A FARSA…

“Campeonato com times de aluguel. Essa foi a frase que mais ouvi quando o assunto era Estadual do Rio de Janeiro. Claro que não é o ideal, mas foi o que a atual direção da Federação conseguiu fazer para tentar levantar o moral do basquete carioca”. Assim se manifestou um jornalista de São Paulo a respeito desse arremedo de campeonato carioca, tramado e executado pela camarilha que se apossou da FBERJ, sob a batuta do grego melhor que um presente, para a satisfação e gáudio de muitos daqueles que renegam e fazem questão de esquecer o que representa e sempre representou o basquete carioca no cenário brasileiro, cujo moral jamais se abaterá ante tanta pusilanimidade, tanta covardia, tanta incompetência e falta de caráter.

Outrossim, torna-se comprometedor assistir-se equipes das mais tradicionais e respeitadas no desporto nacional, servindo de cobaias para equipes sem tradição nenhuma nesse mesmo cenário, cujo intuito é o de se prepararem para a competição maior, de preferência ostentando uma publicidade garantida pelas camisas tradicionais, publicidade e exposição estas ausentes em suas próprias. E o pior, repetindo o mesmo comportamento no campeonato mineiro, na mesma época e datas. Que vergonha, que crime hediondo, já que regulamentos e estatutos são torpemente renegados em nome de interesses inconfessáveis e mafiosos. Leis de transferências e estágios probatórios são colocadas de lado no afã de adequar competições aos interesses dessa gente, toda ela voltada ao continuísmo político, cujos votos mantenedores têm de ser conquistados e garantidos sob quaisquer pretextos, legais ou ilegais. O que Fluminense e Vasco da Gama ganham com essa farsa? Que frutos serão aqui gerados por essas equipes chupins? Ou pensam que a presença de alguns integrantes pagos de facções de torcidas de futebol representam os verdadeiros aficionados do grande jogo? Ou pensam que 1/3 de platéia no acanhado ginásio do Clube Municipal representam os cariocas que amam o jogo? O que pensa essa gente desqualificada?

Quando vemos o Botafogo participando de uma competição nacional feminina, com uma equipe formada de jogadoras infantis, infanto-juvenis, juvenis e três adultas, numa composição que os regulamentos oficiais restringem o fator idade, como justa proteção de crianças e adolescentes em competições e embates com adultos. Assim como vem ao conhecimento público as extremas deficiências técnicas e econômicas que um tradicional Fluminense ostenta junto à sua equipe feminina, com inclusive lanches de pão com nescau, substituindo refeições básicas e normais para atletas, é que avaliamos o quanto de carências enfrenta o basquete carioca, mas que mesmo assim não se justifica o tratamento de “barriga de aluguel” como divulga a imprensa candanga.

Mas apesar de tudo, nada justifica tal subserviência a interesses espúrios, a não ser a sedimentação de um bem urdido plano para fazer calar a histórica resistência do carioca a todo e qualquer principio de governo que privilegie o obscurantismo e a tirania, não só política, como, e principalmente, intelectual. Calar a resistência aos desmandos da CBB e seus acólitos , torna-se de transcendental importância para a sobrevivência dos que agora, e de a muito tempo comandam o nosso basquetebol, e que tiveram na última eleição liderando os nove votos dissidentes a gloriosa FBERJ, casa de grandes desportistas, excelentes técnicos e inesquecíveis jogadores, que não podem ser desmerecidos pelo muito que criaram, estabelecendo uma imorredoura e sublime moral, aquela que sempre estará elevada, em contraponto àqueles que a negam e aviltam, estes mesmos que a assaltaram recentemente, empunhando votos comprados sob as baforadas de um infame charuto. Mas não há mal que sempre dure, é uma lei da vida, é a lei do retorno. Quem viver, verá. Amém.



6 comentários

  1. Su 08.12.2007

    Olá Professor!

    Ontem, quando assisti Vasco x Flamengo, alguma coisa me incomodava no início do jogo, além do visível desconforto das equipes. Era o som da torcida, diferente do normal das partidas de basquete. Levei um tempinho para notar isso, o “som do jogo”, que parecia errado.
    Som de torcida de futebol 🙂 que canta o tempo todo as músicas próprias do futebol.

    Aí hoje eu leio o seu texto e vejo que a formação frankenstein não é uma coisa de clubes ou circunstancial. É uma opção política com fins bem definidos.

    Quem trabalha no basquete escolar, geralmente fica fora dos assuntos dos clubes. O clube é somente o lugar para onde os nossos melhores atletas vão quando atingem um nível técnico interessante para o clube. E, depois disso, a escola fica em segundo plano, se fica.

    Entre todos os atletas de basquete masculino treinados por mim na escola,aqueles que iniciaram já tendo algum conhecimento do esporte, tiveram este conhecimento em outra escola e não no clube.

    É assim na maioria das escolas públicas. Nossos melhores atletas são chamados para o clube e, posteriormente vão para as escolas particulares em troca de bolsas de estudo.

    Desta forma, o grande trabalho de base ainda está na escola, nas escolas públicas e nas privadas que não compram atletas prontos.

    E tu sabes bem a dificuldade de se ter aulas de educação física e, ainda mais, treinamentos numa escola pública.

