O IMPASSE PAULISTANO…

Foi só voltar a jogar dentro do sistema baseado na dupla armação, com seus jogadores mais altos trafegando incansavelmente no perímetro interno, para Franca vencer um jogo, que apesar de ficar claramente inferiorizada na disputa dos rebotes, fez da força coletiva e velocidade no posicionamento preciso para os arremessos a base necessária para vencer e empatar a série, além de exercer uma eficiente defesa, principalmente sobre os armadores e o excelente Dedé, o grande especialista de três pontos da equipe da capital, desistindo de concentrar os maiores esforços sobre os fortes pivôs adversários, absolutos ante a fragilidade deste setor francano.

Numa rara coincidência, ao final do segundo quarto, o placar era idêntico ao primeiro jogo, 50 x 37, com uma singular diferença, a participação pontuadora do Helio e do Rogério, ausentes na mesma etapa da partida inicial da série, demonstrando o quanto é significativa para a equipe a participação efetiva destes bons e eficientes jogadores.

No terceiro quarto, a acentuada queda de produção da equipe de Franca ocorrida na partida inaugural, o que propiciou a grande reação da equipe do Paulistano, não tornou a acontecer, pois foi nesta fase que a dupla Helio e Mateus melhor produziu tecnicamente, imprimindo uma ação tão vertiginosa que equilibrou e superou a inferioridade nos rebotes, já que ao se lançarem em profundas penetrações concluíam de curta distância, onde a incidência de acertos superavam os rebotes decorrentes de falhas nos lançamentos longos, anulando significativamente os eficientes contra-ataques paulistanos.

A continuidade desta série, pelas características até aqui demonstradas pelas equipes, tende a apresentar profundas modificações técnico-táticas, onde a inferioridade de homens altos e a qualidade de seus armadores por parte de Franca, e o poderio reboteador e velocidade nos contra-ataques da equipe paulistana, sofrerão inevitáveis adaptações no transcorrer da série, onde a capacidade e a coragem de inovar e surpreender desafiarão seus bons técnicos ao encontro de soluções pontuais, aquelas que não mudam as características das equipes, mas as tornam cada vez mais competitivas e audaciosas.

Que tenhamos bons e surpreendentes jogos nesta série que, tudo indica, poderá ir até o quinto confronto, provando mais uma vez que mesmo na ausência das pseudo-grandes estrelas que atuam no exterior, pode o basquete brasileiro apresentar boas equipes, ótimos jogos, excelentes jogadores e eficientes técnicos, ingredientes mais do que satisfatórios para um projeto de soerguimento da modalidade, apesar da descrença de muitos, bastando que nos conscientizemos dessa possibilidade, e apesar do desastre que se abateu sobre o grande jogo nos últimos vinte anos.

Amém.



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