O LEGADO DE UMA CAMISA…
“Não se pode matar uma jogadora para sempre. Mas as Olimpíadas, ela não joga. Não posso correr o risco de convocá-la”.
Em contra-ponto : “(…)Mas eu faria tudo de novo se ele me tirasse novamente”.
“Ele me vê como uma jogadora individualista. E eu acho que, em situações importantes, ele me pune e me deixa fora da quadra. Por isso, nunca vai dar certo”.
“Jogar coletivamente está sendo uma violência muito grande para ela. A Iziane simplesmente não consegue dividir espaço. O retorno dela depende de mudanças a médio e longo prazos. Hoje, não é possível. É necessária uma mudança radical de postura. Há uma diferença de pensamento muito grande entre nós”.
“Desde o juvenil, nós temos problemas na quadra(…)Quando joguei no Ourinhos, foi a mesma coisa”.( O Globo de 17/06/08)
E a pendenga por ai vai, célere e sem freios, como duas entidades à parte do espírito de seleção, repito, seleção, destino final e ansiado dos e para os melhores, onde achismos personalistas e discussões sobre o sexo dos anjos perdem validade e respeitabilidade. Em uma seleção nacional o técnico “está” técnico, onde o “sou técnico” se perde no vazio das pretensões de eterno continuísmo. Lembro a estupefação nacional quando o ex-ministro da Educação Eduardo Portella desafiou o sistema da intocabilidade e auto-deificação ministerial ao definir estar ministro, e não ser ministro. Perdeu o cargo, mas jamais a definitiva e emblemática razão. Não podem, técnicos e jogadores selecionados para defenderem o país em competições de alto nível, representando a elite momentânea de suas participações, auferirem poderes circunstanciais acima de suas reais competências, já que transitórias, em prazos e objetivos finais. A seleção nacional não pode ser utilizada como palco de discussões de caráter mandatário ou reacionário às suas pétreas (assim deveria ser) tradições e conceitos de nacionalidade, onde o desrespeito aos seus princípios básicos teriam obrigatoriamente sentido único, ou seja, uma única e decisiva chance de erro ou transgressão. Negar seus princípios não pode suceder qualquer possibilidade de repetição, tal qual um dogma, ao qual terá de se submeter todo aquele, que por suas inegáveis qualidades e justo merecimento, tenha a honra, a grande honra de vestir a camisa de seu país e pertencer à seleção de seus melhores representantes, sabedores a priori de que jamais poderão desonrá-la e traí-la. Essa tradição, a ser mantida e preservada, garantirá às gerações que se sucedem na história do país, a certeza de que, para lá chegarem e conquistarem o direito de envergá-la, necessitarão de muito trabalho, honestidade, respeito e entrega incondicional à missão que lhes estarão outorgando o povo desse país. Usar a seleção como vitrine de autopromoção, como muitos hoje o fazem, sequer disfarçando seus propósitos, ou estabelecendo “condições” para servi-la, é algo abominável e que tem de ser expurgado a qualquer preço, mesmo que tais subterfúgios contem com a criminosa omissão daqueles que dirigem e administram o poder confederativo.
Que cesse imediatamente esse bate-boca personalista e de parco interesse desportivo, e que desde já se incubam as partes atuantes em seguirem seus caminhos, dentro ou fora da seleção, pois novos obstáculos se aproximam céleres, com datas imutáveis e inadiáveis.
E que as camisas de nossas seleções jamais sejam negadas daqui para diante, já que para os recalcitrantes toda tentativa será marcada indelevelmente como um caminho de sentido único, ou seja, sem volta. Que assim seja.
Amém.