MANHÃ DE DOMINGO…
Para não dizerem que não falei do Jogo das Estrelas (?), ai vão algumas observações que considero pertinentes, principalmente nessa tentativa de popularizar o grande jogo, tão coisificado nas últimas duas décadas.
Como já falei sobre o congresso realizado na véspera, começo mencionando uma particularidade positiva, e, infelizmente, duas negativas. A presença do publico carioca foi o aspecto mais positivo e surpreendente, não só pelo seu grande numero, como pela alegria do reencontro com uma paixão adormecida, morta jamais, o amor pelo basquetebol.
Negativo, a teimosia de se comprar esse mesmo publico, principalmente os jovens, com um espetáculo de malabarismos individuais, nos arremessos de três e nas enterradas, justamente os vícios que aos poucos foram se enraizando e dizimando nossa maneira de jogar, facilitados e incentivados à exaustão pela quase completa ausência de ações defensivas em nossos campeonatos, e levados ao ápice nesse encontro das estrelas (?), onde marcação se tornou palavrão impublicável. Uma terceira competição, a que seria a mais importante a ser mostrada aos jovens presentes no ginásio e em frente às televisões, e que faz parte do festivo fim de semana anual da NBA, o duelo de fundamentos, onde dribles, fintas passes e arremessos são analisados sob a ótica da precisão e da velocidade, nos quais os jogadores demonstram suas qualidades e habilidades, como exemplos vivos para os jovens que se iniciam na concepção e compreensão do jogo, sequer foi cogitado como algo a ser apresentado, talvez temerosos da quantidade de tropeções e chutes nas bolas na transposição dos obstáculos, mas que seria de extrema importância na divulgação dos princípios básicos que regem o grande jogo, seus fundamentos.
Negativo, a participação passiva e contemplativa dos técnicos responsáveis pelas duas equipes, dos mais qualificados do país, que com essas posturas, como que passavam ao publico entendido suas desaprovações, tanto no aspecto técnico, falsamente exuberante, como no tático, ausente e desqualificado, mais que ali estavam prestigiando e participando do circo. E o narrador da TV ainda fazia gracejos pela postura paroquial dos mesmos, assistentes pacatos e comportados em suas cadeiras, de onde raramente levantavam, talvez para “esticar as pernas”, como mencionou um dos comentaristas. Deveriam ter dado lugar a esses novos e preparadíssimos técnicos emergentes, que já já ganharão suas credenciais avalizadas pelos mais velhos, como já foi anunciado, e que contabilizariam em seus fabulosos currículos o de técnicos das estrelas (?). Nada mau, hein?
Mas na contagem final duas constatações ficaram bem marcadas, as da superioridade nos fundamentos dos dois norte americanos presentes na festa, e a enxurrada de afirmações irreais e ambíguas dos comentaristas de plantão, vendendo um jogo tão irreal e ambíguo quanto seus discursos.
Mas como num domingo de sol no Rio, tudo é festa, um viva às estrelas!
Amém.