CLASSIFICAÇÃO EM MADRID…

Que tristeza, quanta insensibilidade de um diretor de programação, que interrompe a transmissão de um jogo decisivo para a classificação olímpica do país que libera a concessão para que seu canal aqui funcione, ainda mais sendo nacional, trocando-o por um jogo de futebol que nada significava na classificação da Eurocopa. Simplesmente vergonhoso e abominável. O canal? SPORTV.

Mais tarde, organizou um compacto do jogo, quando pudemos apreciar o quarto final que nos deu a classificação, e ai sim, pudemos avaliar tecnicamente o que ocorreu em quadra, mas privando a todos da emoção em tempo real.

Foi um jogo de muitos erros, de parte a parte, revelando o alto grau de emotividade que envolveu a todos, dentro e fora da quadra. Como errou um pouco menos, nossa equipe saiu airosamente com a classificação para Pequim, com justiça e boas e generosas doses de heroísmo, dada às circunstâncias que envolveram a equipe durante e após o jogo contra a Bielorússia. A ausência da Iziane, com seu jogo personalista , e segundo ela , estelar, reorganizou a equipe em torno de uma atitude coletivista e uniforme, fator determinante na vitoria sobre uma equipe que faz do conjunto a sua grande arma, Cuba. E foi jogando em grupo, defendendo na antecipação (apesar de ainda marcarmos as pivôs por trás), e confrontando as armadoras cubanas com defensoras de habilidades e velocidades compatíveis com as mesmas, onde a Claudia, a Natalia e a Karla se batiam com adversárias similares, ao contrário do jogo contra a Bielorússia, quando a Claudia se viu batida seguidamente pela sua esguia e veloz armadora sem que fosse substituída nos minutos finais e decisivos.

Torna-se obrigatório o reconhecimento evolutivo e maduro de um grupo de jogadoras que participarão pela primeira vez de uma Olimpíada, principalmente a Francilene e a Natalia, prontas para embates mais decisivos num futuro próximo. A equipe, no entanto, padece de alguns óbices de difícil, mas não impossível solução, a começar pelo sobrepeso das pivôs Kelly e Graziene, que nos próximos dez dias de folga poderiam se submeter a um regime controlado que as livrassem de no mínimo 5 kg, para que nos treinos antecedentes à Olimpíada perdessem mais 5. Dez kilos a menos fariam enorme diferença nos rebotes que se fartaram de perder nesse Pré-Olímpico, assim como aumentariam substancialmente sua velocidade em quadra , tornando-as aptas no acompanhamento veloz de suas companheiras, e mais atuantes nas antecipações defensivas.

É de se elogiar o fato marcante da seleção ter atuado com duas armadoras, Claudia ou Natalia, e Karla, que tem formação muito mais de armadora do que ala, e somente lastimo não ter visto a s duas primeiras atuando juntas nos momentos mais difíceis dos jogos, principalmente contra a Bielorússia, quando imporiam um ritmo mais constante de ataque, pela possibilidade de opções nas assistências e maior dinamismo nos contra-ataques. É uma possibilidade que o técnico deveria estudar, na tentativa de compatibilizar duas excelentes armadoras dentro de seu sistema ofensivo, ainda mais quando o mesmo privilegia os cortes em direção à cesta permanentemente. A seleção está muito bem servida de alas, fortes, de boa estatura e capacidade defensiva elogiável. No entanto, peca no setor de pivôs, pelos problemas físicos que mencionei antes, mas que podem ser atenuados com uma boa dose de vontade e determinação. Se a seleção puder vir a contar com a Érica, teremos uma equipe mais competitiva no embate com as fortíssimas adversárias em Pequim. Aliás, por uma questão de justiça, e de coerência, somente a Érica ou a Karen poderiam ocupar a vaga deixada pela Iziane, porque não seguiram com a equipe por contusões graves, ao contrario da Adriana que pediu dispensa por motivos pessoais, que acredito os terem as demais jogadoras que compuseram a seleção em Madrid, com uma diferença vital, todas elas os superaram e foram com a equipe, e a Adriana não. Logo, a seleção estará pronta com o preenchimento da última vaga, a não ser que algum problema físico se manifeste antes dos Jogos.

E nesse ponto, uma palavra sobre o técnico da seleção, em defesa do qual recebi alguns desaforados comentários, deletados por não estarem assinados, ao qual peço que encare minhas criticas pelo lado eminentemente ético e técnico, jamais pessoal, ainda mais por não conhecê-lo pessoalmente. Se apontei falhas, o fiz sabedor que um dia no passado as cometi, e que observando, ouvindo e conversando com os grandes mestres com quem convivi, corrigi-as em grande parte, mas muitas outras ainda estão por corrigir, pois nunca, em tempo algum devemos dizer, afirmar e acreditar “que dessa água nunca beberei”. Você, permita-me o tratamento, tem um longo caminho ainda a percorrer, com poucos altos e muitos baixos, lei imutável da vida, que se compreendida e aceita, nos tornam capazes de saltos evolutivos e duradouros. A felicidade é feita de momentos, um dos quais vivenciado por você hoje em Madrid. Tome-o como uma dádiva desse momento de vida, e não de toda a vida. Em Pequim muitas lutas e dúvidas o assaltarão, e para tanto, sem promessas e quimeras de glorias, prepare-se com cuidado, muito estudo e observação, principalmente nos detalhes, por menores e imperceptíveis que sejam, pois deles advirão as grandes decisões, as possivelmente grandes vitorias, ou as sempre elucidativas derrotas. Desejo sucesso para seu trabalho, apesar das criticas feitas, e que continuarão a ser honestamente feitas.

Rendo minhas homenagens a equipe, que soube se soerguer perante as vicissitudes, e escreveu mais uma bela página do basquete brasileiro, tão esquecido e vilipendiado por aqueles que deveriam ajudá-lo, defendê-lo e divulgá-lo entre a juventude deste belo, porém mal-tratado país.

Amém.



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