DEBATES – ARREMESSOS
Continuando a série Debates, abordaremos nas próximas duas semanas o tema Arremessos, que tantas discussões e poucos estudos desencadeiam opiniões nem sempre convergentes, principalmente nos arremessos longos, os famosos tiros de três. Muito aprenderemos com as experiências práticas de professores e técnicos espalhados por esse imenso país, pródigo em talentos, quase sempre esquecidos e desprestigiados, mas que podem contar com esse espaço para divulgar e discutir seus trabalhos, claro, se assim o desejarem.
Dou a partida republicando o artigo O que todo jogador deveria saber6/10,publicado em 21 de maio de 2006.
O QUE TODO JOGADOR DEVERIA SABER 6/10.
Que o ato de arremessar uma bola à cesta com precisão,exige de seu executante um bom número de habilidades,onde se destaca uma em particular,o controle direcional.Desde sempre,o ensino dos diversos tipos de arremessos sempre se pautou basicamente nas mecânicas do movimento,que em muitos métodos e escolas,mais se ligavam aos estilos conceituais,quase sempre de fundamentação estética.Em outras palavras,o ponto forte da aprendizagem era mais centrada no estilo e na estética gestual do arremesso,em vez do efetivo conhecimento e decorrente tentativa de controle sobre o objeto a ser lançado,a coadjuvante bola.Uma esfera quase perfeita,extremamente nervosa por sua constituição físico-elástica, com um centro de gravidade difícil de ser controlado pelo seu grande volume,e que mesmo sendo das mais lentas as suas respostas em vôo quando comparadas com as de outros desportos,mantêm seus comportamentos no mais completo desconhecimento pela maioria de nossos jogadores,principalmente aqueles que se consideram “mestres”na grande arte dos arremessos,sejam curtos,médios ou longos.Imaginem o maior daqueles foguetes da NASA,o Titan por exemplo,que ao se desprender da torre de lançamento,detonando todo o seu poder de ascensão,sofre uma pane no menor de seus instrumentos,o giroscópio,que é aquele que em termos finais mantém o leviatã na direção correta,e que privado de seu direcionamento simplesmente aborta sua missão.Força,potência,volume descomunal,carga preciosa,anos e anos de pesquisas e trabalho deixam de ter importância pela falha de um aparelhinho que direciona tudo aquilo.No arremesso de basquete ocorre o mesmo,pois de nada valem o estilo e a estética,assim como as mecânicas corporais envolvidas no processo,se o controle direcional da bola vier a ser falho.Façamos um pequeno teste explicativo,de acordo? Então fechemos os olhos e imaginemos um aro de cesta,a bola em uma de nossas mãos,pronta para ser arremessada.Executemos o lançamento e ao mesmo tempo observemos que no momento que a bola abandona a mão ela se encontra girando para trás(o famoso back spin),e que esse giro se situa em torno de um dos eixos diametrais da mesma,e que se mantêm até o seu objetivo,a cesta.Muito bem,agora,dando continuidade à observação,construamos uma bem definida imagem,a saber:Que esse eixo diametral esteja o mais paralelo possível ao nível do aro da cesta,e o mais eqüidistante também possível de seus bordos externos.Qual então a decorrência dessa imagem? Recordem, e se quiserem repitam a visualização,e então concordem(espero que sim…)que naquela situação física a bola encontrará seu direcionamento perfeito,fator colimador básico para que os outros comportamentos,força,trajetória e sinergias musculares determinem o sucesso da tentativa,e o insucesso pelo desvio,mesmo ínfimo,de seu direcionamento. Esse conhecimento,derruba aqueles conceitos baseados nos estilos e na estética,dando lugar a movimentos antagônicos aos mesmos.Aquele jogador,que no jargão do basquete,arremessa “caindo do cavalo”,pode ser muito bem sucedido de tiver desenvolvido um grande e poderoso senso de direção em sua mão impulsionadora, independendo ou não de se encontrar em equilíbrio instável.Com o controle sobre o eixo diametral,até os arremessos de tabela podem ser controlados eficientemente,assim como aqueles em que a bola ao tocar a ponta frontal do aro revertem na cesta,isso mesmo,revertem,pois se estão imbuídos de um giro inverso ao encontrarem um obstáculo, o aro,invertem sua rotação,já que uma força num sentido gera outra em sentido contrário de igual intensidade,deixarão de ser criticados por muitos que o consideram um erro.Finalmente,chegamos a um instigante impasse,como controlar o poderoso eixo diametral da bola? Dou 3 pistas,e deixo o restante da análise para o próximo artigo: 1- As menores alavancas,a do pulso e a dos dedos,que ao fletirem longitudinalmente à bola imprimem na mesma a rotação inversa,que nada mais é do que o processo de aceleração,necessário à uma transferência progressiva de força,e que determina o eixo em questão. 2- As duas funções básicas dos dedos da mão impulsionadora,onde o polegar e o mínimo determinam o posicionamento do eixo e seu alinhamento ao nível do aro,e os outro 3 dedos,responsáveis pela aplicação da força progressiva,responsável pelo giro inverso da bola em torno do mencionado eixo. 3- O toque final na bola,executado por um,dois ou os três dedos centrais da mão impulsionadora.As várias combinações posicionais dos cinco dedos constituem o determinismo e conseqüente comportamento do eixo diametral no trajeto da bola à cesta,mas isso é outra história.Treinem,estudem e pesquisem em si mesmos as possibilidades descritas acima,e é bem plausível que não necessitem esperar o próximo artigo para obterem as respostas.Boa sorte.
