A BOFETADA E TIROS DE TRÊS…

Dois jogos diametralmente diferentes. Um, apesar das oscilações na performance dos jogadores, alguns de muito bom nível técnico, boas defesas e uma entrega admirável, manteve um razoável patamar técnico tático. Franca e Limeira repetiram as emoções da final paulista, cujo desfecho foi alcançado através um prosaico (para os nossos “padrões”) arremesso de dois pontos de seu bom pivô Drudi., após uma enxurrada de arremessos de três, quase sempre infrutíferos pelas proximidades defensivas, premiou Franca com importante vitoria, apesar dos grandes desfalques que vem apresentando na equipe. Foi um jogo em que os lances livres e uns poucos arremessos curtos, frutos de penetrações influíram decisivamente.

O outro, um festival dantesco de arremessos de três, onde as duas equipes claramente se postaram fora do perímetro buscando conclusões absurdas, desequilibradas e profundamente egoístas. Como essa volúpia coletiva não foi alterada durante toda a partida, concluímos ter sido a mesma de pleno conhecimento e cumplicidade dos dois técnicos, haja vista a vibração de um deles a cada petardo que atingia o alvo. Outrossim, a inexistência de qualquer ranço defensivo, por menor que fosse, promulgou o inenarrável tiro aos patos em que se transformou a partida. Claro, que os elfos e duendes tenderiam para um dos lados, e o time da casa foi o agraciado na conversão óbvia de alguns decisivos trezoitões dentre dezenas de tentativas. Joinville venceu o Pinheiros sem apresentar, por um momento que fosse, o jogo de equipe que a tem levado à crista da tabela do NBB., o que foi realmente uma pena.

Mas apesar da vitoria, foi advindo da equipe do sul o episodio inédito (pelo menos para mim, que milito no basquete a cinqüenta anos ) de testemunhar ao vivo , à cores, e em som estéreo o xingamento e posterior bofetada desferida por um jogador da casa no técnico adversário, sem que este, acertadamente esboçasse reação análoga. Foi algo de indescritível, não só pelo ineditismo, como, e principalmente pela audácia e covarde atitude, prontamente punida com a desqualificação do jogo pelos juízes. Séria e exemplar punição deverá ser tomada pela justiça desportiva, lembrando sempre que se tal atitude fosse tomada nos EUA e na Europa, dificilmente o agressor voltaria a participar de campeonatos.

Estranhamente, o comentarista da Sportv sugeriu, pelo conhecimento que tem do agressor, testemunhando ser o mesmo incapaz de atos desta natureza, que um pedido de desculpas, perdão, ao final do jogo reporia a situação no devido lugar, ou seja, como se nada tivesse ocorrido de mais serio, de mais grave. Ora caro professor, foi um ato publico, protagonizado por um jogador veterano e experiente, transmitido em cadeia nacional, em um ginásio em que o próprio técnico da casa, se dizia antes do jogo, emocionado pela presença de muitas crianças e suas famílias num sábado de carnaval, e que ali permaneceram até presenciarem a agressão, cristalina e absurdamente letal como exemplo negativo de comportamento sócio desportivo.

A LNB não pode, num momento em que luta para se firmar junto à sociedade, aos patrocinadores e autarquias, prescindir da seriedade de seus objetivos, em contra ponto a atitudes daquele teor, que se não punidas a levarão ao descrédito e ao fracasso em tão importante momento de reestruturação e soerguimento do basquete nacional.

Que se faça justiça, para que tenha sido este o único e último exemplo de anti desportividade, onde um jogador, um atleta agride moral e fisicamente um professor, um técnico, dentro de uma quadra de jogo. Assim espero.

Amém.



4 comentários

  1. Reny Simão 21.02.2009

    O pior que achei, professor, foi a declaração do comentarista (que considero ter evoluído bem nos seus comentários, ultimamente) em defesa do jogador, alegando que o mesmo sempre teve comportamento disciplinar exemplar.
    Já assisti e presenciei cada lance deste jogador…

    Um abraço

  2. Basquete Brasil 22.02.2009

    Para você ver Reny, o quanto faz falta a existência de um código de ética no âmbito do basquetebol, basicamente advindo de uma associação organizada de técnicos, servindo de exemplo aos demais segmentos da modalidade.Os “deixa pra lá” ou o “a gente esquece”, têm de ser levados muito à serio numa atividade que serve de exemplo aos jovens. Atitudes agressivas e descabidas como a que ocorreu nesse jogo tem de ser coibidas energicamente, não importando bom mocismos e desculpas esfarrapadas.Se não punidas exemplarmente,tenderão a se repetir pela impunibilidade,o que desmoralizará o basquete cada vez mais. Um abraço,Paulo Murilo.

  3. Lisangelo 24.02.2009

    É até compreensível a atitude do comentarista. Em um momento em que se está tentando valorizar o basquete com criação da Liga, ele minimiza a atitude do jogador para que o telespectador não pense que os jogos nacionais se decidem na porrada.
    Infelizmente esses lances não são raros. Como inexiste uma punição mais exemplar, os jogadores com frequência batem boca com os árbitros e partem para estas provocações e agressões.

  4. Basquete Brasil 24.02.2009

    E o pior de tudo e agravante irrecorrível é o fato do agressor ser formado em Ed.Fisica prezado Lisangelo. Não só lamentável, como profundamente constrangedor. Sem perdão. Paulo Murilo.

Deixe seu comentário