do ótimo armador Valtinho, fez com que a seleção para o Pan passasse a contar com três armadores puros em seu plantel, e não existirá maior contra-senso se somente um deles jogar de cada vez. Como agirá o técnico numero um? Se manterá arraigado ao sistema que vem utilizando e divulgando pelo país através cursos de reciclagem (melhor seria lavagem cerebral) , numa atitude solitária? Ou se obrigará a assumir o comando efetivo, ao invés de diluí-lo em uma fachada “coesa e uníssona”, que nunca espelhou a realidade dos egos envolvidos no processo? Eis um fator que, apesar do sistema falho e absurdo escolhido, o faria verdadeiramente responsável direto, de comando assumido, primado que endossa qualquer liderança que se preze. Ou mesmo, simplesmente lançará mais uma cortina de fumaça para encobrir tantos desencontros, não só técnico-táticos, como comportamentais?
São indagações que se convenientemente respondidas, ou melhor, solucionadas, em muito ajudaria o basquetebol brasileiro a se livrar do penoso ônus de se perpetuar através o sistema de jogo que o tem penalizado por mais de vinte anos. A recém oitava colocação da equipe feminina no mundial sub-17, quando venceu um único jogo, é mais uma contundente prova de que a presença de somente duas armadoras na equipe a torna fragilizada e insuficiente ante as exigências cada vez maiores de jogadoras altamente especializadas nos fundamentos do jogo.
Nossos cadetes e juvenis, cada vez mais se ressentem desta grotesca falha de planejamento, que privilegia jogadas coreografadas, no lugar de um domínio efetivo dos fundamentos, dando margem para que o técnico da equipe feminina para o Pan venha a público se queixar de que não temos mais armadoras no país. E o que fez na função por mais de vinte anos para minorar tal deficiência? Por que não as preparou em quantidade? Afinal é um dos palestrantes oficiais da CBB na implantação das tais “filosofias” de jogo. Por onde ficaram as simplórias didáticas de ensino dos fundamentos, que americanas, australianas, tchecas e outras, mantêm presentes em seus programas de ensino do grande jogo, relevadas entre nós em nome das táticas maravilhosas estabelecidas no bojo de pranchetas mágicas?
A seleção sub-19, em sua ainda hesitante subversão, poderá, quem sabe, mesmo na ausência de um resultado consagrador, mudar um pouco a realidade em que vive o nosso basquete, sob um primado autoritário e completamente fora de nossas mais preciosas características, onde o outrora criativo, técnico e audacioso jogador brasileiro, viu seu espaço vitorioso ser substituído por uma geração colonizada de técnicos, muito mais voltados ao serviço de suas vaidades e pseudos capacidades de liderança. Suas posições individualizadas e obliteradas ao conhecimento comum e democrático nos levou ao abismo em que nos encontramos, e queiram os deuses que a jovem seleção na lonjura européia dê um primeiro passo para sua libertação.Afinal, trata-se de uma seleção brasileira, e aquela mais importante para nossa realidade. Serão aqueles que renovarão os caóticos princípios longamente implantados entre nós, ou não. Torço para que sim. Amém.
Professor Paulo Murilo,
Perfeito sua observação, acho ainda que no PAN ele vai manter esse absurdo jogo com dois homens pesados no garrafão e apenas um armador, mas para o Pré-olímpico, ele vai ter que jogar com dois armadores(Valtinho e Leandrinho), com um Ala-Armador(Marcelo Machado) e dois Alas-Pivôs(Nenê e Varejão)… Mas concordo com vc, o ideal é colocar mais jogadores criativos e com ótimos fundamentos em quadra, e assim até o PIVÔ(nesse caso Nenê), cresce com esse estilo de jogo!!!
Gostaria de perguntar sobre essa seleção SUB-19, o que vc acha do bom armador Carlinhos(Hispano-brasileiro) e do ótimo Pivô Paulão… Seriam eles o futuro de nossa seleção???? E gostaria de deixar registrado, que adoro ver a garra e a ótima marcação que o jovem CAUÊ faz em quadra, olho nele que tem futuro promissor também!!!
Um abração Profº Paulo!!!
Professor Paulo !
Parabens pelo texto !
Mais uma vez e sempre !
Faço dos questionamentos do meu amigo Clóvis, os meus.
E pergunto mais.
Em que Paulão precisa URGENTEMENTE evoluir nas suas observações ?
Grande abraço !
Olá profº Paulo! Excelente suas colocações. Sou particularmente fã deste estilo de um armador, porém não usando um pivô lento e pesado. Abriria espaço para dois alas-pivôs, teoricamente mais velozes, Nenê e Splitter, no caso.
Gostaria de perguntar, caro mestre, a sua opinião sobre qual seria a melhor formação para um embate contra os americanos e ainda os argentinos.
Apesar do Marcelo Machado ser ídolo e tudo mais, na minha hipotética escalação inicial ele sairia do banco, como um elemento de mudança para determinados momentos da partida, porém com a carência em tal posição ele acaba sendo uma opção mais sólida do que o Marcus Vinícius, que aliás está tendo um desempenho fraco na Liga de Verão. Talvez aqui possa ocorrer uma invencionisse tupiniquim, com alguma adaptação.
Um abraço para todos!
Prezado Clovis,publico hoje um artigo sobre o Mundial sub-19,mencionando o Paulão em particular.Todos os jogadores dessa seleção sem dúvidas constituirão as bases futuras de nosso basquetebol. Mas precisam com urgência serem treinados nos fundamentos de uma forma geral,em vez de engessá-los em sistemas táticos,tão ao gosto da maioria de nossos técnicos.Um abraço,Paulo Murilo
Prezado Henrique,o Paulão,que é um diamante bruto,precisa,como todo diamante de grande quilate,ser lapidado com cuidado e muita técnica principalmente visando maior velocidade em seus movimentos.O problema é achar quem o oriente dessa forma, pois é muito mais cômodo acioná-lo da forma que está, sem maiores envolvimentos, o queé um criminoso desperdício.Um abraço,
Paulo Murilo.
Prezada Xinaida,o belo no jogo de basquetebol,é que se pode armar sua equipe de acordo com as características do adversário,tanto no sentido individual,como coletivo.Argentinos e americanos têm características diferentes na maneira de atuar, mas como a equipe brasileira somente se utiliza de um único sistema,encontrará muitas dificuldades ao enfrentá-los.Talvez seu sistema baseado em um só armador se encaixe melhor ante os americanos que atuam igual.Já os argentinos, por se aproximarem mais do estilo europeu de jogar,ofereçam
mais dificuldades.A equipe brasileira tem urgência de encontrar uma nova forma de jogar,pois em caso contrário corre o serio risco de perder,inclusive,o Pan-americano.Um abraço,
Paulo Murilo.