FROM BRASILIA…
O ginásio é pequeno e desconfortável. Tem uma boa quadra de jogo, razoável iluminação, e um detalhe tão inusitado, como constrangedor, banheiros químicos postados atrás das duas tabelas, com as devassáveis portas voltadas para a quadra e para a assistência. Não foi por acaso que em todos os dias de competição não observei a utilização dos mesmos( 6 femininos, e 3 masculinos) por uma torcedora sequer presente aos jogos.
Deslize lamentável da organização.
Seis equipes presentes, duas brasileiras, duas argentinas, uma venezuelana e uma paraguaia, todas jogando de forma idêntica, como se somente existisse um único sistema de jogo no universo do basquetebol, como se somente o sistema globalizado pela influência da NBA fosse o permitido empregar.Dessa forma, a sucessão de jogos se tornavam clones dos que o antecediam, tanto no aspecto ofensivo, como na consequente anteposição defensiva. Somente um sutil fator rompia a linearidade comportamental das equipes, a já influente, e até certo ponto reacionária utilização de dois, e até três armadores na composição da maioria das equipes, principalmente as que melhores se prepararam para o torneio, a argentina do Boca Juniors, a venezuelana do Duros e a brasileira do Minas, esta se utilizando de três armadores nos momentos mais decisivos de seus jogos. A equipe de Brasília, ao perder seu armador Ratto por lesão no terceiro jogo, e ao não confiar no jovem reserva para substituí-lo, lançando em quadra um norte-americano ausente de competições por três anos, viu-se inferiorizada no confronto direto com os demais contendores, abastecidos que estavam com armadores de qualidade superior, e que mesmo utilizando o sistema tradicional e lamentavelmente incorporado à realidade do basquetebol jogado pelas equipes presentes, conotavam às mesmas qualidade nos dribles, nas fintas e nos passes, fatores inerentes aos armadores de formação.
E de repente, nos dois dias finais, chuvas devastadoras transformam o ginásio em uma piscina digna de um jogo de Polo Aquático, aumentando a lista de deficiências em um local onde se realizava um torneio internacional, confirmando sua mais completa inadequação à uma competição de tal magnitude. Lamentável e constrangedor.
Venceu aquela equipe que apresentou um razoável estágio de treinamento, de preparo individual e coletivo, e que ousou jogar com dois e até três armadores, e dois homens altos e atuantes no perímetro interno, que é o lugar de destinação para os mesmos, e não arremessando de três pontos como alguns aventuraram à exaustão, e ao fracasso. Venceu a melhor equipe, com inteira justiça, o Minas Tênis Clube.
Para encerrar, a presença maciça dos dirigentes das confederações sul-americanas, com alguns deles, num cercado meio vip, consumindo abertamente doses de uisque, disfarçadas em copos plásticos circundados por garrafas de agua mineral, numa demonstração de pouco caso e desrespeito ao local, transformando-o em um pub de fim de noite. Lamentável exemplo.
E a peregrinação candente do presidente da CBB na busca de apoio a seus projetos de soerguimento do grande jogo, em anteposição à flagrante dissensão dos muitos presidentes de federações ali presentes, assim como jornalistas de todas as midias, como se justificando pelas grandes mudanças que pretende desencadear no mundo da bola laranja, a começar pelo técnico estrangeiro que aqui aportará em janeiro, para o gáudio de uma claque de deslumbrados, trazendo a soberba “inovação” do sistema prét-a-porter que já empregamos nos últimos 20 anos, só que agora falado e imposto numa lingua que não a nossa, e que não sairá muito barato.Trés chic, e regado a Johnny Walker 12 anos.
Amém.
Caro Professor
Mais uma vez fantástica as suas críticas. Parece que o “fundo do poço” não tem fim.
Fiquei surpreso com o detalhe das observações extra-quadra, esteve presente aos jogos?
Só não me surpreendi com o número de contusões do Universo (ou Vasco da Gama ou Uberlândia Esporte Clube). Fizeram-me lembrar as ocorridas na extinta Unitri. Se fosse feito um levantamento nos últimos 5 ou 6 anos, seguramente a Unitri seria penta ou hexa campeã nacional de contusões.
Um abraço
Reny Simão
Caro Reny,sim estive em Brasilia,onde reencontrei amigos de longa data,e onde testemunhei o que relatei,constrangido e envergonhado.Continuarei a afirmar ao longo do tempo,que não merecemos tal destino…,ou merecemos? Um abraço,Paulo Murilo.
Caro Paulo Murilo, parabéns pelo sensacional artigo. Ácido, crítico e que conseguiu retratar fielmente a patética fase do nosso basquete. Parabéns mesmo. abs, Fábio
Caro Fabio,obrigado.Na realidade não queria tê-lo publicado,já que dorido e profundamente desalentador.Mas lá no fundo prevejo que ainda sairemos desse fosso nauseabundo,para após um banho reparador reencontrarmos a estrada perdida.Um abração,Paulo Murilo.
Congratulações, Paulo
Como sempre um belo artigo que conta bem oque vem acontecendo à face do basquete nacional atualmente.
Grande abraço e continue o bom trabalho!
