O QUE MAIS FALTA?…
O técnico Moncho Monsalve apresentou sua lista para o Pré-Olímpico, incluindo na mesma e de forma condicional o jogador Leandro, que terá até o próximo dia 16 para confirmar sua participação, após os exames clínicos que fará nos Estados Unidos à partir de amanhã. Caso não possa atender a convocação, um outro jogador que treina na seleção do Sul-Americano será chamado, provavelmente, segundo declarações suas, um ala.
Na primeira entrevista que deu na SPORTV, após sua chegada ao Rio, mencionou a vontade de implantar na seleção um sistema de jogo com a participação de três pivôs móveis e rápidos, e dois armadores, numa solução que suscitou dúvidas e curiosidade entre seus entrevistadores, dois dos quais técnicos da modalidade. Gostei e apreciei sua coragem ao tentar convencer os presentes com argumentos que contrastavam com a realidade técnico-tática do nosso basquete, anos a fio engessado em um sistema padrão NBA, em todas as categorias e faixas etárias no país. Como único técnico carioca que sempre estudou, pesquisou e utilizou o sistema preconizado pelo técnico espanhol, em todas as equipes que dirigiu nos últimos 40 anos, compreendi de imediato as sérias e danosas, por veladas, criticas que se submeteria ao desenvolver tal proposta, as mesmas que sempre sofri, principalmente na seleção, que como modelo impositor de cima para baixo (em nosso país a elite esportiva, por não ser resultante de uma massificação na pratica desportiva, é a responsável pela implantação de modelos e sistemas a serem seguidos e adotados na formação), qualifica e impõe os caminhos a serem seguidos. Como profundas mudanças poderiam ocorrer, o temor dos estabelecidos técnicos nacionais perante uma proposição que não dominam, se tornaria uma fonte de críticas e sérias dúvidas.
Mas os problemas desencadeados por muitos pedidos de dispensa da relação inicial, quase totalmente baseada na equipe que participou do Pré-Olímpico de Las Vegas, com seus problemas técnicos e comportamentais, alterou em muito a estrutura da equipe, prejudicando em muito sua proposta inicial.
No entanto, se observarmos com atenção a lista hoje divulgada, alguns fatores inerentes à nova convocação, podem ser vistos e entendidos como uma retomada da idéia original exposta pelo técnico naquela entrevista inicial. Vemos que somente dois pivôs pesados constam da lista, o Baby e o JP Batista, já que os demais , Spliter, Murilo e Probst, apesar de fortes possuem grande mobilidade e impulsão, perfeitamente alinhados à premissa de utilização de três pivôs, mesclados por um dos pivôs de força, quando forem necessários em embates mais pesados under basket., e que contariam com alas muito altos também capacitados a estas novas funções, e mais além, com estes já adaptados ao sistema usual que poderia se revesar com a nova proposta. Ficaria a seleção dotada de dois sistemas, caracterizando um fator surpresa, já que todos os adversários atuando dentro do sistema padrão internacional se veriam perante algo inusitado para eles, oportunizando uma possível classificação para nós.
Porém um último fator fica a descoberto. Numa lista em que a menor estatura fica na casa dos 1,91m, casos do Huertas , do Eduardo e do Alex, sendo o Huertas o único armador ambidestro e de alta técnica nos domínios da bola, toda a programação inédita de três pivôs e dois armadores ficará dependendo de mais um armador de alta qualidade e vasta experiência na posição, já que o Alex, e o Marcelo, quando muito poderão “quebrar um galho” na posição, por não possuírem nem de longe a qualificação do Huertas, situação que se tornará incontornável se o Leandro não puder seguir com o grupo. Então o que fazer? Se o técnico optar pela manutenção pura e simples do sistema tradicional, mais um ala acima dos 2 metros poderá ser convocado. Mas se optar em ousar com um sistema que poderia desestabilizar o comportamento defensivo de nossos adversários, um outro armador terá de ser incluído na equipe, que poderia ser ou o Fúlvio, ou o Helio, ambos treinando na equipe B, apesar do melhor de todos e com mais experiência em ação nas quadras brasileiras permanecer esquecido em sua Franca natal, o Helio, que compensa sua altura mediana com muita técnica e inteligência.
Enfim, a equipe está composta, e que mesmo sem os luminares auto dispensados, poderá, se imbuída de vontade, disciplina e respeito aos técnicos e à gloriosa tradição da camisa nacional (que tal se voltasse a ser listrada? ), tentar com razoáveis chances uma classificação, que se não alcançada, servisse de alicerce a novos tempos e conquistas, visando um futuro mais de acordo com as nossas reais possibilidades.
Torço com isenção e honestidade pela seleção, pela nova seleção, desejando que se auto vacine contra rebeliões, insurgências e panelas nem sempre bem areadas. Que sejam felizes em sua luta, técnicos e jogadores.
Amém.