RÉQUIEM DE UM FRACASSO.
A despedida tem de ser lapidar, irretocável, suntuosa, com medalha de ouro no peito, hino nacional cantado à capela por 15000 deslumbrados e fervorosos patriotas, e eu, o técnico revolucionário, absoluto no comando e na preservação de uma “filosofia” única e personalista, me retirarei glorioso das quadras, mas continuarei na administração do legado implantado por vinte anos. Convoquei uma só armadora porque não existem outras à altura dos meus sistemas de jogo, e mesmo porque estamos carentes dessa posição. Outras jogadoras mais experientes não virão por motivos pessoais, e a Janeth cumprirá seu derradeiro papel de líder inconteste dessa equipe, dividindo comigo os louros da vitória. O novo técnico, dará continuidade à base que montei, para disputar o Pré-0limpico em setembro, quando classificaremos para as Olimpíadas.
Mas em seus devaneios cometeu um erro administrativo e organizacional ao não levar em conta (ou levou?…) que uma divisão de comando no espaço de um mês entre duas competições importantes, fragilizaria o processo inteiro, a não ser que houvesse continuidade técnica e a manutenção unificada de comando.
Não é o que se vê no atual momento da seleção brasileira sob nova direção. Armadoras surgem do nada antevisto pela liderança anterior, mesmo com a ausência da armadora do Pan, três outras são relacionadas, assim como, algumas boas veteranas podem retornar à equipe, deixando no ar uma leve desconfiança na existência de desavenças inter pares, ou mesmo incompatibilidades não só técnicas, como comportamentais. E mesmo sob sua supervisão , o novo técnico reconstrói a equipe com novas convocações e reconvocações que caíram no esquecimento proposital e nada elucidativo.
Então deu-se o inusitado, o imprevisível, uma equipe de universitárias americanas deu um banho gelado nas pretensões gloriosas do técnico que guardou para si a gloria nas terras cariocas sob os olhares magnetizados dos brasileiros em geral, quando o correto, a absolutamente correta atitude técnica seria que o novo técnico assumisse a equipe desde o Pan, para prepará-la com tempo hábil para a grande empreitada do Pré-Olimpico, e quem sabe, com as armadoras e as veteranas que se absteram do comando retirante. E a grande Janeth se despediu com a prata que poderia ter sido ouro, que merecia como ninguém, afastada de uma equipe como a que se desenha agora sob uma direção insurgente e vigorosa em sua primeira incursão na equipe principal. Perderam-se dois meses de preparação pelo afã vaidoso e egoísta de quem não estava satisfeito com as conquistas de vinte anos. O preço a ser pago poderá ser muito alto, irrecuperável, a perda da vaga olímpica, claro, nas mãos de um calouro sem a “vivência” , e eu diria, sem a malicia de raposa felpuda, das muitas que sobrevivem sob o manto do grego melhor que um presente.
Foi um réquiem digno das dimensões da arena de Jacarepaguá, onde o presidente da Confederação Brasileira de Basketball sequer foi agraciado para entregar medalhas às equipes vencedoras, se contentando na entrega de salvas prateadas à grande Janeth e ao técnico que se despedia, num final melancólico e constrangedor, à margem do protocolo olímpico.
As imagens dimensionam bem o réquiem de um fracasso.
Correto professor. Realmente o quase “interminável” Barbosa foi muto egoísta e fez questão de ficar até o Pan pois sabia que seria uma “barbada” vencê-lo, mas eu gostei que tanto a Iziane comoa Érika não vieram por conta da wnba e as veteranas também abandonaram, largando-o com um monte de meninas fracas e inexperientes. Janeth sozinha não aguenta mais carregar a seleção nas costas, venceu o vigor físico e a aplicação tática e técnica americana. Não seria o momento agora de a seleção feminina ser levada à frente por quem tem gabarito para isso? falando em termos de atletas: Helen, Claudinha, Silvinha Luz, Cintia Tuiú, Alessandra… o que vc pensa? Creio que renovar por renovar, sem ter qualidade à altura não resolve nada, só vai afundar o barco do basquete feminino que já anda meio capenga…
Prezado Bill,concordo inteiramente com você,pois qualquer seleção que se preze é o lar dos melhores,sejam experientes e até veteranos,e daqueles jovens realmente promissores.Uma classificação olimpica é coisa muito séria,é área de quem entende e de quem joga realmente bem, muito bem.Me parece que o novo técnico também pensa assim.Tanto melhor para todos,pois as chances aumentam substancialmente.
Um abraço,Paulo Murilo.