    Na reunião de avaliação dos JERGS, que aqui no sul é apenas entre escolas públicas, a maioria estrondosa dos professores relatam que seus treinamentos são fora da carga horária, por dedicação e amor aos alunos e ao esporte. Não há política de esporte na escola e o pouquíssimo apoio depende da benevolência de alguma direção ou das famílias.

    Assim, eu concluo que, para haver mudanças a coisa tem de começar pela base e com políticas que privilegiem o desporto escolar.

    abraço!
    Suzana
    http://www.gutierrez.pro.br/basquete/>

  2. Basquete Brasil 09.12.2007

    Prezada Suzana,eis uma excelente oportunidade para vocês ai do sul fazerem história,e das boas.Senão vejamos:Os JERGS são disputados somente entre as escolas públicas,e me parece com bastante competidores.Você relata que os melhores jogadores emigram para os clubes e as escolas particulares que oferecem bolsas.Por que os professores-técnicos dessas equipes de escolas públicas,junto aos das escolas particulares não se reunem em torno de uma Liga Colegial,que disputaria os campeonatos até a categoria Infanto-Juvenil,destinando aos clubes as categorias de juvenil para cima?No âmbito da Liga,uma associação de técnicos seria o caminho a seguir,com todas as vantagens inerentes a um grupamento disposto à desenvolver o basquete efetivamente.Com o advento da internet,muito poderia ser feito e desenvolvido no campo tecnico e administrativo,tanto da Liga,como da associação.Somente com a participação dos professores e técnicos é que o basquete poderá transpor a inercia hoje existente.As Escolas de Ed.Fisica poderiam suprir as arbitragens,as estatísticas e os cursos de reciclagem, facilitando em muito o grande trabalho que um projeto desse exige.Mas veleria à pena,principalmente em um estado de tão grandes tradições como o de vocês.Pense à respeito, e pode contar com toda a ajuda que eu possa dar.Um abraço.Paulo Murilo

  3. William 09.12.2007

    Infelizmente profesor, excelentes planejamentos como o senhor propõe, não entram em vigor pois nao fica acertado, quem vai ficar com o que e com quanto. O maior problema deste nosso basquete brasileiro é o ego e o dinheiro. A batalha de egos é surpreendente, tanto nos cargos de confederação, entre os clubes, entre as federações, e acredite professor, aqui em Santa Cruz do Sul, entre técnicos! O dinheiro é outro fator, como o senhor sempre coloca, quem vai ficar com as chaves do cofre? a reformulação das categoris de base no brasil, ao meu ver deveria ser com a implantação de categorias 18-19 anos e 20-21 anos, com campeonatos brasileiros das categorias. Muito poucos atletas tem condições de seguir carreira com 18 anos como é na maioria do Brasil. Participei do brasileiro de base juvenil, pela seleção gaúcha. e o nivel técnico do campeonato foi, foi, não foi… os pivôs eram fraquíssimos, com poucos atletas grandes, o único fator bom , foi o de ter apresentado bons armadores, alguns deles com futuro. Mas o nível técnico deixava a desejar. com 21 anos, muito mais jogadores teriam condições de fazerem embates contra jogadores experientes, e assim mais deles tentariam a sorte no basquete. Mas para se colocar um time no campeonato estadual, pelo menos no RS, é caríssimo, no adulto então nem se fala. Por isso que aqui encerramos a carreira com 18 anos, quando deveríamos estar iniciando-a. E o campeonato juvenil, tem apenas 5 times. uma vergonha, mas é o Brasil, e enquanto pessoas competentes naão assumirem o cargo da cbb, continuará assim.

    Abraço

  4. Basquete Brasil 09.12.2007

    Prezado William,existe uma hora,um momento em que decisões,traumáticas ou não tem de ser tomadas.Reunam-se e ponham as cartas na mesa.Se vigorar a situação relatada por você,todos,rigorosamente todos serão não,são os responsáveis pela derrocada do basquetebol,pois,quando aqueles que são os pilares da continuidade técnica,e mesmo existência do grande jogo o abandonam em nome da vaidade e do dinheiro,então,nesse exato ponto deixam de existir os conceitos básicos que permitem e exeqüibilizam sua existência.Fato posto e discutido,continuarão,ou não,na luta.Um abraço,Paulo Murilo.

  5. Anonymous 11.12.2007

    Prezado Prof.Murilo,

    Tudo que o senhor fala tem fundamento se vivessemos em um país do primeiro mundo, mas vivemos em um país não sei de que mundo, em um esporte caotico e falido como basquete, dirigentes que não merece comentarios, não poderiamos presenciar outra coisa que estamos vendo no Rio, é a pá de cal para o enterro do basquete sobre a administração de um grego, aliás um presente que recebemos, mas como o ditado famoso cada povo tem o dirigente que merece, o basquete realmente merece o grego.

    Gustavo

  6. Basquete Brasil 18.12.2007

    Prezado Gustavo,sei que não vivo em um país de primeiro mundo,mas minha indignação é de quem vivesse em um,profunda,incansável,irremovível, e por tudo isso plena em esperanças,ao preço de muita luta e coragem.Jamais abrirei mão desse sagrado direito e dever,o de me indignar,o de não me omitir,jamais.
    Um abraço,Paulo Murilo.

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