Grande Paulo Murilo, primeiramente parabéns pelo forma brilhante como retratou em seu artigo o que
> viu no campeonato em Brasília.O mais importante no contexto não foi o campeonato, mas os papos
> memoráveis que levamos durante os jogos e o jantar memorável onde estiveram alem de vc, eu, Bruno
> , Ary Vidal, Pedro Rodrigues e Heleno, onde se escutou historias do tempo que o basquete
> brasileiro era de glorias, deveriam ter sido gravadas para ficar para historia do basquete
> brasileiro, realmente vcs são a historia viva do basquete do nosso país. Quem diria depois de mais
> de 30 anos sem nos encontrarmos, Brasília e o meu amigo Pedro Rodrigues me deram este presente,
> afinal não nos víamos desde da época que foi meu técnico no Vila Isabel, quando fomos o terceiro
> colocado no campeonato carioca atrás do Flamengo e Botafogo. Um grande abraço, Alcir
>
> Alcir Magalhães Filho
Li no databasket uma pessoa ai do Rio, de nome Gustavo, perguntando ao Marcel a opini?o dele sobre este assunto da bebida e o Marcel perguntou a ele se havia visto e ele mencionou o seu blog como referencia da informa?o, acho que a divulga?o foi longe e certamente deve ter algum desdobramento, pq n?o ? possivel que maus exemplos como este sejam demonstrados dentro de um ginasio esportivo com varios assistindo o evento, realmente lamentavel.
Comenta-se que a situa?o no basquete de Bras?lia depois do resultado do ultimo domingo esta delicada, comentam na cidade sobre mudan?as em todos os niveis da equipe vamos aguardar, seu artigo esta movimentado as massas, um grande abra?o
Fernando Nascimento
Realmente vejo o que foi relatado pelo Prof.Paulo Murilo, com muita propriedade, um fator negativo para o basquete do país, imagine o que estão pensando ou pensaram os dirigentes dos outros países sobre as cenas dantescas que viram no torneio em Brasília, alem das mencionadas pelo professor Paulo Murilo, vimos outras piores quando dirigente de Brasilia, xingou arbitro, chutou cadeira isto sem contar a presença do senador sem voto, dono do time, com suas madeixas desalinhadas uma imprenssão horrivel para quem defende o povo no congresso. Outro fato tambem não comentado foi ver toda cupula da CBB sentada na arquibancada quando havia tribuna para os convidados, será que não queriam se misturar com as pessoas que estavam lá como Prof.Paulo Murilo, Ary Vidal entre outros.
Sinceramente a cada dia nosso basquete demonstra a sua fragilidade provocada pela desorganização não somente para o publico interno mas agora tambem para o publico externo.
Parabens Prof.Paulo Murilo pelo seu artigo retratou com muita clareza o que viu é preciso que o basquete brasileiro atraves de artigos como este seu comece a entender o pq do basquete brasileiro se encontrar nessa situação.
Parabens Prof.Paulo Murilo.
Fernando Nascimento
Caro Professor Paulo Murilo,
apos longo e tenebroso inverno
estou de volta para ler suas colunas.
E não é que o meu clube de infância,
no qual fui criado como frequentador,
de vários jogos nas arquibancadas assistidos,desde pequeno, seja volei,
futsal, basquetebol ou mesmo natação,
venceu algo no basquetebol :):):):)
E o Sulamericano !
Pena que ainda vivemos à fase
do jogo sistematizado entre os profissionais daqui, imitando os de lá (eua).
E o que o senhor achou da
defesa do MTC ?
Abraço para o senhor !
Henrique Lima
Prezados Jay e Alcir,obrigado pelas palavras elogiosas,mas simplesmente me reportei ao que testemunhei constrangido e profundamente preocupado com os rumos que o nosso basquetebol vem tomando nos últimos tempos.Urge uma reformulação,não só administrativa,como,e principalmente,
ética.Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Fernando,também li a sessão Perguntas no site Databasket,e compreendi a dúvida inicial do Marcel,pois é dificil imaginar que algo tão grave possa ter acontecido naquelas circunstâncias,assim como a reação do missivista ante a resposta do grande jogador.São as agruras que certos dirigentes impõem àqueles desportistas,para os quais a quadra de jogo é sagrada,e não um pub qualquer.Mas a verdade sempre prevalece.Um abraço,
Paulo Murilo.
Prezado Henrique,o seu Minas se portou à altura das tradições do grande clube que é e sempre foi.Venceu com méritos ao se apresentar bem treinado e com um sistema de jogo a caminho de um posicionamento técnico-tático oposto à mesmice que impera no nosso basquete.Espero que continuem evoluindo,para um belo papel no Nacional que se aproxima.Um abraço,
Paulo Murilo.
Prof.Paulo Murilo,
Obrigado pela atenção em responder-me, entendo que respostas precisam ser de forma conclusivas como as suas, respostas evasivas não somente caem no vazio como faz com que icone de um site caia em descredito ainda mais com o nome de PERGUNTE, os grandes idolos e profissionais como senhor que coordenam site precisam ter a paciencia que o senhor tem para responder as perguntas das mais variadas sejam inteligentes ou não por isto que coloquei meu desagravo a forma como o Marcel respondeu meu questionamento em su site.
Parabens pelo site virei um leitor assiduo pelas suas colocações, alem de inteligentes conclusivas.
Gustavo Silva
Não há de que Gustavo.Honra-me sobremaneira a sua audiência,a qual fico grato.Um abraço,Paulo Murilo.