Caro Professor Paulo, como vai o senhor ?
Concordo com o senhor no artigo, mas questiono, jogadores que tem o arremesso fora do padrão de movimento, tendem a ter mais problemas ?
Por exemplo, o atleta do Phoenix,
Shawn Marion, olhe o arremesso dele
professor:
http://www.youtube.com/watch?v=ijOc9uQMHxc
O exemplo deste arremesso cabe ao artigo ?
Um abraço ao senhor !
E ao passo que Dirk Nowitzki um dos melhores arremessadores atuais tem uma mecanica que considero muito bom,
das melhores que ja vi.
http://www.youtube.com/watch?v=SZkd6pJEglY
Um abraço para o senhor e acho que com os videos é mais facil ilustrar mesmo !!
Prezado Henrique,se você observar a rotação inversa da bola após o lançamento,verá que a mesma mantém a mesma uniformemente estável em torno de seu eixo diametral,resultante de um bom controle direcional da mão impulsionadora do Marion.O problema seria complicado executá-lo sob marcação próxima, ou na forma de um jump.Mas no caso do LL nada de errado.Trocar estética por eficiência denota amadurecimento, assim penso.Um abraço,Paulo Murilo.
Caro Professor, nos debates que temos aqui em Viçosa com alguns atletas que acompanham tambem NBA, a gente pensa também desta forma. Marion com marcação muito próximo, tem muita dificildade para executar seu arremesso de forma plena. E ele não é um grande criador de espaços para arremessos.
Mas jogando com o Nash que faz na armação um trabalho de encontrar o companheiro melhor colocado e quase sempre acha, fica tudo mais facil!
Um abraço para o senhor e observarei sim a rotação inversa da bola !
Prezado Henrique,para reforçar minha observação sobre a rotação inversa no arremesso do Marion,observe que a bola toca na borda frontal do aro revertendo sua rotação,validando sua correta direcionalidade.É a velha lei que define que uma força num sentido gera outra em sentido contrário…etc
Em suma-estética zero,eficiência dez.
Um abraço, Paulo Murilo.
Peofessor, Henrique,já fiz vários estudos a respeito da mecânica do movimento de arremesso, e um detalhe sempre presente, mas apresentado de forma diferente e o posicionamento dos dedos mínimo e polegar.
Lembro de ter lido um artigo do professor Paulo em que analisava o arremesso do Marcelinho e do Kapono, e uma foto não me lembro de quem em que o jogador estava todo desequilibrado mas o polegar e o mínimo estavam perfeitamente posicionados.
Depois de ler estes artigos comecei a observar este detalhe, e percebi que além de alinhar o eixo da bola com o aro, este detalhe pode corrigir vários outros vícios de arremesso. Por exemplo, fica difícil manter os dedos bem posicionados com o cotovelo aberto, o último toque na bola com o indicador também fica difícil se não tenho o controle do posicionamento no eixo diametral e resumindo tudo, o efeito em back spin com a bola girando sobre o eixo horizontal só sai perfeito mantendo o bom posicionamento do mínimo e polegar. Quanto ao Marion, joguei várias vezes contra um atleta que tem a mesma característica de arremesso e tem boa precisão, os dedos também não se posicionam muito bem, mas no caso dele como o do Marcelinho, penso eu, é resultado de muita repetição e adaptação dos movimentos.
Meu professor na graduação sempre dizia pra ensinar o padrão, mas certamente haveria adaptações nos movimentos de cada atleta, e o cuidado que o professor deveria ter seria o de observar se os detalhes importantes seriam mantidos.
Falando sobre minhas estratégias de ensino, peço aos meus atletas para posicionar os dedos mínimo e polegar sobre uma das ranhuras da bola ( as que são retas) , o dedo indicador segue na mesma linha do braço, e os dedos ficam relaxados e espalmados.
Durante o jogo um atleta se depara com várias situações e muitas vezes o padrão não pode ser aplicado, então é importante treinar várias situações de arremessos buscando sempre situações de jogo para melhorar a precisão na finalização do atleta.
Lembrando o Professor Gil, é importante treinar muito e buscar sempre situações de jogo para que o atleta consiga responder rápido às armadilhas criadas no jogo com velocidade.
Abraço a todos,
Jalber Rodrigues