APOSTAS…E BLEFES
E no Clube Pinheiros em São Paulo, 12 clubes do Nacional e 8 da ACBB se reuniram para criar uma nova liga, que segundo eles, será reconhecida pela CBB, e terá sua data de fundação em 19 de julho próximo na sede do Flamengo. O nome proposto é o de Associação Nacional de Basquete (ANB), com ação já programada para a temporada 2008-2009, com a participação inicial de 16 clubes, e que caberá à mesma a gerencia dos contratos de mídia e patrocínios. A CBB aguarda a proposta dos clubes para se manifestar, o que coloca em dúvida se reconhecerá ou não a mais nova liga na praça.
Coincidência ou não, a data da fundação, 19 de julho, é véspera do término do Pré-Olímpico de Atenas, quando os 3 classificados já estarão conhecidos, minando substancialmente o poder do grego melhor que um presente, no caso de mais um fracasso de nossa seleção, poder esse, que se mantém altaneiro com a classificação da equipe feminina, apesar de não ter o mesmo cacife político que o masculino, afastado de muito das classificações olímpicas.
No entanto, os clubes, os mesmos que ajudaram e prestigiaram inicialmente a NLB, traída logo a seguir, e que deram, no caso dos paulistas, oportunidade de uma nova aventura ao fundarem a ACBB, que alcançou um grande sucesso com a sua Super Copa, esquecem que em ambas as iniciativas não contaram com o aval da CBB, ciosa em manter o controle das chaves do cofre e da administração dos 10 milhões de reais de suas dotações, que foram referendadas e aprovadas em recente prestação de contas.
Meses atrás, ouve uma cisão entre o presidente da CBB e o presidente da FPB, que também exercia a vice-presidência de assuntos externos, ou internacionais da Confederação. Foi uma separação litigiosa e de grande divulgação, colocando-os em campos opostos e profundamente “divergentes”. Era um momento em que o poder na FPB estava inseguro pela proximidade comprometedora com a CBB, que defrontava e impugnava qualquer apoio às tentativas de divisão no comando e administração dos campeonatos nacionais, principalmente pelos clubes paulistas. Naquela época, aventei a possibilidade de um acordo de rompimento público entre os dois mandatários, afim de que o controle da FPB fosse preservado, mantendo-se no poder ao colocar-se ao lado dos clubes e suas reinvidicações de administração de um campeonato nacional, através uma liga autônoma, na medida do possível, perante os estatutos vigentes da CBB, e que logo depois da procela, as relações seriam reativadas numa reconciliação tão ou mais dramática que o rompimento teatral exposto em rede nacional. E que no fim de tudo, as partes retomariam seus caminhos de domínio político, garantindo por mais tempo suas permanências nos “cargos de sacrifício”, sacramentando suas continuidades.
Talvez, e nessa decisiva encruzilhada, surjisse a solução que conciliaria os interesses conflitantes com os clubes, mas perfeitamente concordes com os dos dois dirigentes em questão, ou seja, comandando e administrando juntos na penumbra inescrutável as fatias indivisíveis (para eles…) do bolo financeiro, pseudamente na mão dos clubes, os mesmos clubes que elegem os presidentes de federações, que elegem o presidente confederativo, fechando um circulo vicioso que somente eles poderiam romper, se quisessem.
Claro, que ninguém deseja a desclassificação da seleção no Pré, que no caso de vitória reforçaria politicamente a atual direção, enfraquecendo, ou mesmo anulando mais uma vez, a nova tentativa associativa ou de liga de clubes. A data de fundação preconiza desde já um posicionamento estratégico ante a possibilidade factível de não classificação da equipe nacional, quando a posição do atual presidente se tornaria fraca e indefensável perante as exigências diretivas da novel entidade.
E se os cardeais da seleção recomeçarem seus discursos de insurgência a uma possibilidade de reconvocação para as Olimpíadas daqueles jogadores que pediram licença por motivos médicos, quando um deles declara que pediria desligamento imediato se aquilo ocorresse, numa intromissão ameaçadora ao real e inquestionável poder do técnico em fazê-lo, mesmo que contra a vontade de muitos, mas que é um direito dele, avaliando-o, inclusive, técnica e taticamente, numa apropriação indébita de um poder que absolutamente não tem, veremos, que os problemas ocorridos em Las Vegas retornarão avassaladores através um conceito absurdo de liderança que se instaurou no âmago da seleção, onde jogadores, com a divulgação errônea da mídia, estabelecem comportamentos que não se coadunam aos preceitos primários de disciplina hierárquica e respeito à autoridade de quem os lideram, seus técnicos. Ai sim, é que o perigo de não classificação se avolumará matematicamente, levando ao paredão, em caso de derrota, a situação diretiva do basquete brasileiro, o que beneficiaria em muito àqueles que a querem afastada, a começar pelos clubes que, por mais uma vez, almejam as chaves do cofre, mas não se unem nas eleições federativas, na contra-mão do que ocorrerá com a classificação da equipe, solidificando a posição do grego melhor que um presente, que definirá quem abre e fecha o bendito cofre, apoiando, ou não, ligas ou associações.
Será que é isso mesmo que se descortina nesse deserto de idéias e rasteiras politiqueiras? Será isso mesmo que desejam que ocorra? E se a data de fundação fosse 12 de julho?…
As cartas estão na mesa, abram-se as apostas…e os blefes.
Amém.